Nacido en Recife, estado de Pernambuco, murió en Rio de Janeiro, consagrado nacionalmente. Arquitecto frustrado por Ia turbeculosis, que le compensó con Ia amistad de Paul Eluard en el sanatorio de ClavadeI, ejerció Ia ensenanza universitaria, plenamente dedicado a Ia literatura. Inicialmente parnasiano, ha sido entronizado por Mário de Andrade como "o São João Batista do Modernismo". En efecto, es una figura primordial, no sólo de Ia poesía moderna, sino también de Ia crítica y eI ensayo. La extensa correspondencia epistolar con Mário, publicada bajo los auspicios dei Instituto de Estudios Brasilenos de Ia Universidad de São Paulo (USP), prueba Ia certeza de esa afirmación y documenta e! primer momento heroico del movimiento.
Su obra poética atraviesa incólume Ia marana de modismos, incluso en los anos 60 cuando Ia vanguardia se expandía en ondas. Bandeira es e! interlocutor perfecto; su sencillez alcanza cuerpo, altura y profundidad, y tanto en 10 coloquial como en 10 cotidiano de su obra se impregna Ia dura realidad interna de Ia vida. Esencialmente poeta, pero también teórico, autor de memorias, crítico, traductor, conferencista y cronista, resulta gratamente recomendable Ia lectura de su Itinerário de Pasárgada (1954), verdadera trayectoria vital, un luminoso camino que fluye como río. Son marcos de su consistente poética, toda ella vibrante de unidad: A Cinza das Horas (1917), Carnaval (1919), Libertinagem (1930), Estrela da Manhã (1936), Opus 10 (1952), Estrela da Tarde (1963). Obra completa publicada por Editora Nova Aguilar, de Rio de Janeiro. JOSÉ SANTIAGO NAUD
Traducciones de José Jeronymo Rivera e Anderson Braga Horta
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
— O que eu vejo é o beco.
EVOCAÇÃO DO RECIFE
Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
- Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado
e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê
na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras
mexericos namoros risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!
A distância as vozes macias das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão
(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)
De repente
nos longos da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo.
Rua da União...
Como eram lindos os montes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capiberibe
- Capiberibe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro
os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras
Novenas
Cavalhadas
E eu me deitei no colo da menina e ela começou
a passar a mão nos meus cabelos
Capiberibe
- Capiberibe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas
Com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô.
NA RUA DO SABÃO
CAI cai balão
Cai cai balão
Na ru-a do Sa-bão!...
O que custou arranjar aquele balãozinho de papel!
Quem fez foi o filho da lavadeira.
Um que trabalha na composição do jornal e tosse muito.
Comprou o papel de seda, cortou-o com amor, compôs os
gomos oblongos...
Depois ajustou o morrão de pez ao bocal de arame.
Ei-lo agora que sobe,—pequena coisa tocante na escuridão
do céu
Levou tempo para criar fôlego.
Bambeava, tremia todo e mudava de cor.
A molecada da rua do Sabão
Gritava com maldade:
Cai cai balão!
Subitamente, porém, entesou, enfunou-se e arrancou das
mãos que o tenteavam.
E foi subindo ...
para longe...
serenamente...
Como se o enchesse o soprinho tísico do José.
Cai cai balão!
A molecada salteou-o com atiradeiras
assobios
apupos
pedradas.
Cai cai balão!
Um senhor advertiu que os balões são proibidos pelas
posturas municipais.
Ele, foi subindo ...
muito serenamente . . .
para muito longe ...
Não caiu na rua do Sabão.
Caiu muito longe ... Caiu no mar,—nas águas puras do
mar alto.
MOZART NO CÉU
No dia 5 de dezembro de 1791 Wolfgang Amadeus
Mozart entrou no céu, como um artista de circo,
fazendo piruetas extraordinárias sobre um mirabolante
cavalo branco.
Os anjinhos atónitos diziam: Que foi ? Que não foi ?
Melodias jamais-ouvidas voavam nas linhas suplementares
superiores da pauta.
Um momento se suspendeu a contemplação inefável.
A Virgem beijou-o na testa
E desde então Wolfgang Amadeus Mozart foi o mais moço
dos anjos.
A MATA
A MATA agita-se, revoluteia, contorce-se toda
e sacode-se!
mata hoje tem alguma coisa para dizer.
E ulula, e contorce-se toda, como a atriz de uma pantomina
trágica.
Cada galho rebelado
Inculca a mesma perdida ânsia.
Todos eles sabem o mesmo segredo pânico.
Ou então—é que pedem desesperadamente a mesma
instante coisa.
Que saberá a mata ? Que pedirá a mata ?
Pedirá água?
Mas a água despenhou-se há pouco, fustigando-a,
escorraçando-a, saciando-a como aos alarves.
Pedirá o fogo para a purificação das necroses milenárias ?
Ou não pede nada, e quer falar e não pode ?
Terá surpreendido o segredo da terra pelos ouvidos finíssimos
das suas raízes ?
A mata agita-se, revoluteia, contorce-se toda e sacode-se!
A mata está hoje como uma multidão em delírio coletivo.
AQUELE cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária: Laocoonte constrangido pelas serpentes,
Ugolino e os filhos esfaimados.
Evocava também o seco nordeste, carnaúbais, caatingas ...
Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.
Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz.
O cacto tombou atravessado na rua,
Quebrou os beirais do casario fronteiro,
Impediu o trânsito de bondes, automóveis, carroças,
Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quatro horas
privou a cidade de iluminação e energia:
—Era belo, áspero, intratável.
A ESTRADA
ESTA estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo o mundo é igual. Todo o mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um
bodezinho manhoso.
Nem falta a murmúrio da água, para sugerir pela voz dos
símbolos
Que a vida passa! que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.
NOITE MORTA
Noite morta.
Junto ao poste de iluminação
Os sapos engolem mosquitos.
Ninguém passa na estrada.
Nem um bêbedo.
No entanto há seguramente por ela uma procissão de sombras.
Sombras de todos os que passaram.
Os que ainda vivem e os que já morreram.
O córrego chora. A voz da noite...
(Não desta noite, mas de outra maior.)
TERESA
A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna
Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)
Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.
(Libertinagem)
POEMA DE FINADOS
Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.
Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.
O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.
POÉTICA
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente de
protocolo e manifestações de apreço no ar, diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretario de amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneira
de agradar às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
DESENCANTO
Eu faço versos como quem chora
De desalento ... de desencanto ...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente ...
Tristeza esparsa ... remorso vão ...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
BODA ESPIRITUAL
Tu não estás comigo em momentos escassos:
No pensamento meu, amor, tu vives nua
- Toda nua, pudica e bela, nos meus braços.
O teu ombro no meu, ávido, se insinua.
Pende a tua cabeça. Eu amacio-a ... Afago-a ...
Ah, como a minha mão treme ... Como ela é tua ...
Põe no teu rosto o gozo uma expressão de mágoa.
O teu corpo crispado alucina. De escorço
O vejo estremecer como uma sombra n'água.
Gemes quase a chorar. Suplicas com esforço.
E para amortecer teu ardente desejo
Estendo longamente a mão pelo teu dorso ...
Tua boca sem voz implora em um arquejo.
Eu te estreito cada vez mais, e espio absorto
A maravilha astral dessa nudez sem pejo ...
E te amo como se ama um passarinho morto.
(A Cinza das Horas,1917)
FELICIDADE
A doce tarde morre. E tão mansa
Ela esmorece
Tão lentamente no céu de prece,
Que assim parece, toda repouso,
Como um suspiro de extinto gozo
De uma profunda, longa esperança
Que, enfim, cumprida, morre, descansa ...
E enquanto a mansa tarde agoniza,
Por entre a névoa fria do mar
Toda a minhalma foge na brisa:
Tenho vontade de me matar!
Oh, ter vontade de se matar!
Bem sei é coisa que não se diz.
Que mais a vida me pode dar?
Sou tão feliz!
- Vem, noite mansa ...
(O Ritmo Dissoluto, in Poesias, 1924)
PROFUNDAMENTE
Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam errantes
Silenciosainente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde .
Digam que sou um homem sem orgulho
Um homem que aceita tudo
Que me importa?
Eu quero a estrela da manhã
Três dias e três noites
Fui assassino e suicida
Ladrão, pulha, falsário
Virgem mal-sexuada
Atribuladora dos aflitos
Girafa de duas cabeças
Pecai por todos pecai com todos
Pecai com os malandros
Pecai com os sargentos
Pecai com os fuzileiros navais
Pecai de todas as maneiras
Com os gregos e com os troianos
Com o padre e com o sacristão
Com o leproso de Pouso Alto
Depois comigo
Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas comerei
[terra e direi coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerás
Procurem por toda parte
Pura ou degradada até a última baixeza
Eu quero a estrela da manhã.
MOMENTO NUM CAFÉ
Quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida.
Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta.
(Estrela da AIanhã, 1936)
A ESTRELA
Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.
Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.
Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alta luzia?
E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.
(Lira dos Cinqüent'Anos, in Poesias Completas, 1940)
SANATÓRIO
Em Clavadel
conversam três jovens tísicos:
Picker, Grindel e Manuel.
A tísica é um anel
que envolve três aspirantes
à saúde da poesia, mortal.
Nem tudo é neve em Clavadel.
A febre em fogo aquece insônias
e a morte instala seu motel.
Quem sobreviver fará o verso
mais agudo, terno e febril:
Mourir de ne pás mourir,
Cinza das Horas, Carnaval,
vida vibrando no papel.
MATINAL
Um dia como qualquer outro.
Um homem como qualquer outro,
silencioso criado de si mesmo,
às 7 da manhã vai comprar leite
e jornal.
Quem suspeita, na esplanada do Castelo,
do seu castelo interior?
Com ativa humildade
traz a garrafa branca e o diário.
PASÁRGADA
Não foste embora pra Pasárgada.
Não era teu destino.
Não te habituarias lá.
Em teu território próprio, intransferível,
nem rei nem amigo do rei,
és puramente aquele lúcido
e dolorido homem experiente
que subjugou seu desespero
a poder de renúncia, vigília e ritmo.
PROFESSOR
O professor disserta
sobre ponto difícil do programa.
Um aluno dorme,
cansado das canseiras desta vida.
O professor vai sacudi-lo0?
Vai repreendê-lo?
Não.
O professou baixa a voz
com medo de acordá-lo.
ROTINAS
O poeta
sob o sol de chamas do meio-dia
na fila de pagamento do Tesouro;
o poeta
na fila reiteradíssima do Instituto Félix Pacheco
para obter autorização de viagem ao estrangeiro;
o poeta
na fila crepuscular do ônibus de Copacabana,
livro na mão esquerda, traduzindo
a tragédia alemã;
o poeta
cumprindo sem revolta
sem amargura
o estatuto civil da pobreza.
ESTRELA
Estrela da manhã,
estrela da tarde,
estrela da noite,
estrela do tempo inteiro,
da vida inteira,
Fixa, imutável
pairando sobre o poeta.
O ULTIMO POEMA
Assim eu quereria o meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
ANTOLOGIA
A Vida
Não vale a pena e a dor de ser vivida.
Os corpos se entendem, mas as almas não.
A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Vou-me embora pra Pasárgada!
Aqui eu não sou feliz.
Quero esquecer tudo:
— A dor de ser homem . . .
Este anseio infinito e vão
De possuir o que me possui.
Quero descansar
Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei
Na vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Quero descansar.
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
(Todas as manhãs o aeroporto em frente me da lições de partir.)
Quando a Indesejada das gentes chegar
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
Este poema é um centão. A palavra "centão" nada tem a ver com "cento"
e vem do latim "cento, centonis", que significa colcha de retalhos. . . . Tive
a idéia de construir um poema só com versos ou pedaços de versos meus
mais conhecidos ou mais marcados da minha sensibilidade, e que ao mesmo
tempo pudesse funcionar como poema para uma pessoa que nada conhecesse
da minha poesia. (De uma carta de Manuel Bandeira a Odylo Costa Filho)
ESCRITURA: Anna Bella Geiger, Anna Letycia, Cecília Jucá, Maria Luiza Leão, Marília Rodrigues, Renina Katz, Thereza Miranda, Vera Bocayuva Mindlin. Textos: Euclides da Cunha, Aníbal Machado, Vassily Kandinsky, Gastão de Holanda, Octavio Paz, Victor Vasarely, [e os poetas] Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade. Coordenação: Gastão de Holanda, Cecília Jucá, Lúcia Linda. Rio de Janeiro: 1973. 8 cadernos (inconsúteis) assinados pelos artistas. Textos em português, inglês e francês. Tiragem: 200 exemplares numerados de 1 a 200; 15 exemplares numerados de I a XV. Textos impressos em offset; serigrafia, xilogravura e gravura em metal, para as ilustrações originais. Impressão dos textos e fotolitos: Graphos Industrial; Serigrafias no ateliê de Lucho Covararrubias. Encadernação: ateliê Denoir Machado e Sérgio dos Santos, prelos manuais. Ex. n. 154/200 na bibl. Antonio Miranda.
BANDEIRA, Manuel.Mafuá de Malungo.Versos de circunstância. Nova edição aumentada. Rio de Janeiro: Livraria São José Editora, 1954. 120 p. 13,4x18 cm. Col. A.M.
Teu nome
Teu nome, voz das sereias,
Teu nome, o meu pensamento
Escrevi—o nas areias,
Na água — escrevi-o no vento.
Autorretrato
Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico profissional.
BANDEIRA, Manuel.Carnaval. Apresentação de Affonso Romano de Sant´Anna. Coordenação editorai André Seffrin. São Paulo: Global, 2014. 110 p. ilus. foto. p&b. “ Manuel Bandeira “ Ex. bibl. Antonio Miranda
“CARNAVAL” de MANUEL BANDEIRA, com apresentação de AFFONSO ROMANO DE SANT´ANNA
“Carnaval” (1919) é um dos primeiros livros de Bandeira, de seu período “parnasiano”, mas com jogadas sutis de sarcasmo e maledicências. O poeta chegou a desconsiderar a própria obra, que recebera críticas acérrimas. Desautorizou alguns dos próprios poemas. Affonso Romano de Sant´Anna vem em defesa do poeta, ressaltando as virtudes dos textos preteridos, em “prefácio” erudito e consubstanciado. Eu já possuía em minha estante as obras completas do poeta pernambucano. Comprei a edição da editora Global (2014) por causa da referida apresentação e confesso: Valeu! Escolhi dois poemas mais líricos e curtos, mais distantes da temática central, menos conhecidos, para o nosso Portal. ANTONIO MIRANDA
Madrigal
A luz do sol bate na lua...
Bate na lua, cai no mar...
Do mar ascende à face tua,
Vem reluzir em teu olhar...
E olhas nos olhos solitários,
Nos olhos que são teus... E assim
Que eu sinto em êxtases hinários
A luz do sol cantar em mim...
Confidência
Tudo o que existe em mim de grave e carinhoso
Te digo aqui como se fosse ao teu ouvido...
Só tu mesma ouvirás o que aos outros não ouso
Contar do meu tormento obscuro e impressentido.
Em tuas mãos de morte, ó minha Noite escura!
Aperta as minhas mãos geladas. E em repouso
Eu te direi no ouvido a minha desventura
E tudo o que em mim há de grave e carinhoso.
BANDEIRA, Manuel. Mafuá de Malungo. Jogos onomásticos e outros Versos de circunstancia. Barcelona, España: O Livro Inconsútil, 1948. 78 p. Folhas soltas14,5x21 cm. Tiragem: 110 exemplares impressos em imprensa manual, na casa do poeta João Cabral de Melo Neto. “ Manuel Bandeira “ Ex. Biblioteca Nacional de Brasília, doação da família de Marly de Oliveira.
SONETO PARNASIANO E ACRÓSTICO EM LOUVOR
DE HELENA OLIVEIRA
Houve na Grécia antiga uma beleza rara
(Em versos de ouro o grande Homero celebrou-a),
Linda mais do que a mente humana imaginara,
E cuja fama sem rival inda ressoa.
Não a compararei porém (quem a compara?)
À que celebro aqui: a outra não era boa.
O esplendo da beleza é sol que só me aclara
Luzindo sob o véu do pudor que afeiçoa.
Inspiremo-nos, pois, não da Helena de Troia,
Versátil coração, frio como uma joia,
Em cujo lume ardeu uma cidade inteira.
Inspiremo-nos, sim de um Helena mais pura.
Ronsard mostrou na sua uma flor de ternura:
A mesma que orna esta Helena brasileira.
CASA GRANDE E SENZALA
Casa Grande & Senzala,
Grande livro que fala
Desta nossa leseira
Brasileira.
Mas com aquele forte
Cheiro e sabor do Norte
— Dos engenhos de cana
(Massangana!)
Com fuxicos danados
E chamegos safados
De mulecas fulôs
Com sinhôs.
A mania ariana
Do Oliveira Viana
Leva aqui a sua lambada
Bem puxada.
Se nos brasis abunda
Genipapo na bunda,
Se somos todos uns
Ocotoruns,
Que importa? É lá desgraça?
Essa história de raça,
Raças más, raças boas
— Diz o Boas —
É coisa que passou
Com o franciú Gobineau.
Pois o mal do mestiço
Não está nisso.
Está em causas sociais,
De higiene e outras que tais:
Assim pensa, assim fala Casa Grande & Senzala.
Livro que à ciência alta
A profunda poesia
Que o passado revoca
E nos toca
A alam do brasileiro
Que o portuga femeeiro
Fez e o mau fado quis
Infeliz!
"NA BOCA" - POEMA DE MANUEL BANDEIRA NA VOZ DE EDSON NERY DA FONSECA
(Olinda, Pernambuco, 16/11/2010)
Videomaker: Nildo Barbosa Moreira para o Portal de Poesia Iberoamericana
"ARTE DE AMAR" - POEMA DE MANUEL BANDEIRA NA VOZ DE EDSON NERY DA FONSECA
(Olinda, Pernambuco, 16/11/2010)
Videomaker: Nildo Barbosa Moreira para o Portal de Poesia Iberoamericana
10 POEMAS EM MANUSCRITO. Organizador: João Condé Filho. Rio de Janeiro: Edições Condé, 1945. Folhas soltas, dobradas. 29x39 cm. Prefácio de Álvaro Lins. Capa de Santa Rosa.
Inclui poemas manuscritos de Abgar Renault, Cecília Meireles, Murilo Mendes e Augusto Meyer ilustrados porTomas Santa Rosa; poemas de Jorge de Lima, Mário de Andrade e Vinicius de Moraes ilustrados por Percy Deane; poemas de Augusto Frederico Schmidt, Carlos Drummond de Andrade e Manoel Bandeira ilustrados por Cândido Portinari. A clicheria foi executada por Latt & Cia Ltda e a impressão esteve a cargo do mestre João Luis dos Santos, nas oficinas gráficas dos Irmãos Pongetti. “Desta edição foram tirados 15 exemplares F.C., numerados de I a XV e destinados ao prefaciador, aos poetas e aos ilustradores e 150 exemplares numerados de 1 a 150, compostos em papel Goatskin Parchment e com a rubrica do organizador. Exemplar n. 132. Col. bibl. Antonio Miranda.
Poema de Manuel Bandeira, ilustrado por Portinari.
POEMA SÓ PARA JAYME OVALLE
Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
Então me levantei,
Bebi o café que eu mesmo preparei,
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei pensando...
- Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.
Imagem extraída de
DIAS-PINO, Wlademir. A lisa escolha do carinho (Rio de Janeiro: Edição Europa, s.d.
20,5x20,5 cm. 33 f. ilustradas (Coleção Enciclopédia Visual). Inclui versos de
poetas brasileiros
Se Manuel
Manuelbandeirava o mundo de branco
Mauelava todos os poetas
Nordestinava e universalizava o puro
E ainda estrelava a vida inteira
Textos e imagem extraídos de
PORTOCALVO, Joilson. Poesia das cores. Brasília: Thesaurus Editora, 2012. 36 p. ilus. col. Ilustrado por Adegildo Ferreira de Barros. Projeto gráfico e diagramação de Carlos DTarso. Texto bilíngue português e espanhol. Tradução de Javier Iglesias e Raúl Larrosa Ballesta. ISBN 978-85-409-0071-4 Capa com “janela” perfurada “à faca”. Poesia infanto-juvenil. Col. A.M. (EA)
TEXTOS EN ESPAÑOL (Traducciones de Anderson Braga Horta y José Jeronymo Rivera)
DESENCANTO
Yo hago versos como quien llora
De desaliento ... de desencanto ...
Cierra mi libro, si por ahora
Razón no tienes para tu llanto.
Mi verso es sangre. Lujuria ardiente ...
Tristeza suelta ... vana aflicción ...
Duele en las venas. Acre y caliente,
Cae, gota a gota, de! corazón.
Y en estos versos de angustia loca
Corre la vida, mis labios hiere,
Dejando acerbo gusto en la boca.
— Yo hago versos como quien muere.
JJR
BODA ESPIRITUAL
Tú no estás junto a mí en momentos escasos:
En mi imaginación, amor, vives desnuda,
Toda desnuda, bella y púdica, en mis brazos.
Tu hombro, ansiosamente, en e! mío se escuda.
Acaricio tu pelo. Y tu mirar se hace agua ...
iCómo tiembla esta mano! Es tuya ... Y quedas muda ...
Pone e! gozo en tu rostro algo entre angustia y fragua.
Tu cuerpo en crispación me alucina. De escorzo
Lo veo estremecer como sombra en e! agua.
Gimes casi llorando -¡oh, suplicante torso!
Y para amortiguar ese ardiente deseo,
La mano largamente extiendo por tu dorso ...
Tu boca ya sin voz implora en un jadeo.
Te estrecho más y más. Tu desnudez ... mi puerto ...
La maravilla astral de ese cuerpo que veo ...
Y te amo como se ama a un pajarillo muerto.
ABH
FELICIDAD
La dulce tarde muere. Y tan mansa
Como un bostezo,
Tan lentamente en cielo de rezo,
Que así parece, toda en reposo,
Como un suspiro de extinto gozo
De una profunda, larga esperanza
Que, al fin cumplida, muere, descansa ...
Mientras la mansa tarde agoniza,
Entre la niebla fría del mar
Mi alma toda huye en la brisa:
¡Y tengo ganas, ay, de matarme!
¡Oh, quitarse uno la propia raíz!..
Bien sé, no es cosa para desear.
¿Qué más la vida me puede dar?
¡Soy tan feliz!
-Ven, noche mansa ...
JJR
PROFUNDAMENTE
Cuando ayer yo me dormí
En la noche de San Juan
Había alegría y rumor
Estruendos de fuegos luces de Bengala
Voces canciones y risas
J unto a hogueras que ardían.
En medio de la noche me desperté
No oí más voces ni risas
Solamente globos
Pasaban errantes
Silenciosamente
Sólo de vez en cuando
El ruido de un tranvía
Cortaba el silencio
Como un túnel.
¿Dónde estaban los que ha poco
Bailaban
Cantaban
Reían
Junto a hogueras que ardían?
—Estaban todos dormidos
Estaban todos acostados
Dormidos
Profundamente
Cuando yo tenía seis anos
No pude ver el fin de la fiesta de San Juan
Porque me dormí
Hoy no oigo más las voces de aquel tiempo
Mi abuela
Mi abuelo
Totonio Rodrigues
Tomasia
Rosa
¿Dónde están todos ellos?
Están todos dormidos
Están todos acostados
Dormidos
JJR
ESTRELLA DE LA MAÑANA
Quiero la estrella de la mañana
¿Dónde está la estrella de la mañana?
Mis amigos mis enemigos
Busquen la estrella de la mañana
Ella desapareció iba desnuda
¿Desapareció con quién?
Busquen por todas partes
Digan que soy un hombre sin orgullo
Un hombre que acepta todo
(Qué me importa?
Quiero la estrella de la mañana
Tres días y tres noches
Fui asesino y suicida
Ladrón, bellaco, falsario
Virgen mal sexuada
Atribuladora de los tristes
Jirafa de dos cabezas
Pecad por todos pecad con todos
Pecad con los tunantes
Pecad con los sargentos
Pecad con los fusileros navales
Pecad de todas las maneras
Con los griegos y los troyanos
Con el cura y con el sacristán
Con el leproso de Pouso Alto
Después conmigo
Te esperaré con kermesses novenas cabalgadas comeré
[tierra y diré cosas de una ternura tan simple
Que tú desfallecerás
Busquen por todas partes
Pura o degradada hasta la última bajeza
Quiero la estrella de la mañana.
JJR
MOMENTO EN UN CAFÉ
Cuando el entierro pasó
Los hombres que estaban en el café
Quitáronse el sombrero maquinalmente
Saludaban al muerto distraídos
Estaban todos vueltos para la vida
Absortos en la vida
Confiantes en la vida.
Uno sin embargo se descubrió en un gesto amplio y lento
Mirando al ataúd largamente
Éste sabía que la vida es una agitación feroz y sin finalidad
Que la vida es traición
Y saludaba a la materia que pasaba
Liberada para siempre del alma extinta.
JJR
LA ESTRELLA
¡Vi una estrella tan alta,
Vi una estrella tan fría!
Vi una estrella luciendo
Sobre mi vida vacía.
¡Era una estrella tan alta!
¡Era una estrella tan fría!
Una estrella solitaria
Luciendo en e! fin de! día.
(Por qué de su gran distancia
Hasta la morada mía
No bajaba aquella estrella?
¿Por qué tan alta lucía?
Y la oí en la sombra honda
Responder que así lo hacía
Para dar una esperanza
Más triste al fin de mi día.
JJR
Extraídos de la antología POETAS PORTUGUESES Y BRASILEÑOS DE LOS SIMBOLISTAS A LOS MODERNISTAS. / Organización y estudio introductoria: José Augusto Seabra. Brasilia: Thesaurus, 2002. 472 p.
De Manuel Bandeira MOMENTO EN UN CAFE
y otros poemas. Buenos Aires: Calicanto, 1979 Edución con el apoyo de la Embajada del Brasil
Traducciones de Estela dos Santos
O SILÊNCIO
Na sombra cúmplice do quarto
Ao contacto das minhas mãos lentas,
A substância da tua carne
Era a mesma que a do silêncio.
Do silêncio musical, cheio
De sentido místico e grave,
Ferindo a alma de um enleio
Mortalmente agudo e suave.
Ah, tão suave e tão agudo!
Parecia que a morte vinha...
Era o silêncio que diz tudo
O que a intuição mal adivinha.
É o silêncio da tua carne,
Da tua carne de âmbar, nua,
Quase a espiritualizar-se
Na aspiração de mais ternura.
(De O Ritmo Dissoluto)
EL SILENCIO
En la sombra cómplice del cuarto,
Al contacto de mis manos lentas,
La sustancia de tu carne
Es igual a la del silencio.
Del silencio musical, lleno
De sentido místico y grave,
Hiriendo el alma con una turbación
Mortalmente aguda y suave.
!Ah tan suave y tan aguda!
Parecía que la muerte venía...
Era el silencio que dice todo
Lo que la intuición apenas adivina.
Es el silencio de tu carne.
De tu carne de ámbar, desnuda,
Casi espiritualizándose
En la aspiración de más ternura.
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PEREGRINAÇÃO
O córrego é o mesmo,
Mesma , aquela árvore,
A casa, o jardim.
Meus passos a esmo
(Os passos e o espírito)
Vão pelo passado,
Aí tão devastado,
Recolhendo triste
Tudo quanto existe
Ainda ali de mim
— Mim daqueles tempos!
(De Lira dos Cinquent´anos)
PEREGRINACIÓN
El arroyo es el mismo,
El mismo es aquel árbol,
La casa, el jardín.
(Los pasos y el espíritu)
Van por el pasado,
Ay, tan devastado,
Recogiendo triste
Todo cuanto existe
Aún allí de mí
— !Mi de aquellos tiempos!
POESÍA CONTEMPORÁNEA DE AMÉRICA LATINA. Org. Jorge Boccanera; Saúl Ibargoyen. México, DF: Editores Mexicanos Unidos, 1998. 260 p. Inclui poetas brasileiros.
EL ÚLTIMO POEMA
Así querría yo mi último poema.
Que fuese tierno diciendo las cosas más simples
y menos intencionadas,
que fuese ardiente como un sollozo sin lágrimas,
que tuviese la belleza de las flores casi sin perfume,
la pureza de la llama en que se consumen
los diamantes más límpidos
la pasion de los suicidas que se matan sin explicaciones.
JAQUELINE
Jacqueline murió niña.
Jacqueline muerta era más hermosa que los ángeles.
¡Los ángeles! Bien sé que no los hay en ninguna parte.
Lo que hay es mujeres extraordinariamente bellas
que mueren
siendo todavía niñas.
Hubo un tiempo cuando miré tus retratos
de niña como miro
ahora la pequeña imagen de Jacqueline muerta.
¡Eras tan hermosa que merecias haber muerto
a la edad de Jacqueline!
—Pura como Jacqueline.
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POÉTICA
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
expediente protocolo e manifestações de
apreço ao Sr. diretor.
Estou farto de lirismo que pára e vai averiguar no
dicionário o cunho vernáculo de um vocábulos
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de
cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
(De Libertinagem)
BACK, Sylvio. Cinquenta anos. Díário do Paraná.Edição fac-similar.Capa : Guilherme Mansur. Reprodução fotográfica: Cadi Busatto. Coordenação gráfica: Rita de Cássia Solieri Brandt. Projeto gráfico: Adriana Salmazo Zavadniak. Curitiba, Paraná: Itaipu Binacional, 2011. S. p. Inclui 7 folhas dobradas 94 x 1,26 cm., com imagens de páginas do suplemento literários dos anos 1959 – 1960, acomodadas numa caixa de papelão 35x 48 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda.
B A C A N A L
Quero beber! cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco...
Evoé Baco!
Lá se me parte a alma levada
No torvelinho da mascarada
A gargalhar em doudo assomo...
Evoé Momo!
Lacem-me toda, multicores,
As serpentinas dos amores
Cobras de lívidos venenos...
Evoé Venus!
Se perguntarem que mais queres
Além de versos e mulheres?
Vinhos... o vinho que é o meu fraco
Evoé Baco!
O alfanje rútilo da lua,
para degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!
Evoé Momo!
A Lira etérea, a grande Lira!
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos,
Evoé Venus!
--- Poema extraído da edição de 30 de agosto de 1959
TEXTOS EN ESPAÑOL
POÉTICA
Estoy harto del lirismo comedido
Del lirismo bien educado
Del lirismo funcionario público con libro de
asistencia expediente protocolo y
manifestaciones de aprecio al sr. director
Estoy harto del lirismo que se detiene para
averiguar en el diccionario el cuño vernáculo
de un vocablo.
Abajo los puristas
Todas las palabras sobre todo los barbarismos universales
Todas las construcciones sobre todo las sintaxis de excepción
Todos los ritmos sobre todo los innumerables
Estoy harto del lirismo sentimentaloide
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo obsecuente con todo menos consigo mismo
Además no es lirismo
Será contabilidad tabla de cosenos secretar del amante
ejemplar con cien modelos de cartas y las diferentes
maneras de gustar a las mujeres etc.
Prefiero el lirismo de los locos
El lirismo de los borrachos
El lirismo difícil y errante de los borrachosd
El lirismo de los clowns de Shakespeare
—No queiro saber nada más del lirismo que no es liberación.
Comentario: "El modernismo brasileño, al que Bandeira habría de incorporarse con entusiasmo, no basa sus propuestas en el desdén por lo intelectual sino en la lucha frontal con un intelectualismo amanerado y anacrónico. Sus ideas expresan la saturación de un tempramento que anhela conciliar el lenguaje y experiencia desde una perspectiva igualmente equidistane del alma romántica y del andamiaje verbal del parnasianismo. Así lo dirá Manuel Bandeira en su Poética."dice Santiago Kovadloff del poema transcito arriba). Un metapoema.
Aceptar el castigo inmerecido,
No por flaqueza sino por desprecio.
Que en el tormento sea tu gemido
Grito de odio contra el verdugo necio.
Placer de la carne y el pensamento
Com los que el instinto nos lleva a engaño
Menospreciar el noble sentimento
De un afecto sencillamente humano
No temblar de esperanza ni de espato.
Ningún pedido ni deseo alguno
Sino el valor de ser un nuevo santo
Sin fe en un mundo más allá del um ndo.
Y así, morir sin llanto, que la vida
No amerita el dolor de ser vivida.
(De Lira dos cinquenta anos (1940)) Traductor: ÓSCAR LIMACHE.
Extraído de DIENTE DE LEÓN - cipselas de difusión poética. N. 6, agosto de 2012. Director: Óscar Limache.
Tragedia brasileña
Misael, funcionário de Hacienda, de 63 anos,
conoció a Mana Elvira en la Lapa, prostituida, con
sífilis, artritis, una alhaja empenada y los dientes
en estado de miséria.
Misael retiro a Mana Elvira de esa vida, la instalo en un
departamento en el Estácio, pagó médico, dentista,
manicurista...
Le dio todo cuanto quiso.
Cuando Maria Elvira tuvo una boca bonita, de inmediato
encontró amante.
Misael no queria un escândalo. Pudo darle una golpiza,
un tiro, una puñalada. No hizo nada de eso:
la mudó de casa.
Vivieron tres anos así.
Cada vez que Maria Elvira se hacía de un amante,
Misael la cambiaba de casa.
Vivieron en el Estácio, en Rocha, Catete, Calle General
Piedra, Olaria, Ramos, Buen Suceso, Villa Isabel,
Calle del Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado,
Calle, Clapp, otra vez en el Estácio, Todos los Santos,
Catumbi, Lavradio, Boca de Mato, Inválidos...
Por último, en la Calle de la Constitución, donde Misael un dia,
ya privado de sentidos e inteligência, la mató de seis tiros.
La policia la encontró caída de bruces, vestida de
organdí azul.
Unidad
Mi alma estaba en aquel instante
fuera de mí lejos muy lejos
Llegaste y de inmediato fue verano
El verano con sus palmas su calor sus vientos de juventud
En vano tus caricias insinuaban quebranto y molicie
El instinto de penetración ya despierto
Era como una saeta de fuego
Entonces mi alma fue viniendo
Fue viniendo desde muy lejos
Fue viniendo
Para de pronto entrar y sacudirme
En el momento fugaz de la unidad
Extraídos de
COBO BORDA, Juan Gustavo. Cuerpo erótico. Selección de Juan Gustavo Cobo Borda.Bogotá: Villegas Editores, 2005.
Tonada última del callejón
Callejón en que viviera
y que canté en unos versos
llenos de elipsis mentales,
callejón de mis tristezas
y de mis perplejidades
y también de mis amores
(besos, abrazos, quimeras),
adiós, para siempre adiós.
Demolerán esta casa,
pero no mi viejo cuarto
que ha de mantenerse en pie,
no como forma imperfecta
de este mundo de apariencias:
se alzará en la eternidad,
con sus libros, con sus cuadros,
¡intacto y puro en el aire.
Calle de encendidas zarzas,
de pasiones sin mañana,
cuanta luz mediterránea
no guardaron estas piedras
en su mocedad suntuosa:
¡rocíos de las auroras!
¡pureza de las mañanas!
Callejón de mis tristezas,
no me avergüenzo de ti.
¿Fuiste de mujeres malas?
¡Todas son hijas de Dios!
Antes fuiste la calleja
de un convento carmelita . .
luego fuiste de los pobres
cuando, pobre, vine aquí.
Lapa —Lapa del Destierro—,
lapa de los pecadores
(mas cuando suenan las seis,
en la voz de las campanas,
como la voz que anunciara
la concepción de Maria,
¡Que gracias angelicales!)
Nuestra Señora del Carmen
desde su altar solicita
limosna para los pobres,
limosna pide y piedad
para las mujeres tristes,
para las negras mujeres
que de noche se refugian
en los portales del templo.
Calle nacida a la sombra
de conventuales paredes,
calle para mi sagrada,
como sagrada es la vida
a pesar de tus pecados,
nunca te dejé de amar
y canto para decirte:
adiós, para siempre, adiós!
[Version de Harold Alvarado Tenorio
Arquitrave Nº 61 Octubre-Diciembre 2015
VITUREIRA, Cipriano S.Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade - Tres edades en la Poesía Brasileña actual. Estudio y antología. Dibujos de Adolfo Pastor. Montevideo: Ediciones A.C.E.B.U. , 1952. Exemplar n. 16, assinada pelo Autor, de uma tiragem especial de 60 exs. Ex. bibl. Antonio Miranda
VOZ AJENA
Como del árbol verde, la hoja desprendida
tiembla y flota al azar sobre el arroyo umbrío,
déjate así llevar también por esta vida
que es un largo, ondulante y misterioso río...
En tanto no sorprenda tu carne dolorida
aquella sensación final de eterno frío,
ábrete al sol que en luz a la alegría convida
y cólmate de cantos;¡ ok, corazón vacío!
Ya el ala de los vientos suelta camélias, rosas.
Todo el paisaje sueña. Las matas olorosas
hacia el cielo el aroma de los mirtos levantan.
Goza tú el aire pleno. Y al sentir que reposas
olvida vanas penas en los campos que cantan
y transfunde en tu alma el alma de las cosas...
(De “La ceniza de las horas” 1917)
LAMENTO DEL MALQUERIDO
Doncella, deja tu aya,
ten pena de mi penar.
Ya en las avanzadas raya
el clarón crepuscular,
y mi mirar se desmaya
transido de procurar.
Del nido precioso explaya
—cielo puro, tu sonar—
vístete la fina saya,
muéstrate al fulgor lunar.
Desprende una vez, bien haya!
del yermo balcón del lar
como una ardiente azagaya
tu centelleante mirar.
Doncella, deja tu aya,
ten pena de mi penar... "
Soy mancebo de alta laya:
no trabajo y sé lidiar.
Relinchan entre mis cuadras
cabalgaduras sin par.
Tengo lacayo y lacaya.
¡ Se come un buey en mi hogar!
Castellana airosa y gaya,
atiende mi suspirar
antes que la luz se vaya...
Ten pena de mi penar.
Como un bastardo, a Viscaya
al golfo, me voy a ahogar.
Blasfema mi alma y desmaya
—alma que vas a danar—
Dona Olaya ¡ Dono Olaya!
—Mi laud de buena haya
llora lento sollozar...
(De “La ceniza de las horas” 1917)
NOCHE MUERTA
Noche muerta.
Junto al poste del alumbrado
están los sapos engullendo mosquitos.
Nadie passa por el caminho abierto.
Ni un ebrio.
Sin embargo hay seguramente por él uma procesión de sombras.
Sombras de todos los que pasaron;
de los que aún viven, de los que murieron.
El arrouyelo llora.
Es la voz de la noche...
Pero no de esta noche, sino de outra mayor.
(De “Rl ritmo disoluto” 1924)
IRENE EN EL CIELO
Irene negra
Irene buena
Irene siempre de buen humor.
Me imagino a Irene entrando en el cielo:
— Compermiso, mi blanco!
Y San Pedro bonachón:
— Entra Irene. Tú no necessitas pedir permiso.
0 sapo - tanoeiro
Parnasiano aguado
Diz:- "Meu cancioneiro
é bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
0 meu verso e bom
frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
Clama a saparia
Em críticas céticas
Não há mais poesias
Mas artes poéticas.
Longe dessa grita
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;
Lá fugindo ao mundo
Sem glória, sem fé No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu
Transido de frio
Sapo cururu
Da beira do rio.
Extraído de: Revista de Cultura Brasileña N. 33, p. 58-59
LOS SAPOS
El sapo tonelero
parnasiano aguado
dijo: Mi cancionero
está bien amartillado.
Ved como primero
me como los hiatos.
;Que arte! Y nunca rimo
los terminos cognatos.
Mi verso es bueno
cereal sin cizaña.
Hago rimas con
consonantes de apoyo.
Hace cincuenta años
que les dí la norma:
Reduje sin daños
a hormas la forma.
Clama el trabajo oculto
en críticas céticas
ya no hay poesía
sino artes poéticas
Lejos de ese grito alli donde es más densa la noche infinita vierte la sombra inmensa; alii, huyendo del mundo sin gloria, sin fe en el pozo profundo y solitario, es donde sollozas tu transido de frío sapo cururu
de la orilla del río.
Traducción: Jorge Guimarães
POESIA MODERNA DEL BRASIL. Traducción, selección y notas de Raúl Navarro. Buenos Aires: Editorial Raigal, 1956. 252 p. (La Poesía) 11x19 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda
LA DAMA BLANCA
La Dama Blanca que yo encontre
Hace tantos años.
En mi vida sin ley ni rey,
Me sonrió em todos los desenganos.
¿ Era sonrisa de compasión?
¿ Era uma sonrisa de ironia?
No era escarnio ni piedad. Sino
Sólo em las tristezas me sonreiría.
Y la Dama Blanca sonrió también
A cada júbilo interior.
Sonreía como com cariño.
Pero todavia no era amor.
¿ Era deseo? — ¡ Cristo ! ¿ De tísicos?
¿ Por histeria? ... quién sabe no más...
La Dama tenía caprichos físicos:
Era uma estraña pervertida.
Era el genio de la corrupción.
Repertorio de vicios adulterinos.
Tuvo amantes: um montón.
Hasta mujeres. Hasta niños.
Al pobre amante que le quería,
Se le hurtaba sarcástica.
Con unos perjura, com otros fría,
Con otros mala.
La Dama Blanca que yo encontré,
Hace tantos años,
En mi vida sin ley ni rey,
Me sonrió en todos los desengaños.
Esa felicidade de años contínuos.
Sutil, me conquisto. ¡ E imaginad !
En una noche de mucho frío
A mi padre se llevó la Dama Blanca.
(De Carnaval)
GOLONDRINA
La golondrina afuera está diciendo: —
“ ¡ Paseé el día inutilmente, inutilmente !”
!Golondrina, golondrina, mi cantar es más triste!
Pasé la vida inutilmente, inutilmente...
(De Libertinagem)
EL ÚLTIMO POEMA
Así queria yo mi último poema
Que fuese tierno diciendo las cosas más simples
y menos intencionadas
Que fuese ardiente como un sollozo sin lágrimas Que tuviese la belleza de las flores casi sin perfume La pureza de la llama que consume los diamantes más límpidos La pasión de los suicidas que se matan sin explicación.
(De Libertinagem)
YO ME VOY PARA PASARGADA
Yo me voy para Pasárgada
Allá mi amigo es el rey
Tendré la mujer que quiero
En cama que escogeré
Yo me voy para Pasárgada
Yo me voy para Pasárgada
Aquí yo no soy feliz
Allá la vida es aventura
De tal modo inconsecuente
Que Juana la Loca de España
Reina y “soit-disant” demente
Viene a resultar pariente
De nuera que no tuve
Y como haré gimnástica
Andaré em bicicleta
Montaré em burros chúcaros
Treparé a la cucaña !
Tomaré baños de mar!
Y de sentirme cansado
Me echo al borde del río
Llamo a la Madre del Agua
Para que me cuente historias
Que en los tempos de mi infancia
Rosa me las há contado
Yo me voy para Pasárgada
Em Pasárgada hay de todo
Es otra civilización
Hay un proceso seguro
De impedir la concepción
Hay telefono automático
Hay alcaloide hasta hartar
Hay prostitutas bonitas
Para poderlas gozar
Y cuando me encuentre triste
Triste de no poder más
Cuando de noche sintiese
Que me quiero suicidar
— Allá mi amigo es el rey —
Tendré la mujder que quiero
En cama que escogeré.
Yo me voy para Pasárgada
(De Libertinagem)
LA ESTRELLA Y EL ANGEL
Venus cayó llena de pudor en mi cama
Venus en cuyo ardor no había la mínima
partícula de sensualidade
Mientras gritaba yo su nombre tres veces
Dos grandes botones de rosas se marchitaron
Y mi ángel de la guarda quedó con sus manos
unidas em el deseo insatisfecho de Dios.
(De A Estrela da Manhã)
JACQUELINE
Jacqueline murió muy niña.
Jacqueline muerta era más bonita que um ángel.
¡ Ángeles ! ... Sé bien que no los hay em ninguna parte.
Lo que hay son mujeres extraordinariamente
hermosas que mueren todavía niñas. ¡
Em um tempo miré tus retratos de niña como
ahora pequena imagen de
Jacqueline muerta.
¡ Eras tan bonita !
Eras tan bonita, que merecías haber muerto em
la edad de Jacqueline
— Pura como Jacqueline.
(De A Estrela da Manhã)
ÚLTIMO CANTO DEL CALLEJÓN
Callejón que cante en dístico
Lleno de elipsis mentales.
Callejón de mis tristezas.
Y de mis perplejidades
(Mas también de mis amores.
De mis besos, de mis sueños).
¡ Adiós por siempre jamás !
Demolerán esta casa.
Mas mi cuarto há de quedar.
No como forma imperfecta
De este mundo de apariencias:
Quedará en la eternidade.
Con sus libros, con sus cuadros,
¡ En el aire sin variar !
Callejón de zarzas moras.
De pasiones sin después.
¡ Cuánta luz mediterranea
De esplendor adolescente
No recogió en estas piedras
De madrugada el rocío,
Pureza de amanhecer!
Callejón de mis tristezas,
¡ No me avergoncé de ti ! ¡ Fuiste calle de mujeres ?
¡ Todas son hijas de Dios !
Antes fueron carmelitas...
Y eras sólo de pobres cuando,
Pobre, vine a vivir aquí.
Lapa — Lapa del Destierro —,
¡ Lapa contanto pecar !
(Pero cuando las seis toca,
La alta voz de las campanas,
Como esa voz que anunciaba
La concepción de María.
¡ Cuánta grcia angelical !)
Nuestra Señora del Carmen,
Pide desde su altar,
Limosnas para los pobres.
— Para mujeres tan tristes,
Para mujeres tan negras,
Que el templo les da refugio
En sus noches sin hogar.
Callejón nacido en sombras
De la pared conventual,
Santo como la vida es santa
Pese a todas las caídas.
Por eso te amé conste,
Y canto para decirte !
¡ Adiós por siempre jamás!
(De Lira dos Cinquent´anos)
VERSOS DE NAVIDAD
Espejo, amigo verdadero,
Tú reflejas mis arrugas.
Y mis cabelos blancos.
Y mis ojos míopes y cansados.
Espejo, amigo verdadeiro,
Maestro del realismo exacto y minucioso.
¡ Gracias, muchas gracias !
Pero si fueses mágico,
Penetrarías hasta el fondo de este hombre triste,
Descubriendo al niño que alimenta este hombre,
El niño que todos los años en vísperas de Navidad
Piensa aún en poner sus zapatitos detrás de la puerta.
(de Lira dos Cinquent´anos)
LA MUERTE ABSOLUTA
Morir. Morir em cuerpo y alma.
Completamente.
Morir sin dejar el triste despojo de la carne.
La exangue máscara de cera.
Rodeada de flores,
Que se pudrirán — ¡ dichosas ! — en un día,
Bañada de lágrimas
Nacidas menos de la nostalgia que del espanto
de la muerte.
Morir sin dejar por acaso un alma errante...
¿ Em camino al cielo ?
¿ Pero qué cielo puede satisfacer tu sueño de cielo ?
Morir sin dejar un surco, un trazo, una sombra,
El recuerdo de una sombra
En ningún corazón, en ningún pensamiento,
En ninguna epidermis.
Morir tan completamente
Que un día al leer tu nombre en un papel
Pregunten: “ ¿ Quién fué ? ...”
Morir más completamente todavia,
— Sin dejar siquiera ese nombre.
(de Lira dos Cinquent´anos)
MANZANA
Por un lado te veo como um seno
marchito Por outro como un vientre de cuyo ombligo pende
aún el cordón placentário
Eres roja como el amor divino
Dentro de ti en pequenas simientes
Palpita la vida prodigiosa
Infinitamente
Y quedas tan simple
Junto a un cubierto
En un cuarto pobre de hotel.
(de Lira dos Cinquent´anos)
LA REALIDAD Y LA IMAGEN
El rascacielo sube en el aire puro que fué lavado
por la lluvia
Y descende, reflejando en el charco fanhoso del pátio.
Entre la realidade y la imagen, en el espacio seco
que las separa,
Cuatro palomas pasean.
(de Poesias Escolhidas)
BRISA
Vamos a vivir en el nrodeste, Anarina.
Dejaré aquí mis amigos, mis libros, mis riquezas,
mi vergüenza
Dejarás aquí tu hija, tu abuela, tu marido, tu amante.
Hace aquí mucho calor.
En el nordeste hace calor también.
Pero allá hay brisa:
Vamos a vivir de brisa, Anarina.
(de Poesias Escolhidas)
ANTOLOGÍA DE LA POESÍA BRASILEÑA. Selección, inroducción y traducción de ÁNGEL CRESPO. Barcelona: Editorial Seix Barral, 1973.
Serie Mayor 15. 440 p. ISBN 84-322-3815-5 Ex. bibl. Antonio Miranda
Poética
Estoy harto del lirismo comedido
Del lirismo bien educado
Del lirismo funcionario público con cuaderno de notas expediente
protocolo y palabras de aprecio al Señor Director
Estoy harto del lirismo que se detiene y va a averiguar en el
diccionário el caracter vernáculo de un vocablo
Abajo los puristas
Todas las palabras, sobre todo los barbarismos universales
Todas la construciones, sobre todo las sintaxes de excepción
Todos los ritmos, sobre todo los innumerables
Estoy harto del lirismo galanteador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo el lirismo que capitula ante cualquier cosa que se ajena
Por lo demás no es lirismo
Será contabilidade, tabla de cosenos, secretario de amante
ejemplar con cien modelos de cartas y las diferentes
maneras de agradar a las mujeres etc.
Mejor quiero el lirismo de los locos
El lirismo de los borrachos
El lirismo difícil y pungente de los borrachos
El lirismo de los borrachos de Shakespeare
— No quiero saber nada del lirismo que no es liberación.
El último poema
Así queria yo mi último poema
Que fuese tierno diciendo las cosas más sencillas y menos
intencionales?
Que fuese ardiente como un sollozo sin lágrimas
Que tuviese la belleza de las flores casi sin perfume
La pureza de la llama en que se consumen los diamantes
más límpidos
La pasión de los suicidas que se matan sin explicaciones.
Madrigal melancólico
Lo que yo adoro en ti
No es tu belleza.
La belleza es en nosotros donde existe.
La belleza es un concepto.
Y la belleza es triste.
No es triste en sí.
Sino por lo que hay en ella de fragilidade e incertidumbre.
Lo que yo adoro en ti
No es tu inteligência.
No es tu espíritu sutil.
Tan ágil y tan luminoso.
— Ave libre em el cielo matutino de la montaña.
No es tu ciência
Del corazón de los hombres y las cosas.
Lo que yo adoro en ti
No es tu gracia musical,
Sucesiva y renovada a cada momento,
Gracia aérea como tu propio pensamiento,
Gracia que perturba y que satistace.
Lo que yo adoro en ti
No es la madre que ya perdí.
No es la hermana que ya perdí.
Y mi padre.
Lo que yo adoro em tu naturaleza
No es el profundo instinto maternal
En tu flanco abierto como una herida.
Ni tu pureza. Ni tu impureza.
Lo que yo adoro enbn ti — ¡Lastímame y consuélame!
Lo que yo adoro en ti es la vida.
Manzana
Por un lado te veo como un seno marchito.
Por el otro como un vientre de cuyo ombligo pende aún el
condón placentario
Eres bermeja como el amor divino
Dentro de ti en pequenas pepitas
Palpita la vida prodigiosa
Infinitamente
Y quedas tan sencilla
al lado de un cubierto
En un cuarto pobre de hotel.
Poema de finados
Mañana, dia de defuntos,
Ve al cementerio. Ve
Y busca en las sepulturas
En dónde a mi padre enterré.
Lleva tres rosas bien hermosas.
Di arrodillada una oración.
No por el padre, por el hijo:
Que tiene mayor precisión.
Lo que de mí queda en la vida
Es la amargura que sufrí.
Pues nada quiero, nada espero,
Y en verdad estoy muerto allí.
Mozart en el cielo
El día 5 de diciembre de 1791 Wolfgang Amadeus Mozart
entró en el cielo, como un artista de circo, haciendo
piruetas extraordinárias sobre un miravolante caballo
blanco.
Los angelitos atónitos decían: ¿Qué ha sido? ¿Qué no há sido?
Melodías jamás oidas volaban en las líneas suplementarias
superiores de la pauta.
Durante un momento se suspendió la contemplación inefable.
La virgen le besó em la cabeza
Y desde entonces Wolfgang Amadeus Mozaart fue el más
joven de los ángeles.
Estupendo Estupendo
Estupendo estupendo estupendo,
Tengo todo cuanto quiero.
Tengo el fuego de las constelaciones extinguidas hace milenios.
Y el trazo brevíssimo — ¿que há sido? ¡ya pasó! — de tantas
estrellas candentes.
La aurora se apaga,
Y yo guardo las más puras lágrimas de la aurora.
El día viene, y día adentro
Continúo poseyendo el secreto grande de la noche.
Estupendo estupendo estupendo.
Tengo todo cuanto quiero.
No quiero el éxtasis ni los tormento.
No quiero lo que la tierra tan sólo da en trabajo.
Las dádivas de los ángeles son inaprovechable:
Los ángeles no comprenden a los hombres.
No quiero amar,
No quiero ser amado,
No quiero combatir,
No quiero ser soldado.
—Quiero la delicia de poder sentir las cosas más sencillas.
Arte de amar
Si quieres sentir la felicida de amar, olvida tu alma,
El alma es lo que estropea el amor.
Sólo en Dios puede encontrar satisfación,
No, en otra alma.
Sólo en Dios — o fuera del mundo.
Las almas son incomunicables.
Deja a tu cuerpo entenderse con otro cuerpo.
Porque los cuerpos se entienden, pero las almas no.
Preparación para la muerte
La vida es un milagro.
Cada flor,
Com su forma, su color, su aroma,
Cada flor es un milagro.
Cada pájaro,
Con su plumaje, su vuelo, su canto,
Cada pájaro es un milagro.
El espacio, infinito,
El tiempo es un milagro.
La memoria es un milagro.
La conciencia es un milagro.
Todo es milagro.
Todo menos la muerte.
—Bendita muerte, que es el fin de todos los milagros.
La realidad y la imagen
El rascacielos sube em el aire puro lavado por la lluvia
Y baja reflejado en el charco del patio.
Entre la realida y la imagen, en el suelo seco que las separa,
Cuatro palomas pasan.
Evocación de Recife
No la Venecia Americana.
Não la Lauaritsstad de armadores de las Indias Occidentales
No la Recife de los Mascates
Ni siquiera da la Recife que aprendí a amar después —
Recife de las revoluciones libertarias
Sino la Recife sin historia ni literatura
Recife sin nada más
Recife de mi infância
La Calle de la Unión donde yo jugaba al frío-caliente y
rompía los cristales de la casa de doña Anita Viegas
Totonio Rodrígues es muy viejo y se ponía los quevedos en
la punta de la nariz
Después de cenar las familias ocupaban la calle con las sillas
chismes, noviazgos, risas
Se jugaba en medio de la calle
Los niños gritaban:
¡Conejo sal!
¡No sale!
A lo lejos las voces blandas de las niña politonaban:
Rosal dame una rosa
Clavel dame un capullo
(De aquellas rosas muchas rosas
Em capullo habrán muerto...)
De repente
en las lejanías de la noche
una campana
Una persona mayor decía:
¡Fuego en San Antonio!
Otra contrariaba: ¡San José!
A Totonio Rodrgues le parecia que siempre era en San José.
Los hombres se ponían el sombrero salían fumando
Y a mí me daba rabia de ser niño porque nos podía ir a ver el fuego
Calle de la Unión...
Qué lindos eran los nombre de las calles de mi infancia
Calle del Sol
(Me asusta que hoy se llame de Dr. Fulano de tal)
Detrás de la casa quedaba la Calle de la Saudade...
...donde se iba a fumar a escondidas
Del lado de allá estaba el muelle de la Casa de la Aurora
...donde se iba a pescar a escondidas
Capiberibe
Capiberibe
Allá lejos el sertoncito de Caxangá
Bañeras de paja
Un día vi a una muchacha desnudita en el baño
Me quedé parado con el corazón latiendo
Ella se rió
Fue mi primera iluminación
¡Crecida! ¡Las crecidas! Barro nbuey muerto árboles destrozos
remolino desapareció
Y en la hojarasca del puente del ferrocarril los criollos intrépidos
em yangadas de bananeira
Novenas
Cabalgatas
Yo me eché en regazo de la niña y ella empezó a pasar
la mano por mis cabellos
Capiberibe
—Capiberibe
Calle de la Unión por donde todas las tardes pasaba la
negra de las bananas
Com el chal vistoso de paño de la Costa
Y el vendedor de rollo de cañas
El de cacahuetes
que se llamaban miduínes y nos eran
torrados eran cocidos
Me acuerdo de todos los pregones:
Huevos frescos y baratos
Diez huevos por un patacó
Fue hace mucho tiempo...
La vida no me llegaba por los periodicos ni por los libros
Venía por la boca del pueblo en la lengua equivocada el Pueblo
Lengua verdadera del Pueblo
Porque él es el que habla gracioso el portugués del Brasil
Mientras nosotros
Lo que hacemos
Es imitar
La sintaxe lusíada
La vida con una porción de cosas que yo no entendìa bien
Tierras que no sabía donde quedaban
Recife...
Calle de la Unión...
La casa de mi abuelo...
¡Nunca pensé que se acabase!
Todo allá parecia impregnado de eternidad
Recife...
Mi abuelo muerto
Recife muerto, Recife bueno, Recife brasileño como la casa
de mi abuelo.
Buey muerto
Como en desbordada corriente,
Me siento medio submergido
Entre destrozos del presente
Dividido rueda, enorme, el buey muerto,
Buey muerto, buey muerto, buey muerto.
Árboles de un paisaje en calma,
Com vosotros — ¡altos de más! —
Queda el alma, la atónita alma,
Atónita por siempre jamás,
Que el cuerpo se va con el buey muerto,
Buey muerto, buey descomedido,
Buey espantosamente, buey
Muerto, sin forma ni sentido
Ni significado. Qué fue
Nadie lo sabe. Ahora es buey muerto,
Buey muerto, buey muerto, buey muerto.
Buey muerto, buey descomedido,
Muerto, sin forma ni sentido
Ni significado. Qué fue
Nadie lo sabe. Ahora es buey muerto,
Buey muerto, buey muerto, buey muerto.
Variaciones serias en forma de soneto
Veo mares tranquilos que reposan
Tras los ojos de las niñas serias.
Miran muy alto y lejos, mas no osan
Mirar a quien la mira, y quedan serias.
Al borde de los labios se les pasan
Ángeles invisibles. Mas tan serias
Son, alto y lejos, que ellos nunca osan
Dar una risa a aquellas bocas serias.
¿En qué pensais, oh niñas, si reposan
Mis ojos en los vuestros? ¡Ellos osan
Soledades hollar que son tan serias!
¿Pero podré deciros que ellos osan?
¿O van, por causas, ay, mucho más serías,
Pecados a lavar que no reposan?
HADAD, Jamil Almansur, org. História poética do Brasil. Seleção e introdução de Jamil Almansur Hadad. Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio Abramo. São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943. 443 p. ilus. p&b “História do Brasil narrada pelos poetas.
HISTORIA DO BRASIL – POEMAS
O ESPÍRITO DA AUTONOMIA
Foto: WIKIPIDEA
OURO PRETO
Ouro Branco! Ouro Preto! Ouro Podre! De cada
Ribeirão trepidante e de cada recosto
De montanha o metal rolou na cascalhada
Para o fausto d´el-Rei para a glória do imposto.
Que resta do esplendor de outrora? Quase nada;
Pedras... templos que são fantasmas ao sols-posto.
Esta agência postal era a Casa de Entrada...
Este escombro foi um solar... Cinza e desgosto!
O bandeirante decaiu... é funcionário.
Último sabedor da crônica estupenda,
Chico Diogo escarnece o último visionário.
E avulta apenas, quando a noite de mansinho
Vem, na pedra sabão lavrada como renda,
Sombra descomunal, a mão de Aleijadinho!
(POESIAS COMPLETAS – Civilização Brasileira -
Rio de Janeiro, 1940)
LUCENA, Gilberto de Sousa. A Santa e o Barqueiro e Outros Ensaios. João Pessoa, Idéia, 2006. 133 p.
Doação de Anderson Braga Horta
BALADA DE SANTA MARIA EGIPCÍACA
Santa Maria Egipcíaca seguia
Em peregrinação à terra do Senhor.
Caía o crepúsculo, e era como um triste sorriso de
mártir...
Santa Maria Egipcíaca chegou
À beira de um grande rio
Era tão longe a outra margem.
E estava junto à ribanceira,
Num barco,
Um homem de olhar duro.
Santa Maria Egipcíaca rogou:
— Leva-me à outra parte do rio.
Não tenho dinheiro. O Senhor te abençoe.
O homem duro fitou-a sem dó.
Caía o crepúsculo, e era como um triste sorriso de
mártir...
— Não tenho dinheiro. O Senhor te abençoe.
Leva-me à outra parte.
O homem dura escarneceu: — Não tens dinheiro.
Mulher, mas tens teu corpo. Dá-me o teu corpo, e
vou levar-te.
E fez um gesto. E a santa sorriu.
Na graça divina, ao gesto que ele fez.
Santa Maria Egipcíaca despiu
O manto, e entregou ao barqueiro
A santidade da sua nudez.
*
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Página ampliada e republicada em junho 2008, idem novembro 2008.. ampliada e republicada em maio de 2010; ampliada e republicada em julho de 2015. Ampliada em novembro 2015. Ampliada em fevereiro de 2016. Ampliada em março de 2016. Ampliada em junho 2016. Ampliada em setembro de 2016 - Ampliada em agosto de 2018
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