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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 





 

  Antonio Miranda

 

Passei uma temporada em Bogotá, Colômbia, em 1972, cidade que eu havia visitado em sucessivas oportunidades. Sentia um fascínio pela capital colombiana, principalmente pelo centro histórico, pelo bairro da Candelária e pelo bairro mais burguês de  Chapinero, freqüentado por intelectuais. Havia muita permissividade e tolerância para os padrões da época. Época de hippies e de extremistas de esquerda, de consignas revolucionárias e de consumo de maconha.

 

Eu era apenas um espectador interessado por aquelas transgressões, sem assimila-las ou assumi-las. Nunca fui seduzido pelo nomadismo dos hippies nem pelo consumo de drogas mas convivia bem com os adictos e era um aventureiro à minha maneira mais formal de ser. Minhas transgressões sempre foram mais intelectuais que físicas.

 


Formei um grupo de atores para a montagem do espetáculo “Calzoncillos con nubes o si prefieren S. O. S. Colômbia”, um texto poético completado com notícias de jornal do dia (sobre a situação política do país e a guerra distante no Vietnã). Contava com a contribuição extraordinária do músico Stephen Riedel.
 

Criamos o Grupo Experimental Renovación. Tivemos problemas com os maoístas, durante os ensaios na Universidad Nacional, e também sofremos ameaças de militares quando da estréia no Teatro Popular de Bogotá, o mais prestigiado da cidade entre os renovadores. O TPB  abriu-nos as portas graças à intermediação do grande ator e diretor Jorge Ali Triana e de minha amiga a atriz Fanny Mickey.

 


As músicas do Stephen eram modernas, da era dos Beatles, causava um certo fascínio entre os jovens e muita suspeição entre os críticos mais puristas e chauvinistas. Nós trabalhamos


E ressalta o trabalho do músico: “con la valiosa colaboración de Stephen Riedel, músico y cantante que comienza a ser conocido por la belleza de sus obras y la fuerza interpretativa de las mismas”.

 

Logo depois da estréia eu parti para Lima, por terra, numa de minhas aventuras por estradas da América do Sul. Eu sonhava sempre com aquelas viagens e sempre seduzia amigos a seguirem comigo. Viagens de ônibus, de trem. Sem roteiros precisos, sem datas fixas. Ia ao encontro do grupo Cuatro Tablas, de meu amigo Mário Delgado, que apresentava “Tu País Está Feliz” na capital peruana.

 


Não conservo quase nada daquela estada em Bogotá, salvo algumas fotos publicadas na imprensa e o folheto-libreto do espetáculo (ver em Obras Publicadas). Não conservei as músicas. Soube depois que montaram outro espetáculo em que Stephen Riedel apresentou músicas a partir de meus poemas. Não sei se eram as mesmas de Calzoncillos com Nubes ou se eram novas criações.

 

Depois voltei ao Brasil, à Venezuela, de novo ao Brasil (em 1973) definitivamente. Perdi contato com meus amigos colombianos, por completo. Submergi no universo do trabalho profissional, no ambiente hostil do fim da ditadura militar, e deixei para trás aquele mundo de teatro, por décadas.


nas composições com muito entusiasmo, durante a montagem do espetáculo. Ou seja, começamos os ensaios sem um texto definido, sem as músicas, e tudo foi sendo montado nas salas de aula emprestadas para os ensaios, com muita participação dos jovens atores e músicos do grupo _  Carlos Bonilla, Mechas Román, Victor Maldonado, Emilio Posada, Marta Rojas, Edgar Camero, Alfonso Castillo, Carlos Bedoya, Ernesto Correa, Camilo Castillo y Stephen Riedel, sob  a direção de Bernardo Jiménez com a minha assistência direta.

 

Foi uma experiência extraordinária. Muito calor humano, muita solidariedade. Eram todos estudantes universitários ou egressos (“licenciados”), idealistas, utopistas.

 

“El espectáculo tiende a buscar poco uso de la escenografía, para dar mayor importancia a la expresión corporal colectiva. Los actores siempre están en comunicación directa con el público, que pasa a convertirse en parte activa del espectáculo.” – diz o jornal El Tiempo, de 19 de mayo de 1972, p. 13-A, e continua: “Calzoncillos con nubes tiene buena dosis de humor negro y trata de cumplir con el cometido brechtiano de divertir primero para luego instruir. Es una “teatralización” de poemas en un espíritu muy acorde con la gente a la que se dirige: personas jóvenes de todas las edades”.

 

É certo que aquelas experiências marcaram a minha existência. E constaram de meu dossiê... Quando estudei na Inglaterra como bolsista do Conselho Britânico quis prolongar a minha estada para continuar o doutorado mas enfrentei a negativa do governo brasileiro, que me negou a bolsa, a partir de informações sobre minha vida de agitador político... Eu?! Era um agitador cultural, poeta de um engajamento torto, insubmisso.

 

Regressei várias vezes a Bogotá, nos anos seguintes, sempre para participar de eventos profissionais, sem voltar a ver aqueles jovens do “Renovación”, que dispersaram e seguiram suas vidas, suas carreiras. Por onde andarão? Quem sabe a Internet pode restabelecer os links perdidos com o passado? Como me trouxe de volta, recentemente, o meu querido Mario Delgado! Que me escrevam dando notícias!

     

(Brasília, nov. 2005)



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