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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

Poemas

A BANDEIRA IMPERIAL
A MULHER DO BARÃO

A RAZÃO DA SEM-RAZÃ
A SENILIDADE DO BARÃO
A VELHICE
ABUNDANTE

O AÇOGUEIRO E AS PALAVRAS

ABREVIANDO PARA AMPLIAR

AD NAUSEUM
AMOR DE QUALQUER JEITO
AMOR E AMIZADE

ANATOMIA FEMININA
ANCESTRES
AO MEU ENTERRO
AO POETA NARCISISTA
ARCA DE NOÉ
ASÍ ES SI
ASSIM MESMO
O ATLETA NO OCASO
AUTO-AJUDA PARA NADA

BOLSONARO (SEMPRE!) TEM RAZÃO!!!

BOMBA DEMOGRÁFICA
BONITA POR DENTRO
BRICS : BRICOLAGENS SOCIAIS

CA SAL

CADA UM, CADA QUAL
CAIXA DOIS E METÁSTASE

CANCIÓN APASIO(NADA)

CARTAZ NO RESTAURANTE POPULAR

 

CASAL PERFEITO
CASAMENTO

CASA-MENTO X CASA-MINTO

O CASO DO VIRO AECIO EGIPCIO E O DENGO
CÍRCULO AMOROSO
O CONFORMISTA

CONSUMIDORES

CONTROLE REMOTO
CRISE

DASGAY
DASLU X DASPU

DECLARAÇÃO DE POLÍTICO
DEMOCRACIAS
DEPUTADO CHICO FOSSA

DESMEMORIADO ATIVO

DIÁLOGOS

DILEMA MALTHUSIANO


DÍPTICOS
DISCURSO DE VERFADORA NO PALANQUE
DISJUNTOS

DIZ CURSOS

e-gnorante
É MESMO?
ENTENDEU ?
ESCRITURA AUTOMÁTICA
ESQUERDA - DIREITA NO SÉCULO 21
ESTATISTICAMENTE EU JÁ MORRI

 

   

EU NÃO SOU
ESTOU LOGADO EM VOCÊS
EXCELLENCE
EXCURSÃO AO LITORAL  

A FORCA E O CONDENADO: PODER PODRE

GOLL
HAMBURGER ASSASSINO
HONRAS AO VENCEDOR...

 

INDIGNADO...
INESQUECÍVEL

INSTANTÂNEAS DA MORTE

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

INUSITADO
INSUBSTITUÍVEL
INVADIRAM O CONGRESSO NACIONAL
IRRELIGIÃO

JEAN GENET REDIVIVO

LAZER - PRAZER

LETREIRO NA VENDINHA
MAIS DO QUE EU

MANCHETES DE JORNAL E DERIVAÇÕES
MANHÃ
MÁXIMA
MELHOR ASSIM QUE PASSADO
MÍDIA RETROATIVA
1808
MILAGRE DO BURACO DO METRÔ
MINORIAS
MORRENDO EM SI
MUITO OBRIGADO
MULHER COMO INVESTIMENTO

MULTIDÕES  
MÚSICA TECHNO

NA ACADEMIA DE LETRAS
NARCISO
NEVASCA

NÃO HÁ MAIS POETAS COMO ANTIGAMENTE

NÃO SEI

NEM EU

NINGUÉM MAIS...

NO FURURO
NOIS EH INTELIGENTE

 

PAGODE DA VELHICE

O POETA ANTROPOFÁLICO
OLHO DE VIDRO
PACTO CONJUGAL
PAÍS INCONCLUSO
PARTIDOS-REPARTIDOS
PLÁGIO
PLANO PARA EVACUAR O SENADO FEDERAL
POR QUE ME UFANO

PLANEJANDO A LONGEVIDADE

PODE SER QUE SEJA...

POEMA FUNK      

POÉTICA

PORÉM

PORQUE ME UFANO
PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI

 

PROCISSÃO DE PÁSCOA

PROPAGANDA ENGANOSA…


PROMISCUIDADE SEXUAL
PROPINODUTO DO PETROLÃO


QUADRATURA DO Ó                                
QUAE SERA TAMEN
QUE FAZER COM SEU FILHO EFEMINADO?

QUEM DUVIDA???

QUERIA SÓ VOAR...

 

 

RAZÃO CONTROVERSA


RESPONDA, POR FAVOR

REVIVENDO MALTHUS


SEM SENTIDO

SEM TI TOLO
SER E ESTAR

SEXOS 

SONETO ECONÔMICO

STEVEN LEVITT E OS TRAVESTIS
SYLVA HORRIDA

TATUAGENS
 

TEMPO E DESTEMPO

TUDO NOS CONFORMES

UM CERTO AMIGO MEU
UM DIA DEPOIS DO OUTRO

VATICINIO

VERBORRAGIA CONSCIENTE
VERDADES INVERÍDICAS (INCRÍVEIS?)
VERDADES OFICIAIS

VIVER NO FUTURO
VIVIDO
VOCÊS SABEM...

 

 
 

 


MUITO OBRIGADO

Poema do Barão de Pindaré Júnior


Você que me lê...
Ele que me ouve...
Obrigado, muito obrigado!!!

     
Errado! Você não está obrigado.
Ele até que poderia estar.

Vamos "corrigir".

       Apesar da intenção de agradecimento...
Então, vou substituir a locução:
Obrigado, hispanicamente: GRACIAS!

 

                                                                         16.02.2023


VOCÊS SABEM...


Poema do BARÃO DE PINDARÉ JÚNIOR
(heterônimo de ANTONIO MIRANDA,
para o escarnio e o mal dizer...

Todo mundo
caga
pelo ânus,
e tem que quem
cague pela boca...
Não precisamos
dizer quem,
vocês sabem!


MAIS DO QUE EU

Que inveja que eu tenho
dos passarinhos
que enxergam o que eu só imagino
— de meu ninho
eu sigo com eles, imaginando...
(inteligindo? Não! Eles
veem e entendem sem
os desvios das palavras...

Eles enxergam mais do que eu!

                                               (22/06/2022)

 


QUEM DUVIDA???

Poema do Barão de Pindaré Júnior


Até os 50 anos de idade
cada dia é um dia a mais.
A partir dos 50 anos
cada dia é um dia a menos...


 

 

HONRAS AO VENCEDOR...

 

Pouco depois da inauguração, meu pai
levou-me ao Maracanã.
[Obra malsã, no meu entendimento...]
Jogo de futebol, eu menino , não gostava...

Ele torcia pelo Flamengo, que jogava.
Saiu chateado: o Flamengo derrotado!
Quis saber o que eu achava...

Eu disse: eu torci pelo melhor,
como devia fazer: pelo vencedor...

Meu pai ficou irritado...

— Já sei, você nem deve ter notado
que os times, no segundo tempo,
mudaram de lado.
[ Eu fiquei calado,
injuriado!... ]

                    

                 Brasília, dez. 2021


 

BOLSONARO (SEMPRE!) TEM RAZÃO!!!

 

        Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Quem duvida?! Ele insiste, toda a vida,
que as urnas são fraudulentas!
Com razão! Então que seja coerente:
de repente, num súbito de razão
—  ele renuncia ao cargo de presidente
e seria o primeiro auto-impichado!!!

 

                                    Brasília, 13/10/2021

 

Resposta de
Anderson Braga Horta

Qui, 14/10/2021 14:00

 

 

Claro está: se a urna mente,

desmente, por ilação,

a eleição do presidente.

Tem, pois, inteira razão

o poema do Barão.

 



QUERIA SÓ VOAR...

          Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Um amigo meu, que já morreu,
no inferno repousa, arrependido;
um dia se queixou:
—“Deus é injusto, injusto!
O homem só consegue andar,
correr, pular — até à distância,
e ganhar — ridículos — certames,
mais reclames que recordes...”

—E daí, eu perguntei...

—“Somos animais, mas
não somos iguais, injustamente!
Vejo aves voando, animais
mais pesados do que ar,
e por azar, ou injustiça,
eu não consigo alçar-me deste lugar
...”

—E daí, qual o problema?

—“O meu dilema! Como voar
se não for de avião?

Eu contestei:— Salte de paraquedas,
salte de parapente
ou de asa-delta
e voe até à praia!
ou invente um drone potente!

“Eu heim! É pouco demais!...”

—Pouco demais, que mais querias?
Não responda! Eu te adianto:
Que adiantaria, como pretendes, sair
do trânsito das avenidas, e chocar no ar
—se o direito de voar
fosse universal
“justo” como apregoas: e topar
no ar, com elefantes, girafas, jacarés,
vacas gestantes?! É melhor andar com os pés
seguro pelas ruas!!!
Eu juro, e te asseguro: Melhor é voar como
Santos Dumont: É bem mais seguro...

                                      Brasília, 10.10.2021


DESMEMORIADO ATIVO

    (Depois da Ditadura)

 

                 Poema do  Barão de Pindaré Júnior
heterônimo de ANTONIO MIRANDA

 

                           “Pela memória involuntária
o aparecimento do passado
é inesperado e surpreendente.”
MARCONDES FILHO

 

Quando eu me encontrei
com Fernando Henrique Cardoso
ouvi dele o que ele não disse
— ouvi o que eu imaginei.

Eu nunca estive com o Lula
mas o avistei montado numa mula
fazendo campanha no agreste
— eu o imaginava no deserto...

Jamais me encontrei com o Collor
— isso é verdadeiro: a mãe dele
me recebeu na Casa da Dinda
e me tratou como um entregador de pizza.

Sim, estive com o Sarney
e ele me dedicou um livro seu
e surpreendeu-se por sermos
maranhenses, ele nobre e eu plebeu...

Nunca estive com o Temer
— só o via e ouvia pela TV
até que o vi numa livraria
—sim! como autor de poesia.

Nem pretendo me encontrar
com o Bolsonaro discursando
— ele quase morreu com a facada
e agora vive só de fachada...

Quem é que vem por aí?
— ou será um redivivo?!
Nos meus 81 anos de vida
não sou obrigado a votar...

 

Vou m´embora pra Pasárgada
aqui eu não fico não!
— ou vou para Maracangalha
fugindo de toda canalha.



*****

"Um comentário final: me perguntaram por

que eu não inclui a Dilma... Eu esqueci!

Mas eu menti(ria)!!!  "A "Presidenta" nunca foi
presidente, era "porta voz'  do Lula..."

 

                   Brasília, 30.09.2021


 

 

INDIGNADO...

 

O velhinho pediu
na farmácia
três remédios
e perguntou:

                 —qual é o desconto
para os idosos?
—10%, respondeu
o atendente.
—Perfeito! Agora!
O atendente registrou
os preços na maquinha
e declarou o valor.
O velho protestou, indignado:
—Está errado!
10%, +10%, +10%
são 30% de desconto!
E foi-se embora da farmácia...

 

                              (agosto, 2021)


 

                         A B U N D A N (DAN)  T E

 

 

                Certas bundas são imóveis
outras sobem e descem
ao andar...
Dançam,  vibram
sem parar!

 

                           V i v a !

 

                         

                             **

 


 

Poesia visual de Antônio Miranda

e-gnorante

 

O nível da pessoa
— dizia a minha mãe —
a gente re-conhece
pela forma de andar
pelo jeito de vestir
pela maneira de comer.

Impossível enganar
exagerando a pose
e na posse de joias
na maquiagem
e no rir e olhar.

 

O medíocre se assemelha
imita, copia,

A mediocridade é um plágio
na combinação das cores

e frases repetidas
e trejeitos reconhecíveis:

no como :...
o não é  [¿] como persuasão

e o vocês já sabemcomo intimidação...
e frases repetidas
sem medida.

 

Antes de falar garante:}
eu tenho certeza!!!
eu vi na tv, li na internet...

 

Mas a gente, ao ouvir
pode se enganar...
Com certeza: ele/ela
tem mais público do que nós.

 

 

 

Sobre a velhice e os tumores | Cientistas descobriram que... 'CDQ'

Imagem: https://cientistasdescobriramque.com/

 

A    V E  L  H   I    C    E

 

 

A velhice não aguenta
o peso da cabeça,
o braço não suporta
o peso do ombro.
A coluna aflita sob o corpo
e uma perna sobre a outra
insuportável
mente!

Dura a noite inteira e não tem cura.

(Acorde no meio da noite
e experimenta a sua morte.
A velhice não é uma tolice...

 

Lamento, sem medica – mento.
Aguarde a sua vez: nenhum talvez.)

 

A solidão é mesmo uma prisão.
E que agonia durante a pandemia!

 

        Poema do Barão de Pindaré Júnior,
heterônimo de Antônio Miranda 
às 4 h da madrugada. Quase nada.

        É o que sinto, e não minto!  

 

 

 

 

 


AUTODEFINIÇÃO

 

Querem que eu me defina?

Sou uma combinação

de socialista utópico

e anarquista científico.

 

Barão de Pindaré Júnior

 

*

 

MENTO OU MINTO?

Eu, teórico?
Só teorizo sobre
o que experimento.

*

“É óbvio
que eu fujo do que é óbvio”.

BARÃO DE PINDARÉ JR.

 

*

 

Eu não sou IDOSO,
eu sou VAIDOSO!!!

 

       (Barão de Pindaré Jr.
       aos 76 anos de idade)

 

Pior vai ser quando
eu  (es)tiver  IDO - SO...

 

 

*

 

 

 

 

DESABAFO DE BARÃO

 

Eu não sou preconceituoso!
Nada contra transexuais,
negro, judeu, nordestino!
Eu sou nordestino!
Cada um com o seu destino.
Preconceito mesmo somente
contra a burrice: aliás,
um pré-conceito, nada mais.

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CA  SAL

 

você não percebeu
eu sim:

na rua
de mãos dadas
—ele à esquerda
com andando
— ela, à direita:
             sujeita!

 

 

 

 

 

**********************

 

 

UM CERTO AMIGO MEU

       — que eu não revelo o nome
(Aristeu) tem o rabo quente!
Se ele senta,  o lugar esquenta!

Se você enfia nele o mão
(fogo aceso, ou micro ondas)
logo vira tição, vira carvão!
de bicha, vira salsicha
de machão, vira salsichão
em vez de xixi, faz sushi
— vou m´embora, eu não sou daqui!


             (Belo Horizonte, 15/2/2012)

 

 

----------------------------

 

 

 

 

 

Lazer  —? Prazer

 

       Poema do Barão de Pindaré Júnior
heterônimo de ANTONIO MIRANDA

 

 

        “Reza” um cartaz
na rodovia:
  “Uns ralam,
outros rolam...”

                        . . .

O nome do motel
é
           SÓ LOVE.

 

       Sei não!
Amor?
Suor...
a preço
de ocasião:
49,99.
Só o quarto,
acompanhado.
Quase nada.
E nada na piscina
por mais um
pouco.
Louco!
Vale mais!
Caro é a companhia
neste tempo de pandemia...
Com máscaras,
sem direito a beijos...

       Desejo e beijo rimam?

 

 

  

                     

               EU NÃO SOU 

                           

                   Poema do Barão de Pindaré Júnior,
                           
pseud. de ANTONIO MIRANDA 

 

 

            Eu não sou branco
                
nem negro
               muito menos amarelo
                                      ? sou azul!
               Lá dentro, na alma
                       por auto-determinação! 

 

               Eu não sou alemão
               nem norte-americano
               muito menos chinês
                                        —sou lunático
                porque vivo no mundo da lua!

                                       ? sou extra-terrestre
               na minha inspiração!

                Eu não sou cristão
                nem muçulmano
                muito menos judaico
                                      ? estou além do zen
                na minha meditação! 

 

                       Não, não, não!  

                                      Sim!!! 

 

 

   VERBORRÁGIA CONSCIENTE

          Poema do Barão de Pindaré Junior
(heterônimo de ANTONIO MIRANDA.           

 

         “Afirmava Calímaco que um grande livro
é um grande mal.”  ERASMO DE ROTTERDAM

 

         Furor! Livros cansativos, intermináveis, enfadonhos
? bíblicos? Os clássicos não lemos mais,
os tratados fatigantes, pedantes. Contendas.
(Palafreneiros...

        Non plus ultra?! Perdoem o meu raso entendimento.
Como Sísifo rolando uma pedra
até ao cume da montanha
ou da Academia de Letras.

        Infinito mensurável, adjetivos!
Sistemas!          Anátemas, gravames.
Estantes lotadas, labirínticas.
Convencidos do nada, convertidos, crédulos,
ridículos. Com seguidores, devotos. Idólatras.
Concluem no prefácio e reconsideram no posfácio.

        Empol   ação. Pecado, no original, sem culpa.
Ecce homo ao sacrifício. Contradicto, sutil,
supérfluo, sub-reptício... Argu-mentiras!
Raios!!!  Pe (s) ca dores.
Interpretação super(r)ada. Discurso sem argu
mento.. Argucia, astucia, angustia. Sortilégio
ou sacrilégio?  Sim: heresia, quem diria!

        Como Erasmo, na LOUCURA e sabedoria.
Como Penélope, desfazendo o texto
da noite, no dia seguinte...

        Vitória pífia... Espera, espora. (Con)sagrada
escritura! Ave Cesar! Apóstrofe cesariana.

 

           (Brasília, durante a Quarentena, 18.05.2020)

 

 

 

COMENTÁRIOS:

 

Magnífico don Mira, supera a tipicidade do Barão... agora Duque... Em estágio avançado de maturidade na escala nobiliárquica das letras...    
ZENILTON GAYOSO ? Brasília, 20.05.2020

------------

 

 

Caramba, Don Miranda.

Parece mesmo uma cacetada pandêmica.      
ANDERSON BRAGA HORTA - Brasília, 20.05.2020

 

          ----------------------------------------------------------

 

 

 

Ilustração :    Zenilton Gayoso

 

 

SEM TÍ


TOLO

 

 

                   [Po e ma do Barão de Pindaré Júnior]

 

 

                   Como     quem
não é de nada,
ação:     Comu
n h ã o.
Comum      idade
— comunicação!

             Poster
gada  em  anun
cio
De                      lírio...

                   Anterior        mente

 

             Como    você
eu não me arrependo.

 

             Cansei!!! Não en
tendo nada.

 

 

                [Poema lingu  ístico  imã   gético
ins pirado    pelo Conid 19
nu dia 24/04/2020]

               

 

------------------------------------------------------------------------

 

 

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI

 

(07.05.2005)

 

psicografado pelo Barão de Pindaré Júnior*
*heterônimo de Antonio Miranda.

 

 

Por onde passa boi passa boiada
diz o ditado de origem popular
? passa trem, passa tudo, passatempo
e se não bastar, passarinho.

 

Vou passar em revista, em revisão
o que escrevi, com o mouse na mão
no “localizar”, buscando as palavras
lavrando os termos da composição.

 

Como não sou poeta de cordel
versejador de improviso e desafio
sem o papel do Patativa do Assaré
? nem busco rimas no dicionário...

 

Pois é... rimo é no meio, atravessado
em qualquer lugar, e se quiser
e convier. Vou listar o preterido
? mas nunca o esquecido ? se se quer.

 

Apenas para constar, não é?
Não falei de cafuné, axé, pois não.

Nem de rapé, axé e bicho-de-pé

Porque estavam, pois sim, subentendidos.

 

Esqueci da Marta Rocha e suas polegadas
a mais, e dos versos preferidos
do Bilac, nem citei as vaquejadas
nem o cadillac do JK no museu.

 

Deus meu! esqueci até da devoção                
a Nossa Senhora de Aparecida. Sacrilégio!
O Auto da Compadecida e o Cícero Romão
de nosso culto, romaria e sortilégio.

 

Deixei de lado até mesmo o futebol
e suas / nossas / deles glórias eternas
o arrebol do Araguaia ? e levo vaia
por olvidar as chacretes e suas pernas.

 

Samba de crioulo doido, branco azedo
do nissei, do sansei e do não-sei
esqueci a lira do Álvares de Azevedo!!!
Tive medo de citar o Pres. Figueiredo.

 

Passaredo, Passa Quatro, Pajuçara.
Esqueci Araraquara e até a capivara
Onde ponho a Xuxa, o Pelé e o Gegê
Quem se lembra?!) e os ídolos da Tevê?

 

Quem não comunica se trumbica
dizia o filósofo Chacrinha ? um ventríloquo
com o relógio na pança. Como fica?!
Ubíquo? E o “Criança Esperança?”

 

Em verdade, os digo, falei de todos
eles, de tudo, nas entrelinhas
das verdades comezinhas, modos
de ser, de falar e de representar.

 

Somos múltiplos, prolixos, discursivos
misturados, uma salada �? Xtudo.
Os preferidos de Deus, predestinados
e tudo o mais... e fico mudo.

 

 

 

===================================

 

DILEMA MALTHUSIANO

Poema esperpêntico do
Barão de Pindaré Júnior

Sete bilhões de pessoas no mundo:
fornicando, mijando, cagando.
Sim, mas trabalhando, rezando!
Certo, mas os que trabalham

também mijam,

os que rezam também fornicam...
Pare com esse poema sujo,

imundo, fedorento!!!

(31.01.2019)

 

 

 


VIVIDO
IDO

VIVIDO
IDO

VIVIDO
IDO

VIVIDO
IDO
o
.


(?ltimo poema do
BAR?O DE PINDAR? J?NIOR,
heter?nimo de Antonio Miranda,
dezembro de 2018,
para uma camiseta de despedida)

 

 

Jean Genet: www.amazon.fr

 

JEAN GENET REDIVIVO

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Vou pro purgatório com Genet.
         Estou sujeito ao contraditório,
         repulsivo, excluído
         do pensamento conciliatório
         — na contramão do não,
         porque sim!!!
         senão, vexatório...
         Revolu/rea/cion-ário!
         Precário, perdulário!
         Ord-inário!
         Gen(et)ial.

 

                   Brasília, 5/11/2018

 

 

 

TUDO NOS CONFORMES

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

 

O empresário para o político:
— Tudo nos “conformes”: ganhamos
as (i)licitações conforme planejadas...
O político: [“sim”].
— Assim mesmo! Agora, o quê,
como fazer?
— [“sim”] ...
— Tudo certinho, ou...?
— (...)
Certinho, então: fazemos as obras
conforme o contrato. Mas, então,
não cabem propinas, conforme...
— (...)
— Ou... fazemos tudo pela metade,
camada fina de asfalto.. E dividimos
os “lucros”... No ano que vem
tudo vai estar esburacado!...
Novos contratos... Novas propinas,
conforme...
— [Assim, sim]  Mudo, o político,
evitando gravação inconveniente.

 

                Brasília, 13/03/2017

 

 

O CASO DO VIRO AECIO EGIPCIO E O DENGO

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

         O Barão registrou um pronunciamento
         da PresidANTA em que ela afirmou
         que o VIRO, sim, o viro AECIO EGÍPCIO
         tem seu lado bom e seu lado mal:
         deixa as pessoa com DENGO,
         mole mas com a vantage de ganhar
         férias antecipada; o pobrema
         é o CHICO CUNHA que pode
         até matar!!! Lá na Paraíba
         tem a ZICA, que fura as barriga
         das grávida e as criança nasce
         com a MICO ENCEFALIA que reduz
         a cabeça delas se ficam aleijada
         e não dá nem pra jogá bola;
         mas no Ceará, onde as criança
         nasce com as cabeça grande
         e chata, a ZICA corrige tudo.
         Deus sabe o que faz!

          

 

 

 

O PAGODE DA VELHICE

 

Na velhice, repararam? as
nádegas dos homens emagrecem
e as das mulheres crescem.
Os homens ficam carecas,
caretas, buscando pererecas
enquanto... podem!
Quem não pode
se sacode no pagode.

 

 


 

CARTAZ NO RESTAURANTE POPULAR

 

Depois dos sem anus,
perdão, dos cem anos
hôme com fome
não paga, mas também
não come. Nem caga.

 

 

18.12.2017

 

 

 

PODE SER QUE SEJA...

 

         Dizem: dinheiro
         é muito pra quem paga
         mas pouco para quem recebe...

         O machão percebe, na cama —
         "pode ser que seja
         mas também
         pode ser que não seja..."

         —"Contigo, é só fama!"

         É demais pra que paga
         menos ainda pra quem recebe...

 

 


 

       INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
        

         Nenhuma igreja
         aceita a outra!
         Nenhuma?! Na prática
         nem a igreja da mesma
         religião... Sim ou não?

         No discurso, sim...
         Na prática... depende...
         Sei que ofende
         mas é assim... mesmo!

         No discurso, é diferente.
         Ecumenismo, irmandade...

         Pode ser que sim,
         mas também pode ser

                                           que não seja.
         Veja: na realidade, o quê?
         O preconceito, a luta
         pelo território, o poder,
         o mercado. É pecado concordar?

         Na religião, em tese,
         é diferente... Solidariedade
         igualdade e fraternidade.

         Notícia na TV, melhor não ver!
         Atentado na... Melhor ficar
         por aqui... Nem ouvir...

                   Brasília, 17.12.2017
        
        

 

 

 

 

 

 

From: http://comunikidiomas.blogspot.com.br

 

ABREVIANDO PARA AMPLIAR

               (dizer + em – tempo)

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior*

       
        Algumas línguas
        são mais rápidas que outras!
        Palavras, mais curtas,
        sons combinados, ritmados,
        sincopados:
                         traduzir
        é complicado...
        a dublagem não acompanha
        o original, descompasso.
        O discurso é mais curto,
        a expressão mais produtiva
        como no Inglês! O Francês é lento...
        O aplicativo acelera;
        na língua de sinais, então...
        Então, nas redes sociais
        abreviamos as expressões:
        vc, tb, Ñ.
        A língua, na boca,
        se atropela, na goela, em Portugal.
        Dialetos sem alfabetos...
        Algumas línguas são melódicas – o Italiano,
        umas ideogrâmicas, outras gramaticais,
        prosódicas — o Castelhano
         — e o Japonês? Cê que sabe.

       

        *heterônimo do poeta Antonio Miranda.

       

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NÃO SEI

            Poema do Barão de Pindaré Jr.
                (heterônimo de Antonio Miranda

     
No sei o que eu quero.
         Sinto duas almas em mim.

                                  SAFO

         Pode ser que sim,
        mas pode ser que não seja.

        Veja: nem esquerda nem direita
        — as duas, ou nenhuma.

        Alguma há-de servir-me!

        Apenas sei que não sei...
        Ser cristão e, nietzscheanamente,
        um anti-Cristo. Desisto!

        Sou maranhense, mas carioca
        de espírito — carinhense.
        Francamente, ainda nem nasci
        mas me reconheço:
        começo pelo fim
        para chegar ao começo.

        Duas pessoas em confronto:
        pronto, é o que sou.

 

                Chácara Irecê, Cocalzinho, GO, 28/10/2017

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VIVER  N O    F U   T    U     R      O

 

      Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

 

Assim mesmo: a m   a    n    h     ã
é
hoje.  Antecipada / mente...
Perspect (at) ivas !
Amanhã é ontem.

Quem du / vida ?

                    Brasília, 04 de outubro de 2017
                        perdão, 05 de outubro...

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DIZ – CURSO


       com     por


       ta        mento


       até que


       vir       emos


       cor      pó !!!

 

 

       Des     culpem


       o mau gosto...
 

 

 

 

       Brasília, 02.09.2017

 

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ESCRITURA AUTOMÁTICA

 

        Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

 

Estive a ouvir-me noite e dia
— era pura poesia,
poesia pura! Segura
mente. Ente: criatura.

 

As ideias banais resultavam
geniais — e queria mais:
estava louco, achava que era
pouco...

 

Em que me meto: tudo vira soneto;
quando estou mal-humorado
escrevo um verso canforado,
perfumado!

 

        Alegre ou triste
        dedo em riste
        como açoite
        — da manhã até a noite!

Toada, trovoada...
Cerne: celebro o cérebro,
marvada carne
— eufemismos, narcisismos!

 

                02/11/2017

 

 

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AMOR E AMIZADE

 

 

Amor sem amizade
não sobrevive;
sobre, vive, mantem-se
por contrato ou necessidade.

Provisório ou ex-cêntrico...
Usa e abusa... Ilusório.

Amor: Levado em vez de elevado?
Instinto ou indistinto —
em vez de atração pelo cheiro,
será aproximação por identidade?

 

A relação é de reciprocidade?

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O CONFORMISTA


             (Poema do Barão de Pindaré Júnior,
                heterônimo de Antonio Miranda)

              "O homem das multidões quer encontrar o reflexo do 
                  outro".
  MICHEL ONFRAY


 

         Mediado pela alteridade, imita, copia, segue e venera.
        Obedece. Não transcreve nem interpreta:
        plagia, repete. Sempre exterior. Servidor fiel
        das divindades ao seu alcance... Mimético, segue
        a moda vigente, ou o uniforme da conformidade.


        Horror ao contraditório, identidade emprestada
        e se diz feliz sendo outro. Aderente, ardente 
        e ferveroso seguidor do evidente,
        corta-e-cola da mesmice.


        Você que lê, como se vê?
        Igual ou diferente? Indiferente?

 

                   Brasília, 15/07/2017

 

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SONETO ECONÔMICO
SOBRE O TITÂNICO E TIRÂNICO

 

   1    PRIVILÉGIO

                2                      = DIREITO ADQUIRIDO...

 

                3    ÉTICA,


                4                      QUESTÃO DE ÓTICA?

 

                5    ORÇAMENTO

                6                      É SÓ FINANCIAMENTO?

 

                7    INVESTIMENTO: SINÔNIMO

 

                8                        DE IMPOSTO E PROPINA.

 

                9    RENDA                
                                       — PRENDA E ARRENDA.

 

               10    ARRECADAÇÃO:

 

                11                      PREVISÃO - PREDAÇÃO?

 

                12   SUBORNO

 

                13                        E SUBORDINADO.

 

                14            HÃO     OU     NÃO ?

 

 

                                Brasília, 13/07/2017              

 

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QUALQUER SEMELHANÇA COM OS TEMPOS ATUAIS É....

 

Tempos difíceis... Por este motivo o BARÃO DE PINDARÉ JÚNIOR acaba de escrever um poema de perplexidade sobre a atualidade brasileira...   \\

 

     RAZÃO CONTROVERSA

 

       Poema do Barão de Pindaré Júnior,
                heterônimo de Antonio Miranda

 

        Baixarias generalizadas, exegetas
        da controvérsia, epígonos ulcerosos.
        Opostos justapostos, enfrentamentos
        subjetivos, subterfúgios litigiosos.
        Razão controversa!!! Contra
        posições despistadoras,  velhacaria...
        Cínicos, disfarces cínicos, apartes
        conflitantes ou dilacerantes. Vale tudo.

Há provas irrefutáveis contra os inimigos;
apenas ilações, maledicências,
perseguições contra os seus/deles amigos...
Por isso é que precis
amos onze, quinze, vinte
e um juízes, apelação,
adia
(nta)    mentos  — $$$$$ —.
Constatações x contestações!

Sim como não, não como sim.
Sei não. Maiêutica kunista...

        Brasília, 13/07/2017

(no dia da condenação primeva do Lula na Lava Jato e da adminissibilidade da acusação contra Temer na CCJ).

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                PROPAGANDA ENGANOSA…

 

 

         "Seja você mesmo!"

 

         Outro, agora eu não sou.


         Amanhã, talvez,
         no futuro, com certeza...

 

                   (07/06/2017)

 

 

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ESQUERDA - DIREITA NO SÉCULO 21

 

Só reconheço alguém da esquerda
se ele for
canhoto!

 

Barão de Pindaré Júnior. 15/05/2017

 

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INUSITADO

             Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Que lindo!!! Cena inusitada:
         um casal de idosos — idosos mesmo!
         de mã
os dadas
        caminhando pelo parque...
        — Que lindo! — gritei para eles,
        surpreendidos.
        — Amor eterno! – completei...
        — Nos conhecemos mês passado
        numa festa. Estamos namorando, né...
       
Pois é...
Os namorados apaixonados
andam de mãos dadas;
os casados nem sempre...

 


                        Brasília, 23.04.2017

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NO FUTURO

 

        Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

 

No futuro todos seremos
inteligentes:
no futuro prolongaremos
nossas vidas
quanto quisermos,
mas não estaremos vivos
para usufruir de tudo isso.

 

 

Lima, Perú, 17/10/2011

 

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*
*   *

*   *   *

NARCISO

quando
ainda  jovem
diante do espelho

apaixonou-se

por si mesmo:

 

d EU s

======

 

poema visual do
Barão de Pindaré Júnior
(heterônimo de
Antonio Miranda)

 

 

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CONSUMIDORES

     Poema do Barão de Pindaré Júnior
         (heterônimo de ANTONIO MIRANDA)

                   " Fé cega, faca amolada."
                   João Cabral de Melo Neto

 

As prateleiras dos supermercados,
as gôndolas dos empórios
e até as vitrines das lojas e butiques
não deveriam ostentar
os preços
dos produtos à venda.

Não!

Deveríamos averiguar as coisas
em si mesmas,
em sua existência e essência,
escolhê-las pelo prazer de tocá-las,
de entendê-las em sua inteireza
e beleza. Com intimidade.

Não devemos segregar as pessoas
por seu vestido de grife, seu carro reluzente,
gente de fachada. Castas, sobrenomes,
títulos, partidos políticos e religiões
rotulam, postulam
— seguidores de modas, facções,
multidões arrebanhadas,
manadas. Seguidores de circunstância.

Consumidores do mundo,
torcidas fanatizadas,
adoradores de totens
e multidões devotas, domesticadas

desuní-vos!!!

 

                 (Granada, Nicaragua, 17.02.2017)

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MANHÃ

 

     Poema do Barão de Pindaré Júnior
         (heterônimo de Antonio Miranda)

 

Galinhas alvissareiras
com óculos espalhafatosos
celebram a manhã
e as árvores circundantes
acordam dançando frevo
para animar o dia.

Haja trepidação e alegria‼!

As flores abrem os olhos
sonolentas, com o colírio
da neblina;
pássaros viajantes
pousam cantando rock
para avivar a estação.

Haja estridência e verão!

Sempre é assim, ou não…

 

        Brasília, 2017

 

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MULTIDÕES

              Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

                “Fé cega, faca amolada”.
                
JOÃO CABRAL DE MELO NETO

 

         As prateleiras dos supermercados,
        as gôndolas dos empórios
        e até as vitrines das lojas
        não deveriam ostentar
        os preços
        dos produtos à venda.

        Deveríamos averiguar as coisas
        em si mesmas,
        escolhê-las pelo prazer de tocá-las,
        de entende-las em sua inteireza
        e beleza. Com intimidade.

        Não devemos segregar as pessoas
        por seu vestido de grife, seu carro reluzente,
        gente de fachada.  Castas, sobrenomes,
        títulos, partidos políticos e religiões
        rotulam, postulam
        — seguidores de modas, facções,
        multidões arrebanhadas,
        manadas, seguidores de circunstância,
        fanáticos.

        Consumidores de mundo, torcidas
        fanatizadas, adoradores de totens
        e multidões devotas, domesticadas

        desuni-vos!

 

 

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O AÇOGUEIRO E AS PALAVRAS

 

         Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

No labirinto de palavras
a razão soçobrou...
Perdição intelectual”, adverte
Karl Popper. Com palavras,
não!    Não “abandonar
problemas reais
em favor de problemas verbais
”.

 

Meu problema real: o bisturi.
Anestesia física, longe
de questões metafísicas...
As palavras devem sobreviver
mas em transformação
— eu não, somente nas palavras
vou sobreviver
à transformação inexorável no depois:
pois pois, diz-me o filósofo
português do açougue.

 

Nada de “universais!”
— jamais! — na hora do corte
com a dúvida da morte.
Sorte?! Ou a certeza
— qual o significado, na realidade?—
da capacidade do açogueiro
cirurgião, pergunta o Barão...

 

         Brasília, 05.01-2017        

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PORQUE ME UFANO

 

       Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

O Governo vai decretar
 — para elevar nossa autoestima:
o Brasil então vai ser
um país bilíngue!
português e inglês
serão línguas oficiais.

O Barão, muito orgulhoso,
declarou pelas redes sociais:
— valha o nosso patriotismo!
Agora seremos analfabetos
em duas línguas...

 

              11/11/2016

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A FORCA E O CONDENADO: PODER PODRE

 

                              Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

O governo garante
imparcialidade
e apoio às investigações
— embora seus membros
estejam sendo investigados.

 

O governo revela indignação
e até revolta com a ação
da Justiça na perseguição
“seletiva“ a um seu ex mandatário!
— e ”promove” o foro privilegiado
para protegê-lo
mas diz defender a autonomia
da Justiça.

 

Paradoxo: como é possível
a relação entre o enforcado
e o seu juiz executor?
É masoquismo ou suicídio?
É ajudar a carregar o caixão
e ir a fundo, ao alçapão?
E então: Sim ou não?

 

Brasília, 14 mar. 2016

 

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CASA-MENTO X CASA-MINTO

 

          Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

 

O Barão não é contra o casamento gay
— é contra qualquer tipo de casamento:
não é contra o casa-mento,
é contra o casa-minto...

Case quem quiser,
viva como quiser-em-paz
(ou no hospício, manicômio, presídio).
Pode ser um precipício, um estropício...

O Barão defende a união
— não defende a comunhão
de bens, haveres, poderes, dotes.

Defende os que vivem-em harmonia,
até em quartos
separados: é mais higiênico!

 

***

Em casas separadas! Mas bons camaradas.
O Barão defende união... estável
estejam onde estiver-em ... paz e harmonia.

O Barão (não) defende qualquer coisa:
des(união), a desagregação
(troca de casais e outras coisas mais...)

O Barão é a favor
de qualquer tipo de relaciona-
mento: eu aqui, você lá...
você com outro, eu com todas!
Bom mesmo era o Padre Beleco, lá em Timon, no Maranhão:
casava a velhinha com o cachorro e abençoava a união
— jura-mentava —do velhaco com a jumenta de estimação.
Unifi-cados: cada coisa com qualquer coisa.

 

 

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A QUADRATURA DO Ó

 

          “É  óbvio que eu fujo do óbvio.”
                    
Barão de Pindaré Júnior

 


a dificuldade do fácil
e a facilidade do impossível;
a certeza de certo político;
a admissibilidade do inaceitável;
o viável do inativo;
o volúvel do imóvel;
a clareza da incerteza;
o paradoxo do paradigma;
a validade do inválido;
o quase nada de tudo,
contudo, não obstante.

O pensamento do vento:
a rima do acima!!!

Valha-nos deus que somos ateus!

O Etc do Finis. Nunca é: quase sempre!

O improvável: com certeza.

(18/01/2016)

 

 

 

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É MESMO?

 

 

          Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

 

 

“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.”

          LAVOISIER

 

 

Como diz a musiquinha do Carnaval:

Pode ser que seja, mas também
“pode ser que não seja.” JORGE VEIGA

Quantos números existem entre o 1 e o 2?
   Só depois: de vocês dois, pai e mãe,
       nascemos nós todos!

E a multiplicação das formigas ,
dos gafanhotos,
dos átomos,
                  dos pobres?

 

Na vida tudo se cria, tudo se perde, tudo se transforma.

                    (18/01/2016)

 

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MINORIAS

Terceto do Barão de Pindaré Júnior

 

 

 

 

Disse o banqueiro, com convicção:
Eu defendo as minorias,
eu defendo os ricos
!”

 

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NEM EU

Poema do Barão de Pindaré Júnior


“Deus, sendo bom, fez
todas as coisas boas.
De onde então vem o mal?
(Santo Agostinho, “Confissões”)

“O mal (e o bem)
vem do homem”
(Czeslaw Milosz, poeta polonês
ganhador do Nobel de Literatura)

Concluindo:
Deus criou o homem.”
— Entendeu(s)? Nem eu(s)!

 

 

Depois de escrever estes poemas, o Barão se lembrou daquele papa polonês ao Museu do Holocausto, horrizado com a tragédia humana, se perguntou: “Onde estava Deus?”, pergunta que fizemos quando aconteceu o terrível terremoto do Haiti.

O Barão comentou o poema com uma amiga religiosa daqui e ela olhou-o como a enxergar um ignorante sem fé, disse: “Ora, Deus nos deu o livre arbítrio!”. Pois é, resposta tão inteligente!!! Aí o Barão perguntou: “e para que serve o livre arbítrio para tanta gente ignorante (como eu...), tantos degenerados, doentes mentais?”  Ela olhou-o com ódio...

 

 

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Thomas Malthus, 1766-1834

 

REVIVENDO MALTHUS

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Sessenta milhões de refugiados em 2014!
(Milhares morrem afogados.)
A temperatura do planeta cresce 2 graus centígrados.
Jovem invade igreja e mata fiéis.
Presidente do Congresso garante:
a criminalização da homofobia não passa!
Quem não estiver conosco é inimigo,
declara o Estado Islâmico.
(Ou foi o partido do governo?)
Seria possível um mundo
com vinte e tantos bilhões de habitantes?

Entenderam, não é?
Boa noite, agora vamos falar de futebol
e carnaval. Ou desliguem o smartphone.

 

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PROPINODUTO DO PETROLÃO

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

O delator revelou com convicção:
não existe doação de campanha...
só mesmo a maldita barganha
em tamanha malandragem

 

o dinheiro vem da “engrenagem”:
ou estão pagando vantagem devida
ou a cobrança vem depois da eleição...
Desgraça: dinheiro não vem de graça.


 

 

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INESQUECÍVEL

     Poema do Barão de Pindaré Jr.

         

Nos vimos numa galeria de arte:
você era uma pintura em trânsito,
eu era uma escultura manipulável.

Um happening,
uma instalação transitória.


Saímos de mãos dadas
em direção ao hotel
onde nos desmontamos,
dialogamos nossos corpos
(lugar-comum em qualquer lugar),
descobrindo superfícies
e profundidades do momento.


Foi eterno enquanto durou,
como Vinicius vaticinou.


Como era mesmo o seu nome?

 

Madri, 15/10/2014.

 

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EXCELLENCE

 

Só tem dois lugares no mundo


onde se come bem de verdade:


no Maxim´s de Paris


e no Muvuca´s de Guaratinguetá...


O resto é fastifúdi.

 

 

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GOLL!!!

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

 

Quando eu era garoto
(bem maroto, por certo)
meu pai queria me enquadrar:
ele gostava de futebol
eu também deveria gostar...
Perto de casa tinha um campo
para a pelada da garotada.
Ele me presenteou com o uniforme
completo: calção, chuteira..
Tudo dentro dos conformes...
Conformado, sem entusiasmo
eu me fantasiei e fui a campo.
Eu corria muito... fugindo da bola.
Gritavam: olha a bola!!! Olha!!!
Ela caiu no meu pé.. Chuta, chuta!!!
Meio biruta eu dei um pontapé...
Golllllllll!!!! Foi o meu primeiro
e último gol:
contra!...

 

Brasília, 25/12/2014

 

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VATICÍNIO

 

          Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Valha a boa notícia, que nem é nova:
o Papa — que se comunica
diretamente com Deus — reza
pelos mortos na Turquia e em toda parte,
exorta à paz na Síria e em todo lugar,
roga pelos imigrantes famintos
e por mais tolerância e amor
nas relações humanas.

Quem duvida da boa intenção,
perdão, da melhor intermediação?

“Tudo vale a pena quando
a alma não é pequena! —
vaticinou Fernando Pessoa.

O Barão de Pindaré Júnior apela
ao Vaticano em favor de uma agenda
preventiva, positiva, propedêutica:
que ele reze antes das guerras começarem,
dos terremotos, tsumanis, deslizamentos de terras,
para prevenir discórdias raciais, massacres,
confrontos entre religiões, em favor
de multidões ameaçadas, dissidentes eliminados,
terrorismo e espoliação, insegurança e medo.
Etc, etc, etc, etc. Rogai por nós!!!

É melhor prevenir do que remediar...

 

 

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CASAMENTO  - CASAMINTO]]

 

Casou,
descasou,
casou de novo:
cada vez mais exigente.

 

Ou seria mais condescendente?

 

 

Campo Grande, MS, 8-5-2014

 

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MORRENDO EM SI

          Poema do Barão de Pindaré Jr.

Por capítulos, sem pressa,
saindo de si para o Além:
mais depressa do que pensa,
apesar de exercícios e de rezas.

Mudando de endereço
para que a Morte não a encontre.

Cremes e plásticas constantes
recortadas as peles e os anos,
numa arqueologia reversa,
extirpando o já gasto e o gosto.

Usa pseudônimos para
não ser reconhecida.

Buscando um espelho opaco
que lhe encubra o passado,
apague memórias e fracassos
evitando o atrás e o atroz.

Estudou muitas línguas para
disfarçar origem e descendência.

A idade é relativa (?) mente
um estado de espírito — crê?
Mente para si, e acredita
em ser vista como ela se vê...

Francamente: difícil mesmo
é calçar as meias estando de pé.

Vida no photoshop, pincéis,
cabelos postados, atualizados,
dentes implantados, empostada
voz de artista adolescente.

Em circunlóquios, perdida,
afinal, surpreendida, e venc(ida).

Porto, Portugal, 24/9/2013

 

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CRISE


     Poema do Barão de Pindaré Jr.

Subindo
             e
                descendo
ladeiras
                medit
                          a n d o:
Portugal de antes
                          no hoje
eu, hoje
            (no antes)
               diante
                  do
             presente
            indagando
            divagando
         sobre o futuro

               Ai, é?
            E depois?

            Pois, pois.

Porto, Portugal, 24/9/2013

 

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NINGUÉM MAIS...

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Ninguém mais dança: balança
o esqueleto.
Ninguém mais faz amor: se pode,
transa.
Ninguém mais conversa: chat
eia!
Ninguém mais apaga a letra: deleta.
Ninguém mais tem bicicleta: tem bike.

Mas eu quero dançar, fazer amor,
conversar!!!  Andar de bicicleta!!!

 

Chácara Irecê, 07/07/2013

 

 

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NEVASCA
(Boston, 09 fev 2013)

 

          Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

O frio está de matar!!! A neve
já ameaça desabar o teto.
Estamos preparados para o pior:
se faltar luz, vamos queimar,
na lareira, os móveis vitorianos
de nosso tetravô e as edições princeps
de Shakespeare, que ainda nem lemos.
Para algo servem, não é mesmo?


 

 

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SÍ ES SI


A mulher que teve um filho
do cachorro;
a galinha que canta
o hino nacional;
a caneta que escreve
sozinha;
o guarda-chuva para ser usado
dentro de casa;
amanhã é sempre depois
e é sempre ontem.

Cansei, vocês continuam...

 

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CÍRCULO AMOROSO

             Poema do Barão de Pindaré Jr.



Carlos amava Mário, que amava
Manuel que amava
Cecília Meirelles
— que se intitulava poeta
em vez de poetisa.

                                                19.11.2012

 

 

 

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PORÉM

             Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

É certo que a religião
faz muito bem
ao espírito.
A poesia também.
Não menos, a culinária.

Porém...

A religião pode levar
ao preconceito
e ao fanatismo.
Um mau poema
mediocriza,
e a comida errada
causa enjoo
e diarreia.

                                      21.11.2012

 

ANATOMIA FEMININA

 

Cabeça
Tronco

Membros
e Bolsa.

 

Brasília, 19-05-2012

 

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BRICS : BRICOLAGENS SOCIAIS


               Poema do Barão de Pindaré Jr.

I

 

cidades-satélites gravitando em pó, lixo carregado em containers de ouro para os cofres subterrâneos, lantejoulas de puteiro, galinhas alvoroçadas, crianças famintas vomitando o que não comeram: haja expectativa, dez igrejas evangélicas no percurso, ônibus atolados, despedidas

 

II

depois veio a CPI da farofa e o MP embargou a venda de preservativos reciclados, o último candango jogou-se do prédio do Banco Central: libertas quae sera tamen, os políticos fizeram discursos inflamados de despedida e a igreja mais próxima faturou com missas e homilias. Famílias na fila esperando esmolas, com sacolas vazias

 

 

III

 

 

o PIB inchou, as universidades diplomam aos milhares: dissertações clonadas — mais sobre o mesmo e um Prêmio Nobel há de vir! Quantidade centrifuga a qualidade — aí está o exemplo de outros países, haveremos de!!! Habemus vacas e entulho, fiat lux!!! O lixo é um luxo...

 

No mais, tudo bem. Salve-se quem puder. Amém.

 

Brasília, 29-04-2012

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PROMISCUIDADE SEXUAL

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Adão gerou Eva. Creiam ou não.
Depois veio a tal serpente
e a maçã. Quem desmente?

Expulsos do paraíso dedicaram-se a procriar
e a povoar o mundo. Tiveram muitos filhos.

E depois? Como explicar?
Adão fez incesto com as filhas,
Eva, já em pecado, fez o mesmo...
Irmãos com irmãos, tios com sobrinhas,
primos entre si, sucessivamente,
sucessoriamente...

Até que alguém decidiu colocar ordem
naquela sacanagem toda:
a religião considerou tudo pecado,
a lei criminalizou as relações incestuosas
e a medicina mostrou os riscos da consanguinidade...

Entendam bem: a procriação não era um plano divino.
A partir daí os padres assumiram o celibato
impedidos de comer maçã, fruta malsã...

 

Brasília, 7 de abril de 2012.



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CADA UM, CADA QUAL

 

Cada um chega à glória como pode:
com o cérebro, com os pés,
com a genitália.
Valha a velha lei da oferta e da de(s)manda.

 

 

 

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ENTENDEU?

Naquela tragédia
morreram quinze pessoas,
duas ficaram paraplégicas,
cinco gravemente feridas.

Uma se salvou,
graças a Deus,
porque transnoitou na gandaia
e não foi trabalhar
naquele dia!!!


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MÁXIMA

 

Você quer o máximo
mas dá o mínimo...

Eu dou o mínimo
e espero o máximo!

Assim não dá... dizem!!!

 

 

 

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BONITA POR DENTRO

        Poema do Barão de Pindaré Júnior

Existem mulheres bonitas
por fora e, outras,
bonitas por dentro.

 

O malandro perguntou:
— Bonita por dentro?!
Por onde eu entro?

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POÉTICA
 
                Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

Algumas palavras
vêm do som,
outras da forma.
Onomatopeias e ideogramas.
De onde vem
a palavra
esquerda
escrita da direita
para jamais?
Só os muçulmanos
vão na direção contraria,
bustrofedicamente.
Alguns poetas
vão para o alto
— Murilo Mendes, Jorge de Lima! —,
outros vão para
debaixo da terra.
Irei com eles
e meus livros virarão
pó.
Outros poetas curtem
o pó antes de mim.

 

Brasília 27-08-2011

 

 

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MÚSICA TECHNO

       Letra de música do Barão de Pindaré
       (a música a gente baixa da internet, pronta)


um elefante chateia muita gente
dois elefantes chateiam muito mais
três elefantes chateiam muita gente
quatro elefantes chateiam muito mais
cinco elefantes chateiam muita gente
seis elefantes chateiam muito mais
sete elefantes chateiam muita gente
oito elefantes chateiam muito mais
nove elefantes chateiam muita gente
dez elefantes chateiam muita gente
onze elefantes chateiam muito mais
doze elefantes chateiam muito mais
treze elefantes chateiam muita gente
catorze elefantes chateiam muito mais
quinze elefantes chateiam muita gente
dezesseis elefantes chateiam muito mais
dezessete elefantes chateiam muita gente
dezoito elefantes chateiam muito mais
dezenove elefantes chateiam muita gente
vinte elefantes chateiam muito mais
vinte e um elefantes chateiam muita gente
vinte e dois elefantes chateiam muito mais
vinte e três elefantes chateiam muita gente
vinte e quatro elefantes chateiam muito mais
(eu paro por aqui, a música continua)

 


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BOMBA DEMOGRÁFICA

        Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

Solução inteligente:
menos gente!!!

Não é questão de preservação,
mas de preservativo.

 

        Brasília, 26 de agosto de 2011

 


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REPONDA, POR FAVOR,

por que a sombra

não tem cor?!


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QUE FAZER COM SEU FILHO EFEMINADO?

         Poema-solução do Barão de PIndaré Jr.

Pense bem antes de tomar a decisão!

(  ) Boto ele pra fora de casa e pronto. Apronto uma!
(  ) Alisto ele no Exército. Exercito minha autoridade.
(  ) Faço pra ele uma assinatura da Play Boy. É boi ou vaca, nada de meio-termo.
(  ) Levo ele para o prostíbulo mais próximo! Tem rima pra isso?
(  ) Boto ele num colégio de padres, frades, confrades.
(  ) Dou uma surra pra ele mudar de ideia. Wanderleia, é  o nome que ele adota...
(  ) Mando ele pra Califórnia. Ou para a Bosnia, bem longe.
(  ) Compro pra ele uma fantasia de Carmen Miranda.  Anda e desanda como quer!
(  ) Desfilo com ele na Parada Gay da Avenida Paulista.  Machista, eu heim?!
(  ) A opção é dele, não estou nem aí. E daí?
(  ) Não é opção, é genético, o avô também era.. . Vera, era o nome dela...
(  ) É dele, pode dar à vontade. Sem maldade, gente!!!

 

 

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SEXOS

         Poema do Barão de Pindaré Júnior*



O Barão sabe o que diz:
sexo não é mistério, pelo contrário,
é caleidoscópio, em qualquer posição.

Dois é pouco, dez vezes dois
e o que vem depois.
Pênis e vagina não são sexos
mas reflexos
de todas as fantasias — cavidades,
protuberâncias, excreções, sucções,
exceções, sinuosidades, insinuações.

Certo estava o Padre Beleco
lá no interior do Maranhão.
Por qualquer tostão
casava jegue com velho,
menina com assombração,
viúva com janela,
prostituta com pelotão,
e na última quarta-feira
casou o bispo com a bananeira.

E haja banana de recompensa!

 



heterônimo de Antonio Miranda para textos satíricos, perversos, espertênticos e até politicamente incorretos
.

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PROCISSÃO DE PÁSCOA

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Sábado de Aleluia, chuvoso, triste,
lacrimejante. Uma procissão andante
pelo asfalto molhado, a passos graves.
Fiéis vestidos com vestimentas vetustas.
E um Cristo esquálido, seminu é açoitado.
Debaixo da chuva. O público na calçada
e nas janelas, Nossa Senhora debaixo
de um guarda-chuva encabulado.
Os centuriões saíram das  academias
de ginástica e das rodas de capoeira.
Que sadismo contido, que encenação
de gibi e video-game!!! Sob o olhar
de celulares com câmeras fotográficas.
Jesus Cristo agonizante, cambaleante
no asfalto. Gritos de dor, estertores.
Seminu. Esquálido. Debaixo de chuva,
calçando uns tênis reluzentes. O diretor
de cena sabe que tudo é mesmo assim:
a imaginação e a fé.


                3/4/2010

 

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INSUBSTITUÍVEL

 

Tem sempre gente
- sim ! -
melhor do que a gente.

 


Pseudo-haicai do Barão de Pindaré Júnior

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ARCA DE NOÉ

Poema do Barão de Pindaré Jr.

 


Da Arca de Noé viemos todos
os sobreviventes. Animais errantes.
Éramos muitos mais, muitos mais!!!
A arca era pequena, salvaram-
se poucos daquela biodiversidade:
felinos, eqüinos — mamíferos,
herbívoros
e até as moscas e as baratas
que se salvaram por conta própria.


*Heterônimo de Antonio Miranda para cantigas de escárnio e maldizer.

 

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LETREIRO NA VENDINHA
(leia-se:)

se eu fio,
abunda o
cheque sem fundo;

qu´é qu´eu
faço?

confio ou
enfio

no fiofó?


                Brasília, 01-01-2010


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NÃO HÁ MAIS POETAS COMO ANTIGAMENTE

               Barão de Pindaré Júnior

Não há mais poetas como antigamente:
multidões esperando-os nas estações.
Edições atrás de edições, saraus
e academias saudando-os freneticamente.

Ouviam estrelas, tocavam harpas
e até lançavam farpas, vitupérios,
faziam vigília, louvavam Marília,
morriam de amor
e tuberculose,
ou de overdose
absyntho, droga
ou de remédio.

Agora morremos de tédio.

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DIÁLOGOS

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

 

não sei o
que falo
            — mas sei
o que você
ou(vê):
            eu disse
uma coisa
                você
ou(viu) outra

 

eu falo
e você entende
falo

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                                    C
POEMA FU K
                                                     N
                                                  

                                               (letra de música
                                              
do Barão de Pindaré Júnior)

 
Como na Internet nada de cria,
tudo se plagia,
eu hackeio o poema
do Augusto de Campos/Gilberto Gil/Caetano Veloso

                                                       BATMACUMBA...

 

C A D E L A
C A D E L
C A D E
C A D
C A
C
C A
C A D
C A D E
C A D E L
C A D E L A

                        em versão definitiva:

 

                       C A D E L A
                       C A D Ê
                                   E L A
                                   É
                                   E L A
                                     É
                         C A D E L A
                         C A D E L A


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QUAE SERA TAMEN

 

         Poema do Barão de Pindaré Jr.

Um farfalhar de asas de borboletas
pode provocar um tsunami;
um peido agourento de vaca
pode corroer a camada de ozônio
e lançar-nos no buraco negro;
o discurso do presidente no café
da manhã pode despencar
a bolsa de valores e
— irremediavelmente —
azedar o nosso dia!

 

 

 

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TEMPO E DESTEMPO

 

         Poema do Barão de Pindaré Jr.


Antes pouco que jamais;
melhor mesmo é o dia
antes
do outro
(quem garante o outro dia?).
        
É sempre hoje,
amanhã é nunca!
(Mais seguro é gozar na véspera.)

Pode ser que seja
— pode ser que já seja
e ninguém perceba.

 

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PLANEJANDO A LONGEVIDADE

         Poema do Barão de Pindaré Júnior*

Para vencer a velhice, valho-me de qualquer recurso:
reza, ginástica, caminhada, meditação, livro de auto-ajuda,
sessão espírita, boa alimentação, até terreiro de macumba.

Vale tudo para viver muito mais e mais saudável; amor novo,
“simpatia”, alongamento para alongar e preservar a vida,
chazinho, fitinhas no pulso, implantes, e vitaminas.

Vale tudo mesmo: pré-disposição, pensamento positivo, ioga,
dança aeróbica, comida vegetariana, prótese, tratamento geriátrico.
Estou definitivamente (!) confiante nos avanços da medicina!

Agora só falta combinar com a Morte.

 

*Pseudônimo de Antonio Miranda para poemas de escárnio e maldizer...

 

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CANCIÓN APASIO(NADA)

Poema del Barón de Pindaré Junior*
en viaje por el Caribe


La voz crecía
más de lo que había
tanta dulzura se derramaba
en la canción
desmesurada

la orquesta furiosa
incitaba
los violines flotaban
del cielo al infierno

“me dediqué a no verte”

(y le vomitó encima sus dolores)
“me dediqué a olvidarte”
(me dediqué a joderte,  pensó)


él lame las palabras
y ella las mastica
como a un caramelo

Del suelo al infinito
ella se meneaba sin disimulo
y se rimaba con propiedad
“mi cielo” con “su culo”.

 

*Heterônimo de Antonio Miranda para poemas de escarnio y maldecir;

 

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DISCURSO DE VEREADORA NO PALANQUE

Sei que andam metendo pau
pelas minhas costas.
Eu tô sabendo, mas eu não fujo!
Quero ver meter o pau
na minha frente! Agora, aqui, diante de mim!!!

Povão responde:

— É hoje!! É hoje!!!

 

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DECLARAÇÃO DE POLÍTICO

Esta é velha,
mas vale a pena ler de novo:


“O Brasil está na beira do abismo!
Mas vamos dar um passo decisivo!!!”

 

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PACTO CONJUGAL

         Poema do Barão de Pindaré Junior
 

Vamos, definitivamente,
separar sexo
                   do amor.

Sexo é instinto,
                   amor é sentimento.

A gente vai fazer assim:
eu te amo, tu me amas,
nos amamos. Mas
vamos,
sim, vamos
amar-nos livremente.

Se acontecer de eu me perder
em outros braços, serão laços
sem sentimento – sexo, se me entendes.
A recíproca é verdadeira, sem machismo.
Só não perdoaria, se amasses a outro
e não a mim,
                            aí seria o fim.

 

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UM DIA DEPOIS DO OUTRO

         Poema do Barão de Pindaré Jr.*

 

Um dia vem depois do outro,
mas tem dia que não chega
— dia de São Nunca.

E quando chega, se é que chega,
não chega pra todo mundo.

(Brasília, 22.05.2009)
*Pseudônimo de Antonio Miranda


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O ATLETA NO OCASO

    Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

Tempo: “veloce predatore delle cose create”.
                   LEONARDO DA VINCI


As panturrilhas e os bíceps
enrijecem na malhação contínua;
continua sua musculação febril!

Braços rijos, pernas fornidas,
o atleta, sôfrego, corre e pedala
e exala o suor do sacrifício.

(Astro viril e sobranceiro.)

Em momento algum vacila,
e das axilas, dos pés, das virilhas
o odor de cansaço e exaustão.

Em seu ofício de fortalecimento,
as espáduas, cada vez mais
e mais crescem como duas asas.


(E ele levanta vôo. Vôo curto.)


Tudo pela formosura. Logo cai
no chão, sem prumo, sem rumo
e as forças se lhes vão, com os anos.

Músculos flácidos aparecem,
peles esgarçadas, manchas
sobre a corroída tatuagem.

Ferrugem! Tecidos saturados,
perdem viço, e se esgarçam
e a barriga cresce e entumece.

É que o belo que em vão viceja
— dizem que beleza não põe mesa —
(talvez seja
            a barriga
                        de um aposentado;

(e entre as pernas um cajado retraído.)


Como disse Montaigne, constrangido,
— e que nos sirva de alento — a vida
deixa mais rugas n´alma que no rosto...


          (Lima, Perú, 13/4/2009)

 

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MÍDIA RETROATIVA

            Poema do Barão de Pindaré Junior

 

Mesmo sendo barão, com brasão
e tudo — eu sou moderno!
Adotei as novas tecnologias!!!

Mesmo adotando todas, falta tudo!
E fico mudo gritando no deserto!

Tenho um cemitério de LPs,
um monte esquecido de disquetes
dormidos, imprestáveis...

Pilhas de vídeos ultrapassados:
— Coisas do passado, tão recente!

Meu computador não lê disquete!
Minha vitrola, perdão, meu “som”
não lê LP! Nem reconhece vídeo!!!

(Vídeo agora é outra coisa, outra mídia!
Merde, eu virei maracujá de gaveta!

Cansado de verter mídia pra mídia,
trocar de suporte, fazer upgrade...
Pra preservar,  vou publicar um livro!

             28.12.2008

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MINORIAS??!!

            Poema do Barão de Pindaré Júnior

Desde quando
                        mulher é minoria?
— há mais mulheres do que homens!

Desde quando
                        negro é minoria?
— se somos todos negros!!!

Em verdade, vos digo:
homem é que é minoria
— é tão difícil de achar um!!!


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CASAL PERFEITO


            Poema do Barão de Pindaré Jr.

Escutei o diálogo
no restaurante
(e perdi o apetite):

Ela: “E si eles não í com a gente?”
Ele: “Então, nós vai só.”

Perfeito! Feito um
para o outro!

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MULHER COMO INVESTIMENTO


            Poema do Barão de PIndaré Jr.


Mulher, disse um amigo machista:
você bota na poupança, investe, investe,
e espera, confiante,  o resultado:

Casa com uma de sessenta quilos
e acaba com outra de meia tonelada,
bem mais abundante, mais adiante.

Nota: O Barão é politicamente correto. Apenas registra os preconceitos dos outros...

 

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DEMOCRACIAS

            Poema do Barão de Pindaré Jr.

Não sei de que democracia vocês estão falando!

A do Bush começa em Wall Street
e termina em Guantânamo,
passa pelas calçadas dos homeless:
ainda assim, dizem, é melhor do que a nossa.

A dos franceses é perfumada, charmosa,
rechaça os imigrantes (ou os humilha);
ainda assim, dizem, é melhor do que a nossa:
sedimentada, culta, airosa. Alors Voilá!

A dos ingleses é firme, coroada, ritualística
mas, dizem, funciona mesmo,
apesar dos preconceitos e dos cinismos;
ainda assim, garantem, tem origem, pedigree.

A nossa tem constituição e tudo,
parece que funciona, tem suas garantias,
apesar dos, não obstante os, os, os...
Falem mal dela, mas, antes ela do que...

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SEM SENTIDO

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

Saio à rua e só então percebo
que estou descalço, que
esqueci os documentos
e que já não
tenho nome
nem endereço.

Mato um policial na esquina
e roubo frutas no mercado
apenas para saciar a fome.
Mordo um cachorro
e relembro as letras do alfabeto.
Mato um vizinho mais adiante,
minha última chance de saber
de onde eu vim. Entro no primeiro
ônibus e assalto um passageiro
para pagar a passagem.
Perdoem os percalços,
melhor me mato
e termino esta telenovela das 7.

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NA ACADEMIA DE LETRAS
 Poema do Barão de Pindaré Júnior*

Usava dois ternos,
com intermitência:
um, cinza,
o outro, preto;
um para o chá das cinco,
o outro,  com igual freqüência,
para o enterro dos imortais.


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PLÁGIO

 

     Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

Jorge Benjor imita

Jorge Bem

 — que era bem melhor!!!

 

*pseudônimo de Antonio Miranda para canções de escárnio e mal dizer.

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CONTROLE REMOTO

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

 

... nove mortos na colisão...

... a cesta básica...

... isto é uma vergonha!...

... o Presidente solidarizou-se...
... enquanto furtava um pepino...
... o menino torceu o tornozelo...

... do Bispo, em defesa dos...

... traficantes encurralados...

... quatro pitadas de sal...
... cinco balas perdidas...
... o deputado colhido em...

... com desconto e tudo...
... a ...

... empresta a Deus...

... pode pressionar, esta gente...

... por isso eu escolho...

... beleza instantânea para ...

... quanto mais perto, melhor...

 

... os interesses da po ...

...é o que é...

                   ... fora do comum ...

... coragem para fazer o bem ...

...    tele-entrega...

... benção divina ...

... mortos ...

                        a domicílio.

 

*Pseudônimo de Antonio Miranda para canções de escárnio e maldizer.



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MELHOR ASSIM QUE PASSADO

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Ser melhor que o próprio original:

mesmo desfibrado, ainda que senil!

Sobrevivente, hoje é melhor que ontem,

amanhã, se houver, haverá de ser melhor...

 

Certo que éramos hirtos e inteiros!

Músculos tesos, agora tensos, estriados

mas, melhor que mortos, tidos, idos...

Mesmo que não mais entumesçam...

 

Maracujá-de-gaveta, chinelo roto

é melhor que jovem morto e enterrado...

Melhor ser herói deposto que suicidado.

 

Melhor viúvo que saudade de viúva...

Livros lidos em vez de abandonados e sem

uso, membranas gastas em vez de virgens...



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IRRELIGIÃO

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

         “Deus morreu” NIETZSCHE

         “Nietzische morreu”  DEUS

 

 

O ateísmo entrou na rota

de colisão, ganhando espaço

na bancarrota da religião.

Perdão: eu disse bancarrota

da religião, não da igreja,

senão vejamos: megatemplos,

megashows gospels, mega... nega...

 

Os anticristos do século 21

— cristãos convertidos

pela ciência positivista —

são os apóstolos inversos

John Allen Paulos, Richard Dawkins

e Christopher Hitchens:

bestseller, logicamente...

 

“Religião não se discute”???!!!

“É o ópio do povo” (diria Marx).

 

Contra as “provas da existência

de Deus” da tradição...

(cristianismo, islamismo...)

a negação de Deus pelas “provas lógicas”

do ateísmo.

 

Que confusão, entende o Barão!

e vaticina (nada a ver com Vaticano)

as duas provas não provam nada

se é para usar a lógica!

ou provam, se é questão de fé...

ou convicção matemática...

 

Se matemática resolvesse mesmo

os problemas estariam resolvidos

(cisma o cético Barão...)

Não, não e não! Ou não...

 

Penso como Barão:

em matéria de religião

— lógica ou fé —

sou como aquele político

de Minas: não sou a favor,

nem contra, alíás,

muito pelo contrário!



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VERDADES INVERÍDICAS (INCRÍVEIS?)

 

 

         “I do not believe in belief.”

         E. M. FOSTER

 

 

Algumas verdades são relativas,

mas eu não sou relativista.

É certo: o sol nasce todas as manhãs;

sempre há mais políticos do que estadistas;

a lei da gravidade é igual para todos

como a justiça oficial dos homens

mas os gordos caem mais depressa

e a justiça não chega para todos

— nem a divina, reza o incréu.


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SER E ESTAR

 

Ser e estar: ser uno e estar múltiplo,

ser indivisível e desfazer-se no ar.

 

Ser vapor, água, e ser cristal.

Estar morto, e reviver.

 

Ser muitos, e ser outros,

sem deixar de ser, renascer.

 

Ser abelha, ser areia, pó.

Estar no mundo, e ser.

 

(Agora traduzam ao inglês...

OK: ser e estar são a mesma coisa.)

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DÍPTICOS

 

 

I

saiba que nada sei,

sei que nada sabes

 

tem mesmo de tudo para

quem não é surdo e mudo

 

quando ele disser adeus

estará mais perto de deus?

 

quase tudo é, apenas,

pouco mais do que nada

 

e agora, José, como acabou

se, em verdade, nem começou?

 

 

II

 

ave maria, cheia de graça,

avestruz cheio de pena

 

do jeito que as coisas vão

é provável que nem voltem

 

as aves que aqui gorjeiam

(já) não gorjeiam como lá

 

o rio que passou por aqui

pode ser que chova amanhã

 

a estrada leva ao fim-do-mundo;

o fim-do-mundo de lá é aqui

 

 

III

 

aquela nuvem parece indiferente

mas, de repente, ela chora

 

o amor que jurou ser eterno,

em verdade, anunciava o inferno

 

hoje, quem diria, era ontem;

e ontem já foi amanhã

 

resumindo:

 

a literatura dele era tão avançada

que nem mesmo ele alcançava

 

finalizando:

 

tudo, nada, amanhã, adeus, pena

— apenas palavras recicladas

 

 

29.02.08

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INSTANTÂNEAS DA MORTE

 

            Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

 

Na ponte, vestido de anjo,

para o salto derradeiro

— com os aplausos de público.

 

A mãe, dolorosa, sobre o corpo

do filho abatido como ave

por uma bala perdida

— mil flashes de celulares.

 

Na cena do velório

visitas assistiam felizes

pensando nos comes e bebes.

 

O atleta excedeu-se no exercício

e despencou para a morte,

mas saiu na fotografia.

 

No enterro, o morto sorria

para os credores desesperados.

 

A viúva olhava o falecido

pensando no seguro de vida

— ele valia mais morto do que vivo.

 

 

*pseudônimo de Antonio Miranda para “cantigas de escárnio e maldizer”... Leia outros poemas do autor em WWW.antoniomiranda.com.br

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1808

       Poema do Barão de Pindaré Jr.*


Não tomava banho e fedia a alho
e cebola e as ceroulas ferviam
nas tardes tórridas
de sua Quinta,
sexta, sábado e domingo.

Era o VI,
o sétimo dia
sem banho,
meu nobre João,
rei expatriado,
sentado em seu trono
de vários continentes.

Entrementes,
ardia e todo mundo sabia
de suas manhas
para fugir dos asseios

quando então
construíram em São Cristóvão,
por artimanhas de médico
e curandeiro,
uma Casa de Banhos
- aromáticos, profiláticos -
em que metia suas banhas.

Dom João VI inaugurou
nosso primeiro spa,
entre outros incontestes
pioneirismos.


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ASSIM MESMO

         Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

eu já conheço você de algum lugar

esse seu sapato eu já vi em toda parte

você faz parte de um seriado que eu já assisti

 

esses casais passam todos pelo mesmo treinamento

rezam pelo mesmo catecismo até o casamento

só depois é que eles se desentendem

 

a única dialética que ele conhece

é de uma das torcidas de time de futebol:

a mesma coisa do outro lado

 

o presidente usa argumentos tão comezinhos

usa exemplos comuns tão exemplares

que a gente até já sabe o que vai ouvir

 

a frase dele era tão, mas tão original

que eu a coloquei no buscador do Google

e apareceram outros tantos originais

 

 

* pseudônimo de Antonio Miranda para cantigas de escárnio e maldizer. Se quiser ler outros poemas do Barão entre em ... http://www.antoniomiranda.com.br/poemas_barao/brao_poemas.html

(copie e leve para o buscador do Google...)

 

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PLANO PARA EVACUAR O SENADO FEDERAL

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

 

Sair em massa evacuando

—evacuar é a palavra certa!—

o recinto, o plenário,

o mictório, o conciliábulo, a sinecura

 

pode também saltar de asa delta do trigésimo andar do anexo

e pousar no teto do Palácio do Planalto para um desagravo

— a gentalha dos assessores e cabos eleitorais aplaudindo

a performance ou

valer-se de um advogado de porta de presídio

e/ou um lobista de plantão para pagar as despesas da retirada

 

— porque sim, por que não?!—

 

com direito a recesso

remunerado e aposentadoria

— cuidado com os batedores de carteira pelo caminho!

 

todos são inocentes

mesmo depois de comprovadas as fraudes, falcatruas

 

salve-se quem puder!!!

 

os ratos saem livremente

pelos esgotos

meia dúzia de senadores

honestos

na cesta de ovos

estão contaminados

a imagem pública corroída

pela hantavirose

pela saliva de discursos e despistamentos

 

o romeu tuma garante

que nem pai-de-santo faz um descarrego

quem carregava tudo era mesmo o severino

agora é o renan

que só sai pela culatra

 

 

Pseudônimo de Antonio Miranda para cantigas de escárnio e mal dizer...

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ESTATISTICAMENTE EU JÁ MORRI

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior”

 

Depois dos sessenta anos de idade

ninguém se apresenta como aniversariante

mas como sobrevivente

— começa a contagem regressiva.

 

Aos sessenta é candidato...

aos setenta  é um defunto anunciado,

aos oitenta é um fenômeno,

aos noventa é um milagre!!!

 

Podem trazer teorias e prognósticos,

receitas gerontológicas e cirúrgicas...

Melhor idade, separar o corpo da mente...

 

Medito sobre personagens longevos

(convivo com um na intimidade...)

que contradizem a razão, contra-senso

— e às vezes até o bom senso...

 

Do alto de meus cem anos

(nasci no Império e ainda não entrei

na pós-modernidade...)

sou uma raridade! Que barbaridade!!!

 

Mas, confesso, já estou preparado:

o paletó de madeira na garagem

para aquela última viagem...

 

                 21.05.2007

* Perdoem a molecagem do Barão com seu amigo

poeta João Carlos Taveira às vésperas de completar

60 anos... (em setembro). O Barão não pretende —

aliás, muito pelo contrário... — estragar a festa, quer

apenas divertir, à sua maneira.

 

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OLHO DE VIDRO

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

Um braço mecânico, um coração de plástico,

um fêmur de alumínio, um fígado transplantado,

um pênis de borracha, uma dentadura acrílica,

uma namorada virtual, uma viagem simulada,

um sentimento de auto-ajuda, uma paixão de locadora,

um orgasmo por teleconferência. Why not?

 

Tipo assim: relacionamento programado,

com um beijo dos mais performáticos

— imaginem! fotografado com o celular.

Vai aparecer em tudo que é blog!

 

Vou fazer a tradução automática

e mandar por e-mail para todos os meus

desconhecidos.

 

         Chácara Irecê, 12.05.2007

 

*pseudônimo de Antonio Miranda para canções de escárnio de maldizer.

 

 

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AMOR DE QUALQUER JEITO

 

Poema do Barão de Pindaré Junior*

 

Qualquer tipo de amor satisfaz:

torto, enviesado, acanhado.

Amor secreto, loquaz, discreto

— tanto faz — amor descarado,

escondido, coletivo ou privado.

Amor a conta-gotas, minguado.

Amor dilacerado, extrovertido.

Que venha de uma vez, se não,

aos poucos, para instalar-se.

Amor de ocaso, de perdição,

cabisbaixo, ou de cabeça para baixo.

 

*pseudônimo de Antonio Miranda.

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AO MEU ENTERRO

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

 

Ao meu enterro eu não vou

— vão ter que me levar.

 

Não quero figuras estranhas

rindo de minha morte,

tomando o meu vinho

e o meu pé,

em espalhafato, lançando

farpas, lembrando gafes.

 

Depois que estiver morto

ninguém mais vai me ver torto.

 

Depois de algum pranto

acanhado

de algum amigo do peito

— suspeito —

vou virar santo.

 

 

Brasília, 6/4/2007.

*pseudônimo de Antonio Miranda para cantigas de escárnio e maldizer.

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ANCESTRES

 

         Poema do Barão de Pindaré Junior*

 

 

Esse velho que aparece

espelho

olhando com sarcasmo

e marasmo

não sou eu.

Deve ser

o meu pai desvalido

meu avô ido

meu bisavô desmilingüido..

 

*Barão de Pindaré Junior é o pseudônimo de Antonio Miranda para textos de escárnio e maldizer

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AD NAUSEUM

 

            Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

A esta tribuna subiram

magistrados e prelados

que não tinham o que dizer;

 

neste jornal escreveram

insignes pensadores  e escritores

que não sabiam a que vieram;

 

neste microfone vociferaram

ínclitos líderes e até mártires

sem nenhum sentido da razão;

 

os melhores discursos foram censurados,

perseguidos, os autores execrados

mas, relidos, não diziam nada.

 

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MILAGRE DO BURACO DO METRÔ

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Você viu na TV

o lugar-comum

que todo mundo

repete e todo mundo

acredita...

 

O rapaz ia para o trabalho

mas o ônibus não parou.

Ele, então, se salvou

do terrível acidente:

do afundamento do metrô.

Mas outros sete morreram.

 

—Foi Deus que me salvou!

declarou, convencido.

 

E quem matou os sete infelizes?!

 

Nesse incidente,

um é milagre,

o outro é acidente.

 

Entendeu? Nem eu.

 

 

16.1.2006

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HAMBURGER ASSASSINO

 

Barão de Pindaré Junior*

 

Aquela carne macerada

leva pelanca, plástico,

pata de rato, dejeto

e dedo de menino

desaparecido

com quetichupe e

batata-frígida.

 

Em qualquer lugar

do mundo

sabe sempre igual.

 

Abrimos a caixa e ele

—o hambúrguer—

nos devora por inteiro!!!

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TATUAGENS

 

Barão de Pindaré Junior*

 

 

Indeléveis, inconsúteis.

 

A primeira tatuagem

ninguém esquece: da ferragem

do parto.

 

E a palmada

no quarto escuro?!

—a nádega ardendo!

 

Em sendo adulto:

porrada, muita porrada

por toda parte.

 

Hematomas, cicatrizes.

 

Amores desenganados,

corações e flechas partidas

no pescoço, no umbigo.

 

Tatuagens de sonho e pesadelo.

 

Tatuagens metafísicas

(que ninguém percebe)

de desejos insatisfeitos

e arrependimentos.

 

Nos ombros

os símbolos pátrios;

nos braços: as corporações

o time no peito

e no rosto

os valores penhorados. Assumidos.

 

Heróis de histórias em quadrinhos

pelos músculos das pernas

e figuras obscenas (pirografias,

pudicícias rubicundas)

nas partes mais baixas.

 

E aquele desejo mais

recôndito, excitante

(nem falo do que se trata...)

a inscrição desdobrável:

Lembranças de P-E-R-N-A-M-B-U-C-O !

 

 

Chácara Irecê, 6/6/06

 

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A SENILIDADE DO BARÃO

 

           Poema do Barão de Pindaré Jr.*

 

 

Por favor, não me venham com esse papo

furado de que idade é uma questão de espírito...

 

Pode ser... mas que é que eu faço

com as pelancas do braço

com as rugas

                      e com a flacidez das nádegas?

 

Recorro ao Pitanguy, escondo com camadas

de roupa ou de cosmético ou

me exibo como um maracujá de gaveta?

 

Ok, oitenta anos valem quatro vez mais

que vinte... Mas, aonde? No Clube da Terceira Idade?

No chá da Academia? No Instituto Histórico?

 

Ok, tem muito velho pra frente...

Mas, quem vem atrás? Eu, heim... ridículo!

 

Perfeito: tem velho jovial, avançado

na vanguarda... tem jovem antiquado.

E daí, pra que serve esse consolo?

 

Nem vale aquela piada: troco 80 por 4 de 20...

Que é que eu faço com elas? Rezo o terço no quarto?

 

Exato: existem exceções... Picasso era um tesão

em seus noventa aninhos.... Ou não... apesar do (re)nome.

Mas podes crer: o que abunda é velho

resmungão, ranzinza, rabugento.  rrrrrrr.... Eu, rrrrr...rrrr...

 

 

* Barão de Pindaré Jr. é o pseudônimo de Antonio Miranda para poemetos politicamente incorretos...

 

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INVADIRAM O CONGRESSO NACIONAL

 

                              Poema do Barão de Pindaré Júnior.*

                              Para o escritor e amigo Yves Hublet

                              e sua bengala justiceira.

 

Ladrões, lobistas, vendilhões

invadiram o Congresso Nacional

há muito tempo

e acamparam por lá!

 

Bancadas de ruralistas,

de banqueiros e bicheiros,

da igreja e da cerveja,

seguidos de apadrinhados

— salafrários com salários

e benefícios perdulários —

em hordas sazonais,

em escárnio aviltante.

 

Picaretas alugados ao Executivo

de turno, soturno rodízio

— prodígio mancomunado

com o Judiciário.

 

Trens da alegria, maracutaias, mordomias,

anões de saia justa, mansalões, bravatas

— promiscuidade, negociatas escandalosas

e impunidade — pizzaiolos cantando hinos

e dançando quadrilhas: a honra pelas virilhas!

 

O Barão de Pindaré Jr., indignado,

invade também, de bengala em riste,

e com ele os sem terra, os sem-vergonha,

os sem fé, os sem esperança,

os sem lei, os inocentes úteis

e os idealistas inúteis

que depredam tudo.

 

Aquilo virou mesmo uma zona

de

guerra.

 

Brasília, 06/06/06


*Barão de Pindaré Júnior é um heterônimo do poeta Antonio Miranda.

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DASGAY

 

Poema do Barão de Pindaré Jr. *

 

Depois da DASLU  e da controvertida DASPU

é a vez – previsivelmente – da DASGAY.

Modelitos fresquíssimos e chiquérrimos

ainda que valendo-se de materiais

os mais banais: filós, rendas, retrós,

muito veludo e cetim, seda e brocados

— tudo bem bolado, nada básico...

 

Penhoar transparente, com lantejoulas.

Nada de ceroulas! só mesmo calcinha

com paetês, bustiês insinuantes.

E a grande novidade: jeans!!!

Sim: jeans, bem transado, colante!

Mas com um detalhe intrigante

— exigência do freguês — não se sabe

bem por que - feiche-éclair

bem longo, na parte traseira.

 

Nada de preconceitos! Mais respeito,

minha gente, pois o cliente é sempre rei

- ou é rainha, como queira...

 

 

*Barão de Pindaré Jr. é o pseudônimo usado por Antonio Miranda para

seus poemas satíricos ou “politicamente incorretos”.


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DASLU X DASPU


A aristocrática Daslu
tem agora concorrência
- a grife da Daspu.

Ilegal, desleal, desigual?

Qual nada, acho legal!

A marca das putas
é bem mais democrática...

A empresária da Daspu
contesta o protesto da Daslu:
afinal, pode ou não pode
exercer a criatividade?

Não fede, vai tomar angu
- vocifera a proprietária
da marca Daslu: uma ONG!

E sugere à Daslu adquirir
seus modelitos incrementados
para sair do marasmo:
de longe, clientes mais satisfeitas
com os sonhos turbinados!
Afinal, o traje faz o monge.



4/12/2005, depois de ver a matéria do Fantástico.

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STEVEN LEVITT E OS TRAVESTIS 

 “a eficiência e a moralidade costumam andar de mãos dadas”

                                       Richard Posner

 

  

I. Pressuposto

 

 Parece que a economia explica tudo.

 

Homus economicus: ter ou não ter

eis a questão!  E por que não?!

 

  

II. A tese

 

Ter um corpo estranho:

nas entranhas contradições

tamanhas aflições dos travestis  

estar homem e ser mulher

 

 

III. Conclusão


Em vez de problema

- ensinaria Levitt – o travesti seria solução...

 

          se não para si, com com seu dilema

          mas no teorema do menor custo.

 

          Liberando e mesmo incentivando

          o casamento com travestis

 

         - milagre econômico! –

 

         freamos a bomba demográfica

         e economizamos gastos

         do Social Security.

 ..................................................................................................................

COMENTÁRIO:

 Segundo a revista VEJA (nº 1931) de 16 de nov. 2005, Steven Levitt, autor do bestseller Freakonomics, “tornou-se um fenômeno desvendando o lado oculto do cotidiano”. Mais importante do que isso: “Steven Levitt presta um serviço ao tirar as ferramentas econômicas dos especialistas e torná-las acessíveis a mais gente”.  O insigne Barão de Pindaré Jr mordeu a isca... Entendeu a mensagem do Lewitt quando afirmou à Veja que “as pessoas estão olhando para o lado errado”. Muita gente não sabe que o Barão é estrábico. Quis dar a sua modesta contribuição como pessoa que aplica o senso comum que está na base do raciocínio do professor da Universidade de Chicago. Como o Barão não maneja a estatística, pede a ajuda dos economistas para a demonstração de sua tese.  Aliás, no presente raciocínio, o Barão não é a favor nem contra, aliás muito pelo contrario... Usando a mesma lógica estatística do Lewitt, VEJA já vaticionou a possibilidade do autor de Freakomics (desculpem, Freakonomics) vir a ser indicado para o Prêmio Nobel!

 

 

Barão de Pindaré Jr. é o heterônimo do poeta Antonio Miranda.

Poema escrito no dia 15 de novembro de 2005.

 

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CAIXA DOIS E METÁSTASE

Poema do Barao de Pindaré Jr. *


Porque sempre foi assim
nao tem por que ser sempre assim.

Acuado pela crise
o Presidente Lula orquestrou
a tese do Caixa Dois
como um vício republicano
- a compra de votos –
trocando o efeito pela causa:
um determinismo político
execrável mas justificável.

Instado a pronunciar-se
depois da queda de ministros e assessores
e de aliados envolvidos com os escândalos
declarou-se surpreso e traído;
afirmou que cortaria da própria carne
se preciso fosse
como a oferecer outro dedo ao sacrifício
- mas nao apontou culpados.

Quando a crise arrefeceu
saturada e alastrada pelos partidos
da base aliada e entre adversários
pelas empresas estatais e fundos de pensao
no escambo e escambau
numa trama tentacular e cancerosa
o Presidente ofereceu cargos
e liberou verbas aos políticos
e admitiu que houve erros
mas nunca-jamais corrupçao
em seu governo
(dizendo ser essa a prática de governos anteriores)
logo aplaudido pelos acusados
e ameaçados de cassaçao de mandatos.

Mas a crise se alastra
subterrânea e sub-reptícia
e os cadáveres saem dos arquivos
para as manchetes dos jornais
na metástase do poder corrompido
nos estertores de um sistema político
falido.

[Ainda sonho com o parlamentarismo
com partidos estáveis, fidelidade partidária
com uma nova Constituinte
com uma verdadeira reforma política!!!]

Agora sao os canalhas
que se tornaram heróis
e saem dos bueiros, das prisoes
das quadrilhas organizadas
para a glória pública
da delaçao premiada.


Barao de Pindaré Jr. é o heterônimo do poeta Antonio Miranda.

Poema escrito no dia 9 outubro de 2005.

 

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VERDADES OFICIAIS

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

 

Todos somos iguais perante a lei

e os direitos constitucionais são para todos

os parentes, os amigos e correligionários.

 

Todos somos inocentes até prova em contrário

alguns são considerados inocentes

mesmo depois de comprovados

os seus crimes contra o erário público.

 

 

Repetimos, para que não reste dúvida:

usufruímos de todos os direitos constitucionais

- tortura, nunca mais!!!

e estamos livres de preconceitos

- quem duvida?!?!

e somos cordiais.

 

Nossos políticos são mais honestos

nossos banqueiros mais patriotas

e os juristas mais judiciosos.

 

Nosso céu tem mais estrelas

nossos coqueiros têm mais cocos

nossas galinhas põem mais ovos.

 

 

 

Brasília, 8 de outubro de 2005, depois de refletir sobre a CPI do Mensalão, dos Bingos, do... 

e de verificar os gastos de membros do governo com cartões institucionais.

*heterônimo do poeta Antonio Miranda.    




 

 

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MANCHETES DE JORNAL E DERIVAÇÕES

Poema do Barão de Pindaré Júnior*


Cortou o pênis do marido adúltero quando ele dormia.
Costurou a vagina da filha solteira depois da terceira gravidez.

Puseram a mãe falecida no freezer e foram pular Carnaval.
Mata a família e vai surfar nas ondas da Barra.

Bombeiro morre queimado ao salvar maníaco pirotécnico.
Policial e bandido matam juiz que chefiava a quadrilha.

Presidente dá cheque em branco a político desonesto.
Político desconta cheque do Presidente mas já estava bloqueado.

Marido e mulher brigam por causa de amante.
(O amante era do marido mas ela também queria.)

Padre recolhe criança abandonada na igreja.
(DNA revela que era mesmo filho dele.)


* heterônimo de Antonio Miranda: www.antoniomiranda.com.br
Chácara Irecê, 25 de setembro de 2005

 

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A RAZÃO DA SEM-RAZÃO

 

Poema do Barão de Pindaré Jr.*

 

 

Não sei se foi Platão

que suspeitou da razão

e pregou a misantropia.

Se não, quem teria sido?

 

Certamente foi Sócrates

quem levantou a questão:

de que o raciocínio falha

e às vezes atrapalha.

 

Confiar nos políticos

e em suas pregações;

acreditar nos profetas

e em seus argumentos...

 

Decidir com base na lógica

para atingir a felicidade:

pelo luxo do entendimento

de uma verdade da vontade...

 

O misantropo odeia a razão

e escolhe guiado pelos instintos,

pela intuição, mas ele sabe

que só o ignorante é feliz.

 

(Chácara Irecê, GO, julho 2005)

 

* heterônimo de Antonio Miranda.

 

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AO POETA NARCISISTA

 

Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

Esquece o torrão natal

e a tua namorada

- a malfadada lua!

 

Poupa-nos de tuas auto-flagelações

e de tuas vãs convicções.

 

Por conseguinte, deixa em paz

tua infância singular

(feita de mesmice e opacidade)

- a poesia está farta de exemplos

de auto-glorificação.

 

Deixa o confessionário

para a hora do espelho

e a tua letárgica nudez

para o desconcerto dos mais próximos.

 

(julho 2005)

Barão de Pindaré Jr.

 

   

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DISJUNTOS

 

Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

 

Casamento não une duas metades

num todo indivisível...

nada de cara-metade

complementaridade...

 

O casamento deve unir

e manter

dois inteiros

dois parceiros

se é para valer

- disse a divorciada na TV.

 

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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ESTOU LOGADO EM VOCÊS

(i.e. ESTOW LOGADO EM VO6)

 

 

Queridas Cybermarias:

 

Tiro meu fardão e prosódia

despojo-me de toda retórica

fico nu sem a gramática

ao entrar nos orkuts e blogs

com algum constrangimento.

 

Agora sou Julinho Parrudão

lincado a sites, em chats

e redes de relacionamento.

 

Naum eh fácil a descontrução

de minha personalidade mas btf

em alguma compensação

jah que naum tow conforme

com meu perfil retrô

- preciso me upgradar!!!

já q ngm m intende

eu preciso me xplik.

 

Agora sou Julinho Parrudaum

malho e freqüento xops com ctza

e estow ligado em vo6

estou a fim, aham, msm, vlw.

 

 

Assinado: ex-Barão de Pindaré Jr.

 

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EXCURSÃO AO LITORAL

 

 

Não fosse a poluição sonora

de tantos alto-falantes

todos ao mesmo tempo

- I R R I T A N T E S !!! –

carros-de-som com suas bocas

enervantes, circulantes

tonitruantes, no mesmo espaço

eu gritando gritando gritando

ao pé-do-ouvido

sem ser ouvido...

 

Não fosse pela voz estridente

e mastigante do cantor (???)

e o mesmíssimo verso insistente

da MESMÍSSIMA música (?!?!)

inclemente, demente...

falando de sexo circunstante

ou seja lá o que for

pois não deu para entender...

 

Não fosse o ambiente atordoante

de carnaval permanente

entre bafos de cerveja

e o suor transpirante

nesse calor abrasante...

Não fossem as moscas

tão INSISTENTES!!!

sobre o exposto tira-gosto

por isso mesmo: sem gosto...

e aquele cheiro estonteante

dos sovacos no ônibus

ainda presentes...

e essa areia escaldante

sob um sol inclemente.

 

Não fosse tanta gente feia

e abundante, tanta tanta

tanta farofa repugnante

tanta fritura e tanto lixo

e tanta buzina na estrada...

Não fosse tão congestionada

esta praia tão distante...

Não fossem os preços

ESCORCHANTES!!!

e o serviço incompetente

até dava para encarar...

 

Ir de excursão é muito bom

voltar pra casa é ainda melhor...

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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O POETA ANTROPOFÁLICO

 

 

Um poeta amigo meu

só fala do que é seu.

 

Sintomaticamente,

considera-se um Perseu.

 

Hedonista, machista

sem crenças e esperanças.

 

Diz-se amado e desejado

por todas as mulheres!

 

Escreve com o corpo

e só ama na cama.

 

Leitor de Sade e Bocage,

só que literalmente.

 

Escreve com o lápis-pênis,

o poeta antropofálico.

 

Sente mais prazer

em contar que em praticar...

 

- se é que sente

ou se mente pra valer...

 

Dorme nu em pêlo

refletindo-se em espelhos;

 

rumina gozos futuros

e passados, em constante pesadelo.

 

Sexo e nexo

em seu maniqueísmo enfadado:

 

sonha sendo devorado

por vaginas com dentes...

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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POR QUE ME UFANO

 

O Conde de Affonso Celso louvou

sem modéstia e sem medida

as grandezas do Brasil

sem considerar as mazelas.

 

A superioridade territorial

é mesmo proverbial:

Canadá, Estados Unidos

Rússia e China

-uns ricos, outros pobres-

não o são por dimensão

se menos pela enormidade

muito menos pela densidade

da população.

 

Não há país mais belo que o Brasil

mesmo sendo “inculto e selvagem”

“faz vantagem nos campos elísios,

hortos pênseis e ilha de Atlanta”

disse o jesuíta Simão de Vasconcelos

comparando o sim com o não

ou então, apelando ao Rocha Pitta:

“em cuja superfície tudo são

montanhas e costas tudo são aromas”

“em cuja superfície tudo são frutas

em cujo centro tudo são tesouros”

as águas as mais puras

salubérrimo o ar

onde sempre é verão.

 

“Nosso céu tem mais estrelas

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores”

(Gonçalves Dias)

 

Tais primores, incontáveis, indizíveis

mundo de aprazíveis excelsitudes

garante o patriota Celso, tudo

sempre o maior do mundo!

 

A começar pelo Amazonas

(que só é batizado em território nacional)

e culminando no Corcovado

com “panorama surpreendente, único”

e não poderia ser diferente....

 

Minas de ouro e jazidas diamantinas

“um imenso escrínio de gemas”

“até a poeira dos caminhos é aurífera”

sem falar de riquezas naturais

e dos valores sobrenaturais

e mais e mais!

 

Nunca foi vencido, jamais foi humilhado!

Expulsou franceses, batavos e ingleses

sempre garrido, em peito inflado.

 

Em resumo, tudo nos favoreceu

e nada nos ameaça

nem vulcões, nem terremotos

temos jaça, temos raça

(e agora, até taça!)

sem preconceitos, privilegiados.

 

“Há, pois, em ser brasileiro,

o gozo de um benefício”

uma vantagem

“uma superioridade”

e “nenhum perigo inevitável

ameaça o desenvolvimento

do Brasil”.

 

Exceção ao malefício

dos maus governos

e fraqueza das instituições

republicanas.

 

Mas Deus “não nos abandonará”

garante o Conde, e nos

“reserva alevantados destinos”

- quando e onde? “Confiemos”.

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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A BANDEIRA IMPERIAL

 

Solano López usava

a Bandeira Imperial brasileira

como tapete

(uma afronta!)

-hoje, repatriada, virou relíquia

no Museu Histórico Nacional.

 

A Guerra do Paraguai

seria uma infâmia

contraposta à insânia de sua deflagração.

 

A História é mesmo dos vencedores

carregando em seu andores

ardores de sublimação transfigurada

- pátria amada idolatrada!!!-

na coleção do Museu

na memória pública

do interesse privado.

 

Havendo erro de cada lado

o que  resta

é a Bandeira reconquistada

se é que ela presta

se não fora fabricada lá mesmo

ou importada.

 

Tanto faz...

livre da afronta e do insulto

jaz a nossa bandeira imperial

depositada para seu culto

-e valha tanta besteira!-

já que a História

não é só feita de glória.

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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DEPUTADO CHICO FOSSA

 

 

Eleito e reeleito, Chico Fossa, sergipano

-bem podia ser capixaba ou baiano,

antes fosse paraense ou rondonense-

tem muitos filhos entre os tantos eleitores

 

filhos de muitas mulheres, tantos afilhados

-tantos!- nem se lembra mais deles:

sobrinhos, apadrinhados, cabos eleitorais

e tantos outros mais, tanto faz.

 

Chico Fossa é um fenômeno eleitoral:

quanto menos fala, mais claro seu discurso

quanto mais fala – lugares-comuns, cacoetes-

menos diz, menos afirma, mais se deduz

 

e ele sempre seduz com seus falsetes:

Chico Madeira, Chico Seresta, Chico Só

dá  nó em pingo d´água, sem eira nem beira

militando sempre à esquerda da esquerda.

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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AUTO-AJUDA PARA NADA

 

  1. 1.     SEQÜESTRO

 

Se você for seqüestrado

vá de bom grado

é melhor do que viver

abandonado.

 

Atrase ao máximo o pagamento

de suas dívidas.

Se você morrer antes, sem dúvida

vai economizar um bom dinheiro.

 

Deixa de ansiedade

não apresse o tempo

melhor seria retardá-lo

entendeu?

 

Não invoque Deus

a qualquer pretexto

não congestione a fila

que Ele agradece.

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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SYLVA HORRIDA

 

Um helicóptero pousa na Praça dos 3 Poderes.

Não é um helicóptero, é um pterodátilo

ou um fusca com asas.

 

São agora muitos helicópteros

ou seriam bicicletas voadoras

como mariposas assanhadas

- é dia cívico

e o Presidente vai ao púlpito

mas é o Porta-Voz que vocifera.

 

Mais helicópteros pairando

sobre as torres gêmeas do Congresso Nacional

e cai uma chuva de guaraná

sobre a passeata dos desempregados

- chuva de pregos, de notas promissórias

como confetes para as massas atônitas.

 

Ministros revezam-se nas cadeiras

e um deles vai deixar o cargo

vai ser transformado em pterodátilo

enviado por sedex para a Favela da Rocinha

com os projetos e relatórios que o Presidente não leu.

Mandam junto, para baratear os custos

os Anais do Congresso e a Carta de Caminha.

 

Uma vaca suicida despenca da janela

do Supremo Tribunal, enquanto

vampiros espreitam dos ministérios

(engastados em prebendas e sinecuras)

depósitos de sangue e fundos de pensão.

 

Do púlpito, o porta-voz

canta o Hino Nacional em esperanto

um sindicalista faz reivindicações reiterativas

um diplomata brasileiro pensa em inglês

e blasfema em francês

para o gáudio de jornalistas oficiais

que produzem releases em chinês

enquanto desfila um batalhão engalanado

e descem a rampa do Planalto

os lobistas, os assessores especiais

as delegações nordestinas, um marqueteiro

e o que sobrou de um grupo de pagode.

 

O público, faminto, ovaciona.

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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PAÍS INCONCLUSO

 

 

“Já desisto de lavrar

este país inconcluso

de rios informulados

e geografia perplexa.”

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

 

I

Eu, nem tanto.

É uma lavra complexa

em terras sediciosas

e arbitrárias.

No entanto,

sedutoras.

Capitanias hereditárias

(promissoras!)

atávicas, refratárias

à transformação

senão pela ação

contestatária.

Que assim seja!

Pela lavra reflexa

da palavra incidente

sobre o país obtuso

e demente.

Com bisturis e acicate

na visão de gabinete

em versos brancos

verdes e amarelos.

Haja ira e ironia!

 

II

Brasil que o poeta

percebe envergonhado

de paletó e gravata

numa leitura de enfado.

Uma geografia perplexa

de estados maiores

e províncias menores

numa política

de supremacias

e inferioridades

sob o disfarce

federativo.

Depois da Guerra, alçado

aos seus questionamentos.

Depois de Getúlio Vargas

e antes do mesmo Getúlio.

Claros enigmas, eleições:

pretensas mudanças

informuladas, atadas

a estruturas pensas

a conchavos subterrâneos

a acordos de aparência

sujeitos às fraturas

de qualquer dissidência.

Lutar com palavras

parece sem fruto.

Rosa do Povo, cancerosa

em que o poeta

protesta mas desanima

assina o livro-de-ponto

depois

aperta o detonador

do poema

e desperta

as consciências

na penumbra surda

das massas, no aconchego

das musas.

 

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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PARTIDOS-REPARTIDOS

 

 

O Positivismo era a unanimidade

entre civis e militares

no Império do Brasil

mas eles estavam divididos

e aguerridos

(quando não estavam mancomunados).

 

No regime monárquico

(democrático e escravagista!)

o Imperador era supra-partidário

com posições libérrimas

em seu poder arbitrário

sobre as disputas acérrimas

entre conservadores e liberais

entre generais e civis.

 

Depois das fronteiras defendidas

definidas e pacificadas

as espadas, enfim, ensarilhadas

vem a malfadada “questão militar”

-a politização dos quartéis:

um Exército deliberante

polemizando pela imprensa

em tom beligerante.

 

O Abolicionismo dos conservadores

tinha a oposição dos liberais...

Havia vanguardas cautelosas

e conservadores sediciosos...

e o paradoxo nada trivial

do conservador liberal...

e muita propaganda republicana

entre os descontentes fardados.

 

Liberais defendendo ideais

republicanos

e republicanos

exaltando reivindicações liberais.

 

Nada mais conservador do que um liberal

mais monarquista do que um republicano!

 

A alforria dos escravos

(sem a pretendida indenização...)

uniu os ressentidos

de todos os partidos.

 

Liberais estrategicamente conservadores.

Conservadores tacitamente republicanos

políticos compondo e trocando

posições e funções nos gabinetes.

 

Crises, cisões, alas, facções

fusões entre contrários

adversários nos próprios partidos

correligionários fazendo oposição.

 

Com a Proclamação da República

(um ato heróico, de madrugada)

houve então a debandada:

conservadores e liberais

tornaram-se todos republicanos

(mantendo títulos de nobreza)

em novos grupos contrapostos

em dissidências figadais.

 

Cada partido em seu trono

com seu líder ou seu dono

seu reduto eleitoral

seu mandatário.

 

Assim o quadro partidário:

ninguém da Direita

todo mundo da Esquerda

“aliás, muito pelo contrário”.

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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A MULHER DO BARÃO

 

 

Ela é mesmo ideal:

linda, mais que linda,

gostosa, mais que gostosa

e prendada

- cozinha, lava, borda –

e ama como uma cadela

no cio.

 

Nada de brio

no seu relacionamento:

é feita para o momento

e mais e mais e mais!!!

 

Jamais está mal-humorada

nada de demanda, nem se queixa

- até parece uma geisha ! –

está sempre conformada

com o que tem.

 

E, no entanto, como diz

um canalha amigo meu:

eu tanto me esforço!

dou tudo que ela quer

mas não é mole!!!

 

Limpa, é econômica, ingênua

pois bem, com a vantagem

de também ser burra.

 

- Se ela fosse inteligente,

não ia gostar da gente.

Barão de Pindaré Jr.

 

 

 

 

TEMPO E DESTEMPO

         Poema do Barão de Pindaré Jr.


Antes pouco que jamais;
melhor mesmo é o dia
antes
do outro
(quem garante o outro dia?).
        
É sempre hoje,
amanhã é nunca!
(Mais seguro é gozar na véspera.)

Pode ser que seja
— pode ser que já seja
e ninguém perceba.

 

 

 

 

 

 

PLANEJANDO A LONGEVIDADE

         Poema do Barão de Pindaré Júnior*

Para vencer a velhice, valho-me de qualquer recurso:
reza, ginástica, caminhada, meditação, livro de auto-ajuda,
sessão espírita, boa alimentação, até terreiro de macumba.

Vale tudo para viver muito mais e mais saudável; amor novo,
“simpatia”, alongamento para alongar e preservar a vida,
chazinho, fitinhas no pulso, implantes, e vitaminas.

Vale tudo mesmo: pré-disposição, pensamento positivo, ioga,
dança aeróbica, comida vegetariana, prótese, tratamento geriátrico.
Estou definitivamente (!) confiante nos avanços da medicina!

Agora só falta combinar com a Morte.

 

*Pseudônimo de Antonio Miranda para poemas de escárnio e maldizer...

 

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CANCIÓN APASIO(NADA)

Poema del Barón de Pindaré Junior*
en viaje por el Caribe


La voz crecía
más de lo que había
tanta dulzura se derramaba
en la canción
desmesurada

la orquesta furiosa
incitaba
los violines flotaban
del cielo al infierno

“me dediqué a no verte”

(y le vomitó encima sus dolores)
“me dediqué a olvidarte”
(me dediqué a joderte,  pensó)


él lame las palabras
y ella las mastica
como a un caramelo

Del suelo al infinito
ella se meneaba sin disimulo
y se rimaba con propiedad
“mi cielo” con “su culo”.

 

*Heterônimo de Antonio Miranda para poemas de escarnio y maldecir;

 

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DISCURSO DE VEREADORA NO PALANQUE

Sei que andam metendo pau
pelas minhas costas.
Eu tô sabendo, mas eu não fujo!
Quero ver meter o pau
na minha frente! Agora, aqui, diante de mim!!!

Povão responde:

— É hoje!! É hoje!!!

 

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DECLARAÇÃO DE POLÍTICO

Esta é velha,
mas vale a pena ler de novo:


“O Brasil está na beira do abismo!
Mas vamos dar um passo decisivo!!!”

 

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PACTO CONJUGAL

         Poema do Barão de Pindaré Junior
 

Vamos, definitivamente,
separar sexo
                   do amor.

Sexo é instinto,
                   amor é sentimento.

A gente vai fazer assim:
eu te amo, tu me amas,
nos amamos. Mas
vamos,
sim, vamos
amar-nos livremente.

Se acontecer de eu me perder
em outros braços, serão laços
sem sentimento – sexo, se me entendes.
A recíproca é verdadeira, sem machismo.
Só não perdoaria, se amasses a outro
e não a mim,
                            aí seria o fim.

 

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UM DIA DEPOIS DO OUTRO

         Poema do Barão de Pindaré Jr.*

 

Um dia vem depois do outro,
mas tem dia que não chega
— dia de São Nunca.

E quando chega, se é que chega,
não chega pra todo mundo.

(Brasília, 22.05.2009)
*Pseudônimo de Antonio Miranda


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O ATLETA NO OCASO

    Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

Tempo: “veloce predatore delle cose create”.
                   LEONARDO DA VINCI


As panturrilhas e os bíceps
enrijecem na malhação contínua;
continua sua musculação febril!

Braços rijos, pernas fornidas,
o atleta, sôfrego, corre e pedala
e exala o suor do sacrifício.

(Astro viril e sobranceiro.)

Em momento algum vacila,
e das axilas, dos pés, das virilhas
o odor de cansaço e exaustão.

Em seu ofício de fortalecimento,
as espáduas, cada vez mais
e mais crescem como duas asas.


(E ele levanta vôo. Vôo curto.)


Tudo pela formosura. Logo cai
no chão, sem prumo, sem rumo
e as forças se lhes vão, com os anos.

Músculos flácidos aparecem,
peles esgarçadas, manchas
sobre a corroída tatuagem.

Ferrugem! Tecidos saturados,
perdem viço, e se esgarçam
e a barriga cresce e entumece.

É que o belo que em vão viceja
— dizem que beleza não põe mesa —
(talvez seja
            a barriga
                        de um aposentado;

(e entre as pernas um cajado retraído.)


Como disse Montaigne, constrangido,
— e que nos sirva de alento — a vida
deixa mais rugas n´alma que no rosto...


          (Lima, Perú, 13/4/2009)

 

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MÍDIA RETROATIVA

            Poema do Barão de Pindaré Junior

 

Mesmo sendo barão, com brasão
e tudo — eu sou moderno!
Adotei as novas tecnologias!!!

Mesmo adotando todas, falta tudo!
E fico mudo gritando no deserto!

Tenho um cemitério de LPs,
um monte esquecido de disquetes
dormidos, imprestáveis...

Pilhas de vídeos ultrapassados:
— Coisas do passado, tão recente!

Meu computador não lê disquete!
Minha vitrola, perdão, meu “som”
não lê LP! Nem reconhece vídeo!!!

(Vídeo agora é outra coisa, outra mídia!
Merde, eu virei maracujá de gaveta!

Cansado de verter mídia pra mídia,
trocar de suporte, fazer upgrade...
Pra preservar,  vou publicar um livro!

             28.12.2008

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MINORIAS??!!

            Poema do Barão de Pindaré Júnior

Desde quando
                        mulher é minoria?
— há mais mulheres do que homens!

Desde quando
                        negro é minoria?
— se somos todos negros!!!

Em verdade, vos digo:
homem é que é minoria
— é tão difícil de achar um!!!


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CASAL PERFEITO


            Poema do Barão de Pindaré Jr.

Escutei o diálogo
no restaurante
(e perdi o apetite):

Ela: “E si eles não í com a gente?”
Ele: “Então, nós vai só.”

Perfeito! Feito um
para o outro!

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MULHER COMO INVESTIMENTO


            Poema do Barão de PIndaré Jr.


Mulher, disse um amigo machista:
você bota na poupança, investe, investe,
e espera, confiante,  o resultado:

Casa com uma de sessenta quilos
e acaba com outra de meia tonelada,
bem mais abundante, mais adiante.

Nota: O Barão é politicamente correto. Apenas registra os preconceitos dos outros...

 

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DEMOCRACIAS

            Poema do Barão de Pindaré Jr.

Não sei de que democracia vocês estão falando!

A do Bush começa em Wall Street
e termina em Guantânamo,
passa pelas calçadas dos homeless:
ainda assim, dizem, é melhor do que a nossa.

A dos franceses é perfumada, charmosa,
rechaça os imigrantes (ou os humilha);
ainda assim, dizem, é melhor do que a nossa:
sedimentada, culta, airosa. Alors Voilá!

A dos ingleses é firme, coroada, ritualística
mas, dizem, funciona mesmo,
apesar dos preconceitos e dos cinismos;
ainda assim, garantem, tem origem, pedigree.

A nossa tem constituição e tudo,
parece que funciona, tem suas garantias,
apesar dos, não obstante os, os, os...
Falem mal dela, mas, antes ela do que...

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SEM SENTIDO

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

Saio à rua e só então percebo
que estou descalço, que
esqueci os documentos
e que já não
tenho nome
nem endereço.

Mato um policial na esquina
e roubo frutas no mercado
apenas para saciar a fome.
Mordo um cachorro
e relembro as letras do alfabeto.
Mato um vizinho mais adiante,
minha última chance de saber
de onde eu vim. Entro no primeiro
ônibus e assalto um passageiro
para pagar a passagem.
Perdoem os percalços,
melhor me mato
e termino esta telenovela das 7.

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NA ACADEMIA DE LETRAS
 Poema do Barão de Pindaré Júnior*

Usava dois ternos,
com intermitência:
um, cinza,
o outro, preto;
um para o chá das cinco,
o outro,  com igual freqüência,
para o enterro dos imortais.


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PLÁGIO

 

     Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

Jorge Benjor imita

Jorge Bem

 — que era bem melhor!!!

 

*pseudônimo de Antonio Miranda para canções de escárnio e mal dizer.

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CONTROLE REMOTO

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

 

... nove mortos na colisão...

... a cesta básica...

... isto é uma vergonha!...

... o Presidente solidarizou-se...
... enquanto furtava um pepino...
... o menino torceu o tornozelo...

... do Bispo, em defesa dos...

... traficantes encurralados...

... quatro pitadas de sal...
... cinco balas perdidas...
... o deputado colhido em...

... com desconto e tudo...
... a ...

... empresta a Deus...

... pode pressionar, esta gente...

... por isso eu escolho...

... beleza instantânea para ...

... quanto mais perto, melhor...

 

... os interesses da po ...

...é o que é...

                   ... fora do comum ...

... coragem para fazer o bem ...

...    tele-entrega...

... benção divina ...

... mortos ...

                        a domicílio.

 

*Pseudônimo de Antonio Miranda para canções de escárnio e maldizer.



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MELHOR ASSIM QUE PASSADO

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Ser melhor que o próprio original:

mesmo desfibrado, ainda que senil!

Sobrevivente, hoje é melhor que ontem,

amanhã, se houver, haverá de ser melhor...

 

Certo que éramos hirtos e inteiros!

Músculos tesos, agora tensos, estriados

mas, melhor que mortos, tidos, idos...

Mesmo que não mais entumesçam...

 

Maracujá-de-gaveta, chinelo roto

é melhor que jovem morto e enterrado...

Melhor ser herói deposto que suicidado.

 

Melhor viúvo que saudade de viúva...

Livros lidos em vez de abandonados e sem

uso, membranas gastas em vez de virgens...



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IRRELIGIÃO

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

         “Deus morreu” NIETZSCHE

         “Nietzische morreu”  DEUS

 

 

O ateísmo entrou na rota

de colisão, ganhando espaço

na bancarrota da religião.

Perdão: eu disse bancarrota

da religião, não da igreja,

senão vejamos: megatemplos,

megashows gospels, mega... nega...

 

Os anticristos do século 21

— cristãos convertidos

pela ciência positivista —

são os apóstolos inversos

John Allen Paulos, Richard Dawkins

e Christopher Hitchens:

bestseller, logicamente...

 

“Religião não se discute”???!!!

“É o ópio do povo” (diria Marx).

 

Contra as “provas da existência

de Deus” da tradição...

(cristianismo, islamismo...)

a negação de Deus pelas “provas lógicas”

do ateísmo.

 

Que confusão, entende o Barão!

e vaticina (nada a ver com Vaticano)

as duas provas não provam nada

se é para usar a lógica!

ou provam, se é questão de fé...

ou convicção matemática...

 

Se matemática resolvesse mesmo

os problemas estariam resolvidos

(cisma o cético Barão...)

Não, não e não! Ou não...

 

Penso como Barão:

em matéria de religião

— lógica ou fé —

sou como aquele político

de Minas: não sou a favor,

nem contra, alíás,

muito pelo contrário!



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VERDADES INVERÍDICAS (INCRÍVEIS?)

 

 

         “I do not believe in belief.”

         E. M. FOSTER

 

 

Algumas verdades são relativas,

mas eu não sou relativista.

É certo: o sol nasce todas as manhãs;

sempre há mais políticos do que estadistas;

a lei da gravidade é igual para todos

como a justiça oficial dos homens

mas os gordos caem mais depressa

e a justiça não chega para todos

— nem a divina, reza o incréu.


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SER E ESTAR

 

Ser e estar: ser uno e estar múltiplo,

ser indivisível e desfazer-se no ar.

 

Ser vapor, água, e ser cristal.

Estar morto, e reviver.

 

Ser muitos, e ser outros,

sem deixar de ser, renascer.

 

Ser abelha, ser areia, pó.

Estar no mundo, e ser.

 

(Agora traduzam ao inglês...

OK: ser e estar são a mesma coisa.)

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DÍPTICOS

 

 

I

saiba que nada sei,

sei que nada sabes

 

tem mesmo de tudo para

quem não é surdo e mudo

 

quando ele disser adeus

estará mais perto de deus?

 

quase tudo é, apenas,

pouco mais do que nada

 

e agora, José, como acabou

se, em verdade, nem começou?

 

 

II

 

ave maria, cheia de graça,

avestruz cheio de pena

 

do jeito que as coisas vão

é provável que nem voltem

 

as aves que aqui gorjeiam

(já) não gorjeiam como lá

 

o rio que passou por aqui

pode ser que chova amanhã

 

a estrada leva ao fim-do-mundo;

o fim-do-mundo de lá é aqui

 

 

III

 

aquela nuvem parece indiferente

mas, de repente, ela chora

 

o amor que jurou ser eterno,

em verdade, anunciava o inferno

 

hoje, quem diria, era ontem;

e ontem já foi amanhã

 

resumindo:

 

a literatura dele era tão avançada

que nem mesmo ele alcançava

 

finalizando:

 

tudo, nada, amanhã, adeus, pena

— apenas palavras recicladas

 

 

29.02.08

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INSTANTÂNEAS DA MORTE

 

            Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

 

Na ponte, vestido de anjo,

para o salto derradeiro

— com os aplausos de público.

 

A mãe, dolorosa, sobre o corpo

do filho abatido como ave

por uma bala perdida

— mil flashes de celulares.

 

Na cena do velório

visitas assistiam felizes

pensando nos comes e bebes.

 

O atleta excedeu-se no exercício

e despencou para a morte,

mas saiu na fotografia.

 

No enterro, o morto sorria

para os credores desesperados.

 

A viúva olhava o falecido

pensando no seguro de vida

— ele valia mais morto do que vivo.

 

 

*pseudônimo de Antonio Miranda para “cantigas de escárnio e maldizer”... Leia outros poemas do autor em WWW.antoniomiranda.com.br

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1808

       Poema do Barão de Pindaré Jr.*


Não tomava banho e fedia a alho
e cebola e as ceroulas ferviam
nas tardes tórridas
de sua Quinta,
sexta, sábado e domingo.

Era o VI,
o sétimo dia
sem banho,
meu nobre João,
rei expatriado,
sentado em seu trono
de vários continentes.

Entrementes,
ardia e todo mundo sabia
de suas manhas
para fugir dos asseios

quando então
construíram em São Cristóvão,
por artimanhas de médico
e curandeiro,
uma Casa de Banhos
- aromáticos, profiláticos -
em que metia suas banhas.

Dom João VI inaugurou
nosso primeiro spa,
entre outros incontestes
pioneirismos.


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ASSIM MESMO

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

eu já conheço você de algum lugar

esse seu sapato eu já vi em toda parte

você faz parte de um seriado que eu já assisti

 

esses casais passam todos pelo mesmo treinamento

rezam pelo mesmo catecismo até o casamento

só depois é que eles se desentendem

 

a única dialética que ele conhece

é de uma das torcidas de time de futebol:

a mesma coisa do outro lado

 

o presidente usa argumentos tão comezinhos

usa exemplos comuns tão exemplares

que a gente até já sabe o que vai ouvir

 

a frase dele era tão, mas tão original

que eu a coloquei no buscador do Google

e apareceram outros tantos originais

 

 

* pseudônimo de Antonio Miranda para cantigas de escárnio e maldizer. Se quiser ler outros poemas do Barão entre em ... http://www.antoniomiranda.com.br/poemas_barao/brao_poemas.html

(copie e leve para o buscador do Google...)

 

PÊN
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Lazer  —�? Prazer

 

       Poema do Barão de Pindaré Júnior
heterônimo de ANTONIO MIRANDA

 

 

        “Reza” um cartaz
na rodovia:
  “Uns ralam,
outros rolam...”

                        . . .

O nome do motel
é
           SÓ LOVE.

 

       Sei não!
Amor?
Suor...
a preço
de ocasião:
49,99.
Só o quarto,
acompanhado.
Quase nada.
E nada na piscina
por mais um
pouco.
Louco!
Vale mais!
Caro é a companhia
neste tempo de pandemia...
Com máscaras,
sem direito a beijos...

       Desejo e beijo rimam?

 

 

  

                     

               EU NÃO SOU 

                           

                   Poema do Barão de Pindaré Júnior,
                           
pseud. de ANTONIO MIRANDA 

 

 

            Eu não sou branco
                
nem negro
               muito menos amarelo
                                      �? sou azul!
               Lá dentro, na alma
                       por auto-determinação! 

 

               Eu não sou alemão
               nem norte-americano
               muito menos chinês
                                        —sou lunático
                porque vivo no mundo da lua!

                                       �? sou extra-terrestre
               na minha inspiração!

                Eu não sou cristão
                nem muçulmano
                muito menos judaico
                                      �? estou além do zen
                na minha meditação! 

 

                       Não, não, não!  

                                      Sim!!! 

 

 

 

   VERBORRÁGIA CONSCIENTE

          Poema do Barão de Pindaré Junior
(heterônimo de ANTONIO MIRANDA.           

 

         “Afirmava Calímaco que um grande livro
é um grande mal.”  ERASMO DE ROTTERDAM

 

         Furor! Livros cansativos, intermináveis, enfadonhos
�? bíblicos? Os clássicos não lemos mais,
os tratados fatigantes, pedantes. Contendas.
(Palafreneiros...

        Non plus ultra?! Perdoem o meu raso entendimento.
Como Sísifo rolando uma pedra
até ao cume da montanha
ou da Academia de Letras.

        Infinito mensurável, adjetivos!
Sistemas!          Anátemas, gravames.
Estantes lotadas, labirínticas.
Convencidos do nada, convertidos, crédulos,
ridículos. Com seguidores, devotos. Idólatras.
Concluem no prefácio e reconsideram no posfácio.

        Empol   ação. Pecado, no original, sem culpa.
Ecce homo ao sacrifício. Contradicto, sutil,
supérfluo, sub-reptício... Argu-mentiras!
Raios!!!  Pe (s) ca dores.
Interpretação super(r)ada. Discurso sem argu
mento.. Argucia, astucia, angustia. Sortilégio
ou sacrilégio?  Sim: heresia, quem diria!

        Como Erasmo, na LOUCURA e sabedoria.
Como Penélope, desfazendo o texto
da noite, no dia seguinte...

        Vitória pífia... Espera, espora. (Con)sagrada
escritura! Ave Cesar! Apóstrofe cesariana.

 

           (Brasília, durante a Quarentena, 18.05.2020)

 

 

 

COMENTÁRIOS:

 

Magnífico don Mira, supera a tipicidade do Barão... agora Duque... Em estágio avançado de maturidade na escala nobiliárquica das letras...    
ZENILTON GAYOSO �? Brasília, 20.05.2020

------------

 

 

Caramba, Don Miranda.

Parece mesmo uma cacetada pandêmica.      
ANDERSON BRAGA HORTA - Brasília, 20.05.2020

 

          ----------------------------------------------------------

 

 

 

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI

 

(07.05.2005)

 

psicografado pelo Barão de Pindaré Júnior*
*heterônimo de Antonio Miranda.

 

 

Por onde passa boi passa boiada
diz o ditado de origem popular
�? passa trem, passa tudo, passatempo
e se não bastar, passarinho.

 

Vou passar em revista, em revisão
o que escrevi, com o mouse na mão
no “localizar”, buscando as palavras
lavrando os termos da composição.

 

Como não sou poeta de cordel
versejador de improviso e desafio
sem o papel do Patativa do Assaré
�? nem busco rimas no dicionário...

 

Pois é... rimo é no meio, atravessado
em qualquer lugar, e se quiser
e convier. Vou listar o preterido
�? mas nunca o esquecido �? se se quer.

 

Apenas para constar, não é?
Não falei de cafuné, axé, pois não.

Nem de rapé, axé e bicho-de-pé

Porque estavam, pois sim, subentendidos.

 

Esqueci da Marta Rocha e suas polegadas
a mais, e dos versos preferidos
do Bilac, nem citei as vaquejadas
nem o cadillac do JK no museu.

 

Deus meu! esqueci até da devoção                
a Nossa Senhora de Aparecida. Sacrilégio!
O Auto da Compadecida e o Cícero Romão
de nosso culto, romaria e sortilégio.

 

Deixei de lado até mesmo o futebol
e suas / nossas / deles glórias eternas
o arrebol do Araguaia �? e levo vaia
por olvidar as chacretes e suas pernas.

 

Samba de crioulo doido, branco azedo
do nissei, do sansei e do não-sei
esqueci a lira do Álvares de Azevedo!!!
Tive medo de citar o Pres. Figueiredo.

 

Passaredo, Passa Quatro, Pajuçara.
Esqueci Araraquara e até a capivara
Onde ponho a Xuxa, o Pelé e o Gegê
Quem se lembra?!) e os ídolos da Tevê?

 

Quem não comunica se trumbica
dizia o filósofo Chacrinha �? um ventríloquo
com o relógio na pança. Como fica?!
Ubíquo? E o “Criança Esperança?”

 

Em verdade, os digo, falei de todos
eles, de tudo, nas entrelinhas
das verdades comezinhas, modos
de ser, de falar e de representar.

 

Somos múltiplos, prolixos, discursivos
misturados, uma salada �? Xtudo.
Os preferidos de Deus, predestinados
e tudo o mais... e fico mudo.

 

 

 

===================================

 

DILEMA MALTHUSIANO

Poema esperpêntico do
Barão de Pindaré Júnior

Sete bilhões de pessoas no mundo:
fornicando, mijando, cagando.
Sim, mas trabalhando, rezando!
Certo, mas os que trabalham

também mijam,

os que rezam também fornicam...
Pare com esse poema sujo,

imundo, fedorento!!!

(31.01.2019)

 

 

 


VIVIDO
IDO

VIVIDO
IDO

VIVIDO
IDO

VIVIDO
IDO
o
.


(?ltimo poema do
BAR?O DE PINDAR? J?NIOR,
heter?nimo de Antonio Miranda,
dezembro de 2018,
para uma camiseta de despedida)

 

 

Jean Genet: www.amazon.fr

 

JEAN GENET REDIVIVO

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Vou pro purgatório com Genet.
         Estou sujeito ao contraditório,
         repulsivo, excluído
         do pensamento conciliatório
         — na contramão do não,
         porque sim!!!
         senão, vexatório...
         Revolu/rea/cion-ário!
         Precário, perdulário!
         Ord-inário!
         Gen(et)ial.

 

                   Brasília, 5/11/2018

 

 

 

TUDO NOS CONFORMES

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

 

O empresário para o político:
— Tudo nos “conformes”: ganhamos
as (i)licitações conforme planejadas...
O político: [“sim”].
— Assim mesmo! Agora, o quê,
como fazer?
— [“sim”] ...
— Tudo certinho, ou...?
— (...)
Certinho, então: fazemos as obras
conforme o contrato. Mas, então,
não cabem propinas, conforme...
— (...)
— Ou... fazemos tudo pela metade,
camada fina de asfalto.. E dividimos
os “lucros”... No ano que vem
tudo vai estar esburacado!...
Novos contratos... Novas propinas,
conforme...
— [Assim, sim]  Mudo, o político,
evitando gravação inconveniente.

 

                Brasília, 13/03/2017

 

 

O CASO DO VIRO AECIO EGIPCIO E O DENGO

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

         O Barão registrou um pronunciamento
         da PresidANTA em que ela afirmou
         que o VIRO, sim, o viro AECIO EGÍPCIO
         tem seu lado bom e seu lado mal:
         deixa as pessoa com DENGO,
         mole mas com a vantage de ganhar
         férias antecipada; o pobrema
         é o CHICO CUNHA que pode
         até matar!!! Lá na Paraíba
         tem a ZICA, que fura as barriga
         das grávida e as criança nasce
         com a MICO ENCEFALIA que reduz
         a cabeça delas se ficam aleijada
         e não dá nem pra jogá bola;
         mas no Ceará, onde as criança
         nasce com as cabeça grande
         e chata, a ZICA corrige tudo.
         Deus sabe o que faz!

          

 

 

 

O PAGODE DA VELHICE

 

Na velhice, repararam? as
nádegas dos homens emagrecem
e as das mulheres crescem.
Os homens ficam carecas,
caretas, buscando pererecas
enquanto... podem!
Quem não pode
se sacode no pagode.

 

 


 

CARTAZ NO RESTAURANTE POPULAR

 

Depois dos sem anus,
perdão, dos cem anos
hôme com fome
não paga, mas também
não come. Nem caga.

 

 

18.12.2017

 

 

 

PODE SER QUE SEJA...

 

         Dizem: dinheiro
         é muito pra quem paga
         mas pouco para quem recebe...

         O machão percebe, na cama —
         "pode ser que seja
         mas também
         pode ser que não seja..."

         —"Contigo, é só fama!"

         É demais pra que paga
         menos ainda pra quem recebe...

 

 


 

       INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
        

         Nenhuma igreja
         aceita a outra!
         Nenhuma?! Na prática
         nem a igreja da mesma
         religião... Sim ou não?

         No discurso, sim...
         Na prática... depende...
         Sei que ofende
         mas é assim... mesmo!

         No discurso, é diferente.
         Ecumenismo, irmandade...

         Pode ser que sim,
         mas também pode ser

                                           que não seja.
         Veja: na realidade, o quê?
         O preconceito, a luta
         pelo território, o poder,
         o mercado. É pecado concordar?

         Na religião, em tese,
         é diferente... Solidariedade
         igualdade e fraternidade.

         Notícia na TV, melhor não ver!
         Atentado na... Melhor ficar
         por aqui... Nem ouvir...

                   Brasília, 17.12.2017
        
        

 

 

 

 

 

 

From: http://comunikidiomas.blogspot.com.br

 

ABREVIANDO PARA AMPLIAR

               (dizer + em – tempo)

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior*

       
        Algumas línguas
        são mais rápidas que outras!
        Palavras, mais curtas,
        sons combinados, ritmados,
        sincopados:
                         traduzir
        é complicado...
        a dublagem não acompanha
        o original, descompasso.
        O discurso é mais curto,
        a expressão mais produtiva
        como no Inglês! O Francês é lento...
        O aplicativo acelera;
        na língua de sinais, então...
        Então, nas redes sociais
        abreviamos as expressões:
        vc, tb, Ñ.
        A língua, na boca,
        se atropela, na goela, em Portugal.
        Dialetos sem alfabetos...
        Algumas línguas são melódicas – o Italiano,
        umas ideogrâmicas, outras gramaticais,
        prosódicas — o Castelhano
         — e o Japonês? Cê que sabe.

       

        *heterônimo do poeta Antonio Miranda.

       

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NÃO SEI

            Poema do Barão de Pindaré Jr.
                (heterônimo de Antonio Miranda

     
No sei o que eu quero.
         Sinto duas almas em mim.

                                  SAFO

         Pode ser que sim,
        mas pode ser que não seja.

        Veja: nem esquerda nem direita
        — as duas, ou nenhuma.

        Alguma há-de servir-me!

        Apenas sei que não sei...
        Ser cristão e, nietzscheanamente,
        um anti-Cristo. Desisto!

        Sou maranhense, mas carioca
        de espírito — carinhense.
        Francamente, ainda nem nasci
        mas me reconheço:
        começo pelo fim
        para chegar ao começo.

        Duas pessoas em confronto:
        pronto, é o que sou.

 

                Chácara Irecê, Cocalzinho, GO, 28/10/2017

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VIVER  N O    F U   T    U     R      O

 

      Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

 

Assim mesmo: a m   a    n    h     ã
é
hoje.  Antecipada / mente...
Perspect (at) ivas !
Amanhã é ontem.

Quem du / vida ?

                    Brasília, 04 de outubro de 2017
                        perdão, 05 de outubro...

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DIZ – CURSO


       com     por


       ta        mento


       até que


       vir       emos


       cor      pó !!!

 

 

       Des     culpem


       o mau gosto...
 

 

 

 

       Brasília, 02.09.2017

 

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ESCRITURA AUTOMÁTICA

 

        Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

 

Estive a ouvir-me noite e dia
— era pura poesia,
poesia pura! Segura
mente. Ente: criatura.

 

As ideias banais resultavam
geniais — e queria mais:
estava louco, achava que era
pouco...

 

Em que me meto: tudo vira soneto;
quando estou mal-humorado
escrevo um verso canforado,
perfumado!

 

        Alegre ou triste
        dedo em riste
        como açoite
        — da manhã até a noite!

Toada, trovoada...
Cerne: celebro o cérebro,
marvada carne
— eufemismos, narcisismos!

 

                02/11/2017

 

 

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AMOR E AMIZADE

 

 

Amor sem amizade
não sobrevive;
sobre, vive, mantem-se
por contrato ou necessidade.

Provisório ou ex-cêntrico...
Usa e abusa... Ilusório.

Amor: Levado em vez de elevado?
Instinto ou indistinto —
em vez de atração pelo cheiro,
será aproximação por identidade?

 

A relação é de reciprocidade?

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O CONFORMISTA


             (Poema do Barão de Pindaré Júnior,
                heterônimo de Antonio Miranda)

              "O homem das multidões quer encontrar o reflexo do 
                  outro".
  MICHEL ONFRAY


 

         Mediado pela alteridade, imita, copia, segue e venera.
        Obedece. Não transcreve nem interpreta:
        plagia, repete. Sempre exterior. Servidor fiel
        das divindades ao seu alcance... Mimético, segue
        a moda vigente, ou o uniforme da conformidade.


        Horror ao contraditório, identidade emprestada
        e se diz feliz sendo outro. Aderente, ardente 
        e ferveroso seguidor do evidente,
        corta-e-cola da mesmice.


        Você que lê, como se vê?
        Igual ou diferente? Indiferente?

 

                   Brasília, 15/07/2017

 

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SONETO ECONÔMICO
SOBRE O TITÂNICO E TIRÂNICO

 

   1    PRIVILÉGIO

                2                      = DIREITO ADQUIRIDO...

 

                3    ÉTICA,


                4                      QUESTÃO DE ÓTICA?

 

                5    ORÇAMENTO

                6                      É SÓ FINANCIAMENTO?

 

                7    INVESTIMENTO: SINÔNIMO

 

                8                        DE IMPOSTO E PROPINA.

 

                9    RENDA                
                                       — PRENDA E ARRENDA.

 

               10    ARRECADAÇÃO:

 

                11                      PREVISÃO - PREDAÇÃO?

 

                12   SUBORNO

 

                13                        E SUBORDINADO.

 

                14            HÃO     OU     NÃO ?

 

 

                                Brasília, 13/07/2017              

 

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QUALQUER SEMELHANÇA COM OS TEMPOS ATUAIS É....

 

Tempos difíceis... Por este motivo o BARÃO DE PINDARÉ JÚNIOR acaba de escrever um poema de perplexidade sobre a atualidade brasileira...   \\

 

     RAZÃO CONTROVERSA

 

       Poema do Barão de Pindaré Júnior,
                heterônimo de Antonio Miranda

 

        Baixarias generalizadas, exegetas
        da controvérsia, epígonos ulcerosos.
        Opostos justapostos, enfrentamentos
        subjetivos, subterfúgios litigiosos.
        Razão controversa!!! Contra
        posições despistadoras,  velhacaria...
        Cínicos, disfarces cínicos, apartes
        conflitantes ou dilacerantes. Vale tudo.

Há provas irrefutáveis contra os inimigos;
apenas ilações, maledicências,
perseguições contra os seus/deles amigos...
Por isso é que precis
amos onze, quinze, vinte
e um juízes, apelação,
adia
(nta)    mentos  — $$$$$ —.
Constatações x contestações!

Sim como não, não como sim.
Sei não. Maiêutica kunista...

        Brasília, 13/07/2017

(no dia da condenação primeva do Lula na Lava Jato e da adminissibilidade da acusação contra Temer na CCJ).

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                PROPAGANDA ENGANOSA…

 

 

         "Seja você mesmo!"

 

         Outro, agora eu não sou.


         Amanhã, talvez,
         no futuro, com certeza...

 

                   (07/06/2017)

 

 

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ESQUERDA - DIREITA NO SÉCULO 21

 

Só reconheço alguém da esquerda
se ele for
canhoto!

 

Barão de Pindaré Júnior. 15/05/2017

 

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INUSITADO

             Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Que lindo!!! Cena inusitada:
         um casal de idosos — idosos mesmo!
         de mã
os dadas
        caminhando pelo parque...
        — Que lindo! — gritei para eles,
        surpreendidos.
        — Amor eterno! – completei...
        — Nos conhecemos mês passado
        numa festa. Estamos namorando, né...
       
Pois é...
Os namorados apaixonados
andam de mãos dadas;
os casados nem sempre...

 


                        Brasília, 23.04.2017

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NO FUTURO

 

        Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

 

No futuro todos seremos
inteligentes:
no futuro prolongaremos
nossas vidas
quanto quisermos,
mas não estaremos vivos
para usufruir de tudo isso.

 

 

Lima, Perú, 17/10/2011

 

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*
*   *

*   *   *

NARCISO

quando
ainda  jovem
diante do espelho

apaixonou-se

por si mesmo:

 

d EU s

======

 

poema visual do
Barão de Pindaré Júnior
(heterônimo de
Antonio Miranda)

 

 

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CONSUMIDORES

     Poema do Barão de Pindaré Júnior
         (heterônimo de ANTONIO MIRANDA)

                   " Fé cega, faca amolada."
                   João Cabral de Melo Neto

 

As prateleiras dos supermercados,
as gôndolas dos empórios
e até as vitrines das lojas e butiques
não deveriam ostentar
os preços
dos produtos à venda.

Não!

Deveríamos averiguar as coisas
em si mesmas,
em sua existência e essência,
escolhê-las pelo prazer de tocá-las,
de entendê-las em sua inteireza
e beleza. Com intimidade.

Não devemos segregar as pessoas
por seu vestido de grife, seu carro reluzente,
gente de fachada. Castas, sobrenomes,
títulos, partidos políticos e religiões
rotulam, postulam
— seguidores de modas, facções,
multidões arrebanhadas,
manadas. Seguidores de circunstância.

Consumidores do mundo,
torcidas fanatizadas,
adoradores de totens
e multidões devotas, domesticadas

desuní-vos!!!

 

                 (Granada, Nicaragua, 17.02.2017)

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MANHÃ

 

     Poema do Barão de Pindaré Júnior
         (heterônimo de Antonio Miranda)

 

Galinhas alvissareiras
com óculos espalhafatosos
celebram a manhã
e as árvores circundantes
acordam dançando frevo
para animar o dia.

Haja trepidação e alegria‼!

As flores abrem os olhos
sonolentas, com o colírio
da neblina;
pássaros viajantes
pousam cantando rock
para avivar a estação.

Haja estridência e verão!

Sempre é assim, ou não…

 

        Brasília, 2017

 

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MULTIDÕES

              Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

                “Fé cega, faca amolada”.
                
JOÃO CABRAL DE MELO NETO

 

         As prateleiras dos supermercados,
        as gôndolas dos empórios
        e até as vitrines das lojas
        não deveriam ostentar
        os preços
        dos produtos à venda.

        Deveríamos averiguar as coisas
        em si mesmas,
        escolhê-las pelo prazer de tocá-las,
        de entende-las em sua inteireza
        e beleza. Com intimidade.

        Não devemos segregar as pessoas
        por seu vestido de grife, seu carro reluzente,
        gente de fachada.  Castas, sobrenomes,
        títulos, partidos políticos e religiões
        rotulam, postulam
        — seguidores de modas, facções,
        multidões arrebanhadas,
        manadas, seguidores de circunstância,
        fanáticos.

        Consumidores de mundo, torcidas
        fanatizadas, adoradores de totens
        e multidões devotas, domesticadas

        desuni-vos!

 

 

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O AÇOGUEIRO E AS PALAVRAS

 

         Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

No labirinto de palavras
a razão soçobrou...
Perdição intelectual”, adverte
Karl Popper. Com palavras,
não!    Não “abandonar
problemas reais
em favor de problemas verbais
”.

 

Meu problema real: o bisturi.
Anestesia física, longe
de questões metafísicas...
As palavras devem sobreviver
mas em transformação
— eu não, somente nas palavras
vou sobreviver
à transformação inexorável no depois:
pois pois, diz-me o filósofo
português do açougue.

 

Nada de “universais!”
— jamais! — na hora do corte
com a dúvida da morte.
Sorte?! Ou a certeza
— qual o significado, na realidade?—
da capacidade do açogueiro
cirurgião, pergunta o Barão...

 

         Brasília, 05.01-2017        

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PORQUE ME UFANO

 

       Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

O Governo vai decretar
 — para elevar nossa autoestima:
o Brasil então vai ser
um país bilíngue!
português e inglês
serão línguas oficiais.

O Barão, muito orgulhoso,
declarou pelas redes sociais:
— valha o nosso patriotismo!
Agora seremos analfabetos
em duas línguas...

 

              11/11/2016

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A FORCA E O CONDENADO: PODER PODRE

 

                              Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

O governo garante
imparcialidade
e apoio às investigações
— embora seus membros
estejam sendo investigados.

 

O governo revela indignação
e até revolta com a ação
da Justiça na perseguição
“seletiva“ a um seu ex mandatário!
— e ”promove” o foro privilegiado
para protegê-lo
mas diz defender a autonomia
da Justiça.

 

Paradoxo: como é possível
a relação entre o enforcado
e o seu juiz executor?
É masoquismo ou suicídio?
É ajudar a carregar o caixão
e ir a fundo, ao alçapão?
E então: Sim ou não?

 

Brasília, 14 mar. 2016

 

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CASA-MENTO X CASA-MINTO

 

          Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

 

O Barão não é contra o casamento gay
— é contra qualquer tipo de casamento:
não é contra o casa-mento,
é contra o casa-minto...

Case quem quiser,
viva como quiser-em-paz
(ou no hospício, manicômio, presídio).
Pode ser um precipício, um estropício...

O Barão defende a união
— não defende a comunhão
de bens, haveres, poderes, dotes.

Defende os que vivem-em harmonia,
até em quartos
separados: é mais higiênico!

 

***

Em casas separadas! Mas bons camaradas.
O Barão defende união... estável
estejam onde estiver-em ... paz e harmonia.

O Barão (não) defende qualquer coisa:
des(união), a desagregação
(troca de casais e outras coisas mais...)

O Barão é a favor
de qualquer tipo de relaciona-
mento: eu aqui, você lá...
você com outro, eu com todas!
Bom mesmo era o Padre Beleco, lá em Timon, no Maranhão:
casava a velhinha com o cachorro e abençoava a união
— jura-mentava —do velhaco com a jumenta de estimação.
Unifi-cados: cada coisa com qualquer coisa.

 

 

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A QUADRATURA DO Ó

 

          “É  óbvio que eu fujo do óbvio.”
                    
Barão de Pindaré Júnior

 


a dificuldade do fácil
e a facilidade do impossível;
a certeza de certo político;
a admissibilidade do inaceitável;
o viável do inativo;
o volúvel do imóvel;
a clareza da incerteza;
o paradoxo do paradigma;
a validade do inválido;
o quase nada de tudo,
contudo, não obstante.

O pensamento do vento:
a rima do acima!!!

Valha-nos deus que somos ateus!

O Etc do Finis. Nunca é: quase sempre!

O improvável: com certeza.

(18/01/2016)

 

 

 

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É MESMO?

 

 

          Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

 

 

“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.”

          LAVOISIER

 

 

Como diz a musiquinha do Carnaval:

Pode ser que seja, mas também
“pode ser que não seja.” JORGE VEIGA

Quantos números existem entre o 1 e o 2?
   Só depois: de vocês dois, pai e mãe,
       nascemos nós todos!

E a multiplicação das formigas ,
dos gafanhotos,
dos átomos,
                  dos pobres?

 

Na vida tudo se cria, tudo se perde, tudo se transforma.

                    (18/01/2016)

 

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MINORIAS

Terceto do Barão de Pindaré Júnior

 

 

 

 

Disse o banqueiro, com convicção:
Eu defendo as minorias,
eu defendo os ricos
!”

 

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NEM EU

Poema do Barão de Pindaré Júnior


“Deus, sendo bom, fez
todas as coisas boas.
De onde então vem o mal?
(Santo Agostinho, “Confissões”)

“O mal (e o bem)
vem do homem”
(Czeslaw Milosz, poeta polonês
ganhador do Nobel de Literatura)

Concluindo:
Deus criou o homem.”
— Entendeu(s)? Nem eu(s)!

 

 

Depois de escrever estes poemas, o Barão se lembrou daquele papa polonês ao Museu do Holocausto, horrizado com a tragédia humana, se perguntou: “Onde estava Deus?”, pergunta que fizemos quando aconteceu o terrível terremoto do Haiti.

O Barão comentou o poema com uma amiga religiosa daqui e ela olhou-o como a enxergar um ignorante sem fé, disse: “Ora, Deus nos deu o livre arbítrio!”. Pois é, resposta tão inteligente!!! Aí o Barão perguntou: “e para que serve o livre arbítrio para tanta gente ignorante (como eu...), tantos degenerados, doentes mentais?”  Ela olhou-o com ódio...

 

 

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Thomas Malthus, 1766-1834

 

REVIVENDO MALTHUS

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Sessenta milhões de refugiados em 2014!
(Milhares morrem afogados.)
A temperatura do planeta cresce 2 graus centígrados.
Jovem invade igreja e mata fiéis.
Presidente do Congresso garante:
a criminalização da homofobia não passa!
Quem não estiver conosco é inimigo,
declara o Estado Islâmico.
(Ou foi o partido do governo?)
Seria possível um mundo
com vinte e tantos bilhões de habitantes?

Entenderam, não é?
Boa noite, agora vamos falar de futebol
e carnaval. Ou desliguem o smartphone.

 

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PROPINODUTO DO PETROLÃO

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

O delator revelou com convicção:
não existe doação de campanha...
só mesmo a maldita barganha
em tamanha malandragem

 

o dinheiro vem da “engrenagem”:
ou estão pagando vantagem devida
ou a cobrança vem depois da eleição...
Desgraça: dinheiro não vem de graça.


 

 

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INESQUECÍVEL

     Poema do Barão de Pindaré Jr.

         

Nos vimos numa galeria de arte:
você era uma pintura em trânsito,
eu era uma escultura manipulável.

Um happening,
uma instalação transitória.


Saímos de mãos dadas
em direção ao hotel
onde nos desmontamos,
dialogamos nossos corpos
(lugar-comum em qualquer lugar),
descobrindo superfícies
e profundidades do momento.


Foi eterno enquanto durou,
como Vinicius vaticinou.


Como era mesmo o seu nome?

 

Madri, 15/10/2014.

 

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EXCELLENCE

 

Só tem dois lugares no mundo


onde se come bem de verdade:


no Maxim´s de Paris


e no Muvuca´s de Guaratinguetá...


O resto é fastifúdi.

 

 

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GOLL!!!

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

 

Quando eu era garoto
(bem maroto, por certo)
meu pai queria me enquadrar:
ele gostava de futebol
eu também deveria gostar...
Perto de casa tinha um campo
para a pelada da garotada.
Ele me presenteou com o uniforme
completo: calção, chuteira..
Tudo dentro dos conformes...
Conformado, sem entusiasmo
eu me fantasiei e fui a campo.
Eu corria muito... fugindo da bola.
Gritavam: olha a bola!!! Olha!!!
Ela caiu no meu pé.. Chuta, chuta!!!
Meio biruta eu dei um pontapé...
Golllllllll!!!! Foi o meu primeiro
e último gol:
contra!...

 

Brasília, 25/12/2014

 

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VATICÍNIO

 

          Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Valha a boa notícia, que nem é nova:
o Papa — que se comunica
diretamente com Deus — reza
pelos mortos na Turquia e em toda parte,
exorta à paz na Síria e em todo lugar,
roga pelos imigrantes famintos
e por mais tolerância e amor
nas relações humanas.

Quem duvida da boa intenção,
perdão, da melhor intermediação?

“Tudo vale a pena quando
a alma não é pequena! —
vaticinou Fernando Pessoa.

O Barão de Pindaré Júnior apela
ao Vaticano em favor de uma agenda
preventiva, positiva, propedêutica:
que ele reze antes das guerras começarem,
dos terremotos, tsumanis, deslizamentos de terras,
para prevenir discórdias raciais, massacres,
confrontos entre religiões, em favor
de multidões ameaçadas, dissidentes eliminados,
terrorismo e espoliação, insegurança e medo.
Etc, etc, etc, etc. Rogai por nós!!!

É melhor prevenir do que remediar...

 

 

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CASAMENTO  - CASAMINTO]]

 

Casou,
descasou,
casou de novo:
cada vez mais exigente.

 

Ou seria mais condescendente?

 

 

Campo Grande, MS, 8-5-2014

 

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MORRENDO EM SI

          Poema do Barão de Pindaré Jr.

Por capítulos, sem pressa,
saindo de si para o Além:
mais depressa do que pensa,
apesar de exercícios e de rezas.

Mudando de endereço
para que a Morte não a encontre.

Cremes e plásticas constantes
recortadas as peles e os anos,
numa arqueologia reversa,
extirpando o já gasto e o gosto.

Usa pseudônimos para
não ser reconhecida.

Buscando um espelho opaco
que lhe encubra o passado,
apague memórias e fracassos
evitando o atrás e o atroz.

Estudou muitas línguas para
disfarçar origem e descendência.

A idade é relativa (?) mente
um estado de espírito — crê?
Mente para si, e acredita
em ser vista como ela se vê...

Francamente: difícil mesmo
é calçar as meias estando de pé.

Vida no photoshop, pincéis,
cabelos postados, atualizados,
dentes implantados, empostada
voz de artista adolescente.

Em circunlóquios, perdida,
afinal, surpreendida, e venc(ida).

Porto, Portugal, 24/9/2013

 

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CRISE


     Poema do Barão de Pindaré Jr.

Subindo
             e
                descendo
ladeiras
                medit
                          a n d o:
Portugal de antes
                          no hoje
eu, hoje
            (no antes)
               diante
                  do
             presente
            indagando
            divagando
         sobre o futuro

               Ai, é?
            E depois?

            Pois, pois.

Porto, Portugal, 24/9/2013

 

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NINGUÉM MAIS...

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Ninguém mais dança: balança
o esqueleto.
Ninguém mais faz amor: se pode,
transa.
Ninguém mais conversa: chat
eia!
Ninguém mais apaga a letra: deleta.
Ninguém mais tem bicicleta: tem bike.

Mas eu quero dançar, fazer amor,
conversar!!!  Andar de bicicleta!!!

 

Chácara Irecê, 07/07/2013

 

 

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NEVASCA
(Boston, 09 fev 2013)

 

          Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

O frio está de matar!!! A neve
já ameaça desabar o teto.
Estamos preparados para o pior:
se faltar luz, vamos queimar,
na lareira, os móveis vitorianos
de nosso tetravô e as edições princeps
de Shakespeare, que ainda nem lemos.
Para algo servem, não é mesmo?


 

 

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SÍ ES SI


A mulher que teve um filho
do cachorro;
a galinha que canta
o hino nacional;
a caneta que escreve
sozinha;
o guarda-chuva para ser usado
dentro de casa;
amanhã é sempre depois
e é sempre ontem.

Cansei, vocês continuam...

 

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CÍRCULO AMOROSO

             Poema do Barão de Pindaré Jr.



Carlos amava Mário, que amava
Manuel que amava
Cecília Meirelles
— que se intitulava poeta
em vez de poetisa.

                                                19.11.2012

 

 

 

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PORÉM

             Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

É certo que a religião
faz muito bem
ao espírito.
A poesia também.
Não menos, a culinária.

Porém...

A religião pode levar
ao preconceito
e ao fanatismo.
Um mau poema
mediocriza,
e a comida errada
causa enjoo
e diarreia.

                                      21.11.2012

 

ANATOMIA FEMININA

 

Cabeça
Tronco

Membros
e Bolsa.

 

Brasília, 19-05-2012

 

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BRICS : BRICOLAGENS SOCIAIS


               Poema do Barão de Pindaré Jr.

I

 

cidades-satélites gravitando em pó, lixo carregado em containers de ouro para os cofres subterrâneos, lantejoulas de puteiro, galinhas alvoroçadas, crianças famintas vomitando o que não comeram: haja expectativa, dez igrejas evangélicas no percurso, ônibus atolados, despedidas

 

II

depois veio a CPI da farofa e o MP embargou a venda de preservativos reciclados, o último candango jogou-se do prédio do Banco Central: libertas quae sera tamen, os políticos fizeram discursos inflamados de despedida e a igreja mais próxima faturou com missas e homilias. Famílias na fila esperando esmolas, com sacolas vazias

 

 

III

 

 

o PIB inchou, as universidades diplomam aos milhares: dissertações clonadas — mais sobre o mesmo e um Prêmio Nobel há de vir! Quantidade centrifuga a qualidade — aí está o exemplo de outros países, haveremos de!!! Habemus vacas e entulho, fiat lux!!! O lixo é um luxo...

 

No mais, tudo bem. Salve-se quem puder. Amém.

 

Brasília, 29-04-2012

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PROMISCUIDADE SEXUAL

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Adão gerou Eva. Creiam ou não.
Depois veio a tal serpente
e a maçã. Quem desmente?

Expulsos do paraíso dedicaram-se a procriar
e a povoar o mundo. Tiveram muitos filhos.

E depois? Como explicar?
Adão fez incesto com as filhas,
Eva, já em pecado, fez o mesmo...
Irmãos com irmãos, tios com sobrinhas,
primos entre si, sucessivamente,
sucessoriamente...

Até que alguém decidiu colocar ordem
naquela sacanagem toda:
a religião considerou tudo pecado,
a lei criminalizou as relações incestuosas
e a medicina mostrou os riscos da consanguinidade...

Entendam bem: a procriação não era um plano divino.
A partir daí os padres assumiram o celibato
impedidos de comer maçã, fruta malsã...

 

Brasília, 7 de abril de 2012.



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CADA UM, CADA QUAL

 

Cada um chega à glória como pode:
com o cérebro, com os pés,
com a genitália.
Valha a velha lei da oferta e da de(s)manda.

 

 

 

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ENTENDEU?

Naquela tragédia
morreram quinze pessoas,
duas ficaram paraplégicas,
cinco gravemente feridas.

Uma se salvou,
graças a Deus,
porque transnoitou na gandaia
e não foi trabalhar
naquele dia!!!


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MÁXIMA

 

Você quer o máximo
mas dá o mínimo...

Eu dou o mínimo
e espero o máximo!

Assim não dá... dizem!!!

 

 

 

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BONITA POR DENTRO

        Poema do Barão de Pindaré Júnior

Existem mulheres bonitas
por fora e, outras,
bonitas por dentro.

 

O malandro perguntou:
— Bonita por dentro?!
Por onde eu entro?

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POÉTICA
 
                Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

Algumas palavras
vêm do som,
outras da forma.
Onomatopeias e ideogramas.
De onde vem
a palavra
esquerda
escrita da direita
para jamais?
Só os muçulmanos
vão na direção contraria,
bustrofedicamente.
Alguns poetas
vão para o alto
— Murilo Mendes, Jorge de Lima! —,
outros vão para
debaixo da terra.
Irei com eles
e meus livros virarão
pó.
Outros poetas curtem
o pó antes de mim.

 

Brasília 27-08-2011

 

 

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MÚSICA TECHNO

       Letra de música do Barão de Pindaré
       (a música a gente baixa da internet, pronta)


um elefante chateia muita gente
dois elefantes chateiam muito mais
três elefantes chateiam muita gente
quatro elefantes chateiam muito mais
cinco elefantes chateiam muita gente
seis elefantes chateiam muito mais
sete elefantes chateiam muita gente
oito elefantes chateiam muito mais
nove elefantes chateiam muita gente
dez elefantes chateiam muita gente
onze elefantes chateiam muito mais
doze elefantes chateiam muito mais
treze elefantes chateiam muita gente
catorze elefantes chateiam muito mais
quinze elefantes chateiam muita gente
dezesseis elefantes chateiam muito mais
dezessete elefantes chateiam muita gente
dezoito elefantes chateiam muito mais
dezenove elefantes chateiam muita gente
vinte elefantes chateiam muito mais
vinte e um elefantes chateiam muita gente
vinte e dois elefantes chateiam muito mais
vinte e três elefantes chateiam muita gente
vinte e quatro elefantes chateiam muito mais
(eu paro por aqui, a música continua)

 


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BOMBA DEMOGRÁFICA

        Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

Solução inteligente:
menos gente!!!

Não é questão de preservação,
mas de preservativo.

 

        Brasília, 26 de agosto de 2011

 


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REPONDA, POR FAVOR,

por que a sombra

não tem cor?!


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QUE FAZER COM SEU FILHO EFEMINADO?

         Poema-solução do Barão de PIndaré Jr.

Pense bem antes de tomar a decisão!

(  ) Boto ele pra fora de casa e pronto. Apronto uma!
(  ) Alisto ele no Exército. Exercito minha autoridade.
(  ) Faço pra ele uma assinatura da Play Boy. É boi ou vaca, nada de meio-termo.
(  ) Levo ele para o prostíbulo mais próximo! Tem rima pra isso?
(  ) Boto ele num colégio de padres, frades, confrades.
(  ) Dou uma surra pra ele mudar de ideia. Wanderleia, é  o nome que ele adota...
(  ) Mando ele pra Califórnia. Ou para a Bosnia, bem longe.
(  ) Compro pra ele uma fantasia de Carmen Miranda.  Anda e desanda como quer!
(  ) Desfilo com ele na Parada Gay da Avenida Paulista.  Machista, eu heim?!
(  ) A opção é dele, não estou nem aí. E daí?
(  ) Não é opção, é genético, o avô também era.. . Vera, era o nome dela...
(  ) É dele, pode dar à vontade. Sem maldade, gente!!!

 

 

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SEXOS

         Poema do Barão de Pindaré Júnior*



O Barão sabe o que diz:
sexo não é mistério, pelo contrário,
é caleidoscópio, em qualquer posição.

Dois é pouco, dez vezes dois
e o que vem depois.
Pênis e vagina não são sexos
mas reflexos
de todas as fantasias — cavidades,
protuberâncias, excreções, sucções,
exceções, sinuosidades, insinuações.

Certo estava o Padre Beleco
lá no interior do Maranhão.
Por qualquer tostão
casava jegue com velho,
menina com assombração,
viúva com janela,
prostituta com pelotão,
e na última quarta-feira
casou o bispo com a bananeira.

E haja banana de recompensa!

 



heterônimo de Antonio Miranda para textos satíricos, perversos, espertênticos e até politicamente incorretos
.

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PROCISSÃO DE PÁSCOA

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Sábado de Aleluia, chuvoso, triste,
lacrimejante. Uma procissão andante
pelo asfalto molhado, a passos graves.
Fiéis vestidos com vestimentas vetustas.
E um Cristo esquálido, seminu é açoitado.
Debaixo da chuva. O público na calçada
e nas janelas, Nossa Senhora debaixo
de um guarda-chuva encabulado.
Os centuriões saíram das  academias
de ginástica e das rodas de capoeira.
Que sadismo contido, que encenação
de gibi e video-game!!! Sob o olhar
de celulares com câmeras fotográficas.
Jesus Cristo agonizante, cambaleante
no asfalto. Gritos de dor, estertores.
Seminu. Esquálido. Debaixo de chuva,
calçando uns tênis reluzentes. O diretor
de cena sabe que tudo é mesmo assim:
a imaginação e a fé.


                3/4/2010

 

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INSUBSTITUÍVEL

 

Tem sempre gente
- sim ! -
melhor do que a gente.

 


Pseudo-haicai do Barão de Pindaré Júnior

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ARCA DE NOÉ

Poema do Barão de Pindaré Jr.

 


Da Arca de Noé viemos todos
os sobreviventes. Animais errantes.
Éramos muitos mais, muitos mais!!!
A arca era pequena, salvaram-
se poucos daquela biodiversidade:
felinos, eqüinos — mamíferos,
herbívoros
e até as moscas e as baratas
que se salvaram por conta própria.


*Heterônimo de Antonio Miranda para cantigas de escárnio e maldizer.

 

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LETREIRO NA VENDINHA
(leia-se:)

se eu fio,
abunda o
cheque sem fundo;

qu´é qu´eu
faço?

confio ou
enfio

no fiofó?


                Brasília, 01-01-2010


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NÃO HÁ MAIS POETAS COMO ANTIGAMENTE

               Barão de Pindaré Júnior

Não há mais poetas como antigamente:
multidões esperando-os nas estações.
Edições atrás de edições, saraus
e academias saudando-os freneticamente.

Ouviam estrelas, tocavam harpas
e até lançavam farpas, vitupérios,
faziam vigília, louvavam Marília,
morriam de amor
e tuberculose,
ou de overdose
absyntho, droga
ou de remédio.

Agora morremos de tédio.

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DIÁLOGOS

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

 

não sei o
que falo
            — mas sei
o que você
ou(vê):
            eu disse
uma coisa
                você
ou(viu) outra

 

eu falo
e você entende
falo

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                                    C
POEMA FU K
                                                     N
                                                  

                                               (letra de música
                                              
do Barão de Pindaré Júnior)

 
Como na Internet nada de cria,
tudo se plagia,
eu hackeio o poema
do Augusto de Campos/Gilberto Gil/Caetano Veloso

                                                       BATMACUMBA...

 

C A D E L A
C A D E L
C A D E
C A D
C A
C
C A
C A D
C A D E
C A D E L
C A D E L A

                        em versão definitiva:

 

                       C A D E L A
                       C A D Ê
                                   E L A
                                   É
                                   E L A
                                     É
                         C A D E L A
                         C A D E L A


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QUAE SERA TAMEN

 

         Poema do Barão de Pindaré Jr.

Um farfalhar de asas de borboletas
pode provocar um tsunami;
um peido agourento de vaca
pode corroer a camada de ozônio
e lançar-nos no buraco negro;
o discurso do presidente no café
da manhã pode despencar
a bolsa de valores e
— irremediavelmente —
azedar o nosso dia!

 

 

 

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TEMPO E DESTEMPO

 

         Poema do Barão de Pindaré Jr.


Antes pouco que jamais;
melhor mesmo é o dia
antes
do outro
(quem garante o outro dia?).
        
É sempre hoje,
amanhã é nunca!
(Mais seguro é gozar na véspera.)

Pode ser que seja
— pode ser que já seja
e ninguém perceba.

 

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PLANEJANDO A LONGEVIDADE

         Poema do Barão de Pindaré Júnior*

Para vencer a velhice, valho-me de qualquer recurso:
reza, ginástica, caminhada, meditação, livro de auto-ajuda,
sessão espírita, boa alimentação, até terreiro de macumba.

Vale tudo para viver muito mais e mais saudável; amor novo,
“simpatia”, alongamento para alongar e preservar a vida,
chazinho, fitinhas no pulso, implantes, e vitaminas.

Vale tudo mesmo: pré-disposição, pensamento positivo, ioga,
dança aeróbica, comida vegetariana, prótese, tratamento geriátrico.
Estou definitivamente (!) confiante nos avanços da medicina!

Agora só falta combinar com a Morte.

 

*Pseudônimo de Antonio Miranda para poemas de escárnio e maldizer...

 

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CANCIÓN APASIO(NADA)

Poema del Barón de Pindaré Junior*
en viaje por el Caribe


La voz crecía
más de lo que había
tanta dulzura se derramaba
en la canción
desmesurada

la orquesta furiosa
incitaba
los violines flotaban
del cielo al infierno

“me dediqué a no verte”

(y le vomitó encima sus dolores)
“me dediqué a olvidarte”
(me dediqué a joderte,  pensó)


él lame las palabras
y ella las mastica
como a un caramelo

Del suelo al infinito
ella se meneaba sin disimulo
y se rimaba con propiedad
“mi cielo” con “su culo”.

 

*Heterônimo de Antonio Miranda para poemas de escarnio y maldecir;

 

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DISCURSO DE VEREADORA NO PALANQUE

Sei que andam metendo pau
pelas minhas costas.
Eu tô sabendo, mas eu não fujo!
Quero ver meter o pau
na minha frente! Agora, aqui, diante de mim!!!

Povão responde:

— É hoje!! É hoje!!!

 

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DECLARAÇÃO DE POLÍTICO

Esta é velha,
mas vale a pena ler de novo:


“O Brasil está na beira do abismo!
Mas vamos dar um passo decisivo!!!”

 

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PACTO CONJUGAL

         Poema do Barão de Pindaré Junior
 

Vamos, definitivamente,
separar sexo
                   do amor.

Sexo é instinto,
                   amor é sentimento.

A gente vai fazer assim:
eu te amo, tu me amas,
nos amamos. Mas
vamos,
sim, vamos
amar-nos livremente.

Se acontecer de eu me perder
em outros braços, serão laços
sem sentimento – sexo, se me entendes.
A recíproca é verdadeira, sem machismo.
Só não perdoaria, se amasses a outro
e não a mim,
                            aí seria o fim.

 

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UM DIA DEPOIS DO OUTRO

         Poema do Barão de Pindaré Jr.*

 

Um dia vem depois do outro,
mas tem dia que não chega
— dia de São Nunca.

E quando chega, se é que chega,
não chega pra todo mundo.

(Brasília, 22.05.2009)
*Pseudônimo de Antonio Miranda


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O ATLETA NO OCASO

    Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

Tempo: “veloce predatore delle cose create”.
                   LEONARDO DA VINCI


As panturrilhas e os bíceps
enrijecem na malhação contínua;
continua sua musculação febril!

Braços rijos, pernas fornidas,
o atleta, sôfrego, corre e pedala
e exala o suor do sacrifício.

(Astro viril e sobranceiro.)

Em momento algum vacila,
e das axilas, dos pés, das virilhas
o odor de cansaço e exaustão.

Em seu ofício de fortalecimento,
as espáduas, cada vez mais
e mais crescem como duas asas.


(E ele levanta vôo. Vôo curto.)


Tudo pela formosura. Logo cai
no chão, sem prumo, sem rumo
e as forças se lhes vão, com os anos.

Músculos flácidos aparecem,
peles esgarçadas, manchas
sobre a corroída tatuagem.

Ferrugem! Tecidos saturados,
perdem viço, e se esgarçam
e a barriga cresce e entumece.

É que o belo que em vão viceja
— dizem que beleza não põe mesa —
(talvez seja
            a barriga
                        de um aposentado;

(e entre as pernas um cajado retraído.)


Como disse Montaigne, constrangido,
— e que nos sirva de alento — a vida
deixa mais rugas n´alma que no rosto...


          (Lima, Perú, 13/4/2009)

 

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MÍDIA RETROATIVA

            Poema do Barão de Pindaré Junior

 

Mesmo sendo barão, com brasão
e tudo — eu sou moderno!
Adotei as novas tecnologias!!!

Mesmo adotando todas, falta tudo!
E fico mudo gritando no deserto!

Tenho um cemitério de LPs,
um monte esquecido de disquetes
dormidos, imprestáveis...

Pilhas de vídeos ultrapassados:
— Coisas do passado, tão recente!

Meu computador não lê disquete!
Minha vitrola, perdão, meu “som”
não lê LP! Nem reconhece vídeo!!!

(Vídeo agora é outra coisa, outra mídia!
Merde, eu virei maracujá de gaveta!

Cansado de verter mídia pra mídia,
trocar de suporte, fazer upgrade...
Pra preservar,  vou publicar um livro!

             28.12.2008

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MINORIAS??!!

            Poema do Barão de Pindaré Júnior

Desde quando
                        mulher é minoria?
— há mais mulheres do que homens!

Desde quando
                        negro é minoria?
— se somos todos negros!!!

Em verdade, vos digo:
homem é que é minoria
— é tão difícil de achar um!!!


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CASAL PERFEITO


            Poema do Barão de Pindaré Jr.

Escutei o diálogo
no restaurante
(e perdi o apetite):

Ela: “E si eles não í com a gente?”
Ele: “Então, nós vai só.”

Perfeito! Feito um
para o outro!

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MULHER COMO INVESTIMENTO


            Poema do Barão de PIndaré Jr.


Mulher, disse um amigo machista:
você bota na poupança, investe, investe,
e espera, confiante,  o resultado:

Casa com uma de sessenta quilos
e acaba com outra de meia tonelada,
bem mais abundante, mais adiante.

Nota: O Barão é politicamente correto. Apenas registra os preconceitos dos outros...

 

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DEMOCRACIAS

            Poema do Barão de Pindaré Jr.

Não sei de que democracia vocês estão falando!

A do Bush começa em Wall Street
e termina em Guantânamo,
passa pelas calçadas dos homeless:
ainda assim, dizem, é melhor do que a nossa.

A dos franceses é perfumada, charmosa,
rechaça os imigrantes (ou os humilha);
ainda assim, dizem, é melhor do que a nossa:
sedimentada, culta, airosa. Alors Voilá!

A dos ingleses é firme, coroada, ritualística
mas, dizem, funciona mesmo,
apesar dos preconceitos e dos cinismos;
ainda assim, garantem, tem origem, pedigree.

A nossa tem constituição e tudo,
parece que funciona, tem suas garantias,
apesar dos, não obstante os, os, os...
Falem mal dela, mas, antes ela do que...

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SEM SENTIDO

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

Saio à rua e só então percebo
que estou descalço, que
esqueci os documentos
e que já não
tenho nome
nem endereço.

Mato um policial na esquina
e roubo frutas no mercado
apenas para saciar a fome.
Mordo um cachorro
e relembro as letras do alfabeto.
Mato um vizinho mais adiante,
minha última chance de saber
de onde eu vim. Entro no primeiro
ônibus e assalto um passageiro
para pagar a passagem.
Perdoem os percalços,
melhor me mato
e termino esta telenovela das 7.

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NA ACADEMIA DE LETRAS
 Poema do Barão de Pindaré Júnior*

Usava dois ternos,
com intermitência:
um, cinza,
o outro, preto;
um para o chá das cinco,
o outro,  com igual freqüência,
para o enterro dos imortais.


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PLÁGIO

 

     Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

Jorge Benjor imita

Jorge Bem

 — que era bem melhor!!!

 

*pseudônimo de Antonio Miranda para canções de escárnio e mal dizer.

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CONTROLE REMOTO

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

 

... nove mortos na colisão...

... a cesta básica...

... isto é uma vergonha!...

... o Presidente solidarizou-se...
... enquanto furtava um pepino...
... o menino torceu o tornozelo...

... do Bispo, em defesa dos...

... traficantes encurralados...

... quatro pitadas de sal...
... cinco balas perdidas...
... o deputado colhido em...

... com desconto e tudo...
... a ...

... empresta a Deus...

... pode pressionar, esta gente...

... por isso eu escolho...

... beleza instantânea para ...

... quanto mais perto, melhor...

 

... os interesses da po ...

...é o que é...

                   ... fora do comum ...

... coragem para fazer o bem ...

...    tele-entrega...

... benção divina ...

... mortos ...

                        a domicílio.

 

*Pseudônimo de Antonio Miranda para canções de escárnio e maldizer.



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MELHOR ASSIM QUE PASSADO

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Ser melhor que o próprio original:

mesmo desfibrado, ainda que senil!

Sobrevivente, hoje é melhor que ontem,

amanhã, se houver, haverá de ser melhor...

 

Certo que éramos hirtos e inteiros!

Músculos tesos, agora tensos, estriados

mas, melhor que mortos, tidos, idos...

Mesmo que não mais entumesçam...

 

Maracujá-de-gaveta, chinelo roto

é melhor que jovem morto e enterrado...

Melhor ser herói deposto que suicidado.

 

Melhor viúvo que saudade de viúva...

Livros lidos em vez de abandonados e sem

uso, membranas gastas em vez de virgens...



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IRRELIGIÃO

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

         “Deus morreu” NIETZSCHE

         “Nietzische morreu”  DEUS

 

 

O ateísmo entrou na rota

de colisão, ganhando espaço

na bancarrota da religião.

Perdão: eu disse bancarrota

da religião, não da igreja,

senão vejamos: megatemplos,

megashows gospels, mega... nega...

 

Os anticristos do século 21

— cristãos convertidos

pela ciência positivista —

são os apóstolos inversos

John Allen Paulos, Richard Dawkins

e Christopher Hitchens:

bestseller, logicamente...

 

“Religião não se discute”???!!!

“É o ópio do povo” (diria Marx).

 

Contra as “provas da existência

de Deus” da tradição...

(cristianismo, islamismo...)

a negação de Deus pelas “provas lógicas”

do ateísmo.

 

Que confusão, entende o Barão!

e vaticina (nada a ver com Vaticano)

as duas provas não provam nada

se é para usar a lógica!

ou provam, se é questão de fé...

ou convicção matemática...

 

Se matemática resolvesse mesmo

os problemas estariam resolvidos

(cisma o cético Barão...)

Não, não e não! Ou não...

 

Penso como Barão:

em matéria de religião

— lógica ou fé —

sou como aquele político

de Minas: não sou a favor,

nem contra, alíás,

muito pelo contrário!



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VERDADES INVERÍDICAS (INCRÍVEIS?)

 

 

         “I do not believe in belief.”

         E. M. FOSTER

 

 

Algumas verdades são relativas,

mas eu não sou relativista.

É certo: o sol nasce todas as manhãs;

sempre há mais políticos do que estadistas;

a lei da gravidade é igual para todos

como a justiça oficial dos homens

mas os gordos caem mais depressa

e a justiça não chega para todos

— nem a divina, reza o incréu.


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SER E ESTAR

 

Ser e estar: ser uno e estar múltiplo,

ser indivisível e desfazer-se no ar.

 

Ser vapor, água, e ser cristal.

Estar morto, e reviver.

 

Ser muitos, e ser outros,

sem deixar de ser, renascer.

 

Ser abelha, ser areia, pó.

Estar no mundo, e ser.

 

(Agora traduzam ao inglês...

OK: ser e estar são a mesma coisa.)

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DÍPTICOS

 

 

I

saiba que nada sei,

sei que nada sabes

 

tem mesmo de tudo para

quem não é surdo e mudo

 

quando ele disser adeus

estará mais perto de deus?

 

quase tudo é, apenas,

pouco mais do que nada

 

e agora, José, como acabou

se, em verdade, nem começou?

 

 

II

 

ave maria, cheia de graça,

avestruz cheio de pena

 

do jeito que as coisas vão

é provável que nem voltem

 

as aves que aqui gorjeiam

(já) não gorjeiam como lá

 

o rio que passou por aqui

pode ser que chova amanhã

 

a estrada leva ao fim-do-mundo;

o fim-do-mundo de lá é aqui

 

 

III

 

aquela nuvem parece indiferente

mas, de repente, ela chora

 

o amor que jurou ser eterno,

em verdade, anunciava o inferno

 

hoje, quem diria, era ontem;

e ontem já foi amanhã

 

resumindo:

 

a literatura dele era tão avançada

que nem mesmo ele alcançava

 

finalizando:

 

tudo, nada, amanhã, adeus, pena

— apenas palavras recicladas

 

 

29.02.08

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INSTANTÂNEAS DA MORTE

 

            Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

 

Na ponte, vestido de anjo,

para o salto derradeiro

— com os aplausos de público.

 

A mãe, dolorosa, sobre o corpo

do filho abatido como ave

por uma bala perdida

— mil flashes de celulares.

 

Na cena do velório

visitas assistiam felizes

pensando nos comes e bebes.

 

O atleta excedeu-se no exercício

e despencou para a morte,

mas saiu na fotografia.

 

No enterro, o morto sorria

para os credores desesperados.

 

A viúva olhava o falecido

pensando no seguro de vida

— ele valia mais morto do que vivo.

 

 

*pseudônimo de Antonio Miranda para “cantigas de escárnio e maldizer”... Leia outros poemas do autor em WWW.antoniomiranda.com.br

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1808

       Poema do Barão de Pindaré Jr.*


Não tomava banho e fedia a alho
e cebola e as ceroulas ferviam
nas tardes tórridas
de sua Quinta,
sexta, sábado e domingo.

Era o VI,
o sétimo dia
sem banho,
meu nobre João,
rei expatriado,
sentado em seu trono
de vários continentes.

Entrementes,
ardia e todo mundo sabia
de suas manhas
para fugir dos asseios

quando então
construíram em São Cristóvão,
por artimanhas de médico
e curandeiro,
uma Casa de Banhos
- aromáticos, profiláticos -
em que metia suas banhas.

Dom João VI inaugurou
nosso primeiro spa,
entre outros incontestes
pioneirismos.


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ASSIM MESMO

         Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

eu já conheço você de algum lugar

esse seu sapato eu já vi em toda parte

você faz parte de um seriado que eu já assisti

 

esses casais passam todos pelo mesmo treinamento

rezam pelo mesmo catecismo até o casamento

só depois é que eles se desentendem

 

a única dialética que ele conhece

é de uma das torcidas de time de futebol:

a mesma coisa do outro lado

 

o presidente usa argumentos tão comezinhos

usa exemplos comuns tão exemplares

que a gente até já sabe o que vai ouvir

 

a frase dele era tão, mas tão original

que eu a coloquei no buscador do Google

e apareceram outros tantos originais

 

 

* pseudônimo de Antonio Miranda para cantigas de escárnio e maldizer. Se quiser ler outros poemas do Barão entre em ... http://www.antoniomiranda.com.br/poemas_barao/brao_poemas.html

(copie e leve para o buscador do Google...)

 

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PLANO PARA EVACUAR O SENADO FEDERAL

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

 

Sair em massa evacuando

—evacuar é a palavra certa!—

o recinto, o plenário,

o mictório, o conciliábulo, a sinecura

 

pode também saltar de asa delta do trigésimo andar do anexo

e pousar no teto do Palácio do Planalto para um desagravo

— a gentalha dos assessores e cabos eleitorais aplaudindo

a performance ou

valer-se de um advogado de porta de presídio

e/ou um lobista de plantão para pagar as despesas da retirada

 

— porque sim, por que não?!—

 

com direito a recesso

remunerado e aposentadoria

— cuidado com os batedores de carteira pelo caminho!

 

todos são inocentes

mesmo depois de comprovadas as fraudes, falcatruas

 

salve-se quem puder!!!

 

os ratos saem livremente

pelos esgotos

meia dúzia de senadores

honestos

na cesta de ovos

estão contaminados

a imagem pública corroída

pela hantavirose

pela saliva de discursos e despistamentos

 

o romeu tuma garante

que nem pai-de-santo faz um descarrego

quem carregava tudo era mesmo o severino

agora é o renan

que só sai pela culatra

 

 

Pseudônimo de Antonio Miranda para cantigas de escárnio e mal dizer...

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ESTATISTICAMENTE EU JÁ MORRI

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior”

 

Depois dos sessenta anos de idade

ninguém se apresenta como aniversariante

mas como sobrevivente

— começa a contagem regressiva.

 

Aos sessenta é candidato...

aos setenta  é um defunto anunciado,

aos oitenta é um fenômeno,

aos noventa é um milagre!!!

 

Podem trazer teorias e prognósticos,

receitas gerontológicas e cirúrgicas...

Melhor idade, separar o corpo da mente...

 

Medito sobre personagens longevos

(convivo com um na intimidade...)

que contradizem a razão, contra-senso

— e às vezes até o bom senso...

 

Do alto de meus cem anos

(nasci no Império e ainda não entrei

na pós-modernidade...)

sou uma raridade! Que barbaridade!!!

 

Mas, confesso, já estou preparado:

o paletó de madeira na garagem

para aquela última viagem...

 

                 21.05.2007

* Perdoem a molecagem do Barão com seu amigo

poeta João Carlos Taveira às vésperas de completar

60 anos... (em setembro). O Barão não pretende —

aliás, muito pelo contrário... — estragar a festa, quer

apenas divertir, à sua maneira.

 

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OLHO DE VIDRO

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

Um braço mecânico, um coração de plástico,

um fêmur de alumínio, um fígado transplantado,

um pênis de borracha, uma dentadura acrílica,

uma namorada virtual, uma viagem simulada,

um sentimento de auto-ajuda, uma paixão de locadora,

um orgasmo por teleconferência. Why not?

 

Tipo assim: relacionamento programado,

com um beijo dos mais performáticos

— imaginem! fotografado com o celular.

Vai aparecer em tudo que é blog!

 

Vou fazer a tradução automática

e mandar por e-mail para todos os meus

desconhecidos.

 

         Chácara Irecê, 12.05.2007

 

*pseudônimo de Antonio Miranda para canções de escárnio de maldizer.

 

 

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AMOR DE QUALQUER JEITO

 

Poema do Barão de Pindaré Junior*

 

Qualquer tipo de amor satisfaz:

torto, enviesado, acanhado.

Amor secreto, loquaz, discreto

— tanto faz — amor descarado,

escondido, coletivo ou privado.

Amor a conta-gotas, minguado.

Amor dilacerado, extrovertido.

Que venha de uma vez, se não,

aos poucos, para instalar-se.

Amor de ocaso, de perdição,

cabisbaixo, ou de cabeça para baixo.

 

*pseudônimo de Antonio Miranda.

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AO MEU ENTERRO

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

 

Ao meu enterro eu não vou

— vão ter que me levar.

 

Não quero figuras estranhas

rindo de minha morte,

tomando o meu vinho

e o meu pé,

em espalhafato, lançando

farpas, lembrando gafes.

 

Depois que estiver morto

ninguém mais vai me ver torto.

 

Depois de algum pranto

acanhado

de algum amigo do peito

— suspeito —

vou virar santo.

 

 

Brasília, 6/4/2007.

*pseudônimo de Antonio Miranda para cantigas de escárnio e maldizer.

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ANCESTRES

 

         Poema do Barão de Pindaré Junior*

 

 

Esse velho que aparece

espelho

olhando com sarcasmo

e marasmo

não sou eu.

Deve ser

o meu pai desvalido

meu avô ido

meu bisavô desmilingüido..

 

*Barão de Pindaré Junior é o pseudônimo de Antonio Miranda para textos de escárnio e maldizer

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AD NAUSEUM

 

            Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

A esta tribuna subiram

magistrados e prelados

que não tinham o que dizer;

 

neste jornal escreveram

insignes pensadores  e escritores

que não sabiam a que vieram;

 

neste microfone vociferaram

ínclitos líderes e até mártires

sem nenhum sentido da razão;

 

os melhores discursos foram censurados,

perseguidos, os autores execrados

mas, relidos, não diziam nada.

 

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MILAGRE DO BURACO DO METRÔ

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Você viu na TV

o lugar-comum

que todo mundo

repete e todo mundo

acredita...

 

O rapaz ia para o trabalho

mas o ônibus não parou.

Ele, então, se salvou

do terrível acidente:

do afundamento do metrô.

Mas outros sete morreram.

 

—Foi Deus que me salvou!

declarou, convencido.

 

E quem matou os sete infelizes?!

 

Nesse incidente,

um é milagre,

o outro é acidente.

 

Entendeu? Nem eu.

 

 

16.1.2006

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HAMBURGER ASSASSINO

 

Barão de Pindaré Junior*

 

Aquela carne macerada

leva pelanca, plástico,

pata de rato, dejeto

e dedo de menino

desaparecido

com quetichupe e

batata-frígida.

 

Em qualquer lugar

do mundo

sabe sempre igual.

 

Abrimos a caixa e ele

—o hambúrguer—

nos devora por inteiro!!!

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TATUAGENS

 

Barão de Pindaré Junior*

 

 

Indeléveis, inconsúteis.

 

A primeira tatuagem

ninguém esquece: da ferragem

do parto.

 

E a palmada

no quarto escuro?!

—a nádega ardendo!

 

Em sendo adulto:

porrada, muita porrada

por toda parte.

 

Hematomas, cicatrizes.

 

Amores desenganados,

corações e flechas partidas

no pescoço, no umbigo.

 

Tatuagens de sonho e pesadelo.

 

Tatuagens metafísicas

(que ninguém percebe)

de desejos insatisfeitos

e arrependimentos.

 

Nos ombros

os símbolos pátrios;

nos braços: as corporações

o time no peito

e no rosto

os valores penhorados. Assumidos.

 

Heróis de histórias em quadrinhos

pelos músculos das pernas

e figuras obscenas (pirografias,

pudicícias rubicundas)

nas partes mais baixas.

 

E aquele desejo mais

recôndito, excitante

(nem falo do que se trata...)

a inscrição desdobrável:

Lembranças de P-E-R-N-A-M-B-U-C-O !

 

 

Chácara Irecê, 6/6/06

 

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A SENILIDADE DO BARÃO

 

           Poema do Barão de Pindaré Jr.*

 

 

Por favor, não me venham com esse papo

furado de que idade é uma questão de espírito...

 

Pode ser... mas que é que eu faço

com as pelancas do braço

com as rugas

                      e com a flacidez das nádegas?

 

Recorro ao Pitanguy, escondo com camadas

de roupa ou de cosmético ou

me exibo como um maracujá de gaveta?

 

Ok, oitenta anos valem quatro vez mais

que vinte... Mas, aonde? No Clube da Terceira Idade?

No chá da Academia? No Instituto Histórico?

 

Ok, tem muito velho pra frente...

Mas, quem vem atrás? Eu, heim... ridículo!

 

Perfeito: tem velho jovial, avançado

na vanguarda... tem jovem antiquado.

E daí, pra que serve esse consolo?

 

Nem vale aquela piada: troco 80 por 4 de 20...

Que é que eu faço com elas? Rezo o terço no quarto?

 

Exato: existem exceções... Picasso era um tesão

em seus noventa aninhos.... Ou não... apesar do (re)nome.

Mas podes crer: o que abunda é velho

resmungão, ranzinza, rabugento.  rrrrrrr.... Eu, rrrrr...rrrr...

 

 

* Barão de Pindaré Jr. é o pseudônimo de Antonio Miranda para poemetos politicamente incorretos...

 

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INVADIRAM O CONGRESSO NACIONAL

 

                              Poema do Barão de Pindaré Júnior.*

                              Para o escritor e amigo Yves Hublet

                              e sua bengala justiceira.

 

Ladrões, lobistas, vendilhões

invadiram o Congresso Nacional

há muito tempo

e acamparam por lá!

 

Bancadas de ruralistas,

de banqueiros e bicheiros,

da igreja e da cerveja,

seguidos de apadrinhados

— salafrários com salários

e benefícios perdulários —

em hordas sazonais,

em escárnio aviltante.

 

Picaretas alugados ao Executivo

de turno, soturno rodízio

— prodígio mancomunado

com o Judiciário.

 

Trens da alegria, maracutaias, mordomias,

anões de saia justa, mansalões, bravatas

— promiscuidade, negociatas escandalosas

e impunidade — pizzaiolos cantando hinos

e dançando quadrilhas: a honra pelas virilhas!

 

O Barão de Pindaré Jr., indignado,

invade também, de bengala em riste,

e com ele os sem terra, os sem-vergonha,

os sem fé, os sem esperança,

os sem lei, os inocentes úteis

e os idealistas inúteis

que depredam tudo.

 

Aquilo virou mesmo uma zona

de

guerra.

 

Brasília, 06/06/06


*Barão de Pindaré Júnior é um heterônimo do poeta Antonio Miranda.

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DASGAY

 

Poema do Barão de Pindaré Jr. *

 

Depois da DASLU  e da controvertida DASPU

é a vez – previsivelmente – da DASGAY.

Modelitos fresquíssimos e chiquérrimos

ainda que valendo-se de materiais

os mais banais: filós, rendas, retrós,

muito veludo e cetim, seda e brocados

— tudo bem bolado, nada básico...

 

Penhoar transparente, com lantejoulas.

Nada de ceroulas! só mesmo calcinha

com paetês, bustiês insinuantes.

E a grande novidade: jeans!!!

Sim: jeans, bem transado, colante!

Mas com um detalhe intrigante

— exigência do freguês — não se sabe

bem por que - feiche-éclair

bem longo, na parte traseira.

 

Nada de preconceitos! Mais respeito,

minha gente, pois o cliente é sempre rei

- ou é rainha, como queira...

 

 

*Barão de Pindaré Jr. é o pseudônimo usado por Antonio Miranda para

seus poemas satíricos ou “politicamente incorretos”.


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DASLU X DASPU


A aristocrática Daslu
tem agora concorrência
- a grife da Daspu.

Ilegal, desleal, desigual?

Qual nada, acho legal!

A marca das putas
é bem mais democrática...

A empresária da Daspu
contesta o protesto da Daslu:
afinal, pode ou não pode
exercer a criatividade?

Não fede, vai tomar angu
- vocifera a proprietária
da marca Daslu: uma ONG!

E sugere à Daslu adquirir
seus modelitos incrementados
para sair do marasmo:
de longe, clientes mais satisfeitas
com os sonhos turbinados!
Afinal, o traje faz o monge.



4/12/2005, depois de ver a matéria do Fantástico.

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STEVEN LEVITT E OS TRAVESTIS 

 “a eficiência e a moralidade costumam andar de mãos dadas”

                                       Richard Posner

 

  

I. Pressuposto

 

 Parece que a economia explica tudo.

 

Homus economicus: ter ou não ter

eis a questão!  E por que não?!

 

  

II. A tese

 

Ter um corpo estranho:

nas entranhas contradições

tamanhas aflições dos travestis  

estar homem e ser mulher

 

 

III. Conclusão


Em vez de problema

- ensinaria Levitt – o travesti seria solução...

 

          se não para si, com com seu dilema

          mas no teorema do menor custo.

 

          Liberando e mesmo incentivando

          o casamento com travestis

 

         - milagre econômico! –

 

         freamos a bomba demográfica

         e economizamos gastos

         do Social Security.

 ..................................................................................................................

COMENTÁRIO:

 Segundo a revista VEJA (nº 1931) de 16 de nov. 2005, Steven Levitt, autor do bestseller Freakonomics, “tornou-se um fenômeno desvendando o lado oculto do cotidiano”. Mais importante do que isso: “Steven Levitt presta um serviço ao tirar as ferramentas econômicas dos especialistas e torná-las acessíveis a mais gente”.  O insigne Barão de Pindaré Jr mordeu a isca... Entendeu a mensagem do Lewitt quando afirmou à Veja que “as pessoas estão olhando para o lado errado”. Muita gente não sabe que o Barão é estrábico. Quis dar a sua modesta contribuição como pessoa que aplica o senso comum que está na base do raciocínio do professor da Universidade de Chicago. Como o Barão não maneja a estatística, pede a ajuda dos economistas para a demonstração de sua tese.  Aliás, no presente raciocínio, o Barão não é a favor nem contra, aliás muito pelo contrario... Usando a mesma lógica estatística do Lewitt, VEJA já vaticionou a possibilidade do autor de Freakomics (desculpem, Freakonomics) vir a ser indicado para o Prêmio Nobel!

 

 

Barão de Pindaré Jr. é o heterônimo do poeta Antonio Miranda.

Poema escrito no dia 15 de novembro de 2005.

 

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CAIXA DOIS E METÁSTASE

Poema do Barao de Pindaré Jr. *


Porque sempre foi assim
nao tem por que ser sempre assim.

Acuado pela crise
o Presidente Lula orquestrou
a tese do Caixa Dois
como um vício republicano
- a compra de votos –
trocando o efeito pela causa:
um determinismo político
execrável mas justificável.

Instado a pronunciar-se
depois da queda de ministros e assessores
e de aliados envolvidos com os escândalos
declarou-se surpreso e traído;
afirmou que cortaria da própria carne
se preciso fosse
como a oferecer outro dedo ao sacrifício
- mas nao apontou culpados.

Quando a crise arrefeceu
saturada e alastrada pelos partidos
da base aliada e entre adversários
pelas empresas estatais e fundos de pensao
no escambo e escambau
numa trama tentacular e cancerosa
o Presidente ofereceu cargos
e liberou verbas aos políticos
e admitiu que houve erros
mas nunca-jamais corrupçao
em seu governo
(dizendo ser essa a prática de governos anteriores)
logo aplaudido pelos acusados
e ameaçados de cassaçao de mandatos.

Mas a crise se alastra
subterrânea e sub-reptícia
e os cadáveres saem dos arquivos
para as manchetes dos jornais
na metástase do poder corrompido
nos estertores de um sistema político
falido.

[Ainda sonho com o parlamentarismo
com partidos estáveis, fidelidade partidária
com uma nova Constituinte
com uma verdadeira reforma política!!!]

Agora sao os canalhas
que se tornaram heróis
e saem dos bueiros, das prisoes
das quadrilhas organizadas
para a glória pública
da delaçao premiada.


Barao de Pindaré Jr. é o heterônimo do poeta Antonio Miranda.

Poema escrito no dia 9 outubro de 2005.

 

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VERDADES OFICIAIS

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

 

Todos somos iguais perante a lei

e os direitos constitucionais são para todos

os parentes, os amigos e correligionários.

 

Todos somos inocentes até prova em contrário

alguns são considerados inocentes

mesmo depois de comprovados

os seus crimes contra o erário público.

 

 

Repetimos, para que não reste dúvida:

usufruímos de todos os direitos constitucionais

- tortura, nunca mais!!!

e estamos livres de preconceitos

- quem duvida?!?!

e somos cordiais.

 

Nossos políticos são mais honestos

nossos banqueiros mais patriotas

e os juristas mais judiciosos.

 

Nosso céu tem mais estrelas

nossos coqueiros têm mais cocos

nossas galinhas põem mais ovos.

 

 

 

Brasília, 8 de outubro de 2005, depois de refletir sobre a CPI do Mensalão, dos Bingos, do... 

e de verificar os gastos de membros do governo com cartões institucionais.

*heterônimo do poeta Antonio Miranda.    

 

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MANCHETES DE JORNAL E DERIVAÇÕES

Poema do Barão de Pindaré Júnior*


Cortou o pênis do marido adúltero quando ele dormia.
Costurou a vagina da filha solteira depois da terceira gravidez.

Puseram a mãe falecida no freezer e foram pular Carnaval.
Mata a família e vai surfar nas ondas da Barra.

Bombeiro morre queimado ao salvar maníaco pirotécnico.
Policial e bandido matam juiz que chefiava a quadrilha.

Presidente dá cheque em branco a político desonesto.
Político desconta cheque do Presidente mas já estava bloqueado.

Marido e mulher brigam por causa de amante.
(O amante era do marido mas ela também queria.)

Padre recolhe criança abandonada na igreja.
(DNA revela que era mesmo filho dele.)


* heterônimo de Antonio Miranda: www.antoniomiranda.com.br
Chácara Irecê, 25 de setembro de 2005

 

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A RAZÃO DA SEM-RAZÃO

 

Poema do Barão de Pindaré Jr.*

 

 

Não sei se foi Platão

que suspeitou da razão

e pregou a misantropia.

Se não, quem teria sido?

 

Certamente foi Sócrates

quem levantou a questão:

de que o raciocínio falha

e às vezes atrapalha.

 

Confiar nos políticos

e em suas pregações;

acreditar nos profetas

e em seus argumentos...

 

Decidir com base na lógica

para atingir a felicidade:

pelo luxo do entendimento

de uma verdade da vontade...

 

O misantropo odeia a razão

e escolhe guiado pelos instintos,

pela intuição, mas ele sabe

que só o ignorante é feliz.

 

(Chácara Irecê, GO, julho 2005)

 

* heterônimo de Antonio Miranda.

 

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AO POETA NARCISISTA

 

Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

Esquece o torrão natal

e a tua namorada

- a malfadada lua!

 

Poupa-nos de tuas auto-flagelações

e de tuas vãs convicções.

 

Por conseguinte, deixa em paz

tua infância singular

(feita de mesmice e opacidade)

- a poesia está farta de exemplos

de auto-glorificação.

 

Deixa o confessionário

para a hora do espelho

e a tua letárgica nudez

para o desconcerto dos mais próximos.

 

(julho 2005)

Barão de Pindaré Jr.

 

   

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DISJUNTOS

 

Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

 

Casamento não une duas metades

num todo indivisível...

nada de cara-metade

complementaridade...

 

O casamento deve unir

e manter

dois inteiros

dois parceiros

se é para valer

- disse a divorciada na TV.

 

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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ESTOU LOGADO EM VOCÊS

(i.e. ESTOW LOGADO EM VO6)

 

 

Queridas Cybermarias:

 

Tiro meu fardão e prosódia

despojo-me de toda retórica

fico nu sem a gramática

ao entrar nos orkuts e blogs

com algum constrangimento.

 

Agora sou Julinho Parrudão

lincado a sites, em chats

e redes de relacionamento.

 

Naum eh fácil a descontrução

de minha personalidade mas btf

em alguma compensação

jah que naum tow conforme

com meu perfil retrô

- preciso me upgradar!!!

já q ngm m intende

eu preciso me xplik.

 

Agora sou Julinho Parrudaum

malho e freqüento xops com ctza

e estow ligado em vo6

estou a fim, aham, msm, vlw.

 

 

Assinado: ex-Barão de Pindaré Jr.

 

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EXCURSÃO AO LITORAL

 

 

Não fosse a poluição sonora

de tantos alto-falantes

todos ao mesmo tempo

- I R R I T A N T E S !!! –

carros-de-som com suas bocas

enervantes, circulantes

tonitruantes, no mesmo espaço

eu gritando gritando gritando

ao pé-do-ouvido

sem ser ouvido...

 

Não fosse pela voz estridente

e mastigante do cantor (???)

e o mesmíssimo verso insistente

da MESMÍSSIMA música (?!?!)

inclemente, demente...

falando de sexo circunstante

ou seja lá o que for

pois não deu para entender...

 

Não fosse o ambiente atordoante

de carnaval permanente

entre bafos de cerveja

e o suor transpirante

nesse calor abrasante...

Não fossem as moscas

tão INSISTENTES!!!

sobre o exposto tira-gosto

por isso mesmo: sem gosto...

e aquele cheiro estonteante

dos sovacos no ônibus

ainda presentes...

e essa areia escaldante

sob um sol inclemente.

 

Não fosse tanta gente feia

e abundante, tanta tanta

tanta farofa repugnante

tanta fritura e tanto lixo

e tanta buzina na estrada...

Não fosse tão congestionada

esta praia tão distante...

Não fossem os preços

ESCORCHANTES!!!

e o serviço incompetente

até dava para encarar...

 

Ir de excursão é muito bom

voltar pra casa é ainda melhor...

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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O POETA ANTROPOFÁLICO

 

 

Um poeta amigo meu

só fala do que é seu.

 

Sintomaticamente,

considera-se um Perseu.

 

Hedonista, machista

sem crenças e esperanças.

 

Diz-se amado e desejado

por todas as mulheres!

 

Escreve com o corpo

e só ama na cama.

 

Leitor de Sade e Bocage,

só que literalmente.

 

Escreve com o lápis-pênis,

o poeta antropofálico.

 

Sente mais prazer

em contar que em praticar...

 

- se é que sente

ou se mente pra valer...

 

Dorme nu em pêlo

refletindo-se em espelhos;

 

rumina gozos futuros

e passados, em constante pesadelo.

 

Sexo e nexo

em seu maniqueísmo enfadado:

 

sonha sendo devorado

por vaginas com dentes...

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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POR QUE ME UFANO

 

O Conde de Affonso Celso louvou

sem modéstia e sem medida

as grandezas do Brasil

sem considerar as mazelas.

 

A superioridade territorial

é mesmo proverbial:

Canadá, Estados Unidos

Rússia e China

-uns ricos, outros pobres-

não o são por dimensão

se menos pela enormidade

muito menos pela densidade

da população.

 

Não há país mais belo que o Brasil

mesmo sendo “inculto e selvagem”

“faz vantagem nos campos elísios,

hortos pênseis e ilha de Atlanta”

disse o jesuíta Simão de Vasconcelos

comparando o sim com o não

ou então, apelando ao Rocha Pitta:

“em cuja superfície tudo são

montanhas e costas tudo são aromas”

“em cuja superfície tudo são frutas

em cujo centro tudo são tesouros”

as águas as mais puras

salubérrimo o ar

onde sempre é verão.

 

“Nosso céu tem mais estrelas

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores”

(Gonçalves Dias)

 

Tais primores, incontáveis, indizíveis

mundo de aprazíveis excelsitudes

garante o patriota Celso, tudo

sempre o maior do mundo!

 

A começar pelo Amazonas

(que só é batizado em território nacional)

e culminando no Corcovado

com “panorama surpreendente, único”

e não poderia ser diferente....

 

Minas de ouro e jazidas diamantinas

“um imenso escrínio de gemas”

“até a poeira dos caminhos é aurífera”

sem falar de riquezas naturais

e dos valores sobrenaturais

e mais e mais!

 

Nunca foi vencido, jamais foi humilhado!

Expulsou franceses, batavos e ingleses

sempre garrido, em peito inflado.

 

Em resumo, tudo nos favoreceu

e nada nos ameaça

nem vulcões, nem terremotos

temos jaça, temos raça

(e agora, até taça!)

sem preconceitos, privilegiados.

 

“Há, pois, em ser brasileiro,

o gozo de um benefício”

uma vantagem

“uma superioridade”

e “nenhum perigo inevitável

ameaça o desenvolvimento

do Brasil”.

 

Exceção ao malefício

dos maus governos

e fraqueza das instituições

republicanas.

 

Mas Deus “não nos abandonará”

garante o Conde, e nos

“reserva alevantados destinos”

- quando e onde? “Confiemos”.

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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A BANDEIRA IMPERIAL

 

Solano López usava

a Bandeira Imperial brasileira

como tapete

(uma afronta!)

-hoje, repatriada, virou relíquia

no Museu Histórico Nacional.

 

A Guerra do Paraguai

seria uma infâmia

contraposta à insânia de sua deflagração.

 

A História é mesmo dos vencedores

carregando em seu andores

ardores de sublimação transfigurada

- pátria amada idolatrada!!!-

na coleção do Museu

na memória pública

do interesse privado.

 

Havendo erro de cada lado

o que  resta

é a Bandeira reconquistada

se é que ela presta

se não fora fabricada lá mesmo

ou importada.

 

Tanto faz...

livre da afronta e do insulto

jaz a nossa bandeira imperial

depositada para seu culto

-e valha tanta besteira!-

já que a História

não é só feita de glória.

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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DEPUTADO CHICO FOSSA

 

 

Eleito e reeleito, Chico Fossa, sergipano

-bem podia ser capixaba ou baiano,

antes fosse paraense ou rondonense-

tem muitos filhos entre os tantos eleitores

 

filhos de muitas mulheres, tantos afilhados

-tantos!- nem se lembra mais deles:

sobrinhos, apadrinhados, cabos eleitorais

e tantos outros mais, tanto faz.

 

Chico Fossa é um fenômeno eleitoral:

quanto menos fala, mais claro seu discurso

quanto mais fala – lugares-comuns, cacoetes-

menos diz, menos afirma, mais se deduz

 

e ele sempre seduz com seus falsetes:

Chico Madeira, Chico Seresta, Chico Só

dá  nó em pingo d´água, sem eira nem beira

militando sempre à esquerda da esquerda.

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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AUTO-AJUDA PARA NADA

 

  1. 1.     SEQÜESTRO

 

Se você for seqüestrado

vá de bom grado

é melhor do que viver

abandonado.

 

Atrase ao máximo o pagamento

de suas dívidas.

Se você morrer antes, sem dúvida

vai economizar um bom dinheiro.

 

Deixa de ansiedade

não apresse o tempo

melhor seria retardá-lo

entendeu?

 

Não invoque Deus

a qualquer pretexto

não congestione a fila

que Ele agradece.

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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SYLVA HORRIDA

 

Um helicóptero pousa na Praça dos 3 Poderes.

Não é um helicóptero, é um pterodátilo

ou um fusca com asas.

 

São agora muitos helicópteros

ou seriam bicicletas voadoras

como mariposas assanhadas

- é dia cívico

e o Presidente vai ao púlpito

mas é o Porta-Voz que vocifera.

 

Mais helicópteros pairando

sobre as torres gêmeas do Congresso Nacional

e cai uma chuva de guaraná

sobre a passeata dos desempregados

- chuva de pregos, de notas promissórias

como confetes para as massas atônitas.

 

Ministros revezam-se nas cadeiras

e um deles vai deixar o cargo

vai ser transformado em pterodátilo

enviado por sedex para a Favela da Rocinha

com os projetos e relatórios que o Presidente não leu.

Mandam junto, para baratear os custos

os Anais do Congresso e a Carta de Caminha.

 

Uma vaca suicida despenca da janela

do Supremo Tribunal, enquanto

vampiros espreitam dos ministérios

(engastados em prebendas e sinecuras)

depósitos de sangue e fundos de pensão.

 

Do púlpito, o porta-voz

canta o Hino Nacional em esperanto

um sindicalista faz reivindicações reiterativas

um diplomata brasileiro pensa em inglês

e blasfema em francês

para o gáudio de jornalistas oficiais

que produzem releases em chinês

enquanto desfila um batalhão engalanado

e descem a rampa do Planalto

os lobistas, os assessores especiais

as delegações nordestinas, um marqueteiro

e o que sobrou de um grupo de pagode.

 

O público, faminto, ovaciona.

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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PAÍS INCONCLUSO

 

 

“Já desisto de lavrar

este país inconcluso

de rios informulados

e geografia perplexa.”

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

 

I

Eu, nem tanto.

É uma lavra complexa

em terras sediciosas

e arbitrárias.

No entanto,

sedutoras.

Capitanias hereditárias

(promissoras!)

atávicas, refratárias

à transformação

senão pela ação

contestatária.

Que assim seja!

Pela lavra reflexa

da palavra incidente

sobre o país obtuso

e demente.

Com bisturis e acicate

na visão de gabinete

em versos brancos

verdes e amarelos.

Haja ira e ironia!

 

II

Brasil que o poeta

percebe envergonhado

de paletó e gravata

numa leitura de enfado.

Uma geografia perplexa

de estados maiores

e províncias menores

numa política

de supremacias

e inferioridades

sob o disfarce

federativo.

Depois da Guerra, alçado

aos seus questionamentos.

Depois de Getúlio Vargas

e antes do mesmo Getúlio.

Claros enigmas, eleições:

pretensas mudanças

informuladas, atadas

a estruturas pensas

a conchavos subterrâneos

a acordos de aparência

sujeitos às fraturas

de qualquer dissidência.

Lutar com palavras

parece sem fruto.

Rosa do Povo, cancerosa

em que o poeta

protesta mas desanima

assina o livro-de-ponto

depois

aperta o detonador

do poema

e desperta

as consciências

na penumbra surda

das massas, no aconchego

das musas.

 

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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PARTIDOS-REPARTIDOS

 

 

O Positivismo era a unanimidade

entre civis e militares

no Império do Brasil

mas eles estavam divididos

e aguerridos

(quando não estavam mancomunados).

 

No regime monárquico

(democrático e escravagista!)

o Imperador era supra-partidário

com posições libérrimas

em seu poder arbitrário

sobre as disputas acérrimas

entre conservadores e liberais

entre generais e civis.

 

Depois das fronteiras defendidas

definidas e pacificadas

as espadas, enfim, ensarilhadas

vem a malfadada “questão militar”

-a politização dos quartéis:

um Exército deliberante

polemizando pela imprensa

em tom beligerante.

 

O Abolicionismo dos conservadores

tinha a oposição dos liberais...

Havia vanguardas cautelosas

e conservadores sediciosos...

e o paradoxo nada trivial

do conservador liberal...

e muita propaganda republicana

entre os descontentes fardados.

 

Liberais defendendo ideais

republicanos

e republicanos

exaltando reivindicações liberais.

 

Nada mais conservador do que um liberal

mais monarquista do que um republicano!

 

A alforria dos escravos

(sem a pretendida indenização...)

uniu os ressentidos

de todos os partidos.

 

Liberais estrategicamente conservadores.

Conservadores tacitamente republicanos

políticos compondo e trocando

posições e funções nos gabinetes.

 

Crises, cisões, alas, facções

fusões entre contrários

adversários nos próprios partidos

correligionários fazendo oposição.

 

Com a Proclamação da República

(um ato heróico, de madrugada)

houve então a debandada:

conservadores e liberais

tornaram-se todos republicanos

(mantendo títulos de nobreza)

em novos grupos contrapostos

em dissidências figadais.

 

Cada partido em seu trono

com seu líder ou seu dono

seu reduto eleitoral

seu mandatário.

 

Assim o quadro partidário:

ninguém da Direita

todo mundo da Esquerda

“aliás, muito pelo contrário”.

 

Barão de Pindaré Jr.

 

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A MULHER DO BARÃO

 

 

Ela é mesmo ideal:

linda, mais que linda,

gostosa, mais que gostosa

e prendada

- cozinha, lava, borda –

e ama como uma cadela

no cio.

 

Nada de brio

no seu relacionamento:

é feita para o momento

e mais e mais e mais!!!

 

Jamais está mal-humorada

nada de demanda, nem se queixa

- até parece uma geisha ! –

está sempre conformada

com o que tem.

 

E, no entanto, como diz

um canalha amigo meu:

eu tanto me esforço!

dou tudo que ela quer

mas não é mole!!!

 

Limpa, é econômica, ingênua

pois bem, com a vantagem

de também ser burra.

 

- Se ela fosse inteligente,

não ia gostar da gente.

Barão de Pindaré Jr.

 

 

 

 

TEMPO E DESTEMPO

         Poema do Barão de Pindaré Jr.


Antes pouco que jamais;
melhor mesmo é o dia
antes
do outro
(quem garante o outro dia?).
        
É sempre hoje,
amanhã é nunca!
(Mais seguro é gozar na véspera.)

Pode ser que seja
— pode ser que já seja
e ninguém perceba.

 

 

 

 

 

 

PLANEJANDO A LONGEVIDADE

         Poema do Barão de Pindaré Júnior*

Para vencer a velhice, valho-me de qualquer recurso:
reza, ginástica, caminhada, meditação, livro de auto-ajuda,
sessão espírita, boa alimentação, até terreiro de macumba.

Vale tudo para viver muito mais e mais saudável; amor novo,
“simpatia”, alongamento para alongar e preservar a vida,
chazinho, fitinhas no pulso, implantes, e vitaminas.

Vale tudo mesmo: pré-disposição, pensamento positivo, ioga,
dança aeróbica, comida vegetariana, prótese, tratamento geriátrico.
Estou definitivamente (!) confiante nos avanços da medicina!

Agora só falta combinar com a Morte.

 

*Pseudônimo de Antonio Miranda para poemas de escárnio e maldizer...

 

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CANCIÓN APASIO(NADA)

Poema del Barón de Pindaré Junior*
en viaje por el Caribe


La voz crecía
más de lo que había
tanta dulzura se derramaba
en la canción
desmesurada

la orquesta furiosa
incitaba
los violines flotaban
del cielo al infierno

“me dediqué a no verte”

(y le vomitó encima sus dolores)
“me dediqué a olvidarte”
(me dediqué a joderte,  pensó)


él lame las palabras
y ella las mastica
como a un caramelo

Del suelo al infinito
ella se meneaba sin disimulo
y se rimaba con propiedad
“mi cielo” con “su culo”.

 

*Heterônimo de Antonio Miranda para poemas de escarnio y maldecir;

 

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DISCURSO DE VEREADORA NO PALANQUE

Sei que andam metendo pau
pelas minhas costas.
Eu tô sabendo, mas eu não fujo!
Quero ver meter o pau
na minha frente! Agora, aqui, diante de mim!!!

Povão responde:

— É hoje!! É hoje!!!

 

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DECLARAÇÃO DE POLÍTICO

Esta é velha,
mas vale a pena ler de novo:


“O Brasil está na beira do abismo!
Mas vamos dar um passo decisivo!!!”

 

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PACTO CONJUGAL

         Poema do Barão de Pindaré Junior
 

Vamos, definitivamente,
separar sexo
                   do amor.

Sexo é instinto,
                   amor é sentimento.

A gente vai fazer assim:
eu te amo, tu me amas,
nos amamos. Mas
vamos,
sim, vamos
amar-nos livremente.

Se acontecer de eu me perder
em outros braços, serão laços
sem sentimento – sexo, se me entendes.
A recíproca é verdadeira, sem machismo.
Só não perdoaria, se amasses a outro
e não a mim,
                            aí seria o fim.

 

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UM DIA DEPOIS DO OUTRO

         Poema do Barão de Pindaré Jr.*

 

Um dia vem depois do outro,
mas tem dia que não chega
— dia de São Nunca.

E quando chega, se é que chega,
não chega pra todo mundo.

(Brasília, 22.05.2009)
*Pseudônimo de Antonio Miranda


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O ATLETA NO OCASO

    Poema do Barão de Pindaré Jr.

 

Tempo: “veloce predatore delle cose create”.
                   LEONARDO DA VINCI


As panturrilhas e os bíceps
enrijecem na malhação contínua;
continua sua musculação febril!

Braços rijos, pernas fornidas,
o atleta, sôfrego, corre e pedala
e exala o suor do sacrifício.

(Astro viril e sobranceiro.)

Em momento algum vacila,
e das axilas, dos pés, das virilhas
o odor de cansaço e exaustão.

Em seu ofício de fortalecimento,
as espáduas, cada vez mais
e mais crescem como duas asas.


(E ele levanta vôo. Vôo curto.)


Tudo pela formosura. Logo cai
no chão, sem prumo, sem rumo
e as forças se lhes vão, com os anos.

Músculos flácidos aparecem,
peles esgarçadas, manchas
sobre a corroída tatuagem.

Ferrugem! Tecidos saturados,
perdem viço, e se esgarçam
e a barriga cresce e entumece.

É que o belo que em vão viceja
— dizem que beleza não põe mesa —
(talvez seja
            a barriga
                        de um aposentado;

(e entre as pernas um cajado retraído.)


Como disse Montaigne, constrangido,
— e que nos sirva de alento — a vida
deixa mais rugas n´alma que no rosto...


          (Lima, Perú, 13/4/2009)

 

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MÍDIA RETROATIVA

            Poema do Barão de Pindaré Junior

 

Mesmo sendo barão, com brasão
e tudo — eu sou moderno!
Adotei as novas tecnologias!!!

Mesmo adotando todas, falta tudo!
E fico mudo gritando no deserto!

Tenho um cemitério de LPs,
um monte esquecido de disquetes
dormidos, imprestáveis...

Pilhas de vídeos ultrapassados:
— Coisas do passado, tão recente!

Meu computador não lê disquete!
Minha vitrola, perdão, meu “som”
não lê LP! Nem reconhece vídeo!!!

(Vídeo agora é outra coisa, outra mídia!
Merde, eu virei maracujá de gaveta!

Cansado de verter mídia pra mídia,
trocar de suporte, fazer upgrade...
Pra preservar,  vou publicar um livro!

             28.12.2008

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MINORIAS??!!

            Poema do Barão de Pindaré Júnior

Desde quando
                        mulher é minoria?
— há mais mulheres do que homens!

Desde quando
                        negro é minoria?
— se somos todos negros!!!

Em verdade, vos digo:
homem é que é minoria
— é tão difícil de achar um!!!


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CASAL PERFEITO


            Poema do Barão de Pindaré Jr.

Escutei o diálogo
no restaurante
(e perdi o apetite):

Ela: “E si eles não í com a gente?”
Ele: “Então, nós vai só.”

Perfeito! Feito um
para o outro!

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MULHER COMO INVESTIMENTO


            Poema do Barão de PIndaré Jr.


Mulher, disse um amigo machista:
você bota na poupança, investe, investe,
e espera, confiante,  o resultado:

Casa com uma de sessenta quilos
e acaba com outra de meia tonelada,
bem mais abundante, mais adiante.

Nota: O Barão é politicamente correto. Apenas registra os preconceitos dos outros...

 

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DEMOCRACIAS

            Poema do Barão de Pindaré Jr.

Não sei de que democracia vocês estão falando!

A do Bush começa em Wall Street
e termina em Guantânamo,
passa pelas calçadas dos homeless:
ainda assim, dizem, é melhor do que a nossa.

A dos franceses é perfumada, charmosa,
rechaça os imigrantes (ou os humilha);
ainda assim, dizem, é melhor do que a nossa:
sedimentada, culta, airosa. Alors Voilá!

A dos ingleses é firme, coroada, ritualística
mas, dizem, funciona mesmo,
apesar dos preconceitos e dos cinismos;
ainda assim, garantem, tem origem, pedigree.

A nossa tem constituição e tudo,
parece que funciona, tem suas garantias,
apesar dos, não obstante os, os, os...
Falem mal dela, mas, antes ela do que...

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SEM SENTIDO

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

Saio à rua e só então percebo
que estou descalço, que
esqueci os documentos
e que já não
tenho nome
nem endereço.

Mato um policial na esquina
e roubo frutas no mercado
apenas para saciar a fome.
Mordo um cachorro
e relembro as letras do alfabeto.
Mato um vizinho mais adiante,
minha última chance de saber
de onde eu vim. Entro no primeiro
ônibus e assalto um passageiro
para pagar a passagem.
Perdoem os percalços,
melhor me mato
e termino esta telenovela das 7.

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NA ACADEMIA DE LETRAS
 Poema do Barão de Pindaré Júnior*

Usava dois ternos,
com intermitência:
um, cinza,
o outro, preto;
um para o chá das cinco,
o outro,  com igual freqüência,
para o enterro dos imortais.


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PLÁGIO

 

     Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

Jorge Benjor imita

Jorge Bem

 — que era bem melhor!!!

 

*pseudônimo de Antonio Miranda para canções de escárnio e mal dizer.

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CONTROLE REMOTO

 

Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

 

... nove mortos na colisão...

... a cesta básica...

... isto é uma vergonha!...

... o Presidente solidarizou-se...
... enquanto furtava um pepino...
... o menino torceu o tornozelo...

... do Bispo, em defesa dos...

... traficantes encurralados...

... quatro pitadas de sal...
... cinco balas perdidas...
... o deputado colhido em...

... com desconto e tudo...
... a ...

... empresta a Deus...

... pode pressionar, esta gente...

... por isso eu escolho...

... beleza instantânea para ...

... quanto mais perto, melhor...

 

... os interesses da po ...

...é o que é...

                   ... fora do comum ...

... coragem para fazer o bem ...

...    tele-entrega...

... benção divina ...

... mortos ...

                        a domicílio.

 

*Pseudônimo de Antonio Miranda para canções de escárnio e maldizer.



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MELHOR ASSIM QUE PASSADO

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

Ser melhor que o próprio original:

mesmo desfibrado, ainda que senil!

Sobrevivente, hoje é melhor que ontem,

amanhã, se houver, haverá de ser melhor...

 

Certo que éramos hirtos e inteiros!

Músculos tesos, agora tensos, estriados

mas, melhor que mortos, tidos, idos...

Mesmo que não mais entumesçam...

 

Maracujá-de-gaveta, chinelo roto

é melhor que jovem morto e enterrado...

Melhor ser herói deposto que suicidado.

 

Melhor viúvo que saudade de viúva...

Livros lidos em vez de abandonados e sem

uso, membranas gastas em vez de virgens...



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IRRELIGIÃO

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior

 

         “Deus morreu” NIETZSCHE

         “Nietzische morreu”  DEUS

 

 

O ateísmo entrou na rota

de colisão, ganhando espaço

na bancarrota da religião.

Perdão: eu disse bancarrota

da religião, não da igreja,

senão vejamos: megatemplos,

megashows gospels, mega... nega...

 

Os anticristos do século 21

— cristãos convertidos

pela ciência positivista —

são os apóstolos inversos

John Allen Paulos, Richard Dawkins

e Christopher Hitchens:

bestseller, logicamente...

 

“Religião não se discute”???!!!

“É o ópio do povo” (diria Marx).

 

Contra as “provas da existência

de Deus” da tradição...

(cristianismo, islamismo...)

a negação de Deus pelas “provas lógicas”

do ateísmo.

 

Que confusão, entende o Barão!

e vaticina (nada a ver com Vaticano)

as duas provas não provam nada

se é para usar a lógica!

ou provam, se é questão de fé...

ou convicção matemática...

 

Se matemática resolvesse mesmo

os problemas estariam resolvidos

(cisma o cético Barão...)

Não, não e não! Ou não...

 

Penso como Barão:

em matéria de religião

— lógica ou fé —

sou como aquele político

de Minas: não sou a favor,

nem contra, alíás,

muito pelo contrário!



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VERDADES INVERÍDICAS (INCRÍVEIS?)

 

 

         “I do not believe in belief.”

         E. M. FOSTER

 

 

Algumas verdades são relativas,

mas eu não sou relativista.

É certo: o sol nasce todas as manhãs;

sempre há mais políticos do que estadistas;

a lei da gravidade é igual para todos

como a justiça oficial dos homens

mas os gordos caem mais depressa

e a justiça não chega para todos

— nem a divina, reza o incréu.


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SER E ESTAR

 

Ser e estar: ser uno e estar múltiplo,

ser indivisível e desfazer-se no ar.

 

Ser vapor, água, e ser cristal.

Estar morto, e reviver.

 

Ser muitos, e ser outros,

sem deixar de ser, renascer.

 

Ser abelha, ser areia, pó.

Estar no mundo, e ser.

 

(Agora traduzam ao inglês...

OK: ser e estar são a mesma coisa.)

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DÍPTICOS

 

 

I

saiba que nada sei,

sei que nada sabes

 

tem mesmo de tudo para

quem não é surdo e mudo

 

quando ele disser adeus

estará mais perto de deus?

 

quase tudo é, apenas,

pouco mais do que nada

 

e agora, José, como acabou

se, em verdade, nem começou?

 

 

II

 

ave maria, cheia de graça,

avestruz cheio de pena

 

do jeito que as coisas vão

é provável que nem voltem

 

as aves que aqui gorjeiam

(já) não gorjeiam como lá

 

o rio que passou por aqui

pode ser que chova amanhã

 

a estrada leva ao fim-do-mundo;

o fim-do-mundo de lá é aqui

 

 

III

 

aquela nuvem parece indiferente

mas, de repente, ela chora

 

o amor que jurou ser eterno,

em verdade, anunciava o inferno

 

hoje, quem diria, era ontem;

e ontem já foi amanhã

 

resumindo:

 

a literatura dele era tão avançada

que nem mesmo ele alcançava

 

finalizando:

 

tudo, nada, amanhã, adeus, pena

— apenas palavras recicladas

 

 

29.02.08

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INSTANTÂNEAS DA MORTE

 

            Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

 

Na ponte, vestido de anjo,

para o salto derradeiro

— com os aplausos de público.

 

A mãe, dolorosa, sobre o corpo

do filho abatido como ave

por uma bala perdida

— mil flashes de celulares.

 

Na cena do velório

visitas assistiam felizes

pensando nos comes e bebes.

 

O atleta excedeu-se no exercício

e despencou para a morte,

mas saiu na fotografia.

 

No enterro, o morto sorria

para os credores desesperados.

 

A viúva olhava o falecido

pensando no seguro de vida

— ele valia mais morto do que vivo.

 

 

*pseudônimo de Antonio Miranda para “cantigas de escárnio e maldizer”... Leia outros poemas do autor em WWW.antoniomiranda.com.br

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1808

       Poema do Barão de Pindaré Jr.*


Não tomava banho e fedia a alho
e cebola e as ceroulas ferviam
nas tardes tórridas
de sua Quinta,
sexta, sábado e domingo.

Era o VI,
o sétimo dia
sem banho,
meu nobre João,
rei expatriado,
sentado em seu trono
de vários continentes.

Entrementes,
ardia e todo mundo sabia
de suas manhas
para fugir dos asseios

quando então
construíram em São Cristóvão,
por artimanhas de médico
e curandeiro,
uma Casa de Banhos
- aromáticos, profiláticos -
em que metia suas banhas.

Dom João VI inaugurou
nosso primeiro spa,
entre outros incontestes
pioneirismos.


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ASSIM MESMO

 

         Poema do Barão de Pindaré Júnior*

 

eu já conheço você de algum lugar

esse seu sapato eu já vi em toda parte

você faz parte de um seriado que eu já assisti

 

esses casais passam todos pelo mesmo treinamento

rezam pelo mesmo catecismo até o casamento

só depois é que eles se desentendem

 

a única dialética que ele conhece

é de uma das torcidas de time de futebol:

a mesma coisa do outro lado

 

o presidente usa argumentos tão comezinhos

usa exemplos comuns tão exemplares

que a gente até já sabe o que vai ouvir

 

a frase dele era tão, mas tão original

que eu a coloquei no buscador do Google

e apareceram outros tantos originais

 

 

* pseudônimo de Antonio Miranda para cantigas de escárnio e maldizer. Se quiser ler outros poemas do Barão entre em ... http://www.antoniomiranda.com.br/poemas_barao/brao_poemas.html

(copie e leve para o buscador do Google...)

 

PÊN

 

(*) Barão de Pindaré Jr. é o pseudônimo que Antonio Miranda

usa para assinar composições mais satíricas.

 

 

 

 
 
 
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