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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


WLADEMIR DIAS-PINO

(1927 - 2018)

Wlademir Dias-Pino, nascido no Rio de Janeiro[carece de fontes] em 24 de abril de 1927, no bairro da Tijuca. Foi poeta, artista visual e artista gráfico. Em decorrência de perseguição política, seu pai transfere-se com a família em 1936 para Cuiabá, onde passa a juventude. Em 1939, com 12 anos de idade, edita na gráfica de seu pai que era tipógrafo, seu primeiro livro: Os Corcundas. Em 1948, em Cuiabá, funda o movimento literário de vanguarda Intensivismo, que já traz em seu ideário fortes inovações formais que antecipam as tendências mais radicais da poesia visual e das artes plásticas dos anos 50 e 60. Volta para o Rio de Janeiro em 1952, onde passa a participar dos movimentos de vanguarda política e cultural da época. Um dos seis fundadores do movimento da poesia concreta no Brasil (são eles: Décio Pignatari, Ferreira Gullar, Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Ronaldo Azeredo e Wlademir Dias Pino). Participa da I Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956, tendo sido, ainda, um dos fundadores do poema/processo em 1967 e o primeiro autor a elaborar o conceito de "livro-poema", com o poema A Ave considerado por Moacy Cirne e Álvaro de Sá o primeiro exemplo/exemplar conhecido deste tipo de poema. O que caracteriza o livro-poema é a exploração das características físicas do livro como parte integrante do poema, tornando-os um só corpo físico, de forma que o poema só existe porque existe o objeto livro.

A Ave, livro artesanal de tiragem reduzida (não mais do que 300 exemplares feitos a mão e nunca reeditado pelo autor), foi elaborado a partir de 1948 e lançado apenas em abril de 1956, antes da Exposição Nacional de Arte Concreta. A Ave assumia já o elemento visual como principal agente estrutural do poema. Produzindo, a partir daí, uma concepção própria da poesia concreta, o poeta intencionava expressar, por exemplo, através de um gráfico o que necessitaria de um longo discurso verbal para ser dito. Assim sendo, seus poemas visuais incluem gráficos, perfurações, figuras, etc., além de caracteres escritos e, por vezes, chegam a abrir mão da palavra para tornarem-se puramente plásticos, não-verbais.

Diferindo da poesia concreta em sua essência, que via na paranomásia o principal motor da poesia, extrapolando o contexto da linguagem verbal, Dias-Pino trabalha com o simbólico e o metafórico, buscando uma espécie de metáfora pura. Wlademir é autor também de dois outros livros fundamentais da literatura brasileira: SOLIDA (1956-1962) e Numéricos. Wlademir faleceu em 30 de agosto de 2018.

Antonio Houaiss o considerou "um dos mais perspicazes pesquisadores visuais no Brasil".

 

Veja também ensaio: POEMA DE PROCESSO / 1 por  Wlademir Dias-Pino


Veja>>> CALIGRAMAS / CALIGRAMMES, seleção original de WLADEMIR DIAS-PINO:http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_visual/caligramas.html

Veja também:

poesia/poema : Um livro sobre a poesia visual de Wlademir Dias-Pino:
http://www.priscillamartins.com/pdf/PG_priscillamartins.pdf

Leia também o ensaio:

Vejam o ensaio de RÔMULO NASCIMENTO SOBRE O POEMA CONCRETO “A AVE”DE WLADEMIR DIAS-PINO:
https://issuu.com/rnascimento/docs/o_livro_voa_do_poema_concreto_a_ave


O  CONTRA-ESTILO EM WLADEMIR DIAS-PINO, texto de Álvaro de Sá.
 Setembro 1993.  Folha solta sanfonada de 3 partes, contendo texto do autor e ilustrações.  21x21 cm.

POEMA – PROCESSO – PROPOSIÇÃO, por Vlademir Dias-Pino e Álvaro de Sá

 

Veja também o ensaio:  CONTRA-ESTILO EM WLADEMIR DIAS PINO – Ensaios – Álvaro de Sá - Poesia visual – Poema Processo

 



WLADEMIR DIAS-PINO: poesia/poema.  Organização Rogério Camara e Priscilla Martins. Tradução: Ana Teresa de Castro Lima.  Brasília, DF: Estereográfica, 2015.  204 p. ilus. col. 23x21 cm.  Apoio Funarte. ISBN 978-85-68809-01-3

Veja o e-book do poema "a ave": http://issuu.com/antoniomiranda/docs/wlademir_dias_pino/1

 

Wlademir Dias-Pino: ao fundo cartazes do Intensivismo, mostra visual no museu durante o seminário Poéticas de vanguarda em Cuiabá realizado em sua homenagem na Universidade Federal de Mato Grosso, de 9 a 11 de setembro de 2015. (Foto: A.M.)

Veja também: http://www.antoniomiranda.com.br/em_destaque/homenagem_a_wlademir_dias_pino.html

POEMA-PROCESSO EM CARTAZES EM EXPOSIÇÃO NA UFMT - Ensaios

 

DIAS-PINO, WlademirA máquina que ri.  Cuiabá, MT: Edições Cidade Verde, 1941.  S.p. 14,5x20 cm.  “ Waldemir Dias-Pino “ Ex. bibl. Antonio Miranda

“Obra do início da carreira de poeta e artista gráfico, quando ainda vivia em Mato Grosso, editada no remoto ano de 1941. Muito difícil de conseguir-se... Mas, o mais importante, não é a raridade do exemplar — que enobrece a coleção de qualquer bibliófilo — mas o pioneirismo da obra do autor, que já apontava para o revolucionário que estava à frente do Concretismo com seus livros-poemas AVE e SÓLIDA e o criador e teorizador do Poema-Processo.” ANTONIO MIRANDA


 






 

“A primeira vez que  vi um poema do Wlade, consultei uma enciclopédia e estava escrito logo nas primeiras linhas: ‘O autor não diferencia os gêneros.’ Naturalmente fiquei surpresa, dele, que tem formação arquitetônica, não separar um poema de uma idéia espacial.  Depois vi na Revista da UNE, em 1956, um artigo dele, fazendo a relação entre a arquitetura de Brasília e a visualidade de um poema concreto. Agora ele entrega este material e afirma que a leitura visualizada também é um poema que se diferencia da usual versão do Poema//Processo, que é a transformação de uma obra visual para outra. Aqui se trata de partir da visualidade até a leitura visualizada”.

Comentário de Regina Pouchain, poeta visual e artista gráfica – responsável pela catalogação da obra de WDP –, sobre o trabalho acima, feito pelo poeta especial e gentilmente para este sítio de poesia.

* * * * *

“WD-P usa linhas, pontos, transversais... nunca no sentido de ilustrações. São recursos de interconexão, expansão semântica, rompendo a linearidade do discurso, criando relacionamentos, multiplicando sentidos. Quando a regra, no concretismo, era a da arquitextura letrista, construtivismo estático, geométrico, verbovisual, animado pelo “olho” do espectador que evocava o “voco”, contra o frasal e recitativo, na orquestração espacial mallarmaica. WD-P usava também linhas, transversais, propondo outras inter-relações, extrapolando territórios. Cartográfico, espécie de mapas mentais, aberto a interprertações.” ANTONIO MIRANDA

 



“Wlademir Dias-Pino, por seu turno, tem uma concepção toda própria de poesia concreta, em que “seis ou sete páginas discursivas podem ser expressas  num simples gráfico e é esse  poder de síntese de expressão que a poesia concreta poderá utilizar também.” (De negação e poisitivação do espaço”, Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, 23/2/1958.) A afirmação está de acordo com seu poema “Solida”, exibido na Exposição Nacional de Arte Concreta.  Como já foi dito, “Solida” destaca-se dos demais poemas expostos, oferecendo em cada uma de suas quatro pranchas uma diferente representação diagramática da composição/decomposição, letra por letra, da fase “sólida solidão só lida sol saído da lida do dia”,  e suas  possíveis subdivisões  de sentido, geradas a partir da palavra-título.

PALAVRAS NO ESPAÇO – a poesia na Exposição Nacional de Arte Concreta. In: concreta ´56 a raiz da forma.  Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM. Catálogo da exposição – 26 de setembro a 10 de dezembro de 2006. p. 131, 168-169

 

E ao  acompanharmos hoje com interesse as experiências do grupo que propugna uma poesia não-verbal, construída a partir de signos visuais, de formas aleatórias ou geométricas, o que verificamos também é um retorno a certas fontes de inquietação criativa do seiscentismo ibérico. O poema “Sólida”, de Wlademir Dias-Pino, talvez a mais racional criação da poesia de vanguarda brasileira, não estará acaso redimensionando, agora fora do contexto da linguagem verbal, o mesmo processo de metáfora pura de Gôngora? “  AFFONSO ÁVILA, no capítulo “O barroco e uma linha de tradição criativa”, no livro O POETA E A CONSCIÊNCIA CRÍTICA – uma linha de tradição, uma atitude de vanguarda  (São Paulo: Perspectiva, 2008. (Col. Debates), p. 31-32. Cabe ressaltar que o texto citado foi escrito originalmente em 1968.

 

Talvez o mais conhecido exemplo de poema/processo seja “Sólida” de Wlademir Dias-Pino, de 1956. Dada a primeira versão, desencadeia-se o processo de informação e permanece intacto o projeto. A partir da segunda versão, as palavras e tipos isolados se transformam em linhas.  Sofrendo um aprofundamento na estrutura do poema, a terceira versão se reduz a pontos que encerram virtualmente as linhas que contêm as palavras e os tipos. O elemento desencadeador do processo é: /Solida/ /Solida/ /o/ /so/ /lida/ /sol/ /saído/ /da/ /lida/ /do/ /dia/. “

 

Extraído de MENEGAZZO, Maria Adélia.  Alquimia do verbo e das tintas nas poéticas de vanguarda.  Campo Grande MS: CECITEC/UFMS, 1991.  p. 163

 

numéricos (1962)

Cartão Postal

 

ALGUMAS OBRAS DE WDP:

 

DIAS-PINO, WlademirNuméricos. 1960-1961.  Rio de Janeiro: Ed. Autor, s.d.  s.p. Poemas visuais impressos em cores. Tip Composipção e produções Gráficas Ltda.  Formato 20x20 cm.  Acompanha o encarte: "Numéricos: Livro de simultaneirdades lógicas" - crítica/projeto de Álvaro de Sá 1969, como encarte. [12] p.  Col. A.M. (EE)

DIAS-PINO, Wlademir.  A Separação entre inscrever e escrever. Exposição. Catálogo.   Cuiabá: Edições do Meio, 1982.  192 + 32 p. ilus p&b   formato 16,5x22,5 cm.  Projeto: Amostra Permanente de Obras de Escritores Mato-Grossense (II). Catálogo organizado pelo Departamento de Letras da UFMT. Col. A.M. (EE)

DIAS-PINO, WlademirWlademir Dias-Pino / (Versão para o inglês Mario Miedi, versão para o francês Suzel Stampleman].  Rio de Janeiro: Aeroporto, 2010.  s.p. ilus. col. ISBN978-85-7820-050-3 Curadoria editorial Alberto Saraiva, Regina Pouchain. Coordenação editorial Camilla Savoia. Tratamento de imagem Domingos Octavio Ferran. Pordutor gráfico Zé Flávio Chves.  Capa dura,  formato 19,5x25,5 cm. Extraordinária edição de catálogo dedicado à vasta obra poética e visual de WDP, com textos com fortuna crítica, reprodução de livros e reprodução a cores de poemas visuais e arte gráfica do grande criador e renovador que participou da célebre exposição que deu início à Poesia Concreta no Brasil em 1956 e que liderou o movimento do Poema Processo, em 1967, responsável pela renovação definitiva da poesia brasileira contemporânea.  Inclui um encarte: Wlademir Dias-Pino & Regina Pouchain. & anfipoemas. Curadoria Adolfo Montejo Navas & Alberto Saraiva, da exposição montada na galeria OI FUTUROda na galeria OI FUTURO,  Rua Dois de Dezembro 63 Flamengo, Rio de Janeiro, de 8 de setembro a 2 de dezembro de 2008. Exemplar autografado pelo Autor. Col. A.M. (EE)

 

Jornal O SOL - 1967

 

 

Wlademir Dias-Pino e Antonio Miranda, em casa do primeiro, no dia 25 de setembro de 2009. Encontro marcado para celebrar uma amizade que teve início pela homenagem prestada a Wlademir durante a I Bienal Internacional de Poesia de Brasilia, em setembro de 2008.

 

Agora, veja um video elaborado a partir do célebre poema AVE, marco inicial da poesia visual no Brasil

http://www.youtube.com/watch?v=aUjkO0G9v38


EXPERIMENTO COM POEMA DE WDP

 

ALEXANDRE RANGEL, webdesigner de ponta, com atuação e reconhecimento internacional, vem conduzindo experimentações com criação improvisada de música eletrônica a partir de partituras textuais. Vejam a obra que fez, em homenagem ao poeta Wlademir Dias-Pino, utilizando um de seus poemas como base para sequência musical:

 

 

MARTINS, Priscilla.  Poesia/Poema – Um livro sobre a poesia visual de Wlademir Dias-Pino.  Vitória, ES: Universidade Federal do Espírito Santo, Departamento de Desenho Industrial, 2011.  69 p. ilus. col.  15x21 cm.   Projeto de graduação. Monografia. Impresso em papel couchê.  Discussão de aspectos gráficos de alguns trabalhos que se destacam dentro de uma vasta produção artística  a fim de identificar referenciais teóricos  e visuais relevantes (...) paralelo entre poesia visual e design gráfico... Col. Bibl. Antonio Miranda (EE) 

 

Representações esquemáticas da última série do livro-poema Sólida, 1962.


 

INSTALAÇÃO DE WDP NO CCBB

       Wlademir Dias-Pinto montou uma instalação no Centro Cultural de Brasília – CCBB-DF, por ocasião da Copa do Mundo de Futebol de 2014, a partir de seu já célebre poema concreto (precursor do poema-processo) “AVE”, com uma enorme repercussão na imprensa e na visitação pública. Interativa, a mostra apresentou uma quantidade de imãs com palavras que o púbico, principalmente crianças e jovens, montava os textos sobre um painel, como pode ser visto nas ilustrações a seguir.




CADOR, Amir Brito.  O livro de artista e a enciclopédia visual. Belo Horizonte, 1016.  655 p.  (Artes Visuais)  ISBN 978-85-423-0167-0  Ex. bibl. Zenilton Gayoso

  

 

CADÔR, Amir Brito.  O livro de artista e a enciclopédia visual.  Belo Horizonte: Editora UFMG, 2016.   655 p.  ilus.  (Artes Visuais)
ISBN 978-85-423-0167-0      Ex. bib. Zenilton Gayoso

 

 

 

 

"Há anos Wlademir Dias-Pino vem se dedicando ao ambicioso projeto de organizar e produzir os 1001 volumes de sua Enciclopedia Visual. Na década de 1990 ele deu uma amostra das potencialidades desse projeto através da publicação de seis volumes.  A enciclopédia de Wlademir, em muitos sentidos, se parece com os livros de emblemas, um "repertório de motivos para uso de artistas e artesãos" (MELOT, 1984, p. 730.) (...) Haveria na Enciclopedia Visual um índice de blocos conceituais, aos quais Dias-Pino se refere como naipes, mas não uma medida de clareza e transparência da informação. Seria o trabalho do leitor interrogar as imagens e delas construir o seu percurso (CAMARA, 2008, p. 30.)"
(...) "A combinação de técnicas de sobreposição e transparência produz uma grande variedade, demonstrando seu domínio no processo gráfico. Em cada prancha, fundos abstratos, com figuras orgânicas ou geométricas, com predomínio do segundo grupo, e uma cor de fundo, nunca vemos o branco do papel  A cor tem uma função importante de integração dos elementos, e garante a unidade do conjunto, apesar da grande diferença de estilo." (...) "O volume com os caligramas (Naquele flutuar das escritas: caligramas, vol. 437) é o que tem menos intervenções gráficas, as figuras aparecem ocupando grande parte da área da página, a maioria dela está centralizada, como quadros em exposição.
Os caligramas pode ser agrupados de acordo com a língua em que foram escritos, o que muitas vezes corresponde a uma divisão geográfica..."

 

 

 


 

 

 
 
 
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