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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


ARICY CURVELLO

 

(1945-2018)

 

 

Aricy Curvello é mineiro, de Uberlândia, desde 1945. Poeta, tradutor e ensaísta. Sofreu prisões durante a ditadura militar. Viveu no Rio, na Amazónia e no exterior. Estudado por Assis Brasil em A Poesia Mineira no Século XX (Rio de Janeiro: Imago, 1998). Considerado por Fábio Lucas um dos melhores poetas de sua geração. Incluído em importantes antologias no país e no exterior, dentre as quais: Antologia de Poetas Brasileiros - a poesia brasileira nos últimos 50 anos do século XX (Lisboa: Universitária Editora, 2000, org. por M. Congilio, com colaboração do grande crítico Fábio Lucas); Antologia de la Poesia Brasilena, org. pelo maior especialista espanhol em poesia lusófona Xosé Lois Garcia, em projeto aprovado pela Fund. Biblioteca Nacional/ Depto. Nacional do Livro/ Min. da Cultura do Brasil, obra (bilíngue, Espanhol/Português) lançada na Espanha (Santiago de Compostela: Ed. Laiovento, 2001); três antologias bilíngues (Português/Francês) Reflexos da Poesia Contemporânea do Brasil, França, Itália e Portugal (2000), Um Mundo no Coração (2001) e Povos e Poemas (2003), org. pelo poeta e pensador francês (professor aposentado da Sorbonne) Jean-Paul Mestas, todas três lançadas no mercado pela Universitária Editora (Lisboa), trazendo a última 201 poetas de 100 países de todos os continentes. Tem poemas publicados pelos mais importantes suplementos literários portugueses, como o Das Artes das Letras (Porto, O Io de Janeiro), por várias revistas lusas {Anto, Saudade, Palavra em Mutação), pela revista francesa de poesia Jalons, pela italiana Convívio, pelo jornal (Helicóptero) dos professores do Depto. de Línguas Neolatinas da Universidade do Oregon/EE.UU., dentre outros periódicos, sem relacionar os virtuais na Internet. Seu livro mais recente de poesia, Mais que os Nomes do Nada (S. Paulo: Editora do Escritor, 1996, com poemas escritos entre 1975 e 1985), completar-se-á com Menos que os Nomes de Tudo, a sair em breve.

 

 

LO QUE DICEN LOS CRÍTICOS

 

“Aricy Curvello, con  ‘Os dias Selvagens te Ensinam’, sobresaltase entre los contemporaneos, alineandose entre los mejores poetas de su generación”.

(Fábio Lucas)

 

“El libro es de tal modo coeso, apresenta tanta unidad de forma y dicción que se puede considerarlo  un corpus dramático (...)”

                                                     (Fernando Py)

 

     “... Aricy Curvello tiene momentos de alta sustancia poética, en que el verso retine, haciendo el lector detenerse de choque adonde las palabras son talladas en luz y expresión (...)”

                                          (Fritz Teixeira de Salles) 

                                     

“Aricy Curvello es visceralmente poeta”.

(Nelson Hoffmann)

 

Veja também: XOSÉ  LOIS  GARCÍA, o mestre de Podente, por Aricy Curvallo

O poeta Aricy Curvello durante sua apresentação na sessão magna da I BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA DE BRASILIA ( de 3 a 7 de setembro de 2008 ).  


 

 

POMPÉIA 

Poema de Jorge Tufic
dedicado a Aricy Curvello)



As cadeiras pousadas na varanda
flutuam sobre os arcos da preguiça.
Dois pombos testemunham de um terraço
o estupro de uma cabra por cobiça.


Praças, banhos, ruelas, chafarizes,
são vigílias que dormem sob urânio.
O gesto de beber e o corpo em transe
paralisados, negros de fuligem,


tomam conta do mesmo subterrâneo.
O talhe de uma flor em barro fino
lembra o colo de Circe; e um ar de amônia
 

                    faz subir destas harpas o som cavo

                    da cinza, quando as lavas do Vesúvio

                    se fecharam nos olhos de um menino.

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS TEXTOS EN ESPAÑOL

 

Veja também>>> POÈMES EN FRANÇAIS

EN ITALIANO
IN ENGLISH

 

 

CURVELO, AricyO acampamento.   5ª. edição.  Florianópolis, Santa Catarina: Coleção Broquéis, 2004.  s. p.  folhas soltas, uma gravura elo editor Jayro Schmidt. Impressão serigráfica.  21,5 x 33,5 cm.  Ex. 049/91  da coleção do poeta e biblióficol Zenilton Gayoso.


 

 

 

       O ACAMPAMENTO

       (Porto Trombetas, noroeste do Pará,

        Amazônia Brasileira, 1975-1976)

 

 

1.

 

Barracões contra o rio,
o ermo contra as tábuas.
Nenhum sinal para fixar-te, nenhum, senão fluxo
e passagem,

        o significado para as águas, a relva pisada
em volta das casas.

        Nenhum céu, nenhum, tetos de alumínio e uma
Floresta de chagas.

        Do que deixaste atrás e do que ainda virá de mais
longe sobre mais sombra,

        chão noturno, mais noite que a noite,

        mugem na Amazônia palavras sem poema

        absurda coleção de pragas.
Onde a floresta começa, o Brasil acaba?

 

 

2.

 

O que é deus e o que é fera
andavam somados num calafrio
irradiação da manhã visível
o ar a ferocidade do ar
caem do céu antes da chuva
esse inarticulado grito
parece a voz da luz

 

 

3.

 

Sequer um povoado de moscas.
Um rasgão, no devastado, para se residir.
Para os lados e por detrás, floresta ainda. Adiante para
a frente, na outra margem do rio. A pesar nos  e
além do som.

No princípio do mundo, a madeira atroz. Silêncio

da manhã nascendo em árvores.

Vinte casas interminadas, barracões de tábuas, um

embarcadouro de nada, e os sonhos passam. Abriam-se

cozinhas de gorduras, ossos, limites, instante
veloz, irreparável.

Sobre o rio a cor balançava ainda os caminhos
da luz. E a luz em vento de clorofila e galhos derrubados,
árvores porém verdes, vivas

ainda, ainda, e só tens um instante.
Só a rapidez no acampamento, contra a floresta
e o rio.

 

 

 

          4.

 

Os verbos ardem.

Braços grimpam.

Não nomes, não rostos.

Não de nenhuma aparência, como cimento
e tijolos, chegavam um povo de morenos e peixes de seda,

a fruta-pupunha, o verniz de tartarugas como crianças.

E a longa, longa exposição das coisas do suor,
do calor e do apetite. Um instante para o ruído e o brilho.

Verde arder e consumir-se.

(Nós nos alimentamos do que morre).

Osso e envoltura, máscara e movimento,
trabalhar entre fumos e clangores, mundo verdeal
rangente na alfombra, oficina de barulhos e marcenaria
de pregos cantantes.

(Evoco o dia trabalhar, não uma palavra cortada da vida).

 

 

 

               5.

 

 

A terra
verdesuja
na luz
limpíssima
daqueles dias
naqueles dias.
A verdeluz,

a luz que brilhava na luz, poder imponderável.

 

 

                O que vejo: não mais verei. Ilhas sem mim.

                E nada permanece muito, o fulgor

                nos rios da claridade, no arquipélago dos lagos,
pássaros tucanos  mungubas, samaúmas.

 Roçar de asas,

 colorados estandartes em bandos de vôos se

                                                      levantavam.
Não. Não assassinar a luz. Não me disseram

 a morte próxima da orquídea e do rato silvestre, aldeias

 de ninhos. Abrem, rasgam, arrebentam a terra

para as florestas perecerem

                sob as primeiras, primeiras estradas.

                Os homens não buscam a luz do rio. Querem
apenas bauxita bauxita bauxita - e alumínio. O Governo
quer alumínio ferro ouro cobre cassiterita chumbo
níquel. Aqui, até aqui, o horror veio tecer diademas
de injúrias, meu salário.

 

 

 

        6.

 

 

  Era verde

        e outras cores (queimadas) se acrescentaram.
Transitamos na opinião ilusória.
Acampados no provisório, sempre, sinais
imprestáveis e um tempo sem respostas, um tempo em
que se viaja sem bagagem. Para trás, apodrecer,
cadáveres.

                Verde mover-se
no grande ir-se de tudo, no fruto

                das casas de tábuas, nos galpões de sujos
instrumentos, núcleos esparsos de povo, nos povoados
perdidos. No vasto país que se descobre em barcos
de grosso casco e marcha lenta.
No tempo. No tempo o revelarás.                 

                No tempo em que quase tudo é tarde.

                No tempo, nessa paisagem além
da paisagem,

        quando a imagem do tempo passar,
significados para as águas, relva pisada em volta

das casas.

 

 

 

 

 

ARTE POSTAL:  IMAGENS DE HÉLVIO LIMA E VERSOS DE ARICY CURVELLO

 

 

 

Quimera.- Tela do artista plástico H. Lima, com versos inscritos de A. Curvello.

 

Destino.- Tela do artista plástico Hélvio Lima, com versos inscritos de Aricy Curvello.

 

 

 

O chão que a gente pisa - I / Tela do artista plástico Hélvio Lima, com versos inscritos de Aricy Curvello, Medalha de Ouro (1° Prêmio) no IV Salão Internacional de Artes Plásticas/ Proyecto Cultural Sur, em 2001, no Teatro Nacional, em Brasília/DF. A série premiada é composta de três telas, mais tarde com foto de cada uma se editou cartões postais. Em 2011 já eram 16 as telas desse artista com inscrição de versos do mesmo poeta, sendo que no total fotos de onze delas compõem a coleção de cartões postais ( Arte Postal).

 

 

 

PINTURAS DE HÉLVIO LIMA,
VERSOS DE ARICY CURVELLO

pinturas acrílicas sobre tela 73x180 cm.
doadas pelo poeta ao acervo da
Biblioteca Nacional de Brasília



MARCAS

 

canção de uma só palavra
cidades de uma só casa
uma só mão batendo palmas

 

 

PEGADAS

 

tentai ser, outra vez, intactos
vossas pegadas a areia apagará
depois a relva cantará

 

CURVELLO, Aricy. Os dias selvagens te ensinam.  Belo Horizonte, MG: Editora Veja, 1979.  96 p.  14x21 cm. Capa: Branca de Castro. Apresentação de Fábio Lucas.  Ex. Biblioteca Nacional, doação do autor.

" Crítica veemente aos valores da sociedade injusta está associada a um virtuosismo do dizer, a uma contenção poética apropriada, tornando a leitura do livro um motivo de encantamento e revelação.


 Aricy Curvello, com Os dias selvagens te ensinam, sobrepaira entre os contemporâneos, alinhando-se entre os melhores poetas de sua geração
." FÁBIO LUCAS

 

 

         objetivo

 

        o vento soprou as pegadas
        o tempo dispersou o vento.
        palavras revoam tuas palavras
                        sem encontrar
                        pouso.
        assim tateamos um sinal
        no rumo inalcançado
        no caminho que não permanece
                        neste caminho

        (nossa história repetir
        com que fim?)

 

 

                       

        inter/dito      

  

        o fogo foi preciso esconder
        o país é proibido lembrar
        os nomes irão morrer sufocados

        o operário que não voltou par casa
        o estudante desaparecido
                                       o escritor desmemoriado
        o morto exposto na última folha de jornal

      
haverá em alguma notícia    
        resposta?

        a perda permanece alguma vez a terra
        está longe e está deserto um mundo
        novo em um mundo muito velho
        insistes       estás cansado        mas insistes
        em narração de                       mal sabemos
        o tempo futuro e o tempo passado

        além contidos no ar
        e em dúvida convertidos

 

 

 

 

 

De

50 POEMAS ESCOLHIDOS

PELO AUTOR

Rio de Janeiro:  Edições Galo Branco, 2007

ISBN 9780-85-7749-032-5

 

 

Outro poeta que também acompanho desde o nascedouro (com Os dias selvagens te ensinam, 1979). No começo, sua poesia se voltava para questionamentos político-sociais, mas sem desprezar o fator linguagem, buscando dar mais altitude à expressão poética. Em Mais que os nomes do nada (1996), a própria linguagem é questionada, não que considere ineficaz; mas prefere dar espaço aos aspectos plásticos e visuais da palavra e da página, tudo isto mesclado de uma reflexão sobre a nossa realidade. É dessa última coletânea o poema “O Acampamento”, texto que expressa com vigor a ação do homem sobre a paisagem (em geral, destruidora), e no qual o poeta recria com propriedade e domínio de linguagem a situação da floresta amazônica continuamente devastada. Nesse poema Curvello alia admiravelmente a expressão poética ao tema de caráter social, num excelente trabalho de artesão em plena maturidade.  Fernando Py (Tribuna de Petrópolis, 2009)

Leia mais: COMENTÁRIO CRÍTICO SOBRE A OBRA

aqui não mais aqui

 

(uma fímbria)

(uma face)

       (uma frase)

 

nem tudo o que sabemos

linguagem

nem tudo o que resta

 

: o pousar que recolhe

o que existe (a obscura mistura)

viver significa

                   — e é tudo

                   sobretudo

 

 

objetivo

 

o vento soprou as pegadas

o tempo dispersou o vento

palavras revoam tuas palavras

         sem encontrar

         pouso

assim tateamos um sinal

no rumo inalcançado

no caminho que não permanece

         neste caminho

(nossa história repetir

com que fim?)

 

 

E- U

 

canção de uma só palavra

pássaro de uma só asa

 

cidades de uma só casa

 

uma só mão

batendo palmas

 

 

eis

 

eis, mais que os nomes do nada,

menos que os nomes de tudo.

só alguns píncaros,

pouco demais do mundo.

eis, dificuldade, a louca recusa

de compreender que é breve

                   a eternidade.

 

eis, linguagem que vivemos,

(a linguagem que nos vive)

o ser, a casa,

o lugar-pátria:

eis todo o teu universo,

dicionários

& enciclopédias

como alicerces.

 

 

 

CURVELLO, Aricyvida fu(N)dida (poemas).  Ubatuba, SP: Haibã Autas Produções, 1982.    8 p. (Coleção Solidariedade Ñ Doi)  11x16 cm.  Capa: H.L.  Edição artesanal. 

 

 

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Extraídos de

POEMAS Y RELATOS DESDE EL SUR

Barcelona: Ediciones Carena, s.f.

Antología

 

               

ÀS  VEZES

 

o substantivo carece

de mais substantivos

o verbo      de verbos

verbos   de advérbios

 

as palavras fazem crescer o mundo

mas a língua não é a realidade

nem a arte se assemelha à natureza

 

criam outra

realidade que expande a realidade

 

(às vezes)

                  no branco da página

 

 

                        SOB A RELVA

 

                   a noite quando baixou sobre ti

                   ficaste

                   a relva está molhada de pássaros brancos

 

                   eras uma criança do primeiro dia do mundo

                   eu te amei como se fosse

                   a primeira vez

                   na primeira vida

 

                   não sono lágrima silêncio

                   não adeus até o último adeus

 

                   (não, não importa)

                   Eu te reconhecerei entre os mortos, sorrindo  

 

                                                De Os Dias Selvagens te Ensinam, 1979.  

 

 

                     O NÁUFRAGO                  

                   Os planos que malogram,

a fortuna que se rende,

o fado que tem olhos

de acaso e relógio,

pelo pesadelo a grande Barca abalroada,

três mil passageiros se paralisaram no terror da hora,

em plena noite, ao mar, na baía da Guanabara.

Alguns, das águas

recuperados. Um, não dos mais belos, porém dos mais

jovens,

fortes ventos e correntes o impeliram para fora

da barra, para as altas águas, o alto mar,

roído de peixes,

que humano já não era, incorporado

a medusas, a algas, ao

plenilúnio, às vagas, aos eflúvios do sal.

Agora, sua respiração percorre o litoral.

 

 

 

                        DE VICENT A SEU IRMÃO THEO VAN GOGH

 

                   uma chama em minha mão

                    um fogo mágico: eis

                   o que abre a prisão.

                   o que liberta alguém do cativeiro:

                   girassóis iluminando o chão.

                   segura

                   -mente, como se queima em desenho

                    o traço agudo,

                    e o mundo, em pintura

 

Extraídos de

POESÍA DE BRASIL – Volumen I

Proyecto Cultural Sur, 2000

Antología

 

morfose

 

símiles, vozes, labirintos,

como alguém que um poema principia,

 

segues imagens ao confim do não,

dúbios, dúbios desenhos que mais são

lábios de noite ou silêncio

ou vozes de outra voz outra forma aparência

 

 

sombras de sombras são que te encontram

sentir sem poder de captura, mas verde é esse

beijo,

lento crescer de enigma

 

 

símiles vozes labirintos

como alguém que um poema principia

 

 

os   muros                                                                                                                         

 

abaixo o imperial
          ismo ianque (os moços

gritavam a piche nos muros)

 

viva a amizade

norte-americana

(suicidavam os moços

a canhão sob os mesmos muros)

 

                                      os muros continuam muros

 

 

                    tarde da noite

 

                    quando penso em pessoas que amei  (poucas,

                    porque, banqueiros, não nos damos às mãos cheias)

 

melhor fôra:

(triste vantagem a da idade conquistar

                   : porém quando já é tarde: o conhecimento)

 

com riqueza que não é para ser armazenada

melhor fôra (concluo melancolicamente)

havê-las amado

 

mais muito mais do que eu amei

 

 

                    recomeçar

 

os antes anos

                     agora meses

os antes meses agora dias

os antes dias agora horas

as antes horas agora

                                agora

 

 

e o q se decompõe e o q se renova

e o q se putrefaz

                           e o q vive para nascer

e não é senão pisado

 

 

a vida não está nas estatísticas e jornais

lenta decomposição e lenta renovação

dez anos

dez mil maus poemas ou dez mil mortos

sabemos a que preço avançamos

 

 

morder a alegria com as mãos escalar

                           os céus

recomeçar

(que sonho resume o homem?)

               a vida está sempre recomeçando

 

 

 

[ CURVELLO, Aricy ] PACHECO, Cleber.  A arte poética de Aricy Curvelo.  Porto Alegre: Ediplat, 2013.  112 p.  16x23 cm.  ISBN 978-85-87171-85-6  Inclui enasios e a Fortuna crítica do poeta e outros registros.  Col. A.M.


Fotos de poema de Aricy Curvello colocado na praça de Uberlândia, MG

 

 

 

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 

Poeta, autor de ensayos y de artículos literarios y traductor, sus libros tienen muy buena acogida por parte de la crítica. Durante los gobiernos de la dictadura militar (1964-85) sufrió prisiones y persecuciones. Há vivido en Rio de Janeiro, en la Amazônia y en otras regiones de Brasil así como también en Europa. Socio de la Unión Brasileña de Escritores desde 1980, se vincula al Proyecto Cultural Sur em 1998 y viaja a La Habana en dos oportunidades para participar en los encuentros anuales del proyecto.

 

Corresponsal en Brasil de la revista literaria portuguesa Anto, integrando también el Consejo Editorial de Literatura – Revista del Escritor Brasileno  y de la revista de poesia Augusta.

 

Libros de poesia: Los Días Salvajes te Enseñan (1979), Vida Fu(n)dida (1982), Más que los Nombres de la Nada (1996), La Poesia de Minas Gerais en el Siglo XX (1998), El Campamento (en edicción de arte,2004, y en Francia, 2005), 50 Poemas Escogidos por el Autor (2007), Menos que los Nombres de Tudo (2008,a salir).

 

Integra antologías nacionales e internacionales de poesía. Traducido al español, francés,italiano, inglés y sueco, es mencionado en la Enciclopédia da Literatura Brasileira e en el Dicionário Biobliográfico de Escritores Brasileiros Contemporâneos.  

 

 

 

Extraídos de

POEMAS Y RELATOS DESDE EL SUR

Barcelona: Ediciones Carena, 2001

Antología

 

Traducciones de Gabriel Solis

                                          Y Federico Nogara

 

 

                        A VECES

 

                   el sustantivo carece

                   de más sustantivos

                   el verbo           de verbos

                   verbos             de adverbios

 

                   las palabras hacen crecer el mundo

                   pero la lengua no es realidad

                   ni el arte se asemeja a la naturaleza

 

                   crean otra

                   realidad que expande la realidad

 

                   (a veces)

                                               en lo blanco de la página  

 

Del libro Más que los nombres de la nada, 1999  

                  

                    

 

                       BAJO EL CÉSPED

 

                                   Traducción de Juan Pablo (Uruguay)

 

 

                        Cuando la noche bajó sobre ti

                   quedaste

                   el pasto está mojado de pájaros blancos

 

                   Eras uma criatura del primer dia del mundo

                   yo te amé como si fuera

                   la primera vez

                   en la primera vida

 

                   no sueño lágrima silencio

                   no adiós hasta el último adiós

 

                   (No, no importa)

                   Yo te reconoceré entre los muertos, sonriendo

 

 

                                        De Os Dias Selvagens te Ensinam, 1979.

 

 

 

                   EL NÁUFRAGO

 

                   El plan que se malogra,

                   la fortuna que se rinde,

                   el hado que tiene ojos

                   de acaso y reloj,

                   por los tres la gran Barca embestida,

                   tres mil pasajeros se paralizaron en el temblor de la hora,

                   en plena noche, al mar, en la bahía de Guanabara.

                   Algunos, de las águas

                   recuperados. Uno, no de los más bellos, todavia de los más          

         `        jóvenes,

                   fuertes vientos y corrientes lo empujaron para afuera

                   de la barra, para las altas aguas, el altomar,

                   roído de peces,

                   que humano ya no era, incorporado

                   a medusas y algas, al

                   plenilúnio, a las olas, a los eflúvios de la sal.

                   Ahora, su respiración recorre el litoral.

 

 

                   DE VICENT A SU HERMANO THEO VAN GOGH

 

                   una llama en mi mano

                   un fuego mágico: he aqui

                   lo que abre la prisión

                   lo que libera a alguién del cautiverio:

                   girasoles iluminando el suelo.

                   segura

                   -mente, como se quema en el diseño

                   el trazo agudo,

                   y el mundo, en la pintura.

 

 

Extraídos de

POESÍA DE BRASIL – Volumen 1

Proyecto Cultural Sur, 2000

Traducción de Gabriel Solis

 

 

MORFOSIS

 

Símiles, voces, laberintos,

como alguien que un poema principía,

 

sigues imágenes al confin del no,

dudosos, dudosos dibujos que más son

labios de noche o silencio

o voces de otra voz otra forma aparencia

  

sombras de sombras son que te encuentran

sentir sin poder de captura, pero verde es ese

beso,

lento crecer de enigma

 

Símiles voces laberintos

como alguien que un poema principía

 

 

Del libro Más que los nombres de la nada, 1999

 

 

LOS MUROS

 

Abajo el imperial

ismo yanqui (los muchachos

con tiza gritaban en los muros)

 

viva la amistad

norteamericana

(a cañón ellos suicidaban los muchachos

bajo los mismos muros)

 

los muros continúan muros

 

 

De Os Dias Selvagens te Ensinam, 1979.

 

 

 

TARDE  DE  LA  NOCHE

 

Cuando pienso en las personas que amé

                                             (tan pocas,

Porque, banqueros, no nos damos de manos

                                             llenas)

 

mejor fuera:

(triste ventaja de la edad conquistar:

cuando ya es tarde todavia: el conocimiento)

 

con riqueza que no es para ser almacenada

mejor fuera (concluyo melancolicamente)

haberlas amado

 

más mucho más de lo que yo amé

 

 

 

Del libro Más que los nombres de la nada, 1999

 

 

 

RECOMENZAR

 

Los antes años

                   ahora meses

los antes meses ahora días

los antes días ahora horas

los antes horas ahora

 

ahora

 

y lo que se descompone y lo que se renueva

y lo que se putreface

                       y lo que vive para nacer

y no es sino pisado

 

la vida no está en las estadísticas y periódicos

lenta descomposición y lenta renovación

diez años

diez mil malos poemas o diez mil muertos

sabemos a qué precio avanzamos

 

morder la alegria con las manos escalar

     los cielos

recomenzar

(?Qué sueño resume el hombre?)

La vida está siempre recomenzando

 

 

HERA NO. 20.   (REVISTA HERA)   Direção Roberto Pereyr – Salete Aguiar – Trazíbulo Henrique Pardo Casas.   Feira de Santana, Bahia: 2005.  ISSN 0101-1065Ex. Bibl. Antonio Miranda

CÉZANNE

Jamais quis pintar
como um animal

porém
na dimensão que nos dá as coisas
repletas de reservas, inesgotáveis:
a do mundo em sua espessura
(não só as palavras em discurso)

Massa sem lacuna:
um organismo de cores.
A vibração das aparências não é o berço das coisas.
Escrevia como pintor
o que não havia sido pintado ainda.

(A criação do que existe é uma tarefa infinita.)


O ETERNO RETORNO

sombras de Roma, sombras de Atenas,
algo haverá de restar ( e restará

a trajetória de uma pena,
o significado de um nome.)

tudo retorna, algo revive,
sombras de Roma, sombras de Atenas,
em um frêmito, em lágrima furtiva,
em torno nu de mármore, em uma poema.


INDIGÊNCIA E RIQUEZA

o real (julgaram) é só
o que vem ter à palavra

há muito mais silêncio e muito mais
silêncio

há muito mais real e muito mais
real

o verso existe para impedir o poeta
de falar


*

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Página publicada em dezembro de 2022

 

 

 

 

De Os Dias Selvagens te Ensinam, 1979.

 

COMENTÁRIO CRÍTICO SOBRE A OBRA

                                                                                HENRIQUE  MARQUES-SAMYN

 

 

O volume da série 50 poemas escolhidos pelo autor dedicado à obra de Aricy Curvello (Edições Galo Branco, 2007) realiza com sucesso a difícil tarefa de reunir, numa breve seleção, a obra de um dos mais plurais poetas brasileiros da atualidade. No caso específico dessa coleção em que o antologista e o autor são a mesma pessoa, dirigida por Waldir Ribeiro do Val, há a peculiaridade de o próprio poeta poder eleger os poemas que considera mais representativos de sua obra; isso, contudo, pode facilmente abrir caminho para idiossincrasias e parcialidades, caso a seleção seja motivada por critérios pessoais que deixem de lado o senso estético – o que não nos permite mais do que conhecer a relação afetiva que há entre o autor e sua própria produção. Afortunadamente, a antologia

preparada por Aricy Curvello soube evitar esse perigo.



Desde sua estréia, com Os dias selvagens te ensinam (1979), até o mais recente O acampamento (2004), Aricy Curvello vem estendendo seu discurso poético por vastas regiões; não obstante, unifica sua obra uma densidade reflexiva que, graças a um hábil manejo da palavra, logra realizar-se esteticamente. Nos textos selecionados para estes “50 poemas escolhidos”, temos uma amostra dessa riqueza temática: há poesias que tangenciam a política, como “anedota sul-americana” (“de repente veio um general / de repente / vieram de repente muitos / generais e soldados vieram / tropas / (…) // e as cidades paralisadas / e as palavras sem palavras // só não veio o anjo-da-guarda / que velava aquele país”); pictóricos, como “Cézanne” (“massa sem lacuna: / um organismo de cores. / a vibração das aparências não é o berço das coisas. / escrevia enquanto pintor // o que não havia sido pintado ainda.”); biográficos, como “vida” (“a tantos idiomas a linguagem / obrigou-me / : duvido das palavras // (…) // a tanta opressão me reduziram / oco / : o que sobra é bem pouco”). Contudo, é ao debruçar-se sobre a própria linguagem que a veia poética de Aricy Curvello atinge maior altura, produzindo poemas como “eis” (“eis, linguagem que vivemos, / (a linguagem que nos vive) / o ser, a casa, / o lugar-pátria: / eis todo o teu universo, / dicionários / & enciclopédias / como alicerces”) ou “indigência e riqueza” (“o real (julgaram) é só / o que vem ter à palavra // há muito mais silêncio e muito mais / silêncio // há muito

mais real e muito mais / real”).

Aricy Curvello destaca-se no âmbito literário brasileiro como um criador para quem a poesia é, sobretudo, um exercício de reflexão; mesmo numa obra como “o acampamento”, em que se pode entrever assomos de um lirismo mais arrebatado, esse é calculadamente refreado em favor de uma dicção poética que se coloca, sobretudo, a serviço do pensamento. Ciente da insuperável fronteira entre a palavra e a realidade, Aricy Curvello não tem a pretensão de dizer o mundo; mais lhe interessa indagar sobre o sentido do homem e da linguagem – ou seja: da própria poesia.


Página em construção, em novembro de 2007; página ampliada e republicada em agosto 2009


 
 


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