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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANA MARIA CARNEIRO BERNARDELLI

 

Natural do estado de São Paulo, reside em Campo Grande-MS. Graduada em Letras, professora especialista em Literatura Brasileira e Portuguesa. Há mais de 40 anos, atua como professora de Literatura e Produção Textual e leciona em cursos preparatórios para concursos públicos e vestibulares.

Musicista certificada pelo Centro de Artes do Rio de Janeiro. Formada em Língua e Literatura Francesa pela Université de Nancy, França. Membro da Comissão sul-mato-grossense de Folclore, ocupando o cargo de secretária.

Durante três décadas, de 1974 a 2000, exerceu o magistério desde o ensino básico até a Universidade onde priorizou o ensino de Literatura Brasileira e Literatura Portuguesa. Participou de diversos congressos de educação e sempre deu ênfase à valorização da Leitura e da Escrita, o que se tornou sua marca no meio educacional. Nessa época, teve significativa atuação no Sistema Anglo de Ensino com a criação do Jornal NEWS TEEN, produção mensal dos alunos do último ano do Ensino Médio. Sempre ligada à Educação, recebeu o prêmio no Instituto de Educação Caetano de Campos, SP, em nível estadual, com artigo acerca da atuação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Desenvolveu intenso trabalho de Assessoria e Consultoria em Língua Portuguesa tanto no setor privado quanto no público, em São Paulo e em diversas escolas de Campo Grande/MS. Em 1996, foi a organizadora de evento literário no Shopping Campo Grande, promovido pelo Colégio Dr. Mario Fagundes, sob a direção da professora Cirani Fagundes. O evento fez uma homenagem a Monteiro Lobato, reconstruindo o sítio do Pica pau Amarelo com todos os personagens. Teve a parceria do Sesc, Nestlé, Coca Cola e da Editora dos livros de Lobato, perfazendo um público de mais de 5000 crianças em quatro dias de apresentação que envolvia música instrumental, coral, solos, dança e performances baseadas na obra de Monteiro Lobato. Publicou em 2014 a coletânea de poemas Emoções gota a gota, uma obra intertextual: poesia, pintura e música.

 Em 2016, com o poeta Fábio Gondim, criou a parceria Bernardelli & Gondim – Projetos Literários, responsável pelo lançamento de Antologias em prosa e verso em prol da divulgação da literatura do MS. Em 2017, publicou 101 Reinvenções, uma Antologia de 101 poetas do Mato Grosso do sul, com poemas inspirados na poética de Manoel de Barros. Em 2018 foi a vez de Prosas e Segredos da Morena, uma coletânea de contos baseados na cidade de Campo Grande MS e de 101 Reinvençõezinhas - antologia de poemas infantis, produzidos pelos alunos da Escola Espaço Livre, sob a direção da educadora Rosana Trad. Em 2019 publicou a coletânea ERA UMA VEZ – Histórias Infantis em prosa e verso. História contadas por 44 autores do MS. Tradutora e, em 2018, teve sua candidatura efetivada a vice-governadora pelo Partido Verde (PV).

Veja também, clicando em: 

ACERCA DA CANÇÃO “PILATOS”, de Rubenio Marcelo e Raquel Naveira, por Ana Maria Bernardelli - ENSAIOS

AINDA SOBRE CRÍTICA LITERÁRIA, por Ana Maria Bernardelli - EDITORIAL

 

1. Da violência humana

 

Os companheiros lavam as mãos sujas de sangue

Próximos às torres das imensas catedrais

Ouvem, silentes, gritos e lamentos

Os ais na garganta reprimidos

Já não os atormenta a lívida dor

O som da batalha é estranha melodia

O sal das lágrimas rega irônico

As flores vermelhas do altivo horror

As trincheiras, quietas,

Aguardam

Da vida e morte

O limbo

Desolador.

 

 

2. Da nostalgia

 

Uma casinha de madeira alva

Num campo de plantas tímidas

Um poço, uma horta

Rodeada de acanhado balaústre

Um pomar, um caminho

E o labirinto de montanhas

A barrar o horizonte...

 

 

3. Dos labirintos

 

O arame farpado dividia

A planície

Uma quase-prisão

Uma quase-euforia

A fenda da montanha

Esqueceu o caminho

A fruta ficou no pé

As pegadas, sepultas na poeira

Talvez

Quando um dia

As letras significarem

E a ferrugem

Corroer a corrente

A vereda se abra...

Ou se bifurque.

 

 

4. Das utopias

 

Não mais o padecimento

Nem masmorras, nem calabouços

A tristeza da ignorância

Não mais

Exílios, cisão, fronteiras

Discórdia, fração!

Não mais

O partível tronou-se uno

O tirano, benigno

A adversidade, prostrada

A destruição, vencida

O vento trouxe a notícia:

O mundo voltou às origens.

 

 

5. Das angústias e das súplicas

 

Não te escondas!

Tua presença me é bálsamo

Conforto, essência

Consolação

Suplico teus sinais

Tal qual o discípulo

Não te ausentes!

Sou fraco, humano

As incertezas me povoam

A alma

Peregrino, não acolho

A vida

Nem me compadeço

Das borboletas

Incautas

Não te afastes!

Sou ridículo

Indigno

A imperfeição me consome

A escuridão é minha luz

A cicatriz da dor

Rouba meu rosto.

Acolha-me!

 

 

6. Das preces

 

Aqui, prostrado,

deposito todos os meus devaneios

as minhas ingênuas fantasias

os meus encantamentos.

Do mais alto farol

vejo o círculo do horizonte

que me aprisiona

Nada mais desejo

sou afeito a extensões

mais profundas,

quero só o dízimo

das utopias!      

 

 

7. Do esquecimento

 

O dia fora infeliz

O sol escaldante demorou a se pôr

Não se viam pássaros, as flores esturricadas eram...

Meu Deus, queria não estar ali!

Todos pareciam tão felizes!

Não me lembrei de bem que me tivesse visitado.

Acabrunhava-me sentir-me assim

Tão dolorido, tão pequeno, tão nada.

Alonguei o olhar e avistei o ocaso, enfim.

Achei melhor esquecer aquele dia.

 

 

8. Das palavras

 

As palavras transformam pedras em cinzas.

E como punhais, enfartam corações.

Dificultam emoções

Caminham majestosas

Pelas ruas e pelas luas

A distribuir mentiras piedosas.

Há quem delas vive

O poeta, por exemplo.

O contador de histórias

O acusador e o réu

O amante alvissareiro

E o tolo bajulador.

Ah! As palavras!

Quanto já falaram e falam de ti!

Mesmo assim ainda tens poeira

Poeira atravancando as verdades

As verdades a espalhar enganos

E os enganos, quimeras!

 

 

9. Apuração

 

Por muito tempo, passeei pelo mundo

Diziam-me ser um jardim

Para mim, era um

vasto quintal

de muros cercado inteiro

Tentei mudar os limites

O cruel concreto recuar

Para desespero de uns

E fugaz gozo de outrem

Tanto fiz, tanto somei

Tanto dividi, tanto recrutei

...

Um dia veio em que nada me sobrou

O relógio apurado pelo tempo

Na afinação da eternidade

Marcou o horário do infinito.

 

 

10. Deslumbramento

 

Nascem-me lágrimas

Sempre que olho para o céu.

Observar estrelas

Nascidas no firmamento

E mergulhadas nas ondas

Acompanhar o diário destino do sol

Vê-lo cair de cansaço

Aguardar a pureza da madrugada

Sentir a dança do vento a balançar as folhas

Num frenesi quase infantil

Rodopiando, rodopiando...

Dizer adeus à lua

Aconchegar-se em camas de areia

Olhar o mundo do topo das montanhas

Acarinhar as flores, provar seus espinhos

Seguir a trilha das formigas

Mergulhar, mergulhar só

Não é poesia.

É conversa com Deus.

Em audiência privada.

 

 

 

Página publicada em novembro de 2019

 

 

 

 

 

 

 
 
 
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