Memórias Infames
Antonio Miranda
Belo Horizonte: Anome Livros, 2009 / 96 p.
Edição de 500 exemplares, 70 deles com um CD
com gravação dos poemas na voz do Autor,
numerados e assinados pelo Autor
Capa: Catherina Romanell - Uruguai / www.catherinaromanelli.com
Projeto Gráfico: Sebastián Moreno/ WilmarSilva/ www.tropofonia.com.ar
ISBN 978-85-98378-39-8
anomelivros@anomelivros.com.br / www.anomelivros.com.br
Quase todos os poemas do livro já estão publicados na seção POESIA ILUSTRADA neste Portal:
METAPOEMA / ENTEDIANTE / ANTES DE NASCER, EU OUVIA / CÍRCULOS / UM CAMINHO PARA ONTEM / MEMÓRIAS INFAMES / CONTA-DICCÕES / MEU PRIMEIRO AMOR / SUICÍDIO DE MAIAKOVSKY / MAIAKOVSKIANAS / NÃO MAIS / NU EM SUORES / ENCURRALADO / ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE / RODOVIÁRIA DO PLANO PILOTO / SE ME MOVO / MAR / BARCO À DERIVA / JANELA PARA DENTRO
Prefácio do livro escrito por ANGÉLICA TORRES LIMA, poeta e jornalista:
Poematemática da entrega
(Angélica Torres Lima)
Estas Memórias Infames de Antonio Miranda, compactadas, são na verdade um vôo rasante sobre a existência do indivíduo em sua finitude, porque a asa do poeta sustenta a percepção aberta à vastidão da alma e nela fantasia, ou realiza, o que se interpreta por tempo vivido. Olho que se vê diverso, aqui o autor multiloga com o ser que o habita, demiurgicamente, e pratica a matemática pura da entrega: um que soma e se divide, restando o múltiplo de si mesmo, o poeta que não cabe só em si, porque o homem é vário.
Ainda mais, conecta e adiciona tempos dessimétricos diante de paredes espelhadas, como se, entre cartas, atuasse como coringa, jogando com tantas faces e posições, dissecando o sentido da urgência, confessando a crença no eu aritmético, algébrico, geométrico, afirmando a palavra de língua precisa na meta imagética, posto que sem jamais perder a ternura e o lirismo.
Os quatro poemas iniciais de metalinguagem, em que o registro do verbo/ verso se dá desde o útero, são a ante-sala para o que ele intitula de memórias infames da puberdade, buscando-se nesta idade de afirmação em meio a estrofes que levam o leitor a uma viagem íntima, ora factual, ora ficcional, entre as lâminas das faces do espelho, perseguindo o amor, renunciado, mas certo de “ser útil pelo prazer”.
Pungente no memorial O Jovem na Livraria, constrói o retrato do futuro bibliotecário, amante e colecionador de livros que se tornaria vida toda adiante, projetando-se do gênio generoso que o coabita sobre outros jovens futuros amantes das palavras dos livros. Belíssimo, Um Caminho Para Ontem revela o vôo armado do adolescente, em sua indizível contradição-oposição ao tenebroso mundo adulto, para um destino de horizontes sonhados. Maiakovski, símbolo de rebeldia na poesia do século 20, que o diga, e sustenta e sanciona a teimosia filosófica da relação do autor com o mundo.
Nessa viagem dentro e ao redor de si, Antonio Miranda, que é latino-americano por vivência de território e excelência, circun(e)screve-se transformável, errante, Encurralado diante da imagem do homem, esculpida a canivete por sua pontiaguda circunspecção. E fecha seu poemário de reminiscências – e não apenas –, com a concisão do raciocínio lógico-poético tão peculiar à sua atlântica inteligência: evoca de Paul Valéry, um dos eleitos poetas de sua constelação particular, o cemitério marinho que tudo abarca e em que deposita, desde a imensidão mar-uterina, o marulho do marí(n)timo de águas revoltas, onde se banha infinitas vezes nesta saga. Dela e por seu verso, o leitor aporta certamente mais amplo, mais plural e lúcido.
Veja o e-book...:
Leia também:
SOBRE “MEMÓRIAS INFAMES” DE ANTONIO MIRANDA, ENSAIO de Leonardo de Magalhaens
COMENTÁRIOS
OLÁ ANTÓNIO MIRANDA
COMO VAIS...?
JAMAIS ESQUECEREI AS TUAS PALAVRAS-SÁBIAS NO ENCONTRO DE BELO HORIZONTE...LEIO O TEU BELÍSSIMO LIVRO " MEMÓRIAS INFAMES" ....COM TODA A SINGULARIDADE ALÓGRAFA ...COM TODA A TRANSMIGRAÇÃO CORPORAL...
MUITO OBRIGADO PELO TEU EXCELENTE DIÁLOGO
GRANDE ABRAÇO COM ADMIRAÇÃO DO LUIS SERGUILHA (PORTUGAL) 9/3/2010
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RESENHA, por Elga Pérez-Laborde:
Memorias Infames, quiebra el tedio por el camino de lo indecible, de lo apenas audible, salvo para si mismo, en el ámbito neonatal,
Antes de nascer, ouvia e gravava,
sem entender: gritos, buzinas, canções.
Sem consciência de mundo, eu gravava. (2009: 17)
El poeta se rescata a si mismo del dolor de la pérdida física de su madre y la recobra en una especie de simbiosis lírica:
Minha mãe, triste – eu sentia! -,
minha mãe aflita estampada
em minhas entranhas, mãe-filho.
Ainda estamos juntos, depois da ida
num eco sem som, decifrando sons
extintos, indeléveis, tatuados na memória.
Memória física, em códigos que
eu não domino, que me dominam.
Como Champolion, tento entender-me.
(ídem. P. 15-16).
Camina en círculos y cuadrados (p.20), peripatético, para, de alguna forma insólita, detenerse en Brasilia, donde el espejo no refleja su imagen sino aquellas irrecuperables, esas que existen sólo en los espacios interiores y que sólo a veces se pueden concretizar a través de la moldura inmortal de las palabras u otros códigos. Un ejercicio lúdico que abre caminos para expresar el tiempo y sus movimientos en situaciones fugaces, que cuentan y estampan las historias de su tierra natal, de su familia, de los viajes fluviales de un lugar a otro, de una vergüenza a otra, parajes de revelaciones íntimas, de laberintos inconfesables exorcizados por el verso. Poco a poco, de ese limbo azul, que puede ser cielo y mar, pecado y redención, emerge el Brasil y sus huellas en el corazón del hombre, que es el niño, el poeta, el pensador. Poemas confesionales de cuerpos desnudos, de gozos escondidos, de devaneos amorosos e irreverentes, disimulados, como respuestas a un mundo que se muestra mezquino, de privaciones y contradicciones. La búsqueda de la identidad, de los primeros encuentros, del amor, de las interrogantes que no tienen respuesta, de las fatalidades. Y aún así, hacer filosofía, evocar “el poder de las rimas imprevistas” de Maiakóvski. (ídem.71). Buscando una salida, como “barco a la deriva”…(ídem: 86).
Elga Pérez-Laborde >>> leia o artigo completo da autora sobre as obras de Miranda
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Em Memórias_Infames (Belo Horizonte: Anome Livros, 2009), o adjetivo "infame" parece antes significar "sem fama, desprezível." Assim, Miranda de certo modo expõe e analisa, a sua existência, desde o útero materno (“Antes de nascer, eu ouvia...”, p. 16) com invejável domínio da expressão escrita, o poeta reconstrói sua vida passo a passo, sobretudo em seus primeiros anos. Os textos iniciais (“Metapoema”, p. 10, “O indizível”, p. 12, “Entediante”, p. 14 e o já citado acima) compõem uma espécie de "poetica" para o conjunto e indicam o conhecimento de Miranda acerca do valor da linguagem. Vai desenvolvendo suas lembranças da infância, da adolescência e da mocidade de modo a "presentificar" os acontecimentos que lhe são caros. O resultado é um livro muito bem realizado, de tal modo que o leitor assimila os dados da vida do autor como se os tivesse igualmente vivido” FERNANDO PY, em: “Literatura” (Tribuna de Petrópolis, 11-11-2011, Caderno Lazer, p. 5)
Lemos imediatamente Memórias Infames, eu pessoalmente gostei muito do poema que dá título ao livro, cheio de sensíveis reminiscências. Outro poema que me tocou muito foi Não Mais. REGINA POUCHAIN – WLADEMIR DIAS-PINO, Rio de Janeiro, jan. 2013
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