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EU, KONSTANTINOS KAVÁFIS DE ALEXANDRIA Brasília: Thesaurus Editora, 2007. 48 p. ilus. EU KONSTANTINOS KAVÁFIS DE ALEXANDRIA – I EU, KONSTANTINOS KAVAFIS DE ALEXANDRIA - XIV
Konstantinos Kaváfis —Kωνσταντίνος Πέτρου Καβάφης —, (1863-1933) nasceu e morreu em Alexandria, cidade egípcia que o fascinava e o desesperava. Pequena, mítica, parte da história seminal dos povos do Mediterrâneo. Descendente de gregos, viveu no confronto com outras culturas sobreviventes, sob o protetorado inglês. Estudou na Inglaterra em sua adolescência e juventude, anos certamente decisivos para a sua formação intelectual e liberal, não obstante as diferenças com o conservadorismo e o moralismo vitorianos. Paralela à sua iniciação na literatura, entregou-se à vida amorosa clandestina e desregrada, de que são testemunhos os extraordinários poemas que deixou e que sobreviveram, já que ele resistiu à publicação em vida. Poesia ora sensual ora de ensejo histórico, mas sempre numa linguagem concisa, sem retórica e, não raras vezes, anti-lírica, pós-simbolista.
Meu contato com a poesia de Kaváfis é de décadas, desde que adotei a língua castelhana, pois os meus conhecimentos de grego não me habilitam para uma leitura proveitosa dos originais. Só recentemente é que descobri as excelentes traduções de José Paulo Paes ao nosso idioma. E a este grande tradutor e poeta devo o enorme prazer da leitura de “Konstantinos Kaváfis – Reflexões sobre a poesia e ética” (São Paulo: Editora Ática, 1998) que descobri, por acaso, em um sebo de Campo Grande, MS. Da leitura das “Reflexões” —escritas entre 1902 e 1911—, no quarto de hotel por causa da convalescença de uma súbita crise de saúde que me acometeu, veio a idéia de escrever este longo poema, que comecei antes mesmo de completar a leitura do texto. Felizmente, não tinha ao meu alcance os poemas de Kaváfis, salvo alguns fragmentos contidos na referida obra. Não pretendi jamais imitar o estilo do autor. Quis, tão-somente, transformar as idéias e impressões do poeta sobre sua vida e sua poesia, em um texto poético. Recurso estritamente literário, de risco. O recurso intertextual foi inevitável porque Kaváfis, mesmo na prosa, conserva seu estilo conciso e eminentemente poético, fugindo do tom descritivo e da pura especulação filosófica. As reflexões conservam o tom confessional e poético porque, o poeta não pretendeu jamais separar-se de sua obra, apesar de perguntar-se: “Não mente sempre a Arte? E não é quando mente mais que ela se revela mais criativa?” Criador e criatura se confundem. Escrevi este poema em transe. Jamais no sentido mediúnico, que está fora de meu universo de idéias. Quis apenas verter as reflexões kavafianas e meus entendimentos de sua ousada, admirável e singular personalidade, que pulsa em seus escritos.
Que minhas palavras não sejam em vão. E não descuido em proferi-las para o triunfo de minhas idéias. Mesmo que não surtam efeito imediato.
(Campo Grande, MS, Brasil, 18-19 dezembro 2006)
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COMENTÁRIOS
“Porém, “Konstantinos...’ ainda voa mais alto. A sua uniformidade de sabor tão grego, a originalidade são amplamente conseguidas: “sou um grego apaixonado pela forma/ disposto a absorvê-la e a possuí-la”, “Banalidades e seriedades se esvaem/só o que é belo sobrevive e redime”, ou como decisivo final beethoviano; “Levo séculos corroendo os alicerces/ deste mármore impostor / e o meu orgulho sobriviverá”. (...) ‘Antonio Miranda: Kaváfis é uma obra prima”. Poeta VASCONCELOS SOBRAL. Queluz, Portugal, set. 2007. “Li o primeiro [Eu, Konstantinos Kaváfis de Alexandria] no próprio dia 19, voltei a lê-lo no dia 20, criação fascinante de uma invulgaridade extrema que me apaixonou. (...) Poesia clara como água cristalina, difícil como a cristalinação da água. Muito lhe agradeço me ter dado tanta beleza. No XIV do Konstantinos, por exemplo. É fascinante!” ARTUR DE VASCONCELOS SOBRAL, Queluz, Portugal. 23/8/2007. Grande Antonio Miranda: Também grande poeta. Tanto que estou re-lendo o Konstantinos, poema cujos meandros sublimam a existência em nome da grandeza humana. Além do mais, poesia verdadeira. JORGE TUFIC, Fortaleza, Ceará, jun. 2007.
Meu caro Antonio Miranda, obrigado pelo belo livro, que já li e de que muito gostei.É dos que ficam nas minhas estantes. Abraço e cumprimentos do Gilberto Mendonça Teles. Rio de Janeiro, jun. 07 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
“Chegando de férias, encontrei seu magnífico Eu, Konstantinos Kaváfis de Alexandria. Apesar de conhecer bem os poemas dele, pude aprender e apreender mais lendo você/Konstantinos. Esses exercícios intertextuais geralmente acabam em bons livros, como o seu. (...) se KK lesse seu livro, eataria certo de que o que disse não foi pura perda. RITA MOUTINHO, poeta, lexicógrafa. Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, 24/5/2007
“É bem diverso o trabalho de Antonio Miranda quando se debruça sobre a poesia do grego Konstantinos Kaváfis (1863-1933). Em Eu, Konstantinos Kaváfis de Alexandria (Brasília: Thesaurus, 20070, Miranda não faz um tradução, no sentido próprio do termo: elabora um longo poema inspirado na obra poética de Kaváfis, em quatorze partes sem título, numeradas à romana, e escrito na primeira pessoa do poeta grego. Confessa não ter pretendido imitar o estilo do autor, e sim “transformar as idéias e impressões do poeta (...) em um texto poético”. O que importa, no caso, é verificar se conseguiu produzir um texto que lembrasse o poeta grego, e em que grau ou profundidade o obteve. Pode-se dizer que logrou o que pretendia, o texto de Miranda compõe um belo poema, partindo de certas constantes ou características da poesia de Kaváfis, inclusive assumindo uma posição antilírica que lhe é própria, sobretudo quando foge ao tom descritivo e de pura especulação filosófica do autor grego. O trabalho de Miranda é importante por dar uma boa idéia da poesia de Kaváfis, tão pouco divulgado entre nós.” FERNANDO PY, na seção LITERATURA da Tribuna de Petrópolis, 20-04-2007.
Escrevo para agradecer a você pelo envio do primoroso Ou devo dizer KONSTANTONIOS KAVÁFIS DE MIRANDRIA?
ALVES DE AQUINO = O Poeta de Meia-Tigela - Fortaleza, CE, 20/01/2016
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