FAGUNDES VARELA
(1841-1875)
Luís Nicolau FAGUNDES VARELA nasceu em Rio Claro, Rio de Janeiro, e viveu na antiga capital do Brasil sem grandes conquistas: não conseguiu formar-se em Direito, foi infeliz em dois casamentos, dois filhos dele morreram ainda no primeiro ano de vida. Faleceu jovem, depois de enfrentar problemas financeiros e o alcoolismo.
O crítico Antonio Carlos Secchin – organizador de uma coletânea de versos* do poeta romântico – afirma que Fagundes Varela, “certamente, é o menos aquinhoado pelo julgamento positivo de críticos e historiadores”,; que “chegou tarde demais em relação a Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e a Casimito de Abreu”. Mas reconhece que “Apesar disso, não haveria exagero em perceber na sua poesia a mais complexa construção literária de nosso romantismo”. O autor de Noturnas (1861) foi (e continua sendo) um ídolo das letras.
Cartão postal antigo; bilhete postal – old postcard – tarjeta postalantigua –
Editor/publisher M. OROZCO, Rio de Janeiro circa 1904)
Veja também: POÉMES EN FRANÇAIS
* * *
Estrellas
Singelas,
Luzeiros
Fagueiros,
Esplendidos orbes, que o mundo aclarais!
Desertos e mares, — florestas vivazes.
Montanhas audazes que o céo topetais!
Abysmos
Profundos!
Cavernas
Eternas!
Extensos,
Immensos!
Espaços
Azues!
Altares e thronos
Humildes e sábios, soberbos e grandes!
Dobrai-vos ao vulto sublime da cruz!
Só ella nos mostra da gloria o caminho,
Só ella nos falla das leis — Jesus!
(Obs. Conservamos a ortografia original, tal como aparece no cartão).
Este exemplar faz parte de uma coleção de 16 “bilhetes postais” da coleção particular de Antonio Miranda registrada no texto Poesia em Cartão Postal Antigo.
Extraído de:
2011 CALENDÁRIO poetas antologia
Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2010.
Editor: Edson Guedes de Morais
/ Caixa de cartão duro com 12 conjuntos de poemas, um para cada mês do ano. Os poetas incluídos pelo mês de seu aniversário. Inclui efígie e um poema de cada poeta, escolhidos entre os clássicos e os contemporâneos do Brasil, e alguns de Portugal. Produção artesanal.
VARELA, Fagundes. Eu amo a noite [e outros poemas]. Ilustraçõesde Aline Daka. São Pedro de Alcântara, SC: Edições Nephelibata, 2011. 97 p. illus. (Arquivo Decadente, 1) Mantém a grafia original da época. Apresentação de Camilo Prado. “Desta tiragem foram tirados 50 exemplares, numerados de 01 a 50, confeccionados artesanalmente (..)”. Col. A.M. (EA)
SONETO
Desponta a estrela d´alva, a noite morre.
E dôce a briza no arraial das flôres,
Languidas queixas murmurando corre.
Volúvel tribu a solidão percorre
Das borboletas de brilhantes côres;
Soluça o arroio; diz a rôla amores
Nas verdes balsas d´onde o orvalho escorre.
Tudo é luz e esplendor; tudo se esfuma
Às carícias d´aurora, ao céo risonho,
Ao floreo bafo que o sertão perfuma!
Porém minh´alma triste e sem um sonho
Repete olhando o prado, o rio, a espuma:
— Oh! Mundo encantador, tu és medonho!
VARELA, Fagundes. Cantos e Fantasias e outros cantos. Introdução, organização e fixação de texto : Orna Messer Levin. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 366 p. ilus. 12,5x18,5 cm. “ Fagundes Varela “ Ex. bibl. Antonio Miranda
PRIMEIRA PÁGINA
Louras abelhas, leves borboletas,
Volúveis beija-flores,
Rápidos gênios, hóspedes dos ares,
Solitários cantores,
Amantes uns das pombas das cidades,
Das galas e das festas,
Outros amigos das planícies vastas
E das amplas florestas;
Alado mundo, turbilhão volante,
Bando de sonhos vagos,
Ora adejando em caprichosos giros,
Ora em doces afagos
Pousando sobre as frontes cismadoras;
Vede, desponta o dia,
Sacudi vossas asas vaporosas,
Exultai de alegria!
Ide sem medo, lúcidas quimeras,
São horas de partir!...
Ide, correi, voai, que vos desejo
O mais almo porvir!
TEXTOS EM PORTUGUÊS / Y EN ESPAÑOL
A FLOR DO MARACUJÁ
Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!
Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá!
Pelas tranças da mãe-d'água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá.
Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá!
Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová!
Pela lança ensangüentada
Da flor do maracujá!
Por tudo o que o céu revela!
Por tudo o que a terra dá
Eu te juro que minh'alma
De tua alma escrava está!!. ..
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá!
Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em - a –
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!
CÂNTICO DO CALVÁRIO
À memória de meu filho
morto a 11 de dezembro de 1863
Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança. - Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro.
Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, - a inspiração, - a pátria,
O porvir de teu pai! - Ah! no entanto,
Pomba, - varou-te a flecha do destino!
Astro, - engoliu-te o temporal do norte!
Teto, caíste! - Crença, já não vives!
Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,
Legado acerbo da ventura extinta,
Dúbios archotes que a tremer clareiam
A lousa fria de um sonhar que é morto!
Correi! Um dia vos verei mais belas
Que os diamantes de Ofir e de Golgonda
Fulgurar na coroa de martírios
Que me circunda a fronte cismadora!
São mortos para mim da noite os fachos,
Mas Deus voz faz brilhar, lágrimas santas,
E à vossa luz caminharei nos ermos!
Estrelas do sofrer, - gotas de mágoa,
Brando orvalho do céu! Sede benditas!
Oh! filho de minh' alma! Última rosa
Que neste solo ingrato vicejava!
Minha esperança amargamente doce!
Quando as garças vierem do ocidente
Buscando um novo clima onde pousarem,
Não mais te embalarei sobre os joelhos,
Nem de teus olhos no cerúleo brilho
Acharei um consolo a meus tormentos!
Não mais invocarei a musa errante
Nesses retiros onde cada folha
Era um polido espelho de esmeralda
Que refletia os fugitivos quadros
Dos suspirados tempos que se foram!
Não mais perdido em vaporosas cismas
Escutarei ao pôr-do-sol, nas serras,
Vibrar a trompa sonora e leda
Do caçador que aos lares se recolhe!
Não mais! A areia tem corrido, e o livro
De minha infanda história está completo!
Pouco tenho de andar! Um passo ainda
E o fruto de meus dias, negro, podre,
Cegou-me tanta luz! Errei, fui homem!
E de meu erro a punição cruenta
Na mesma glória que elevou-me aos astros,
Chorando aos pés da cruz, hoje padeço!
o som da orquestra, o retumbar dos bronzes,
A voz mentida de rafeiros bardos,
Torpe alegria que circunda os berços
Quando a opulência doura-lhes as bordas,
Não te saudaram ao sorrir primeiro,
Clícia mimosa rebentada à sombra!
Mas ah! se pompas, esplendor faltaram-te,
Tiveste mais que os príncipes da terra!
Templos, altares de afeição sem termos!
Mundos de sentimento e de magia!
Cantos ditados pelo próprio Deus!
Oh! quantos reis que a humanidade aviltam,
E o gênio esmagam dos soberbos tronos,
Trocariam a púrpura romana
Por um verso, uma nota, um som apenas
Dos fecundos poemas que inspiraste!
Que belos sonhos! Que ilusões benditas!
Do cantor infeliz lançaste à vida,
Arco-íris de amor! Luz da aliança,
Calma e fulgente em meio da tormenta!
Do exílio escuro a cítara chorosa
Surgiu de novo e às virações errantes
Lançou dilúvios de harmonia! - O gozo
Ao pranto sucedeu. As férreas horas
Em desejos alados se mudaram.
Noites fugiam, madrugadas vinham,
Mas sepultado num prazer profundo
Não te deixava o berço descuidoso,
Nem de teu rosto meu olhar tirava,
Nem de outros sonhos que dos teus vivia!
Como eras lindo! Nas rosadas faces
Tinhas ainda o tépido vestígio
Dos beijos divinais, - nos olhos langues
Brilhava o brando raio que acendera
A bênção do Senhor quando o deixaste!
Sobre o teu corpo a chusma dos anjinhos,
Filhos do éter e da luz, voavam,
Riam-se alegres, das caçoilas níveas
Celeste aroma te vertendo ao corpo!
E eu dizia comigo: - teu destino
Será mais belo que o cantar das fadas
Que dançam no arrebol, - mais triunfante
Que o sol nascente derribando ao nada
Muralhas de negrume!. .. Irás tão alto
Como o pássaro-rei do Novo Mundo!
Ai! doudo sonho!. .. Uma estação passou-se,
E tantas glórias, tão risonhos planos
Desfizeram-se em pó! O gênio escuro
Abrasou com seu facho ensangüentado
Meus soberbos castelos. A desgraça
Sentou-se em meu solar, e a soberana
Dos sinistros impérios de além-mundo
Com seu dedo real selou-te a fronte!
lnda te vejo pelas noites minhas,
Em meus dias sem luz vejo-te ainda,
Creio-te vivo, e morto te pranteio!. ..
Ouço o tanger monótono dos sinos,
E cada vibração contar parece
As ilusões que murcham-se contigo!
Escuto em meio de confusas vozes,
Cheias de frases pueris, estultas,
O linho mortuário que retalham
Para envolver teu corpo! Vejo esparsas
Saudades e perpétuas,— sinto o aroma
Do incenso das igrejas, — ouço os cantos
Dos ministros de Deus que me repetem
Que não és mais da terra!. .. E choro embalde.
Mas não! Tu dormes no infinito seio
Do Criador dos seres! Tu me falas
Na voz dos ventos, no chorar das aves,
Talvez das ondas no respiro flébil!
Tu me contemplas lá do céu, quem sabe,
No vulto solitário de uma estrela.
E são teus raios que meu estro aquecem!
Pois bem! Mostra-me as voltas do caminho!
Brilha e fulgura no azulado manto,
Mas não te arrojes, lágrima da noite,
Nas ondas nebulosas do ocidente!
Brilha e fulgura! Quando a morte fria
Sobre mim sacudir o pó das asas,
Escada de Jacó serão teus raios
Por onde asinha subirá minh' alma.
Extraídos de
VARELA, Fagundes, 1841-1875. Melhores poemas: seleção de Antonio Carlos Secchin. São Paulo: Global, 2005. 236 p. (Coleção Melhores Poemas / direção de Edla van Steen)
Imagem: https://pt.wikipedia.org/
HADAD, Jamil Almansur, org. História poética do Brasil. Seleção e introdução de Jamil Almansur Hadad. ?Lin?leos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio ??????? Abramo.? S?o Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943.? 443 p. ilus. p&b? “Hist?ria do Brasil narrada pelos poetas.?
HISTORIA DO BRASIL – POEMAS
O SEGUNDO REINADO
D. PEDRO II
Tu és a estrela mais fulgurante e bela
Que o solo aclara da Colúmbia terra,
A urna santa que de um povo inteiro
Arcanos fundos no sacrário encerra!
Tu és nos ermos a coluna ardente
Que os passos guia de uma tribo errante.
E ao longe mostras através das névoas
A plaga santa que sorri distante!...
Tu és o gênio benfazejo e grato
Poupando as vidas no calor das fráguas.
E, à voz das turbas, do rochedo em chamas
Desprende um jorro de benditas águas!
Tu és o nauta que através dos mares
O lenho imenso do porvir conduz,
E ao porto chega sossegado e calmo
De um astro santo acompanhando a luz!
Oh! não consintas que teu povo siga
Louco, sem rumo, desonroso trilho!
Se és grande, ingente, se dominas tudo,
Também das terras do Brasil é filho!
Abre-lhe os olhos, o caminho ensina
Aonde a glória em seu altar sorri,
Dize que vive, e viverá tranquilo
Dize que morra, morrerá por ti!
(OBRAS COMPLETAS de L. N. Fagundes Varela
Vol. I – Ed. Livraria Garnier)
Pedro II (Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1825 – Paris, 5 de dezembro de 1891), alcunhado o Magnânimo,[1][2] foi o segundo e último monarca do Império do Brasil, tendo reinado o país durante um período de 58 anos.
*
VEJA e LEIA outros dos maiores poetas do BRASIL em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/brasil/brasil.html
Página ampliada em outubro de 2021
TEXTOS EM PORTUGUÊS / Y EN ESPAÑOL
Traducciones de Ángel Crespo
LA FLOR DEL MARACUYÁ (*1)
Por las rosas, por los lírios,
Por las abejas, siñá (*2),
Por las notas más llorosas
DeI canto del sabiá (*3),
Por ese cáliz de angustias
De la flor maracuyá
Por el alhelí, el jazmín
y el agreste manacá (*4),
Por las gotas de rocío *5),
Por la corona de espinas
De la flor maracuyá.
Por las trenzas de madre-agua (*6),
Que junto a la fuente está,
Por los colibríes que juegan
Con las plumas del ubá (*7),
Por esos clavos que tiene
La flor del maracuyá.
Por las bellas mariposas
AzuIes del Panamá,
Por los tesoros ocultos
De tierras del Sincorá,
Por las violáceas llagas
De la flor maracuyá.
Por el mar, por el desierto,
Por las montañas, siñá.
Por las florestas inmensas
Que hablan de Jehová,
Por la lanza ensangrentada
De la flor maracuyá.
Por cuanto el cielo revela,
Por cuanto la tierra da,
Yo te juró que mi alma
Rendida a la tuya está ...
!Guarda contigo este emblema
De la flor maracuyá!
No se enojen tus oídos
Por tanta rimas en «a»,
Mas oye mis juramentos,
Mis cantos oye, siñá.
!Lo pido por los misterios
De la flor maracuyá!
*1 – “Maracuyá” (Maracujá), fruto deI árbol llamado maracujazeiro, que pertenece a la familia de las Pasifloráceas y del que hay varias especies en el Brasil.
*2 – Siñá (Sinhá), nombre familiar para «señora».
*3 – Sabiá, pájaro dentirrostro cuyo canto es muy apreciado en el Brasil. Em la tópica poética de aquel país juega um papel semejante al de nuestro ruiseñor.
*4 – “Manacá”, arbusto medicinal y ornamental de la familia de las solanáceas.
*5 – “Gravatá”, nombre que se da a varias plantas de las bromeliáceas.
*6 – Madre-agua (Mãe-d'agua), ser fantástico: especie de sirena de las águas dulces, que engaña a los hombres para ahogarlos.
*7 – “Ubá”, nombre que se da a una especie de canoa amazónica y varias especies de plantas. No hemos podido localizar el sentido que da F. V.
CÁNTICO DEL CALVARIO
A la memoria de mi hijo muerto
el 11 de diciembre de 1863.
Eras tú la paloma predilecta
Que sobre un mar de angustias conducía
De la esperanza el ramo. Eras la estrella
Que entre infernales nieblas alumbraba
Señalando el camino a los pastores.
Eras las mieses de un dorado estío.
Eras idilio de un amor sublime.
Eras tú gloria, inspiración y patria,
¡El porvenir paterno! -Ah, sin embargo,
Paloma, te abatió del hado el dardo;
Astro, llevote el temporal del norte;
Techo, caíste; fe, ya no estas vivo.
Corred, corred, oh lágrimas nostálgicas,
Legado acerbo de ventura extinta,
Indecisas antorchas que iluminan
La losa fría de un soñar que ha muerto.
Corred, un dia yo os veré más bellas
Que diamantes de Ofir y de Golconda
Brillando en la corona de martirios
Que me ciñe la frente pensativa.
Muertas para mí están nocturnas teas
Mas Dios brillar os hace, santas lágrimas,
Y a vuestra luz recorreré los yermos.
Estrellas del sufrir, gotas de pena,
Rocío de los cielos, !sed benditas!
¡Oh, hijo de mi alma! ¡Última rosa
Que en este suelo ingrato se criaba!
¡Oh, mi las garzas vengan de occidente
Buscando un nuevo clima en que quedarse,
Note tendré sentado en mis rodillas,
Ni en el cerúleo brillo de tus ojos
Encontraré un consuelo a mis tormentos.
No más invocaré la musa errante
En esas soledades en que cada
Hoja es pulido espejo de esmeralda
Que refleja los cuadros fugitivos
Del suspirado tiempo que se ha ido.
No más perdido en tenues devaneos
Oiré en el crepúsculo, en las sierras,
Vibrar la trompa sonorosa y leda
Del cazador que a mar ya se recoge.
¡No más! Cayó la arena, y, triste, el libro
De mi cruel historia está completo.
¡Poco tengo que andar! Tan sólo un paso
Y el fruto de mis días, ya podrido,
De la rama viciada caerá a tierra.
Un treno más, y el vendaval sin freno
Al soplar romperá la última fibra
De la lira funesta que sostengo.
De cuanto hallé con nombre de tristeza
Me he vuelto el eco. Soy ellago oscuro
En donde al resplandor de la tormenta
Se contemplan las larvas del estrago.
Por donde quiera que arrastré mi manto
Dejé un profundo rastro de agonías ...
Oh, cuántas horas no gasté, sentado
En las costas bravías del Océano,
Queriendo que la vida se esfumase
Como un copo de espuma, como el friso
Que dibuja la nave del barquero.
Cuantos momentos de locura y fiebre
No consumí perdido en los desiertos,
Escuchando el rumor de las florestas,
Y procurando en esas voces torvas
Distinguir a mi cántico de muerte.
¿Cuántas noches de angustias y delirios
No velé, entre las sombras acechando
El tránsito veloz del genio horrendo
Que al mundo abate al galopar sin freno
Del salvaje corcel? ... ¡Y todo en balde!
La vida parecía, ardiente y loca,
Agarrarse a mi ser ... Y tú, tan joven,
Tan puro aún, aún en la alborada.
Ave bañada en mares de esperanza,
Rosa en botón, crisl tremenda siega.
Cuando por vez primera en mis cabellos
Sentí tu hálito suave, y en mis brazos
Estrechado te tuve, cuando oía
Pulsar tu corazón aún divino;
Cuando miré tus ojos sosegados,
Abismos de inocencia y candideces,
Y en voz baja y con miedo dije: ¡hijo!
¡Hijo!, palabra inmensa inexplicable,
Grata como el llorar de Magdalena
A los pies deI Señor ... ¡ah!, por las fibras
Sentí rugir el incendiado viento
De ese amor infinito que eterniza
El consorcio de orbes que en la trama
augusta del misterio se eternizan.
¡Que une cielo con tierra, tierra y ángeles!
Que se expande en torrentes inefables
Desde el seno sin mancha de María.
¡Cegóme tanta luz! ¡Erré, fui hombre!
Y de mi yerro el más cruel castigo
En la gloria que al cielo me elevara,
A los pies de la Cruz estoy llorando.
Un son de orquesta, un retumbar de bronces,
La voz mentida de guardianes bardos,
Esa torpe alegría que circunda
A las cunas que dora la opulencia,
No saludaron tu inicial sonrisa,
Clicia mimosa que se abrió en la sombra.
Mas, ah, si pompas, esplendor faltáronte,
Tuviste más que poderosos príncipes ...
¡Templos, de afecto altares, sin medida!
¡Mundos de sortilegio y sentimiento!
¡Cantos dictados por el mismo Dios!
Oh, cuántos reyes que al humano humillan
Y el genio aplastan en soberbios tronos,
Trocarían la púrpura romana
Por un verso, una nota, un son apenas
De los poemas fecundos que inspiraste.
¡Qué bellos sueños! ¡Santas ilusiones!
Del cantor infeliz diste a la vida
Arcoiris de amor. Luz de la alianza,
Calma y fulgente en medio la tormenta.
De exilio oscuro Ia llorosa cítara
Surgió de nuevo y a Ia brisa errante
Lanzó diluvios de armonía. El gozo
Al llanto sucedió, las férreas horas
En deseos alados se cambiaron.
Noches huían, llegaban madrugadas,
Mas sepultado en un placer profundo
No dejaba tu cuna descuidado,
Ni de tu rostro mi mirar quitaba,
Y sólo de tus suenos yo vivía.
¡Qué lindo eras! En la faz rosada
Aún el dulce vestigio conservabas
De los divinos besos. En los ojos
Brillaba el blando rayo que encendiera
La bendición que Dios te dio al dejarle.
Sobre tu cuerpo, bandos de angelitos,
Hijos deI éter y la luz, volaban,
Alegres se reían de los pomos
Que en tí vertían un celeste aroma.
Yo, para mí; decía: — tu destino
Será más bello que un cantar de hadas
Que danzan en las nubes, más triunfante
Que el sol naciente que enl nada sume
Murallas de negrura ... Irás tan alto
Como el pájaro-rey deI Nuevo Mundo.
¡Ah, loco sueno! ... Una estación pasóse
Y tantas glorias tan risuenos planes
Polvo se hicieron. El oscuro genio
Abrasó con su antorcha ensangrentada
Mis soberbios castillos. La desgracia
Se sentó en mi solar; la soberana
Del imperio siniestro de ultratumba
Con su dedo fatal selló tu frente.
Aún te contemplo por las noches mías,
En mis días sin luz te sigo viendo,
Te creo vivo, y muerto te lamento ...
Oigo tañer monótonas campanas,
Y cada vibración contar parece
Las ilusiones cuando tú marchitas.
Escucho en medio de confusas voces,
Llenas de frases tontas y pueriles
El lino mortuorio que recortan
Para envolver tu cuerpo. Y añoranzas
Dispersas y perpétuas; y el aroma
De incienso en las iglesias; y oigo cantos
De ministros de Dios que me repiten
Que ya no eres del mundo ...!Lloro en vano!
¡Mas no! Tú duermes en el seno inmenso
Del Creador del mundo. !Tú me hablas
En el llorar del ave, y con el viento.
En el latido triste de las olas!
Quién sabe si me miras desde el cielo,
Tal vez desde una solitaria estrella.
¡Tus rayos son los que mi estro templan!
Pues bien,!díme las vueltas del camino!
Brilla y fulgura en azulado manto,
Mas no caigas, oh lágrima nocturna,
En las nubladas ondas de occidente.
¡Brilla y fulgura! Cuando fría muerte
en mí sacuda el polvo de sus alas,
Escala de Jacob serán tus rayos
Por donde aprisa subirá mi alma.
Questão Christie foi uma crise diplomática oriunda de uma série de acontecimentos conflituosos na área das relações internacionais, entre os governos do Império do Brasil e do Império Britânico, que ocorreu entre 1862 e 1865.
A QUESTÃO CHRISTIE
H I N O
Soldados valentes, — soldados briosos,
Soldados da terra bendita da cruz,
Às armas! Erguei-vos, a aurora desponta
Vertendo nos prados, torrentes de luz!
A guerra não tarda! — já brilham nos campos
Espadas lustrosas do sol no fulgor,
Misturam-se os brados ao som das cornetas
E ao rufo ruidoso do rouco tambor!
Não vedes? — ao longe, na praia sem termos
Os lenhos aportam de horrendo pirata!
Às armas!... às armas! Torrentes de sangue
Misturam-se às ondas raivosas do Prata!
O dia é dos grandes. O dia é dos bravos
Que a pátria defendem ou tombam no chão!
Lavai as campinas da pátria querida
Das fundas pisadas de ousado bretão!
Quem há que nos vença? quem há que atrevido
Vos roube a bandeira que ardente reluz,
Soldados valentes, soldados briosos
Soldados da terra bendita da cruz!
Avante guerreiro! o gênio das lutas
Seus cantos tremendos nos ares espalha,
Resvalam, as balas, relincham cavalos,
Retumbam, ribombam borbarda e metralha!
O dia é dos grandes, o dia é dos bravos,
Que a pátria defendem ou morrem no chão!
Soldados briosos, soldados valentes
Lavai as ofensas do ousado bretão!
(O ESTANDARTE AURIVERDE – Tip. Imparcial-
J. E. de A, Marques – S. Paulo, 1863)
Extraídos de la Revista de Cultura Brasileña, n. 30, marzo 1970, publicada por la Embajada del Brasil en Madrid.
ARMAS
— Qual a mais forte das armas?
A mais firme, a mais certeira?
A lança, a espada, a clavina,
Ou a funda aventureira?
A pistola? O bacamarte?
A espingarda, ou a flecha?
O canhão que em praça forte
Faz em dez minutos brecha?
— Qual a mais firma das armas? —
O terçado, a fisga, o chuço?
O dardo, a maça, o virote?
A faca, o florete, o laço,
O punhal, ou o chifaroto?...
A mais tremenda das armas,
Pior que a durindana,
Atendei, meu bons amigos:
Se apelida: — a língua humana! —
VEJA e LEIA alguns do maiores poetas do Brasil do século XVIII / XIX em nosso Portal :
http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/brasil/brasil.html
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