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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
JOSÉ PAULO PAES

 

 

JOSÉ PAULO PAES

(1926-1998)

 

 

Poeta, tradutor, ensaísta. Nasceu em Taquaritinga, São Paulo. Na casa em que veio ao mundo havia livros de seu avô para lera desde criança... Estudou química industrial em Curitiba e iniciou-se na literatura nos círculos paranaenses em voga em meados dos anos 40 que freqüentvam o Café Belas Artes. Publicou seu primeiro livro de poema em 1947 – O aluno. Mas é em São Paulo, a partir de 1947, que amadurece em convivência com personalidades fulgurantes como Oswald de Andrade e outros modernista, depois pela amizade com os concretistas sem nunca chegar a filiar-se a tais grupos.

 

São muito conhecidos e admiradas suas traduções de poetas latinos e de poesia erótica.

 

Toda sua vasta obra poética, foi competentemente revisada e selecionada pelo crítico Davi Arrigucci Jr., com um alentado e revelador ensaio sobre a obra e a vida do autor,  ara a coleção Os Melhores Poemas, da editora Global pouco antes do passamento do grande poeta.

 

 

“Pode-se ler a poesia de José Paulo Paes, breve e aguda a cada lance em sua tendência constante ao epigrama, como se formasse um só cancioneiro da vida toda de um homem que respondeu com poemas aos apelos do mundo e de sua existência interior”.   Davi Arrigucci Jr.


 TEXTOS EM PORTUGUÊS TEXTOS EN ESPAÑOL

 

Veja também POESIA INFANTIL

 

TEXTO EM ITALIANO

 

Ver também:  A IRREVERÊNCIA E A CRITIVIDADE DO POETA JOSÉ PAULO PAES, por Antonio Miranda – Ensaios

 


Veja também:  O POETA – PROFETA DA BAGUNÇA TRANSCENDENTE [ MURILO MENDES ] – por José Paulo Paes – ENSAIOS



 

MADRIGAL

 

Meu amor é simples, Dora,

Como a água e o pão.

 

Como o céu refletido

Nas pupilas do um cão. 

 

DE SENECTUTE

 

já antecipa a língua

afeita à alegoria

na carne da vida

o verme da agonia

 

já tritura o olho

no gral da apatia

o carvão da noite

a brasa do dia

 

já se junta um pé

a outro em simetria

de viagem além

da cronologia

 

já por metafísico

o medo anuncia

sua máquina de espantos

à alma vazia 

 

 

À MODA DA CASA

 

feijoada

marmelada

goleada

quartelada

 

 

SEU METALÉXICO

 

economiopia

desenvolvimentir

utopiada

consumidoidos

patriotários

suicidadãos

 

 

ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA

 

 

a poesia está morta

 

mas juro que não fui eu 

 

eu até que tentei fazer o melhor que podia para salvá-la

 

imitei diligentemente augusto dos anjos paulo torres car-

    los  drummond de andrade   manuel bandeira   murilo

    mendes vladimir maiakóvski  joão cabral de melo neto

    paul éluard  oswald de andrade   guillaume apollinaire

    sosígenes costa bertolt brecht augusto de campos

 

não adiantou nada

 

em desespero de causa cheguei a imitar  um  certo (ou

    incerto) josé paulo paes poeta de ribeirãozinho estrada

    de ferro araraquarense

 

porém ribeirãozinho mudou  de nome a estrada  de ferro

    araraquarense foi  extinta  e  josé paulo paes  parece

    nunca ter existido

 

nem eu

 

A Casa  

Vendam logo esta casa, ela está cheia de fantasmas.

Na livraria, há um avô que faz cartões de boas-festas com corações de purpurina.

Na tipografia, um tio que imprime avisos fúnebres e programas de circo.

Na sala de visitas, um pai que lê romances policiais até o fim dos tempos.

 

No quarto, uma mãe que está sempre parindo a última filha.

Na sala de jantar, uma tia que lustra cuidadosamente o seu próprio caixão.

Na copa, uma prima que passa a ferro todas as mortalhas da família.

Na cozinha, uma avó que conta noite e dia histórias do outro mundo.

 

No quintal, um preto velho que morreu na Guerra do Paraguai rachando lenha.

 

E no telhado um menino medroso que espia todos eles;

só que está vivo: trouxe-o até ali o pássaro dos sonhos.

Deixem o menino dormir, mas vendam a casa, vendam-na depressa.

Antes que ele acorde e se descubra também morto.

 

 

GRAFITO

 

neste lugar solitário

o homem toda a manhã

tem o porte estatuário

de um pensador de Rodin

 

neste lugar solitário

                            extravasa sem sursis

                            como um confessionário

                            o mais íntimo de si

 

                            neste lugar solitário

                            arúspice desentranha

                            o aflito vocabulário

                            de suas próprias entranhas

 

                            neste lugar solitário

                            faz a conta doída:

                            em lançamentos diários

                            a soma de sua vida

 

                            

                               TERMO DE RESPONSABILIDADE

 

                            mais nada

                            a dizer: só o vício

                            de roer os ossos

                            do ofício

 

                            já nenhum estandarte

                            à mão

                            enfim a tripa feita

                            coração

 

                            silêncio

                            por dentro sol de graça

                            o resto literatura

                            às traças!                           

 

 

Outros poemas de José Paulo Paes podem (e devem!) ser lidos na antologia:

Os melhores poemas de José Paulo Paes

Seleção Davi Arrigucci Jr.  – 5ª. Edição. São Paulo: Global, 2.003.  241 p.

 

JOSÉ PAULO PAES

De
PROSAS
seguidas de

ODES MÍNIMAS
São Paulo: Companhia das Letras, 1992.


 

CANÇÃO DO ADOLESCENTE

 

Se mais bem olhardes

notareis que as rugas

umas são postiças

outras literárias.

Notareis ainda

o que mais escondo:

 

a descontinuidade

do meu corpo híbrido.

Quando corto a rua

para me ocultar

as mulheres riem

(sempre tão agudas!)

do meu pobre corpo.

Que força macabra

misturou pedaços

de criança e homem

para me criar?

Se quereis salvar-me

desta anatomia,

batizai-me depressa

com as inefáveis

as assustadoras

águas do mundo.


CANÇÃO DO EXÍLIO

Um dia segui viagem
sem olhar sobre o meu ombro.

Não vi terras de passagem
Não vi glórias nem escombros.

Guardei no fundo da mala
um raminho de alecrim.

Apaguei a luz da sala
que ainda brilhava por mim.

Fechei a porta da rua
a chave joguei no mar.

Andei tanto nesta rua
que já não sei mais voltar.


REENCONTRO

Ontem, treze anos depois da sua morte, volte a me
         encontrar com Osman Lins.

O encontro foi no porão de um antigo convento, sob cujo
         teto baixo ele encenava a primeira peça do seu Teatro
         do Infinito.

A peça, Vitória da dignidade sobre a violência, não tinha palavras:

         ele já não precisava delas.

Tampouco disse coisa alguma quando o fui cumprimentar.
         Mas o seu sorriso era tão luminoso que eu acordei.
 

 

POESIA COMPLETA

De
José Paulo Paes
POESIA COMPLETA
Apresentação de Rodrigo Naves
São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
514 p.   ISBN 978-85-359-1338-5

 

“Na poesia como na vida, José Paulo Paes optou sempre pela discrição e o comedimento de quem desconfia das exaltações visionárias e das certezas inabaláveis. Ao seu primeiro livro deu o título de O aluno. Seu último poema, escrito na véspera da morte, chama-se “Dúvida”. Ser poeta para ele era um modo de continuar até o fim sua busca de aprendiz. / Em vez da retórica elevada, José Paulo adotou o tom menor do bom humor e da observação tão concisa quanto arguta.”  RODRIGO NAVES


O ALUNO

São meus todos os versos já cantados;
A flor, a rua, as músicas da infância,
O líquido momento e os azulados
Horizontes perdidos na distância.

Intacto me revejo nos mil lados
De um só poema. Nas lâminas da estância,
Circulam as memórias e a substância
De palavras, de gestos isolados.

São meus também, os líricos sapatos
De Rimbaud, e no fundo dos meus atos
Canta a doçura triste de Bandeira.

Drummond me empresta sempre o seu bigode,
Com Neruda, meu pobre verso explode
E as borboletas dançam na algibeira.

 

L´AFFAIRE SARDINHA

O bispo ensinou ao bugre
Que pão não é pão, mas Deus
Presente na eucaristia.

E como um dia faltasse
Pão ao bugre, ele comeu
O bispo, eucaristicamente.

 

 

 

 

 

De: PAES, José PauloDe ontem para hoje.  Ilustrações Enio Squeff.  São Paulo: Boitempo Editorial,  1996.  31 p. 

 

 

SÍSIFO

 

hoje agora me decido

depois amanhã hesito

o dia detém meu passo

a noite cala meu grito

 

deuses onde? céu existe?

céu existe? deuses onde?

um eco que faz perguntas

um espelho que responde

 

e eu sísifo tardotriste

a tilintar as correntes

de dilemas renitentes

 

lá me vou sem vez nem voz

rolar a pedra dos mudos

pela montanha dos sós

 

 

 

PAES, José Paulo.  Em tempo escuro, a palavra (a)clara. São Paulo: Global, 2007.  95 p.  Ilustrado com imagens e fotos de Geraldo de Barros. Direção de arte e capa: Claudia Furnari. ISBN  978-85-260-1229-5  Col. A.M. 

 

IL POVERELO

 

desgrenhado e meigo, andava na floresta.
os pássaros dormiam em seus cabelos.
as feras o seguiam mansamente.
os peixes bebiam-lhe as palavras.

 

dentro dele todo o caos se resolvera
numa ingénua certeza: - "preguei a paz,
mostrei o erro, domei a força, curei o mal.
antes de mim, o crime, depois de mim, o amor."

 

mas a floresta esqueceu, no outro dia,
o bíblico sermão e, novamente,
o lobo comeu a ovelha, a águia comeu a pomba,
como se nunca houvera santos nem sermões.

 

 

 

PAES, José PauloSocráticas. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.  91 p.  ISBN 85-359-0116-7 “Esta obra foi composta em Meridien, teve seus filmes gerados pelo Bureau 34 e foi impressa pela Prol Editora Gráfica em off-set sobre papel Pólen Bold da Companhia Suzano para a Editora Schwarcz em maio de 2001.” Edição post-mortem.  Col. A.M.

 

 

ELOGIO DA MEMÓRIA

 

O funil da ampulheta
apressa, retardando-a,
a queda
da areia.

Nisso imita o jogo
manhoso
de certos momentos
que se vão embora
quando mais queríamos
que ficassem.



DÚVIDA

 

Não há nada mais triste
do que um cão em guarda
ao cadáver do seu dono.

Eu não tenho cão.
Será que ainda estou vivo?

 

 

 

   data da última gravação: 8-10-98  17h09 

 

 

 

 

101 POETAS PARANAENSES (V. 1 (1844-1959)  antologia de escritas poéticas do século XIX ao XXI.  Seleção de Admir Demarchi.  Curitiba, PR: Biblioteca Pública do Paraná, 2014.  404 p. 15X 23 cm.  (Biblioteca Paraná)  Ex. bibl. Antonio Miranda

José Paulo Paes estudou e formou-se Química Industrial em Curitiba, onde iniciou-se nos círculos literários

 

 

 

                DRUMMONDIANA

Quando as amantes e o amigo
se transformarem num trapo,
faça um poema,
faça um poema, Joaquim!

 

 


                    MURILIANA

Corto a cidade, as máquinas e o sonho
Do jornaleiro preso no crepúsculo.
Guardo as amadas no bolso de casaco,
Almoço bem pertinho do arco-íris,
Planto violáceas na face do operário.
Conversando com anjos e demônios,
É o meu anúncio que dirige as nuvens.


                P

 

 

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

Traducción de Margarito Cuellar 

 

 

Textos extraidos de ALFORJA – REVISTA DE POESÍA,  mexicana, dirigida por el poeta José Àngel Leyva, n. XIX, invierno 2001. Número especial dedicado a la Poesía brasileña organizado por Floriano Martins.

 

 

Fuera de cualquier sospecha

 

La poesía está muerta

pero juro que no fui yo

yo hice lo mejor que pude para salvarla

 

imité con diligencia a augusto dos anjos paulo torres carlos drummond de andrade manuel bandeira murilo mendes vladimir maiakowski joão cabral de mello neto

paul éluard oswald de andrade guillaume apollinaire sosígenes costa

bertolt brecht          augusto de campos

 

no sirvió de nada

 

desesperado llegué a imitar a cierto (o incierto) josé paulo paes poeta de ribeirão-

zinho       en la vía férrea araraquerense

 

sin embargo ribeirãozinho cambió de nombre la vÍa férrea araraquarense se extinguió y

josé paulo paes parece no haber existido

 

ni yo

 

La casa

 

Vendan pronto esta casa, está llena de fantasmas.

 

En la biblioteca hay un abuelo que hace tarjetas de felicitación con caracoles de purpurina.

En la imprenta un tío que imprime avisos fúnebres y programas de circo.

En la sala de visitas un padre que lee novelas policiacas hasta el fin de los tiempos.

 

 

En el cuarto una madre que siempre está pariendo la última hija.

En el comedor una tía que da brillo a su propio ataúd.

En la despensa una prima que plancha todas las mortajas de la familia.

En la cocina, una abuela que cuenta noche y día historias de otro mundo.

 

En el patio un negro viejo que murió en la Guerra de Paraguay cortando leña.

 

Y en el tejado un niño medroso que espía a todos ellos;

sólo que está vivo: lo trajo hasta ahí el pájaro de los sueños.

Dejen dormir al niño, pero vendan la casa, véndanla ya.

Antes que él despierte y se descubra muerto también.

 

VILLARREAL, José Javier, org.  Poesía brasileña : antología esencial.  Madrid: Visor          Libros, 2012.  587 p.   (Col. La Estafeta del Viento, vol. 13)   ISBN 978-84-9895-098-4  “ José Paulo Paes “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

MADRIGAL

 

Meu amor é simples, Dora,

Como a água e o pão.

 

Como o céu refletido

Nas pupilas de um cão.

 

(De Poesia completa, 2008)

 

 

MADRIGAL

 

Mi amor es simple, Dora,

Como el agua y el pan.

 

Como el cielo reflejado

En las pupilas de un perro.

 

(De Poesía completa, 2008)

 

 

 

BRECHT REVISITADO

 

partido: o que partiu

rumo ao futuro

mas no caminho esqueceu

a razão da partida

 

(só perdemos

a viagem camaradas

não a estrada

nem a vida)

 

(De Poesia completa, 2008)

 

 

 

BRECHT REVISITADO

 

partido: lo que partió

rumbo al futuro

pero en el camino olvidó

la razón de la partida

 

(sólo perdemos

el viaje camaradas

no el camino

ni la vida)

 

(De Poesía completa, 2008)

 

 

MUNDO NOVO

 

Como estás vendo, não valeu a pena tanto esforço:

a urgência na construção da Arca

o rigor na escolha dos sobreviventes

a monotonia da vida a bordo desde os primeiros dias

a carestia aceita com resmungas nos últimos dias

os olhos cansados de buscar um sol continuamente

          adiado.

 

E no entanto sabias de antemão que seria assim. Sabias

          que a pomba iria trazer não um

ramo de oliva mas de espinheiro.

 

Sabias e não disseste nada a nós, teus tripulantes, que

          ora vês lavrando com as mesmas

enxadas de Caim e Abel a terra mal enxuta do Dilúvio,

 

Aliás, se nos dissesses, nós não te acreditaríamos.

 

(De Poesia completa, 2008)

 

 

 

MUNDO NUEVO

 

Como lo estás viendo, no valió la pena tanto

          esfuerzo:

la urgencia en la construcción del Arca

el rigor en la selección de los sobrevivientes

la monotonía de la vida de a bordo desde los

          primeros días

la escasez aceptada con ira en los últimos días

los ojos cansados de buscar un sol continuamente

          postergado.

 

Y tú sabías de antemano que sería así. Sabías que

          la paloma iría a traer no un ramo de

olivo sino de espinos.

 

Sabías y no nos dijiste nada a nosotros, tus

          tripulantes, que ahora ves labrando con las

mismas herramientas de Caín y Abel la tierra

          agrietada por el Diluvio.

 

Además, si nos lo hubieras dicho, no te

          habríamos creído.

 

(De Poesía completa, 2008)

 

 

 

DE MALAS PRONTAS

 

Vários dos seus amigos mortos dão hoje nome a ruas e

          praças.

Ele próprio se sente um pouco póstumo quando conversa

          com gente jovem.

Dos passeios, raros, a melhor parte é a volta para casa.

As pessoas lhe parecem barulhentas e vulgares. Ele sabe

          de antemão tudo quando possam dizer.

Nos sonhos, os dias da infância são cada vez mais

          nítidos e fatos aparentemente banais do seu

          passado assumem uma significando que intriga,

O vivido e o sonhado se misturam agora sem lhe causar

          espécie.

E como se anunciassem um estado de coisas cuja

          possível iminência não traz, susto.

Só curiosidade. E um estranho sentimento de justeza.

 

(De Poesia completa, 2008)

 

 

 

CON LAS MALETAS LISTAS

 

Varios de sus amigos muertos dan hoy nombre a

          calles y plazas.

El mismo se siente un poco postumo cuando

          conversa con gente joven.

De los paseos, raros, la mejor parte es el regreso a

          casa.

Las personas le parecen ruidosas y vulgares. El

          sabe de antemano todo cuanto pueden decir.

En los sueños, los días de infancia son cada vez

          más níüdos y situaciones aparentemente

          banales de su pasado cobran una

          significación que intriga.

Lo vivido y lo soñado se mezclan ahora sin

          causarle sorpresa.

Es como si anunciasen un estado de cosas cuya

          posible inminencia no causara sobresaltos.

Sólo curiosidad. Y un extraño sentimiento de

          justicia.

 

(De Poesía completa, 2008)

 

 

 

PAES, José Paulo. La poesia está muerta... juro que no fuí yo. Bogotá: Cooperativa Editorial Magisterio, 1995.  125 p.  14X21 cm. Traducción: Carlos Alberto Martínez; Maurício Contreras Hernández.  Fotografía de la cubierta: Jairo Ferrer Cohen.  ISBN  958-20-0217-4  “ José Paulo Paes “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

EL ALUMNO

 

Son míos todos los versos ya cantados:

La flor. la calle. las músicas de infancia,

El líquido momento y los azulados

Horizontes perdidos en la distancia,

 

Intacto me descubro en las mil caras

De un solo poema. En los cuadros de la estancia,

Circulan los recuerdos y la substancia

De palabras, de gestos aislados.

 

Son míos también los líricos zapatos

De Rimbaud, y en el fondo de mis actos

Canta la triste dulzura de Bandeira.

 

Drummond me presta siempre su bigote.

Con Neruda, mi humilde verso explota

Y en mis bolsillos danzan las mariposas.

 

 

L'AFFAIRE SARDINHA

 

El obispo enseñó al indio

Que el pan no es pan, sino Dios

Presente en la Eucaristía.

 

Y como un día faltase

Pan, el indio se comió

Al obispo, eucaristicamente.

 

 

A UN COLEGA

 

a usted no le gusta lo que yo escribo

en cambio, a mí me gusta lo que usted escribe

 

tal vez yo no sea tan exigente como usted

 

 

A LA BOTELLA

 

Contigo adquiero la astucia

de contener y contenerme

tu cuello estrecho

es una lección de angustia.

 

Por translúcida pones

lo dentro fuera y lo fuera dentro

para que la forma se cumpla

y el espacio resuene.

 

Hasta que, harta de la constante

prisión de la forma,

saltes de la mano al suelo

y te astilles, suicida,

 

en una explosión

de diamantes.

 

 

 

 

TEXTO EM ITALIANO

 

 

Texto extraído de:

 

CHIOCCHIO, Anton Angelo.  Poesia post-modernista in Brasile.  Roma: dell´Arco, s.d.  40 p.  ilus. 12x17,5 cm.  “ Anton Angelo Chiocchio “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

SONETTO

 

Verzura, freddi prati, antico giorno,

Sonnambulo giardino dell'infanzia,

Bruma gialliccia, uccello perdigiorno,

Silenzioso malgrado, tempo d'ansia

 

E segreto a sognarlo, melodia

D'acque e di foglie in caduta soave,

Pensieri solitari nella pia

Grata dorata, dell'angelo grave

 

Riso a invidiarlo, visione, occhi in pianto

Alla rosa del mai, e dura e lenta

Una mite tristezza avanza, intanto

 

Ch'egli pensa, desolato e bambino,

All'incontro previsto e lo scontenta

II cruccio di non essere divino.

 

 

 

 

Página ampliada e republicada em março de 2008, ampliada e republicada em abril 2009.Ampliada e republicada em outubro de 2014. Ampliada e republicada em dezembro de 2014. Ampliada e republicada em julho de 2015. ágina a ampliada em dezembro de 2020

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