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POESIA INFANTIL / INFANTO-JUVENIL
Coordenação de Liliane Bernardes
 

JOSÉ PAULO PAES

JOSÉ PAULO PAES

Nasceu em Taquaritinga - SP, em 22 de julho de 1926. Neto de um livreiro e filho de um caixeiro-viajante.  Em 1947, publicou seu primeiro livro de poemas - O ALUNO - e recebeu uma crítica severa de Carlos Drummond de Andrade, que disse que Paes se procurava nos outros, isto é, era um poeta que não tinha luz própria. Mas ainda assim não desistiu de escrever e publicou mais doze livros de poemas. Foi químico, tradutor de escritores gregos, dinamarqueses, italianos, norte-americanos e ingleses. José Paulo Paes morreu em 1998. 

“poesia é brincar com palavras/ como se brinca/ com bola, papagaio, pião.// Só que bola, papagaio, pião/ de tanto brincar/ se gastam.// As palavras não:/ quanto mais se brinca/ com elas/ mais novas ficam".  

Ilustrações de
ROBSON CORRÊA DE ARAÚJO

 

CEMITÉRIO

1

“Aqui jaz um leão

chamado Augusto.

Deu um urro tão forte,

mas um urro tão forte,

que morreu de susto.

 

2

Aqui jaz uma pulga

chamada Cida

Desgostosa da vida,

tomou inseticida:

era uma pulga suiCida.

 

3

Aqui jaz um morcego

que morreu de amor

por outro morcego.

Desse amor arrenego:

amor cego, o de morcego!

 

4

Neste túmulo vazio

jaz um bicho sem nome.

Bicho mais impróprio!

Tinha tanta fome

que comeu-se a si próprio”.

 

(PAES, 1994)

 

MISTÉRIOS DO PASSADO

 

Quando Cabral o descobriu,

será que o Brasil sentiu frio?

 

Diz a História que os índios comeram o bispo Sardinha.

Mas como foi que eles conseguiram abrir a latinha?

 

Qual o mais velho, diga num segundo:

D. Pedro I ou D. Pedro II?

 

De que cor era mesmo (eu nunca decoro)

o cavalo branco do Marechal Deodoro? 

JOSÉ PAULO PAES

 

 QUATRO HISTORINHAS DE HORROR

 

1.

Por ter sido criado em laboratório,

Frankenstein não teve mãe.

 

Isso lhe dava complexo,

especialmente no dia das mães.

 

Nesse dia, voltou ao laboratório

e pediu uma mãe biônica

 

Quando a viu pronta, ficou tão encantado

e a abraçou com tanto amor

 

que a sufocou. Antes de morrer, a mãe

disse ainda, num suspiro:

 

“Como é doido... 

                   Ser mãe...                                  

                               De Frankenstein...”         

      

 2.

Era uma vez um vampiro

tão bem-educado, mas tão bem-educado,

          que toda vez que sugava

          o sangue de uma pessoa

não esquecia de dizer: “Muito obrigado”.

 

 3.

         Certa noite eu sonhei

Que embaixo da cama havia um monstro medonho.

         Acordei assustado

         e fui olhar: de fato,

embaixo da cama estava um monstro medonho.

         Ele me viu, sorriu

         e me disse, gentil:

“Durma! Sou apenas o monstro dos seus sonhos.”

 

 4.           

 

Aquele fantasma que assombrava

        um belo castelo,

Mas vivia sempre sujo e desleixado,

        foi rebaixado,

        por causa disso,

a assombração de depósito de lixo. 

 

FICÇÃO CIENTÍFICA

 

Depois de uma viagem

pelo espaço sideral,

o astronauta chegou ao seu destino final:

 

Um palneta diferente

cujo em-cima estava em-baixo

e o atrás ficava na frente.

 

Um planeta tão estranho

que a sujeira era limpa

e a água tomava banho

 

Um planeta mesmo louco

onde o uito era nada

e o tudo muito pouco.

 

Um planeta dos mais raros:

o seu ouro era de graça,

o lixo custava caro.

 

O astronauta não gostou

e foi-se embora. Quando

pensou estar muito longe,

Viu-se outra vez chegando

 

num planeta onde, aliás,

o em-baixo ficava em-cima

e a frente estava por trás...

 

 

TEM MAIS: ...



ADIVINHA DOS PEIXES

Quem tem cama no mar? O camarão.
Quem é sardenta?  Adivinha. A sardinha.
Que não paga o robalo?   Quem roubá-lo.
Quem é o barão no mar? O tubarão.

Gosta a lagosta do lago? Ela gosta.
Quantos pés cada pescada tem? Hem?
Quem pesca alegria? O pescador?
Quem pôs o polvo em polvorosa? A Rosa.


PORTUGUESA


 — Manuel, quando é "agora"?

— Ora, pois pois:
depois do antes ou antes do depois!

 

 

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