WILMAR SILVA
( DJAMI SEZOSTRE, pseud. )
Nasceu em Rio Paranaíba (MG), em 30 de abril de 1965. Encontra-se em Belo Horizonte desde 1986. Poeta, ator, dramaturgo, performer. Curador do projeto Terças Poéticas, que já entrevistou diversos poemas. As entrevistas estão publicadas na revista Germina.
Andou pelo Triângulo Mineiro, onde fez artes cênicas, criando e produzindo espetáculos em coletivo, encenou O Auto da Compadecida e quase toda Maria Clara Machado, além de Plínio Marcos e textos de primeira água do próprio autor, que estreou com Lágrimas & Orgasmos, 1986, lançado na Biblioteca Pública Luiz de Bessa, BH, MG. Poemas publicados em revistas e suplementos no Brasil e no exterior, Portugal, Itália, França, com traduções ao espanhol, italiano e francês. Encenou performances com pesquisa de linguagem física sonora: Pardal de Rapina, Desmarcado, Afrorimbaudelia, Solo a Solo, Subida ao Paraíso, Ais etc. Criou em 2002 em Belo Horizonte a Anome Livros, destinada a publicações de todos os gêneros e exercícios com a palavra e o papel. Poemas musicados, interpretados e gravados por Jorge Dissonância, Reynaldo Bessa, Anand Rao etc. Curador do projeto de poesia Terças Poéticas, da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, parceria Suplemento Literário e Fundação Clóvis Salgado, nascido a 05 de julho de 2005 nos jardins internos do Palácio das Artes. Organizou o catálogo/antologia Terças Poéticas: jardins internos, lançado em 12 de dezembro de 2006, em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
Bibliografia: Moinho de Flechas, 1994, prêmio Jorge de Lima de poesia da União Brasileira de Escritores , RJ; Solo de Colibri, 1997, prêmio Blocos de Poesia, RJ; Arranjos de Pássaros e Flores, 2002, finalista Concurso Nacional Cidade de Belo Horizonte; Cachaprego, 2004, prêmio Sociedade de Cultura Latina do Brasil; o último, Estilhaços no Lago de Púrpura, 2006, 2a edição em 2007; além do estranho (na denominação do autor) Anu, 2001, que tem poemas no Museu da Língua Portuguesa, SP. Participou das seguintes antologias: Antologia da Nova Poesia Brasileira, org. Olga Savary; A Poesia Mineira no Século XX, org. Assis Brasil; Fenda - 16 Poetas Vivos, org. Anelito de Oliveira; Pelada Poética, org. Mário Alex Rosa, etc. Organizou a antologia O Achamento de Portuga", Anome Livros, 2005.
Os desdobramentos neo-barrocos de Wilmar Silva expõem descrições fraturadas oriundas de muitas tradições, desde cânones que inclusive evocam para si cantares medievais, a rupturas imprescindíveis com as vanguardas históricas, em função da sobrevivência da própria poesia. Márcio Almeida
Página organizada por Salomão Sousa para o Portal de Poesia Ibero-americana.
Veja também: WILMAR SILVA - POESIA VISUAL
Ver também: HAICAIS de Wilmar Silva.
Ver também: HERBERTO HELDER E WILMAR SILVA VENCEM A EXAUSTÃO, ensaio por SALOMÃO SOUSA
TEXTOS EN ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS
TEXTOS EM INGLÊS - TEXTS IN ENGLISH
SILVA, Wilmar, Portuguesia: contraantologia. / Wilmar Silva, organizador. Projeto gráfico: Sebastián Moreno/Wilmar Silva. Belo
Horizonte: Anome Livros, 2009. 512 p. 7 x 22 cm. ISBN 875-85-98378-45-5 Inclui o DVD “PORTUGUESIA CONTAANTOLOGIA Minas Gerais entre os povos da mesma língua antropologia de uma poética 101 poetas.
No. 10 072 Ex. bibl. Antonio Miranda
variação I
é a minha última aspiração, antes do desfecho
do mundo
você, aspiração transcendental, corpo / arte.
respiro, tinta fresca, fogo, gelo.
[continuo em busca, exausto, alterando a ordem
dos meus mergulhos no abismo]
a manhã está chegando, carregando bilhetes
azuis e cabelos em desalinho — what shall we
do tomorrow? what shall we ever do?
tento lembrar a cor de seu cabelo e respiro,
pincel na mão, o lento perfume das nossas
impossíveis transcendências.
/être nue c´est être absolute enfin/
O beijo de Judas
Não sendo Cristo para descobrir
Recebi o suave e ameno beijo
Sem ver o triste desejo
Que tu foste judas em conseguir
Não me lembro de esquecer
Plantei a esperança no desespero
Em Novembros revejo o Novembro
Vivendo a vida de nunca viver
Vejo claramente a dor
Lágrimas de branca cor
Na incapacidade de sofrer
Sem mordaça que faça calar
Nesta hora de sempre falar
Eu falo a língua dos mudos-faladores.
ESCOLA
Passamos as ruas como um segredo
e nossas alegorias exprimem realidades mais
fundas que o espanto.
São dias de máscaras, de intenções claras
somos em nós, em nós se concentra o mundo e
suas cartas.
Reconhecemos a nuvem e a fantasia
nada há nestas ruas que as impeçam de nos
iludir e decifrar.
Passamos como um rio na madrugada
e nossas alegorias designam verdades mais
firmes que a sabedoria dos
homens.
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SEZOSTRE, Djami.� arranjos de pássaros e flores. Ponta Grossa, Paraná: Olaria Cartonera, 2019 59 p. 16 x 23 cm. Edição: Marco Aurelio de Souza. Capa artisanal de papelão. Ex. bibl. Antonio Miranda
�
arranjo de pombas e pe�nias, dia 28
eu, teu herdeiro da volúpia, vórtice sol
devasso é o mundo de nuvens graívoro
nichos toscos, gravetos - os cerrados
bando de pombas orladas de branco,
abdome plúmbeo, pombas-trocais
de possante voo, esverdeando abismo
cantaria diamante eu, �vido te atalho
fruto seco, folículo que eu subdivido
pergaminho de c[alice e corola, aqui /
banquete o meu pomar de araticuns
SEZOSTRE, Djami, heterônimo de WILMAR SILVA. sol de colibri. s. l. : Urutum Paixão Xama Paixão 2017. Projeto editorial: Patricia Santos. Projeto gráfico: Anderson Gomes. Edição artesanal, texto em impressão tipográfica. Tiragem: 100 exs. Ex. bibl. Antonio Miranda
QUINTO SOLO
ermo de urzes o santo lenho
de asas emplumo entre aves
eu absorto entre o instante
que te realço e a dimensão
inexorável galope e tropel
velas que ombreio à noite
noctívago brenho carnes ranco gotas de sangue
VIGÉSIMO SEGUNDO SOLO
toda variante de palavra
fosse solo de colibri eu
ícaro coroado de dálias
toco por ti o gesto arco-íris impresso no ar
esqueço o timbre viola
varo nhambus no púbis
perfídia da pátria amada
SEZOSTRE, Djami, heterônimo de WILMAR SILVA. cilada. s. l.: Urutum Paixão Xama Paixão, 2017. x cm. páginas sanfonadas. Edição artesanal, texto em impressão tipográfica. Projeto editorial: Patricia Santos. Projeto gráfico: Anderson Gomes. Tiragem: 100 exs.
FLAUTA AGRESTE I
esculpo minha boca dentro de teus ouvidos
onde ninfas e duendes comentem o sonho
trilham o caminho da vertigem e vivem
à beira da estrada comendo verde poeira
as cores sobradas da última festa campestre
bichos e lendas no ermo dos seres
o olhar de ceres rompendo o teu abandono
cansada de tanto cuidar dos campos
dos cereais e do gado que se perde
FLAUTA AGRESTE VIII
habito a mesma noite em que habitas
como o mesmo pasto que ruminas
mas sou todo insônia e amálgama de heras
desejo apenas adivinhar o que escondes
ouvir o modo como respiras e as pausas
que tanto me crispam de gelo e paixão
a noite onde dormimos tem uma constelação
ela orna teu semblante e recria em mim
esse medo visceral de me entregar
SEZOSTRE, Djami, heterônimo de WILMAR SILVA. çeiva. s. l.: Urutum Paixão Xama Paixão, 2017. x cm. páginas sanfonadas. Projeto editorial: Patricia Santos. Projeto gráfico: Anderson Gomes. Edição artesanal, texto em impressão tipográfica. Tiragem: 100 exs.
SEZOSTRE, Djami, heterônimo de WILMAR SILVA. Salmos verdes. Londrina, Paraná: Rubra Cartoneira Editorial, 2017. x cm. Capa: Marcelo Bajo (7 anos). Impressão: ImprimaPLUS.
ARTE ANIMAL
o tigre abatido na caçada de espingarda e curupira
a pele do tigre exposta para mirar e farejar
e passar a pele das palmas e puxar a pele das plantas
e tocar de leve e comprar e levar para expor no mármore da casa
e depois e sempre pisar sem penas e nem dó
pisar com as plantas como se pisa na terra que também tem alma
e pode chorar e está chorando e chorando torrencialmente
e mais que a chuva e muito mais que a tempestade
essa tempestade toda
só de poemas que eu tenho lá nas entranhas de meu sangue
A VOZ DE DRÍADE
zombe longe zombe
e para de repente
zombe afia o par de antenas
zombe e come zombe e bebe
zombe em circo luz
e picadeiro zombe
e some some longe
[ SILVA, Wilmar ] SEZOSTRE, Djami, pseud. Cavalo & Catarse. Tradução Leonardo de Magalhaens. Guaratinguetá, SP: Editora Penalux, 2016. 194 p. 15,5x22,5 cm. ISBN 978-85-5833-137-1
Cavalo e catarse
O sétimo céu
Não formulei nada para a cena da morte
E como não formulei nada
melhor não gravar a cena da morte
para não grafar a morte
A personagem
vai morrer preparação corporal
e sem construção de personagem
Vai morrer naturalmente
ao debruar da vida
Cavalo e catarse
Nudez
O dia nasceu e eles partiram
Matagal em busca do poço
Que esperava por eles para
Um banho a quatro quando
Ficaram pelados e nadavam
Virgens entre águas e éguas
Quando ficaram eriçados e
Renhiram a alma dos corpos
Quando partiram de volta
Ao som da voz a natureza
A nudez em pólens pétalas
[ SILVA, Wilmar ] ZUT / Djami Sezostre. Belo Horizonte, MG: Crivo Editorial, 2016. 144 p. ilus fots., color, p&b + 1 CD-ROM 1 cartão postal. Projeto gráfico: Haley Caldas. Inclui um CD-ROM com versão sonora do livro. ISBN 978-85-66-019-43-8 Ex. bibl. part. Antonio Miranda
Um livro culminando os trinta anos de criação poética do performer, editor e promotor cultural WILMAR SILVA, agora com seu heterônimo Djami Sezostre numa aventura nada convencional, experimentalista, intrigante. Inclui também fotos desnudos do autor.
Ler também a resenha crítica de ANELITO DE OLIVEIRA sobre o livro:
http://www.uai.com.br/app/noticia/artes-e-livros/2017/01/27/noticias-artes-e-livros,200900/edicao-de-zut-de-djami-sezostre-combina-poesia-imagem-e-audio.shtml
SEZOSTRE, Djami. O pênis do Espírito Santo. São Paulo, SP: Patuá, 2018.135+ 19 p. col. X cm. Editor: Eduardo Lacerda. Ilustração, projeto gráfico e diagramação: Leonardo Mathias. Fotos: Joyce Ramos. ISBN 978-85-8297-541-1 Ex. bibl. Antonio Miranda
SER
Sim talvez impossível
Mas ser o que é naturalmente
Assim como são
Os minerais que respiram ou não
Ser o que é naturalmente
Os vegetais que respiram quando
São dardados por nós
Ser o que é naturalmente
Os animais que respiram quando
São dardados por nós
Sim talvez impossível
Mas ser o que é naturalmente
Um dardo cortado em estado de ser
Eternamente assim um dardo
Como um ser mineral
Como um ser vegetal
Como um ser animal
Seer humanus
R RETROFLEXO
É, todos se vendem, se vendem por
Pouco, por muito pouco, por muito
Pouco mesmo.
É, todos se rendem, se rendem por
Pouco, por muito pouco, por muito
Pouco mesmo.
É assim, trocam favores, eu te amo,
Mas eu te amo; eu te odeio, mas eu
Te odeio.
Então, fica tudo bem desde que você
Me curta e curta tudo o que falo e faço,
Inclusive o meu odor
E retroflexo
SILVA, Wilmar. Arranjos de pássaros e flores. Belo Horizonte: Asa de Papel, 2011. 72 p. 16X19 cm. “ Wilmar Silva “ Ex. bibl. Antonio Miranda
SILVA, Wilmar. Pardal de rapina. Imagens de Branca Maria de Paula sobre telas de Juçara Costa. Belo Horizonte, MG: Orobó Edições, 1999. s.p. ilus. 15,5x22 cm “ Wilmar Silva “ Ex. bibl. Antonio Miranda
cólera
sem dúvida essa fadiga que entardece
é mais forte do que o vento
o vento que não é da família dos chacais
e me procura com uma lente invisível
o vento que racha as paredes
e atravessa a pintura
o vento que atravessa a pintura
e diz que os decibéis
das flores que lhe oferto
estão em anomalia
TURVAÇÃO
o homem sórdido não é feito
de palha e milho — colchões de catre sim
são de palha capim e paina
madeira desenhada a nós
mas o homem sórdido é sorumbático
até o fundo vertiginoso da alma
não toma banho
apenas as mãos os olhos os pés
lava antes do sono
o homem sórdido espantou avoantes
dormiu no pomar e ficou silvestre
e não coloriu as íris de arco-
íris
flauta agreste XII
anoiteço e uivos dentro dos ouvidos
onde as corujas delatam os invasores
as axilas plenas de suor calor e deserto
rasgam-me a pele até o incêndio
caço teu corpo misturado de verdes coágulos
e receio não alçá-lo antes do amanhecer
emendarei os meus dedos aos teus
e calarei teus gemidos com os meus gestos
a noite é um segredo e estás dentro dele
Salmos verdes
e depois de bater a laje vem esse temporal
e depois desse temporal vem os pés sobre a laje
sobre a laje os olhos a verter águas de arco-íris
e cristalino sobre a laje
as íris as membranas as retinas as imagens
os olhos de lince para o lince olhar a laje
os estragos da chuva na laje
e depois a laje pisada e vista
a laje meio a meio e virgem a laje
a laje para o cume
o cume da laje para o meu pássaro rouxinol
sim a casa para a chuva a constelação de sóis e luas e estrelas
a colheita de canários
e o plantio das palmas e plantas
manás
cão raiva na boca
cão raiva nos olho
s cão raiva no nariz
cão raiva nas orelha
s cão raiva nas axila
s cão raiva no umbigo
cão raiva nas virilha
s cão raiva no pau
cães raivam no cu
fuck you fuck you fuck you
atlas
nem one nem um nem eins nas mãos
nem two nem dois nem zwei nos pés
nem three nem três nem drei nos pés
nem four nem quatro nem vier nos pés
nem five nem cinco nem fünf nos pés
nem six nem seis nem sechs nos pés
nem seven nem sete nem sieben nos pés
nem eight nem oito nem acht nos pés
nem nine nem nove nem neun nos pés
nem ten nem dez nem zehn nos pés
cem eleven cem onze cem elf mil mãos cem mil pés
Brazil Brasil Brasilien
Antonio Miranda e Wilmar Silva na I BIENAL DO B - POESIA NA RUA, em Brasilia, de 26 a 38 de outubro de 2011. Foto de Regina Mello.
SILVA, Wilmar. Cachaprego. Imagens de Sandro Vieira. Belo Horizonte, MG: Anome Livros, 2004. 64 p. fotos ilus. (Serie Ovidia, 13) Imagens do autor em fotos. ISBN 85-98378-04-6 “ Wilmar Silva “ Ex. bibl. Antonio Miranda
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ladoalerdoum mosquito quefesteja umamecha é o mesmo quevem de algumlatido ladrando meu calcanhar de peregrino que avança um sinal meio a desatino eu que serro na motoserra de caminhar em localdaerisco arroisco a juriti presa alinhada aofrontaldoadro umganidode coito e que coiotse é meuálibi de anislis entsredes que precoces mostram os juelhos as coxas de visgo para esfaquear avloupia e lavouram todaretina que resvala para o meio cerradoserrano da espécie que imam osdedos as línguas salivasalobralisa medra uma poça desuorcitrino na dançaárida vem olodosangue de umanimal que leva nos punhos a mesma lata para cima e depois a mesma lata para baixo agranizoa pontaesguiadonariza frente daparede que sobe a secoserpente pelo espaço de vergasta e guinchos que emperram as plantas adospéspisadosemespinhos e mais o sabor suadode sabom abacateadso e a lêndeas que se apropriam renteatesta a mesma antena quesuspende os campos molhados dos cabelos penteados entre edoscaleados avapor ecalor oodor que nasce entre plumas e axilas
SILVA, Wilmar; RAQUINO, Roberto. Lágrimas & orgasmos / Wilmar Donizete Silva e Roberto Natalino Ribeiro. 2ª. Edição. Belo Horizonte, MG: Anome Livros, 2002. 108 p. 18x18 cm. Diagramação: Márcio Lopes. “ Wilmar Siva “ Ex. bibl. Antonio Miranda
seguro e impenetrável o ventre transforma-se durante temporários preparativos de desabrocheio mutável espelha em seu ocular o desenvolvimento da criatura que mora em todas as linhas de seu corpo em posição fetal o lirismo prontifica-se dentro do animalismo de um ser humano a rosa começa a desabrochar-se segue toda a ternura dos movimentos doloridos e liberados pelo âmago de seu próprio perfume espelhável na mesma criação a ciclagem continua e aquele néctar vindo da forma da transforma da metaforma como cerne frágil e sensível lança-se ao universo num choro lindo e convulsivo oh mutável criatura oh mutável cria sangue dolorido transmutável na coloração eterna do perfume da essência e no cheiro do charme que faz da própria razão a necessidade de juncar a rosa-dos-ventos e desabrochar eternamente
SILVA, Wilmar. eu te amo. Belo Horizonte, MG: anomelivros, 2013. 110 p. 15x21 cm. “Wilmar Silva de Andrade” ISBN,978-85-98378-80-0 “ Wilmar Silva de Andrade “ Ex. bibl. Antonio Miranda
Mas eu peço
Súplica a todos os anjos e
Deuses do sol e da lua e das
Estrelas cadentes ou não
Mas eu peço
Súplica a todos os santos e
Deuses do sol e da lua e das
Estrelas cadentes ou não
Me salvem de mim
Deuses do sol e da lua e das
Estrelas cadentes ou não
Me salvem de mim
ANDRADE, Wilmar Silva de. Onze mil virgens. Rio de Janeiro: 7Letras, 2014. 72 p. 13,5x21 cm. N. 08 200
CETICISMO
não sei onde pôr minhas dúvidas
chorei em vesperal
e derreti meu olhar
visto os pulsos e exangue
guardo relíquias em antiquários
os relógios de meu orfanato
sem vislumbrá-los
tiveram os ponteiros quebrados
empobreci de tédio vivo
o que deter ante o brilho
remanescente da lua
um bicho de fogo renasce
de dentro de mim
uma montanha com espectro solar
e prisma de esfinge
música vinda das trevas
fere o meu coração
SILVA, Wilmar. DissonÂnsias. Ilustrações de Kátia Maria. Belo Horizonte: ASBRAPA, 1993. 62 p. ilus. 13x21 cm. Contracapa: texto de Sayonara Silva. Capa protegida por película de plástico. “ Wilmar Silva “ Ex. bibl. Antonio Miranda
o andarilho
antes fosse o andarilho da noite
a desvendar mistérios que não desvendam
e esculpe na areia dos passos
agonia de emaranhar o coração
antes fosse o andarilho da noite
vexame de virar bandido e sumir
na memória do medo que me alucina
antes fosse o andarilho da noite
e não me ardesse em chamas de vadiagem
|
SILVA, Wilmar. Águas selvagens. Belo Horizonte: ASBRAPA, 1990. 56 p. ilus. 13,5x21 cm. “ Wilmar Silva “ Ex. bibl. Antonio Miranda
CONTEMPORÂNEO
Sobrepujarás antes da iniciação,
o teu sono de rosto tombado varando os meus olhos ilhados
a minha insónia arrastando a tua respiração milenar.
(Na cozinha, cascas ácidas de laranja-lima,
despidas pela sede de teu cansaço mais do que incauto).
Da cor do ouro sobrepujarão escoriações esvoaçantes,
os meus olhos encarnados em tua respiração milenar,
os morcegos na cabeça e as jias nos pés.
(No quarto, dois olhos encharcados de alívio
e as costas pacíficas debulhando insónia e sonolências).
Insónia do éter e sonolências da overdose.
SERTANISMO
Quando dissipa a floração sonífera do crepúsculo,
balanço os meus lábios finos no mesmo retraio
e
não fosse íntimo, intocável, intrépido e intrínseco
intrinsexo
seria postal,
o confronto arqueado de nossas íris molhadas,
seriemas no matagal,
feridas-flautas e o ferido flautista.
Aborí-gene, profuso de voluptuosidade,
a macieira, profusa de voluptuosidade!
SILVA, Wilmar. Yguarani. Maia, Portugal: Cosmorama Edições, 2009. 130 p. 14,5x19,5 cm. Capa: fotoAntoine Pimentel. ISBN 978-989-8029-39-3 “ Wilmar Silva “ Ex. bibl. Antonio Miranda
arranjo de sanhaço e gerânios, dia 16
eu/ dia-a-dia no exercício de liberdade
e voo, rasante - o meu beijo de sanhaço
preparo entre canteiros guarnecidos
de gerânios, róseo, cultivo o possível
gosto de encontro aos lábios de ceres
mas, agora - em pleno meio do cerrado
anseio, impávido, penacho eu pavão
ramagem de estios, geada ao corpo, eu —
antes, salto do galho e lasco: sol aceso
lume, lépido, é tempo de outono, sóis
SILVA, Wilmar. Solo de colibri. Rio de Janeiro: Editora Blocs, 1997. 48 p. Capa: “movimentos” acrílica de Urhacy Faustino. 12x20,5 cm. “ Wilmar Silva “ Ex. bibl. Antonio Miranda
décimo primeiro, solo
gemo cantos de rancor
— laço os cabelos à cipó ]
pinto potes e porcelana
objeto do desejo, o pênis
vendo meu corpo de giz /aqui/na praça 7 de bh
lacero jaulas/grunhidos
de amar trovejante estalos
SEZOSTRE, Djami. 0 óbvio oblongo. 2a. edição. São Paulo: Laranja Original, 2019. 152 p. 15 x 20 cm. (Coleção poetas essenciais; vol. 10 - Coordenação Filipe Moreau) Prefácio: Rubervam Du Nascimento Foto do autor: Branca Maria daae Paula. ISBN 978-85-92875-58-9 Ex. bibl. Antonio Miranda
*Pseudônimo de Wilmar Silva. Criador da poesia biossonora.
O aguaceiro
Cavalo que era o meu pai
Ele vinha junto aos cavalos
Ele vinha entre os cavalos e o aguaceiro
Cavalo que era o meu pai
Ele vinha junto aos pássaros
Ele vinha entre os pássaros e o aguaceiro
Sozinho como um prascóvio*
Cavalo que era o meu pai
Ele vinha junto aos pássaros
Ele vinha entre os pássaros e o aguaceiro
Cavalo que era o meu pai
Ele vinha junto aos cavalos
Ele vinha entre os cavalos e o aguaceiro
Eu sou um aguaceiro
* Nelologismo criado por Guimarães Rosa, o mesmo que ignorante.
Solo a solo
E acabou o pai
Morto enterrado e
m procissão com
o um santo O melro exumo
E acabou a mãe
Morta enterrada e
m procissão com
o uma santa A melra exumo
E acabou a casa
Viva como u
m colibri no u
mbigo de repente Exumo
Angelus no homen Crisálidas exumo
TEXTOS EN ESPAÑOL
EL MISERABLE
Tradução de Teresinka Pereira
A todos pudiera yo escribir los poemas
Como si escribiera Ladrillos Paredes Fuego Camas
Tejidos Los cuerpos que viven Las casas
Donde caminan los cuerpos y paran como si fueran
La mesa El campo de arrojamiento Las bocas
Que hablan Las palabras más calientes y También
Las más frías A todos yo pudiera escribir
Los poemas inviolables a extraños mundos
Aun mismo que fuera a ti La miserable Yo
Pudiera escribir los poemas La palabra casa
Que fuera más que casa piernas caminando allá
Adentro Rudas como Las piedras líquidas
Que evaporan A todos yo pudiera escribir
Los poemas y después abandonarme
CELADA
Tradução inédita por Ana Esteves
flauta agreste I
esculpo mi boca dentro de tus oídos
donde ninfas y duendes acometen el sueño
recorren la senda del vértigo y viven
al borde del camino tragándose el polvo verde
los colores que quedaron de la última fiesta campestre
bichos y leyendas en el erial de los seres
la mirada de cibeles rompiendo tu abandono
cansada de tanto cuidar los campos
de cereales y el ganado que se ha perdido
flauta agreste II
curvo mis ojos y deshojo los dioses
encuentro en la crecida el pico sibilante
de un pájaro que viene de muy lejos
volando en esta primavera donde nacen
floraciones tan impias que no me callan
pétalos que se arbolan ante el encanto del sol
gasto mi tiempo mirando a ese pájaro
en el crepúsculo donde hadas hielan en el invierno
insomnes anhelantes y húmedas por mí
flauta agreste III
canto esta quimera como el que se desnuda
y desnudo alza la godiva de la fantasía
desaguo mi cuerpo en busca del tuyo
febril y descalzo mi olfato es el de un lobo
y el bosque y la selva entre árboles la celada
aun de lejos es a ti a quien espero
anhelo una noche y reverdezco entre ramajes
mi disfraz es ser camaleón el bicho delicado
y picar tu sexo con mis tentáculos.
flauta agreste IV
desparramo abejas y avispas entre brumas
un reptil de puro veneno para espantar
a aquel que venga contigo a cantarme
llevo a un tigre atado a mi piel
para asustar a ese cómplice siempre noctívago
que te persigue por la noche adentro
dibujo en mis manos el rumbo de las saetas
que irán a clavarse en el corazón de tu amante
sí yo seré el bálsamo y echaré los dardos.
flauta agreste V
guardo ahora la sombra de la luna y del miedo
nubes que orlan ojos y cabellos
difumino la legión de andariegos que me cazan
soy pájaro y las penas de zafiro y rubí
errante y de músculos viriles trazo
ese amor tan doliente que me estrangula
mis labios los pinto de carmín
y se me olvida mi orquidáceo en tu lengua
seré más o seré menos basta con el opio
flauta agreste VI
rocío las manzanas maduradas de rojo
y ofrezco fálicas amapolas que matan
jadeante en tu motín armo orgías y festín
deslumbrado por ti mi avícola es ave
en tu erial el esbozo es un salto de áspide
árido pero a la espera de que humedezca
el clima que invento es más que rumiar
es una matanza una carnaza es una venganza
donde medra mi pánico todo un vándalo
flauta agreste VII
vacío entre eclipses mis ojos de jade
escamas y cactus en mi boca mi sexo
la ofrenda yo la perfilo y amarillo
de tanto mirar tu cuerpo primavera
tus músculos que sudan vierten fisgonean
tus ancas donde ahogo mi insania
tus muslos que ventean en mis labios y cilios
el susto el culminar en vendimia la vigilia
y todo el ardor ensenada de montañas
flauta agreste VIII
habito la misma noche que habitas
como del mismo pasto que rumías
pero soy todo insomnio y amalgama de hiedras
deseo apenas adivinar qué escondes
oír cómo respiras y las pausas
que tanto me crispan de hielo y pasión
la noche en que dormimos tiene una constelación
ella adorna tu semblante y recrea en mí
ese miedo visceral de entregarme
flauta agreste IX
llevo árboles flotantes sobre veredas
hacia lo hondo de la memoria donde guarezco
deidades el hambre y la sed por ti
no esta hambre cotidiana de cada ser viviente
sino el hambre que es llanto rito fijación
hambre de amor hambre de carnes hambre de comer
tu boca cuando fustiga sones
es una cadencia que me alza locamente
entremezclado a la tierra carezco de abono
flauta agreste X
encuentro mil disfraces al borde del instante
invierto el filo de la ventisca
pero lo que sería el instante que anhelo
el talle de tu cuerpo que me cubre de oro
yo hurto las palabras yo hurgo en los colores
y hablo apenas en la sangre que se me escurre
mi disfraz es el simple acto de colorear
tu baile tan lejos de encerrarme en mí
yo me ofrezco tras la incidental floración
flauta agreste XI
florezco en la selva nocturna que me espanta
donde anidan serpientes y estrellas
florezco prisionero en ti y los girasoles
son objetos servidos como adorno y pasto
más que florecer ese poema
florezco mi sexo en medio de la lluvia
en el ápice de la tempestad breña y oscuro
donde empuño armas de fuego y viscoso
ese cómplice a desbrozar los descaminos
flauta agreste XII
anochezco y aullidos dentro de los oídos
donde los búhos delatan a los invasores
las axilas plenas de sudor calor y desierto
se me rompen la piel hasta el incendio
cazo tu cuerpo mezclado de verdes coágulos
y temo no alzarlo antes del amanecer
liaré mis dedos a los tuyos
y callaré tus gemidos con mis gestos
la noche es un secreto y estás dentro de él
flauta agreste XIII
duermo poblado de imágenes que se me escapan
sobre esa hierba donde pasean insectos
también sueño con lamer tus meandros
tus muslos de otoño casi de orfeo
sueño con detener tu ansia tan extraña
y murmurar en tus oídos lo que me consume
yo ávido caminante dilacero mi sangre
y dibujo un oasis en el cielo
que purifique mis pulsos de láminas
flauta agreste XIV
vivo por ti la floral ensoñación del viento
soplan tus ancas cedros cuadrantes
como águilas en el espacio imitan sombras
revelo en tu dirección blanco y flecha
y todos los ritmos que haya en las saetas
junto a ti ese impávido minotauro de abril
aborígene y andrógeno alado y cóndor
mi boca tiene marfil y tiene azul
yo ensordezco tus aullidos hasta el clímax
flauta agreste XV
azulo por entero las ancas que vienen de ti
los músculos que esconden mi semen
yo grajo al huir agonía y agüero
azulo los cabellos al dorar este pájaro
no solo el espejismo sino lo que haya
hablo por mí lo que jamás dirían
canto el juntar de bambúes y flautas
sísmico y fijo lo devoro yo narciso en eros
y todo el ahogar será ausencia y mar
flauta agreste XVI
maduro el verdor que brota de los dedos
unísonos caminantes de vértigos e islas
surcan la dirección de la mies
vértebras atrapan mi mirada de halcón
ingles derretidas de vello y sudor
yo sigo la vertiente de las cabras y a lo lejos
una campesina atraviesa laderas
el vago está desnudo y una vez más ahoga
en ti el pene al reverdecer hasta la raíz
flauta agreste XVII
oigo los latidos que aceleran y quedan
en el dominio agreste desmantelando el himen
retenido por el aluvión y vareado a pulso
no solamente la forma de minarlo y herirlo
sino esdrújulas disformas se alinearon en ellos
oigo falos que me azotan en ese otoño
rompo las hojas pegadas a mi vientre
se me enloquece el recuerdo del agua en el ombligo
yo veo el mapa sin plexo y soy fatigado
flauta agreste XVIII
domino las retinas y flexos flautines
desnudo y ávido con mi arco y flecha
me asusto entre árboles aves rapaces
armo la celada y por completo lo que falta
salto como un tigre los lazos de savia y sangre
he aquí que esparce en mi sexo un océano
él erizado me viene a escampar como fiera
de emboscada ruge y arma el salto
sube a mis hombros y es amazonas
flauta agreste XIX
atravieso fauna y flora antes del invierno
el sol entre las hojas vacía las montañas
e inunda el arroyo con su fulgor
descubro sargazos que me enhebran al agua
y remedo la danza que salta del verde
vívidos comemos nácares vivimos en tríada
la esencia en nosotros es lazo o cuerda
nacidos de la tierra somos nosotros los pájaros
y el amante asesinado también lo soy yo
flauta agreste XX
escondo entre ánforas el paisaje de las amapolas
y lo que vislumbro es siempre emboscada
andariegos del bosque somos los herederos
y rumiamos los cabellos traídos de los jazmines
sí alzamos los pelos hasta emergerlos del agua
rumiamos los lobos que huyen en la lejanía
yo guardo en mí la postrera celada
atraparé los ojos que me siguen jadeantes
y al borde de orgasmo mi pene es todo tuyo
SILVA, Wilmar. Astillas en el lago púrpura. Estilhaços no lago púrpura. Ediciones Àngeles de Tierra, 2010. 70 p. 13x17 cm. Traducción de Cristiane Grando, Angel Ortega y José Matin Paulino (consultando la taraducción de Sebastián Moeno al español y de Tania Alice al francês). ISBN 978-9945-420-83-8 Col. A.M.
quinze
você ave de asas indóceis, indócil e fugaz/
como arrebatar a memória da noite que irrompe
na revoada de andorinhas que perdem as árvores
para apaziguar a embriaguez de um floema:
mas agora com esta barbatana presa nas guelras
perpasso a cadeia de sóis que fuzilam as íris
e refaço as batidas e as pegadas no açude/
sei que tenho fome e tenho sede por você:
e que fome é esta que adormece minha língua
e entorpece os hibiscos que sedam meu hálito,
e que sede tão dúctil que endurece minha voz?
quince
tú ave de alas indóciles, indócil y fugaz/
cómo arrebatar la memoria de la noche que irrumpe
en la bandada de golondrinas que pierden los árboles
para apaciguar la embriaguez de un floema:
mas ahora con esta aleta presa en las branquias
traspaso la cadena de soles que fusilan los iris
y rehago el rastro y las huellas en el azud/
sé que tengo hambre y tengo sed de ti:
y qué hambre es ésta que adormece mi lengua
y entorpece los hibiscos que sedan mi hálito,
y qué sed tan dúctil que endurece mi voz?
vinte e seis
mas agora nesta penumbra onde os vestígios
se adensam em meus olhos, minha língua de lebre/
viperino sou este segredo no meio da pedra onde
ladrilho um percurso para deitar um cachorro,
um errante, um insone, um notívago, um ser
que engendra poemas que medrem setas gémeas/
este é meu jardim onde adormecem gerânios,
orquídeas, nevralgias, lençóis de papel
que apenas eu/ eu que sou fluxos de púrpura,
sei a quem oferecer uma orgia em meu sexo/
sexo é minha plantação de papoulas no ventre
veintiséis
mas ahora en esta penumbra donde los vestigios
se espesan en mis ojos, mi lengua de liebre/
viperino soy este secreto entre la piedra donde
enladrillo un recorrido para acostar un cachorro,
un errante, un insomne, un noctivago/ un ser
que engendra poemas que medran señales gemelas/
este es mi jardín donde duermen geranios,
orquídeas, neuralgias, sábanas de papel
que apenas yo/ yo que soy flujos de púrpura,
sé a quien ofrecer una orgía en mi sexo/
sexo es mi plantación de amapolas en el vientre
TEXTOS EM PORTUGUÊS - TEXTS IN ENGLISH
Horse & catharsis
The seventh heaven
I didn't formulate anything for the death scene
And how I didn't formulate anything
better is not recording the death scene
to not writing the death
The character
shall die without body preparation
and no construction of character
It shall die naturally
at the edge of life
Horse & catharsis
Nudity
The day was born and they went
To woods in search of the well
That was waiting for them to
A foursome bath when
Were naked and they swam
Virgins among waters and mares
When were bristled and
Fought the soul of the bodies
When they left back at
The voice's sound the nature
The nudity in pollen, petals
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