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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

HENRIQUETA LISBOA

(1904- 1985)

 

Nació em Lambari (Minas Gerais, Brasil). Ha residido siempre em Belo Horizonte, capital del Estado, ejerciendo como Inspectora de Enseñanza Media y como profesora de Literatura Hispanoamericana de la Facultad de Filosofía, Ciencias y Letras de la Universidad Católica de Minas Gerais. No ha participado activamente de los movimientos literarios que se han sucedido en el Brasil a partir de 1922.

 

“Pero conviene precisar ideas. Y empezar por decir que, salvando el brasileñismo — por influencia ambiental y temática — de Enriqueta Lisboa, sui obra obra poética no es una obra “nacionalista”. No lo es, porque su problemática fundamental es el lenguaje — en cuanto medio de comunicación — y sus posibilidades de aprehensión de “lo eterno dentro de lo efímero” (Convívio Poético, p. 14)  Ángel Crespo.

 

 

 Vejam:  MODERNISMO : TRADIÇÃO E RUPTURA, por IVAN JUNQUEIRA, ensaio extraordinário (!!!) publicado originariamente na revista POESIA SEMPRE, da Fundação Biblioteca Nacional, em 1993. IMPERDÍVEL. Inclui texto sobre o poeta HENRIQUETA LISBOA:    http://www.antoniomiranda.com.br/ensaios/modernismo_tradicao_e_ruptura.html

 

 

MAIS poemas de Henriqueta Lisboa em português and in ENGLISH>>

Veja também: TEXTS EN FRANÇAIS

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS    -    TEXTOS EN ESPAÑOL

 

ÁLBUM DE POESIAS.  Supplemento d´O MALHO.   RJ: s.d. 117 p. 
ilus. col.  Ex. Antonio Miranda

 

 

 

 

SAMPAIO, Adovaldo FernandesVoces femininas de la poesía brasileña.  Ensayo antológico. Selección, traducción y notas de Adovaldo Fernandes Sampaio. Prólogo de Jeanine Varenne.     Introducción de Peregrino Júnior.  Goiânia, GO: Oriente, 1979. 143 p. Poemas de HENRIQUETA LISBOA en la Antología:

 

        HUMILDAD

         Hace mucho tiempo, Vida, prometiste
         traer a mi camino una loca alegría
         hecha de espíritu y de llama,
         una alegría rebosante, lo mismo que esse
         resplendor blanco que desprende
         la orla festiva de las ensenadas,
         y entre reflejos de oro se derrama
         del cántaro de las madrugadas.
         Yo, que nací para un destino manso,
         de cosas suaves, silenciosas, imprecisas,
         ye que me siento bien en mi oscuro remanso
         donde apenas se infiltra un perfume de brisas,
         imagino temblando:
¡que sería de mí
         si esa alegría
         espléndida, algun día,
         hubiese sorprendido mi propia inexperiencia!...

         La vida me engañó,mas fue sabia en sua esencia.

         Mi alegría debiera ser así:
         pequenita dulzura delicada,
         gota de orvallo en pétalo de flor,
         siempre serena lámpara velada
         que aclaras ela bruma en mi interior.

         Siempre serena lámpara velada,
         símbolo de mi sueño predilecto...
         Si tú pendes mañana de mi techo
         aureolando mi última ilusión,
         — para que viva en tu amor y tu paz,
         deja un rastro de sombra por el suelo...

¡En esa sombra me me querré esconder

cuando sienta la falta que me hace

la otra alegría que no pudo ser!

 

 

 

VALOR

 

Quiero la vida más cálida,

más incisiva, más densa,

para un esfuerzo mayor.

 

Quiero uma realidad lúcida

de pruebas y de misérias

para con ella crecer.

 

Quiero um veneno de áspides,

el vértigo del abismo,

que me han de purificar.

 

Quiero un tumulto de máscaras

en dédalos de tiniebla,

para ver claro mi ser.

 

Quiero tempestades lívidas,

perdida en el océano,

para más lejos llegar.

 

Quiero que en tierras anónimas

dejen huellas mis rodillas,

para subir al Tabor.

 

Y quiero encender mi lámpara

en lo hondo de la tierra,

para el cielo iluminar.

 

 

ARTE

 

Entre falsidades,

tú la verdadera.

 

Fiebre de mentiras

la boca te quema.

 

Reniegas los pechos        
que te alimentaron.

Y en el fondo, pérfida,
tú la verdadera.

Cabalgas abismos
no sé con qué frenos.

Jardines estériles
son tus connivencias.

Y cuando el ajuste ,
tú la verdadera.

         Confusión extrema
         de éxtasis, sarcasmos,
         rechinar de dientes.

         Demonio triunfante,
         demonio aplastado,
         ¿por qué calcanhares?

         Misterio, misterio.
         Cesaron de súbito
         risas y sollozos.

         No hay en la cidad
         piedra sobre piedra.

         Verdades se arrasan
         por ti, Verdadera.

                  (De A Face Lívida, 1941-1945)
        
           

         AMOR

            Un nombre lo puede decir todo
         al claro del crepúsculo.
         De maremoto y tierra estéril
         de vergeles y de pétalos
         de antigualla y antegozo
         de comienzos y fines.
         Un hombre en el aire en el azul en la arena
         a respirar desierto y oásis.
         En auras de ira y de ternura
         un nombre con sabor a tâmara
         em calientes lágrimas turbias
         suspenso inscrito lacerado
         entre nubes y el caos.
         Um nombre lo puede decir todo
         si tus labios lo callan.

                   De Miradouro e Outros Poemas, 1976)

 

        
        
        

 

 

        


LISBOA, HenriquetaMadrinha lua.  Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, Serviço de Documentação, 1958. 59 p.  (Os Cadernos de Cultura, 115)  14,3x19,5 cm.  Ex. Bibl. Nacional de Brasília

 

         ROMANCE DO ALEIJADINHO

         Antônio Francisco Lisboa
         no catre de paralítico.
         Antônio Francisco Lisboa
         está nos últimos dias.

         — Sobre meu corpo, ó Senhor,
         põe teus divinos pés.
         Ao penitente perdoa
         ira, luxúria e soberba.

         Os grossos lábios murmuram
         secos, gretados, de terra.
         Tateiam os olhos cegos
         as moedas falsas de luz.

         Estende os braços, estende-os,
         não tem mãos para sentir
         a carnadura de estrelas
         de sua pedra vencida.
         E anseia matérias plásticas
         sob dedos renascidos.

         — Mais que volutas, rosáceas,
         mais do que as flamas e as curvas
         flexuosas dos meus delírios,
         em segredo amei as virgens
         de leves túnicas brancas,
         formas essenciais do sonho
         que fez de meu corpo uma alma.
         E mais do que os rijos músculos
         desses guerreiros que atroam
         nuvens e ares com trombetas,
         amei a graça e a doçura
         dos anjos, dos ruflos de asas,
         a delicadeza em flor
         das crianças que não me amaram.

         Queda um momento perplexo:
         deum lado o mar infinito
         de vagas que se desdobram
         verdes, verdes, sempre verdes,
         e os seus passos firmes de homem
         caminhando, caminhando,
         sobre as ondas caminhando.

         À esquerda a floresta, o abismo:
         fulvas serpentes se enroscam
         nos trocos dóceis dos cedros
         atravancando a passagem.
         E recorda as vezes tantas
         em que seus pés se enredaram.

         Filtros, filtros de cardina,
         filtros, prodigiosos filtros!

         Do catre imundo e revolto
         Joana Lopes se aproxima:
         — Que queres tu, Pai Antônio?

         — Para onde foi teu marido,
         filho ingrato que gerei?
         — O mundo levou teu filho
         mas uma filha te deu.

         — Januário, onde está Januário?
         É meu escravo ou não é?
         — Januário de tantas mágoas
         descansa no cemitério.

         — Ganhei dinheiro às carradas
         e minha arca está vazia.
         — Eras amigo dos pobres,
         são pobres os teus amigos.

         — Quero a Bíblia, a minha Bíblia!
         Mãos compassivas depõem
         no peito coberto de úlceras
         restos do sagrado livro.

         — Sobre meu corpo, ó Senhor,
         põe teus divinos pés.

         O moribundo sem força
         move os lábios num sussurro.

         E da distância dos séculos
         anjos e virgens o escutam.

 

LISBOA, Henriqueta.  Flor da Morte.   Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004.  58 p. 14x21 cm.  ISBN 85-7041-415-3   Ex. bibl. Antonio Miranda


Evanescente

 

Pouca diferença entre a vida

e a morte da que exalou

seu último suspiro — adejo

de borboleta rompendo a larva.

 

Sem perfume — camélia estática —

ao abrigo dos ventos, a furto

se desenhava contra o muro.

 

Sobre as ondas caminharia

sem alvoroço nem surpresa

— como a espuma.

 

O fio intérmino das horas

mal retinha entre os dedos

de fuso.

 

Uma abelha zumbia contínua

nos seus ouvidos.

E era tudo.

 

Se algum dia se contemplou ao espelho

foi hoje:

 

para não ofuscá-lo com o próprio

sopro.

 

 

Maturidade

 

Maturidade, sinto-te na polpa

dos dedos: abundante e macia.

Saturada de sábias,

doce-amargas amêndoas.

 

És o tálamo para a morte,

o velame no porto.

 

Sob teu musgo, a pedra.

 

O silêncio em teu seio é prata

a sofrer o lavor

minucioso do tempo.

 

À tua sombra de pomar

ressoam passos do eterno

entre folhas: do eterno.

 

Ó pesado momento,

ó bojo cálido!


LISBOA, Henriqueta.  Casa de Pedra: poemas escolhidos.  São Paulo: Ática; Brasília: INL, 1980.  95 p. 14x21 cm.   Capa e orientação gráfica: Antonio do Amaral Rocha com gravura de Conceição Piló.  Ex. bibl. Antonio Miranda.

 

          As imagens

Pelo bojo da noite

tumultuosos corcéis.

Pelas escarpas à noite

atropelando-se uns aos outros.

Cavalgam sôfregos, as crinas

desnastradas ao látego

dos ventos.

As formas bruscas, a cada

brusco movimento, inauguram

belas imagens insólitas.

 

Nas estrelas, na lua,

se refletem as formas

desenvoltas. Que espelho

domaria um momento

o contorno sem freios?

Em que planície a descoberto

voltarão a ser plácidas

essas formas?

Em que andadura as colherá

o definitivo? Que antro

de toda vista isento

habitarão para sempre?

Em que instante, fixadas

brilhará — pura — a essência

de que se agitam e se ofuscam?

À espera do amanhecer

perpetuam-se as formas.

 

 

LISBOA, Henriqueta.  Miradouro e outros poemas. 2ª ed.  Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977.  164 p.  (Coleção Poiesis)  14x21 cm. 

 

EQUILÍBRIO

 

Estar não estando

no riso e no pranto.

Possuir sem domínio

dentro do possível.

Ser de si o oposto

sem deixar de ser.

Imóvel movente

que só por angústia

de tempo resvala

para achar o fluxo

do plectro em refluxo.

Pendente da sorte

do imã da força

dos próprios recuos,

o pêndulo pende

mediante a tangência

de eflúvios

 

que estuam

adversos

 

à inércia.

 

 

SOFRIMENTO

 

No oceano integra-se — bem pouco!

uma pedra de sal.

 

Ficou o espírito, mais livre

que o corpo.

 

A música, muito além

do instrumento.

 

Da alavanca,

sua razão de ser: o impulso.

 

Ficou o selo, o remate

da obra.

 

A luz que sobrevive à estrela

e é sua coroa.

 

O maravilhoso. O imortal.

O que se perdeu foi pouco.

Mas era o que eu mais amava.

 

LISBOA, Henriqueta.  Pousada do Ser.   São Paulo: Nova Fronteira, 1982.   113 p.  16x23 cm Patrocínio Banco Crefisul. .  “Desta edição aforam tirados 1.500 exemplares fora de comércio, numerados e rubricados pela Autora”. Ex. n. 0036 na bibl. Antonio Miranda.

 

LISBOA, Henriqueta.  Poemas Escolhidos.  Chosen Poems.  Translations Hélcio Veiga Costa.  S.l.: s.ed., s.d.  134 p.  14x21 cm  Impresso na Mai Editora, de Belo Horizonte, MG.   Poemas extraídos dos livros “Velário 1930-1935”, “Prisioneira da Noite 1935-1939”, “O Menino poetaa  1939-1941”, “A Face lívida  1941-1945”, “Flor da Morte  1945-1949”, “Azul profundo  1950-1955”, “Montanha viva — Caraça 1958-1959”, “Além da imagem  1959-1962”, “Belo Horizonte bem querer  1972”, “O Alvo humano”.  Ex. col. Antonio Miranda

 ver HENRIQUETA LISBOA - POEMAS EM INGLÊS

 

AMARGURA

 

Eu chegarei depois de tudo,

mortas as horas derradeiras,

quando alvejar na treva o mudo

riso de escárnio das caveiras.

 

Eu chegarei a passo lento,

exausta da estranha jornada,

neste invicto pressentimento

de que tudo equivale a nada.

 

Um dia, um dia, chegam todos,

de olhos profundos e expectantes.

E sob a chuva dos apodos

há mais infelizes do que antes.

 

As luzes todas se apagaram,

voam negras aves em bando.

Tenho pena dos que chegaram

e a estas horas estão chorando...

 

Eu chegarei por certo um dia...

assim, tão desesperançada,

que mais acertado seria

ficar em meio à caminhada.

 

 

LISBOA, Henriqueta.   Lírica.  Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editôra, 1958.  274 p. 14,5x22,5 cm.   capa dura   Ex. bibl. Antonio Miranda.  Inclui poemas extraídos dos livros Enternecimento (1929), Prisioneira da Noite (1935-1939), O Menino poeta (1939-1941), Madrinha da lua (1941-1946), A Face lívida (1941-1945), Flor da morte (1945-1949), Azul profundo (1950-1955). “Desta primeira edição foram tirados vinte exemplares em papel Westerpost, assinados pela autora.” Ex. bibl. Antonio Miranda

 

3

 

Segredos expostos

tingem de rubor

a palavra rosa

 

Como que em deslize

tocam-se cristais

na palavra brisa

 

Algo se insinua

 

de abandono e flauta

 

na palavra azul

 

Desgastados mantos

pesam sobre o leito

da palavra f a ma

 

Espinheiro agreste

rompe raiva e ruge

na palavra guerra

 

Não há luz que corte

o ermo corredor

da palavra morte.

 

 

Metamorfose 

 

 

o transitório ao permanente

terá sido um simples arroubo

uma surpresa de momento

 

Onda sem rumo vem à praia

traz um balouço que se afrouxa

leva um suspiro que se esvai

 

Sem mais palavra que o desvende

no seu reduto de proscrito

o pensamento está suspenso

 

O vislumbre mal entrevisto

que a memória já não sustenta

vaga entre nébulas de ocaso

 

E a noite baixa para sempre

junto ao silêncio milenar

para tudo quanto se move

 

na perene metamorfose

do fértil para o esgotamento

do voo livre à dura lousa

do transitório ao permanente.

 

 

CIGARRA

 

No alto dos ramos a cigarra

faz uma estrídula algazarra.

 

Fundo musical de tela,

o mundo é pequeno para ela.

 

Canta estraçalhando cristais

de ardentes cores naturais.

 

O sol a pino/ de escutá-la,

no auge da canícula/ estala.

 

Semi-oculta entre folhas verdes,

espera a graça de a atenderdes.

 

Uma cigarra vale pouco

para quem tem o ouvido mouco.

 

 

 

Fonte: http://poemasemimgem.blogspot.com.br/

 

LISBOA, Henriqueta.  Nova lírica. Poemas selecionados.  Belo Horizonte, MG: Imprensa Oficial, 1971.  204 p.  16x23 cm.    Apresentação: Darcy Damasceno.  “ Henriqueta Lisboa “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

SOFRIMENTO

 

No oceano integra-se — bem pouco!

uma pedra de sal.

 

Ficou o espírito, mais livre

que o corpo.

 

A música, muito além

do instrumento.

 

Da alavanca,

sua razão de ser: o impulso.

 

Ficou o selo, o remate

da obra.

 

A luz que sobrevive à estrela

e é sua coroa.

 

O maravilhoso. O imortal.

O que se perdeu foi pouco.

Mas era o que eu mais amava.

 

 

LISBOA, Henriqueta.  Celebração dos elementos: água, ar, fogo, terra.  Belo Horizonte, MG: 1977  Livro inconsútil.   16x23,5 cm.  Gravura de Valdyr Caetano.  Composto e impresso na Editora São Vicente” (tipografia).  “ Henriqueta Lisboa “  Ex. Biblioteca Nacional de Brasília

 

 

FOGO

 

DlIADEMA de desejo que arde

no rubro coração dos homens

com envolvimento de nardo

o fogo é vida em combustão.

Solto depois de prisioneiro

em breve se impulsiona e alastra

não se contenta de si mesmo.

Vulto de bronze em vertical

toma da púrpura desata-a

empunha a tocha e segue a trilha

que se traçou para a conquista.

Nume de estrépito e espetáculo

sustenta lábaros de guerra

 colhe madeira ateia incêndio

serras e montanhas escala

ergue-se no último degrau.

No ápice do orgulho estremece

labareda vinga o labéu

ontem ferido de emboscada.

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

 

Textos em português /  Traducciones de ÁNGEL CRESPO*

  

 

AMARGURA

 

Eu chegarei depois de tudo,

mortas as horas derradeiras,

quando alvejar na treva o mudo

riso de escárnio das caveiras.

 

Eu chegarei a passo lento,

exausta da estranha jornada,

neste invicto pressentimento

de que tudo equivale a nada.

 

Um dia, um dia, chegam todos,

de olhos profundos e expectantes,

E sob a chuva dos apodos

há mais infelizes do que antes.

 

As luzes todas se apagaram,

Voam negras aves em bando.

Tenho pena dos que chegaram

E as estas horas estão chorando...

 

Eu chegarei por certo um dia ..

assim, tão desesperançada,

que mais acertado seria

ficar em meio à caminhada.

 

AMARGURA

 

Seré la última en llegar,

muertas ya las horas postreras,

cuando, muda, empiece a brillar

la risa de las calaveras.

 

He de llegar a paso lento,

exhausta de la extraña jornada,

con mi invicto presentimiento

de que todo equivale a nada.

 

Un día, un día, llegan todos,

ojos profundos y expectantes.

Y bajo la lluvia de apodos

hay más infelices que antes.

 

 

Todas las luces se apagaron,

las negras aves van volando.

Pena me dan los que llegaron

y a estas horas están llorando ...

 

Yo llegaré también un día ...

así, tan desesperanzada,

que más acertado seria

quedarme a mitad de jornada.

 

(De Velário, 1930-1935)



EXPECTATIVA

 

Neste instante em que espero

uma palavra decisiva,

instante em que de pés e mãos

acorrentada estou,

em que a maré montante de meu ser

se comprime no ouvido à escuta,

em que meu coração em carne viva

se expõe aos olhos dos abutres

num deserto de areia,

— o silêncio é um punhal

que por um fio se pendura

sobre meu ombro esquerdo.

 

E há uma eternidade

que nenhum vento sopra neste deserto!

 

EXPECTATIVA

 

En este instante en que espero

una palabra decisiva,

instante en que de pies y manos

encadenada estay,

en que la pleamar de mi ser

se comprime en mi oído a la escucha,

en que mi corazón en carne viva e viva

se expone a los ojos de los buitres

en un desierto de arena,

— el silencio es un puñal

que está pendiendo de un hilo

por cima de mi hombro izquierdo.

 

¡Y hay una eternidad

que ningún viento sopla en este desierto!



(De Prisioneira da Noite, 1935-1939)




CHUVA

 

Chuva torrencial carregada

de frutos. Chuva exausta

de longos braços

pendentes.

 

Chuva nos campos da fatalidade

entregando bandeiras.

 

Música opulenta de rios

que se despenham.

 

Durante noites e noites.

 

As criaturas estão à espera

Protegidas pelas paredes

E a palavra — sol

Unge todos os lábios.

 

Só eu na minha imensidade sem teto,

só eu te suporto o peso,

só eu te sorvo esse gosto,

de morte.

 

Chuva, plenitude amarga

de derrota.

 

Sinto que és retorno,

corpo cansado de espírito,

corpo vencido,

corpo

que se entrega

pesadamente

à terra.

 

 

             LLUVIA

 

Lluvia torrencial

cargada de frutos.

Lluvia exhausta

de largos brazos

pendientes.

 

Lluvia en los campos de la fatalidad

entregando banderas.

 

Música opulenta de ríos

que se despeñan.

 

Durante noches y noches.

 

Las criaturas están a la espera

protegidas por las paredes

y la palabra - sol

unge todos los labios.

 

Sólo yo en mi inmensidad sin techo,

sólo yo te soporto el peso,

sólo yo te sorbo ese gusto

de muerte.

 

Lluvia, plenitud amarga

de derrota.

 

Siento que eres retorno,

cuerpo cansado de espíritu,

cuerpo vencido,

cuerpo

que se entrega

pesadamente

a la tierra.



(De A Face Lívida, 1941-1945)



 

RESTAURADORA

 

 

A morte é limpa.

Cruel mas limpa.

 

Com seus aventais de linho

— fâmula — esfrega as vidraças.

 

Tem punhos ágeis e esponjas.

Abre as janelas, o ar precipita-se

inaugural para dentro das salas.

Havia impressões digitais nos móveis,

grãos de poeira no interstício das fechaduras.

 

Porém tudo voltou a ser como antes da carne

e sua desordem.

 

RESTAURADORA

 

La muerte es limpia.

Cruel mas limpia.

 

Con sus delantales de lino

— fámula  — friega las vidrieras. 

Tiene puños ágiles y esponjas.

Abre las ventanas, se precipita el aire

inaugural dentro de las salas.

Había huellas digitales en los muebles,

motas de polvo en los intersticios de las cerraduras.

 

Pero todo volvió a ser como antes de la carne

y su desorden.



(De Flor da Morte, 1945-1949)


 

 

SOLEDAD

 

De hombre en la soledad

— ¡qué perenne soliloquio! —

Habla profundo a si propio.

 

Habla a Dios con frases claras;

fluyen de las mismas aguas

por la eternidad en curso.

 

Con voz temblorosa habla

Para que yerbas y musgos

la palabra testifiquen.

 

Habla con vientos diversos

para que el mensaje lleven

del horizonte ai oído.

 

Testigos hace a las rocas

porque las estrellas oigan

desde la piedra de asiento:

 

   «De piedra de soledad

he de levantar un templo».



(De Montanha Viva – Caraça -, 1959)

 

 

FIGUEIRA, Gaston.  Poesía brasileña contemporánea (1920-1946)  Crítica y  antologia.   Montevideo: Instituto de Cultura Uruguayo-Brasileño, 1947.  142 p. 
18x23 cm.  Col. A.M.

 

!El niño poeta! Henriqueta Lisboa lo anduvo buscando afanosamente, talcomo lo evoca en el primer poema de un libro admirable. Buscó al niño poeta por aquí, por allá, sin saber si sus ojos son azules o negros, si lo hallaría en las aguas del Lambarí o en el Canadá. Henriqueta Lisboa —una de las voces más puras e intensas de la lírica brasileña y americana— quería ver de cerca al niño poeta, para que le contara las cosas bonitas del cielo y del mar. Y el niño poeta apareció y trajo a Henriqueta el mejor regalo: le hizo evocar su propia infancia. Y así nació este bellísimo poemario, que significa un acontecimiento en la literatura americana de nuestros días.  Henriqueta Lisboa — a cuya poesía dedico Gabriela Mistral toda una conferencia, no hace mucho tiempo, en tierras brasileñas—, es una poetisa de finísima espiritualidad, que sabe decir su mensaje con

palabra musical, plena de sugerencia. Ese tono subjetivo de su arte la hermana a Cecilia Meireles, a la vez que la aleja del lirismo suntuoso y sensual de Gilka Machado, la condesa de Npailles de la literatura brasileña, Henriqueta Lisboa es más directa que Cecilia: Su poesía no está envuelta en ese aire de simbologia de la autora de "Vaga música".

 

En 1930, el primer premio de poesía de la Academia Brasileña de Letrasfue discernido a "Enternecimento", de Henriqueta Lisboa, que poco tiempo antes había editado su primer libro, "Fogo fatuo". Luego, dos espléndidos poemarios más vinieron a confirmar y ampliar las excepcionales dotes líricas de Henriqueta:

"Velário" y "Prisioneira da noite". Y su más reciente libro, "A face lívida", editado en 1945.

 

A pesar de la jerarquía de su obra, su nombre no es conocido en Américacon la amplitud que se merece, y no es por cierto la única figura de trascendencia del Brasil que el resto de América no conoce como debiera. En "O menino poeta", Henriqueta Lisboa logra realizar canciones de una sencillez, de uma música, de una gracilidad, de un color, de un sabor inefables. Ritmos breves, poemas breves, como en esas tonadas populares que ella misma cantó y bailó cuando era pequeñita. He aquí algunos títulos: Cajita de música, Luciérnagas, Ronda de flores, Ronda de estrellas. Jardín celeste, Oración, Estrellita de mar, El buen ángel. Secreto, Ronda de Mariposas, Patitos en la laguna... Todo lo que la vida tiene de puro y bueno se ilumina en estas páginas. La naturaliza y el, corazón se hermanan celestemente.  El hogar, el jardín, el niño, el mundo, todo se musicaliza en estos ritmos que hacen bien al niño y al adulto, en uma de esas mágicas realizaciones de la poesía que hoy necesitamos más que nunca.

 

 

ESTRELLITA DE MAR

 

 

Estrellita de mar

en la playa amanece.

Tiene el cuerpo tostado

del sol y de la arena.

 

En sus ojos juegan

distancias y dunas.

Son faroles erguidos

entre niebla y espuma.

 

Colecciona conchas,

cauríes y corales.

Su casa es una ensenada

con taletes de alga.

 

¿Qué será que anhela?

(ya tiene gestos de onda)

¿un pescado, una perla,

una isla. una góndola?

 

Estrellita de mar,

dicen que al nacer

durmió en el regazo

de madrina Sirena.

 

 

COCUYOS

 

Cuando la noche

viene bajando,

en los valles en penumbra,

en los matos, en los yuyos,

en la sombras de los campos,

guiñan, guiñan los cocuyos.

 

Son los cocuyos ariscos

que encienden, guiña que guiña,

el verdor de sus linternas,

linternas de la campiña.

¿O serán los ojos claros

de los niñitos traviesos,

verdes ojos entreabiertos,

entreabiertos, semi-tontos,

cual luchando con el sueño?

 

 

SECRETO

 

Golondrina en el hilo

escuchó un secreto.

Fue a la torre de la iglesia,

cuchicheó con la campana.

 

Y la campana bien alto:

delem-dem

delem-dem

delem-dem

dem-dem!

 

Toda la ciudad

lo supo. 

 

traduções foram extraída da REVISTA DE CULTURA BRASILEÑA, Tomo IX,n. 28, de marzo de 1969, publicação da Embajada del Brasil en Madrid, Espanha. Esta revista foi um veículo extraordinário de difusãAo da cultura brasileira entre os “hispano hablantes” e sua interrupção foi um grave desserviço. NeAmpliadsta página vamos aproveitar algumas das melhores traduções dos nossos melhores poetas.

 

SCRIPTA. Literatura. Revista do Programa de Pós-Graduação de Letras e do CESPUC.   Organizado por Lélia Parreira Duarte. Belo Horizonte:  PUC Minas, 1997-
467 p.  ilus.  ISSN 1316-4039.   No.  10 888
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda


Cite-se como exemplo dessa economia expressiva, a primeira
parte do poema “Na morte”, onde dez versos contém apenas um
verbo —“nos encontraremos” — repetido no primeiro e no décimo
versos. Tudo o mais são substantivos, às vezes preposicionados,
exercendo funções de núcleos de sintagmas adverbiais ou de após-
tos, sendo os substantivos nucleares modificados por pouquíssimos
adjetivos. Leiamos:


De “HENRIQUETA LISBOA: A POESIA TRANSCODIFICADA”,
por Ângela Vaz Leão, P. 16: 

 

NA MORTE

Na morte nos encontraremos.
Sim, na morte.
Tempo de consórcio e de vínculo.

Depois de caminhos extremos,
Quer pelo sul ou pelo norte.

Ao término de circunstâncias:
Passos certeiros ou perdidos.
Sem palavras nem sentimentos,
com simplicidade suprema.

Na morte nos encontraremos.
(apud  Sarmelius e Laurentis, 1951, p. 48)

*****

Na pag. 16:

SOLIDÃO

Um homem na solidão
— que perene solilóquio! —
3   fala profundo a si próprio.

Fala a Deus em termos claros
a fluírem das mesmas águas
6   pela eternidade em curso.

Fala com tremor na voz
para que relvas e musgos
9   a palavra testemunhem..

Fala com os versos diversos
para que a mensagem levem
12   aos ouvidos do horizonte.

Fala como penhor das rochas
para que as estrelas o ouçam
15    desde a pedra em que se assenta:

“Da pedra da solidão
17   hei de levantar um templo.”
(p. 34, grifos acrescentados)


A tradução do professor Lourenço produz em nós a
mesma profunda impressão a funda impressão: a vida solitária  
de um homem nas montanhas de Minas se enche de um
“perene solilóquio” em que ele fala primeiro a si próprio, depois
a Deus e finalmente aos elementos da natureza circundante,
como se quisesse toma-los em testemunho e aval da sua
promessa ou do compromisso assumido consigo mesmo: “hei
de levantar um templo”, Quanto aos efeitos produzidos pela
forma verbal “fala”, em anáfora (v. 3, 4, 7, 10 e 13), na tradu-  
ção são produzidos pelo verbo latino correspondente — loquitur
­— usado, porém, no final dos versos. Eis a tradução:

SOLITUDO

Vivens vir in solitudine
perennique soliloquio
3  altissime secum loquitur.

Clarum verbum Deo loquitur
fonte quod ab uno profluens
6  in aeterna tendit tempora.

Cum verbum Deo loquitur
verbis suis urqui praebeanta
9   herba et muscus testimonium.

Ventis et diversis loquitur
urqui secum nuntia deferant
12 horizontes usque terminos.

Celas rupiluss et loquitur
voce tanta ut id e lapide
15 urbi sedet audiant sidera :

«Hic e petra solitudinis
17  extruam Dei aedificium.”
(p. 35; grifus acrescentados)

A qualidade da tradução é indiscutível. Para melhor     
percebê-lo, destaquemos do poema o primeiro terceto, com
sua tradução, seguida de um novo exercício de retroversão,
que reconduz o texto latino, quase ao pé da letra, a uma
nova versão portuguesa:

Original  português:      Um homem na solidão
— que perene solilóquio! —
fala profundo a si próprio

Versão latina                Vivens vir in solitudine
perennique soliloquio
altissime secum loquitur

Retroversão portuguesa:  Vivendo na solidão, um homem,
em interminável solilóquio,
profundamente consigo fala.


Segundo nossa análise, algumas soluções da tradução
parecem superar as do original. (...)   [continua na p. 23)...

 

*Página ampliada e republicada em outubro de 2024.

 

Página ampliada e republicada em abril de 2019

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