Coordination de ARICY CURVELLO
ROSANI ABOU ADAL
Lembranças
Lembro-me da Riviera Francesa,
das ruas do Boulevard,
dos bares, dos cafés,
das ruas e alamedas
por onde passamos.
Lembro-me de todos os lugares
onde estivemos,
dos momentos que sorrimos,
das palavras que soletramos,
dos teus olhos me fitando,
de tuas mãos me afagando
com cheiro de licor de café.
Lembro-me dos teus cabelos
repousando no meu ombro,
da tua pele que me hidratava,
do teu suor com gosto
de morangos silvestres.
Lembro-me do teu beijo calado
com vontade de quero mais.
Lembro-me de ti
sentado no banco do jardim
despindo-me com teu olhar.
* * *
Souvenirs
Je me souviens de la Riviera Française,
des chaussées du Boulevard,
des bars, des cafés,
des rues et des avenues
par où nous sommes passés.
Je me souviens de tous les lieux
où nous avons été,
des moments où nous avons souri,
des mots que nous épelions,
de tes yeux que mi fixaient,
de tes mains que mi caressaient
au parfum de liqueur de café.
Je me souviens de tes cheveux
reposés dans mon ombre,
de ta peau qui m’ hidratait,
de ta sueur
au goût de fraises des bois.
Je me souviens de ton baiser silencieux
avec l’ envie dont j’ai besoin le plus.
Je me souviens de toi
assis sur le banc du jardin,
me désabillant du regard.
{Do livro bilíngüe Port./Francês “Um mundo no coração/Un monde au coeur”, publicado pela Universitária Editora, de Lisboa (Port.), em 2001, organizado e traduzido por Jean-Paul Mestas.)
* & *
Nu – o corpo
Quando as pétalas se calam
a manhã se ensurdece
o orvalho seca
a brisa se dispersa no alvorecer
a vida omite-se no pranto
a aurora sussurra inerte
o tempo descompassado se rompe
o silêncio grita desesperado
o sorriso murcha nos horizontes
espinhos acariciam o corpo nu
folhas beijam
a língua solitária
Silencio-me e durmo
acompanhada à minha solidão.
Nu – le corps
Lorsque les pétales se taisent
le matin s’assourdit
la rosée sèche
la brise s’ abolit dans les pleurs
inerte l’ aurore murmure
lle temps désaccordé se rompt
le silence crie sans espoir
le sourire aux horizons fane
des piquants palpent le corps nu
des feuilles s’approprient
la langue solitaire
Silence mien et lourd
accolé à ma solitude
* & *
Planeta Terra
Tuas florestas transformam-se
em deserto de cinzas.
Tuas águas, em cloreto e iodo.
Espécies marinhas, pássaros,
vida em extinção.
Homens morrendo incuráveis.
Rios e lagos solitários,
legendas do passado.
Teu pulmão poluído.
A camada de ozônio
um sopro em espiral.
O que podemos fazer por ti
se tuas crianças estão
morrendo de fome?
Planète Terre
Tes forêts se transforment
en un désert de cendres.
Tes eaux, chlorure et iode.
Faune marine, oiseaux,
vie qui s’ epuise.
Hommes inguérissables.
Fleuves, lacs solitaires,
légendes d’ autrefois.
Ton poumon alteré.
Couche d’ozone,
un souffle en spire.
Que pouvons-nous faire de toi
si tes enfants
sont en train de mourir de faim?
(Os dois últimos poemas foram publicados no volume bilingüe “Um mundo no coração
/ Un monde au coeur”, pela Universitária Editora, de Lisboa (Port.) em 2000, com organização e tradução de Jean-Paul Mestas.)
Página publicada em setembro de 2008.
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