Coordination de ARICY CURVELLO
MARLY DE OLIVEIRA
(1935- 2007)
O SANGUE NA VEIA - IV
Uma gema que fosse toda fria,
mas na aparência, e toda quente por dentro,
e que tivesse a lisa superfície
do que se usa com grande atrevimento,
mas no íntimo, uma gema toda calma,
quase uma água esse fogo nos doendo,
um silêncio que fosse uma cascata,
mas de que o próprio fogo fosse o centro
e de que o próprio fogo fosse a água.
Assim o amor, assim o que se espalha
e não entorna, e vive do que vive,
e é móvel e capaz de ter limite,
assim o que se adentra e se dilata
como o sangue na veia, e é todo livre.
LE SANG DANS LES VEINES – IV
Une gemme qui serai toute froide,
mais seule en apparence, et toute chaude dedans,
et qui aurait la surface lisse
de ce qu’ on porte avec une grande hardiesse,
mais au for intérieur, une gemme toute calme,
presque comme de l’ eau ce feu de douleur,
um silence qui serait une cascade,
mais dont le feu lui-même serait le centre
et dont le feu lui même serait l’ eau.
Ainsi l’ amour, ainsi tout ce qui se répand
et ne se déverse pas, et vit de tout ce qui vit,
et c’ est mouvant, et capable d’ avoir des limites,
ainsi tout ce qui s’ avance et se dilate
comme le sang dans les veines, et est tout entier libre.
Ø Đ Φ
(Antologia “Poésie du Brésil”, seleção de Lourdes Sarmento, edição Vericuetos, como nº 13 da revista literária francesa “Chemins Scabreux”, Paris, setembro de 1997. Traduções de Lucilo Varejão, Maria Nilda Miranda Pessoa e outros. O poema acima de Marly de Oliveira foi compilado por Henrique Alves. )
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