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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POÉSIE BRÉSILIENNE EN FRANÇAIS
Coordination de ARICY CURVELLO

ALBERTO DA CUNHA MELO (2)

ALBERTO  DA CUNHA  MELO

 

EM PORTUGUÊS EN FRANÇAIS 

Lendo Émile Zola  

O sol esgota os objetos;

não me deixa dizer mais nada.

Transforma em plantas os fantasmas

que ontem dançavam no quintal.

 

Mostra a burra realidade

das coisas, o preço dos sonhos;

água laminada levando,

em ondas, o último mistério.

 

Tudo foi dito da maneira

mais cruel: um micro de sol

escreveu em poucos segundos

todos os livros que sonhaste.

 

Cada morto que descobrias

já tinha sido visitado,

não apontaste nenhum pássaro

que a floresta desconhecesse.

 

E esta verdade passageira

que te cumpria revelar

foi arrancada quando um garfo

de sol já ia penetrá-la.

 

Cartão de visita 

Moro tão longe, que as serpentes

morrem no meio do caminho.

Moro bem longe; quem me alcança

para sempre me alcançará.

 

Não há estradas coletivas

com seus vetores, suas setas

indicando o lugar perdido

onde meu sonho se instalou.

 

Há tão-somente o mesmo túnel

de brasas que antes percorri,

e que à medida que avançava

foi se fechando atrás de mim.

 

É preciso ser companheiro

do Tempo e mergulhar na Terra,

e segurar a minha mão

e não ter medo de perder.

 

Nada será fácil: as escadas

não serão o fim da viagem;

mas darão o duro direito

de, subindo-as, permanecermos.

EN FRANÇAIS

 

Alberto da Cunha Melo, écrivain. journaliste et sociologue, appartient à la Génération 65 des écrivains du Pernambouc. A été éditeur de Commercio Cultural (jornal do Commercio), de la revue Pasárgada et collaborateur de la rubrique "Arte pela Arte" (jornal da Tarde, SP) ; tient la rubrique "Marco Zero" (revue Continente Multicultural). Ses poèmes sont publiés dans 23 anthologies, parmi lesquelles : Os cem melhores poetas brasileiros do século (Geração Editorial, SP) et 100 anos de poesia : um panorama da poesia brasileira no século XX(O Verso/MinC). Livres de poésie : Círculo cósmico (1966) ; Oração pelo poema (1967) ; Publicação do corpo, in Qpíntuplo (1974) ; Dez poemas políticos (1979) ; Noticiário (1979); Poemas a mão livre (1981); Soma dos sumos {1983); Poemas anteriores {1989) ; C/au (1992) ; Carne de terceira com poemas a mão livre {1996) ; Yacala (1999) ; Meditação sob os lajedos (2002) ; Dois caminhos e uma oração (2003) ; O cão de olhos amarelos & outros poemas inéditos (2006).

 

En lisant Émile Zola 

Le soleil épuise les objets,

ne me laisse plus rien dire.

Tourne en fantômes les plantes

hier encore dansant dans les parterres.

 

Un soleil, ça fait voir les choses,

leur stupide réalité,

le prix des rèves : eau laminée

emportant parmi ses lames le mystère.

 

Tout aura été dit de la manière

la plus cruelle : un microgramme

de soleil écrit en des secondes

tous les livres rêvés. Chaque mort

 

Que tu crois avoir  redécouvert,

on l’ avait déjà visité,

tu n’ auras pu montrer du doigt aucun oiseau

méconnu par le bois. Et encore:

 

Cette vérité même, passagère,

te fut elle aussi arrachée

alors qu’une fourchette du soleil

s’apprêtait à la pénétrer. 

                                                                   

Carte de visite  

J’ habite si loin que les couleuvres

meurent à mi-chemin.

J’ habite trop loin: qui me rejoint

le fait à tout jamais.

 

Il n’ y a pas de routes collectives

avec leurs vecteurs et leurs flèches

indiquant le lieu perdu

où s’instala mon rêve.

 

Rien que ce tunnel

pavé de braises: je l’ ai dû parcourir

et à mesure que j’ avançais il s’enfermait

sur mon dos, pas sur pas.

 

Il te faudra devenir le compagnon

du Temps et plonger dans la Terre

en me tenant par la main,

laissant ta peur de perdre.

 

Rien ne sera facile: les marches

n’aboutissant à la fin du voyage,

ne donnent que le droit, dur, d’y rester

pourvu que tu les grimpes.

 

 

( Da antologia “Poésie du Brésil”, seleção de Lourdes Sarmento, edição Vericuetos, como nº 13 da revista literária francesa  “Chemins Scabreux”, Paris, setembro de 1997.Traduções de Lucilo Varejão, Maria Nilda Miranda Pessoa e outros.)

 

 

 

 

RECIFE – UM OLHAR TRANSATLÂNTICO –  NANTES  -  UN REGARD
            TRANSATLANTIQUE –Antologia poética – Anthologie poétique
.   Organizada por Heloisa Arcoverde de Morais e Magali Brazil, tradução Everardo Norões, Renaud Barbaras.  Recife: Fundação Cultural Cidade do Recife, 2007.  206 p. 

 

 

Canto dos emigrantes  

Com seus pássaros
ou a lembrança de seus pássaros,
com seus filhos
ou a lembrança de seus filhos,
com seu povo
ou a lembrança de seu povo,
todos emigram.
De uma quadra a outra do tempo,

de uma praia a outra
 do Atlântico,
de uma serra a outra
das cordilheiras,
todos emigram.

 

Para o corpo de Berenice
ou o coração de Wall Street,
para o último templo
ou a primeira dose de tóxico,
para dentro de si
ou para todos, para sempre
todos emigram.

 

Chant des émigrants 

Avec leurs oiseaux
ou le souvenir de leurs oiseaux,
avec leurs enfants
ou le souvenir de leurs enfants,|
avec leur peuple
ou le souvenir de leur peuple,
tous émigrent.
D'un moment à l'autre
du temps,
d'une plage à l'autre
de l'Atlantique,
d'une chaine à l'autre
de la cordillère,
tous émigrent.
 

Pour le corps de Bérénice
ou le coeur de Wall Sreet,
pour le dernier temple
ou la première dose de poison,
pour l'intérieur de soi
ou pour tous, pour toujours
tous émigrent.

 

Uma teoria de classe


Minha hipócrita

e piedosa classe média,

de carros, sorrisos

e diplomas emoldurados;

minha desapontada

legião de chefinhos

de ejaculação prematura,

sonhando com estrelas

menos tolerantes

que as aflitas amadas,

minha dialética

e esperdiçada classe morna,

quem sou eu,

minha classe perdida,

para condenar

tua salada verde,

tua falsa fome

de vida?

 

 

          Une théorie de classe

 

Mon hypocrite
et pieuse classe moyenne,
de voitures, sourires
et diplomes encadrés ;
ma légion

désappointée de petits chefs

d’ejaculation précoce,

rêvant d’etoiles

moins tolérantes

que les aimées dans l'affliction,

ma dialectique

et morne classe gâchée,

qui suis-je,

ma classe perdue,

pour condamner

ta salade verte,

ta fausse faim

de vie ?

 

 

Para os mestres com desrespeito  

Dizem que meu povo
é alegre e pacífico.
Eu digo que meu povo
é uma grande força insultada.
Dizem que meu povo
aprendeu com as argilas
e os bons senhores de engenho
a conhecer seu lugar.
Eu digo que meu povo
deve ser respeitado
como qualquer ânsia desconhecida

da natureza.
Dizem que meu povo
não sabe escovar-se
nem escolher seu destino.
Eu digo que meu povo

é uma pedra inflamada
rolando e crescendo
do interior para o mar.

 

Aux maitres avec irrespect  

lis disent que mon peuple
est gai et pacifique.
Je dis que mon peuple
est une grande force insultée.
lis disent que mon peuple
a appris avec les argiles
et les bons maitres de moulin à sucre
à connaítre sa place.
Je dis que mon peuple
doit être respecté
comme toute angoisse inconnue
de la nature.
Ils disent que mon peuple
ne sait pas se brosser
ni choisir son destin.
Je dis que mon peuple
est une pierre enflammée
roulant et grandissant
de l'intérieur vers la mer.
 

 

 

 

       Página publicada em set. 2008; ampliada em fevereiro de 2016

 



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