POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
BASHÔ
Matsuo Bashō (松尾 芭蕉? ; Tóquio, 1644 – Osaka, 28 de novembro de 1694), ou simplesmente Bashō,[1] foi o poetamais famoso do período Edo no Japão. Durante sua vida, Bashô foi reconhecido por seus trabalhos colaborando com a forma haikai no renga. Atualmente, após séculos de comentários, é reconhecido como um mestre da sucinta e clara forma haikai. Sua poesia é reconhecida internacionalmente e dentro do Japão muitos dos seus poemas são reproduzidos em monumentos e locais tradicionais. Foi ele quem codificou e estabeleceu os cânones do tradicional haikai japonês.
Bashō foi introduzido à poesia em tenra idade e, depois de integrar-se na cena intelectual de Edo (nome antigo da cidade atual de Tóquio), rapidamente se tornou conhecido em todo o Japão. Ganhava a vida como professor, mas renunciou à vida urbana e social dos círculos literários e ficou inclinado a vagar por todo o país, rumo ao oeste, leste e distante ao deserto do norte para ganhar inspiração para seus escritos e haiku. Seus poemas são influenciados por sua experiência direta do mundo ao seu redor, muitas vezes englobando o sentimento de uma cena em alguns poucos elementos simples.
Mais na wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Matsuo_Basho
O LIVRO DOS HAI-KAIS. Prefácio de Octavio Paz. Trad. de Olga Savary. Desenhos de Manabu Mabe. São Paulo: Massao Ohno; Roswitha Kempf, 1980. 134 p. ilus.col. Edição de 1.500 exs. Ex. bibl. Antonio Miranda
(Seleção)
Ainda que morrendo
o canto das cigarras
nada revela!
*
Pequeno cuco cinzento
canta e canta, voa e voa.
Muito há que fazer!
*
Vamo-nos, vejamos
a neve caindo
de fadiga.
*
O azeite de minha lâmpada
consumido. Na noite,
pela minha janela, a lua.
*
Cerros com tíbias sendas.
Sobre os cedros, o crepúsculo.
Ao longe, sinos.
*
Porta fechada,
deito-me no silêncio.
Prazer da solidão.
*
Um doce ruído
interrompe meu sonho:
gotas de chuva sobre a folhagem.
*
Galho morto
e, nele pousado, um corvo:
tarde de outono.
*
O crepúsculo:
ervas que seguem o rastro
dos rebanhos retornando.
***
O VELHO TANQUE...
Tradução do haicai de BASHÔ
via transcrição em português de
HAROLDO DE CAMPOS (1958):
Extraído de
POESIA SEMPRE. Revista semestral de poesia. Ano 10. Número 17. ]Dezembro 2002. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 2002. 260 p. ilus. col. Editor geral Marco Lucchesi. ISSN 0104-0626 Ex. bibl. Antonio Miranda
VER também: CASCA OCA - Tradução para videotexto do haicai de BASHÔ por PAULO LEMINSKI (1983)
HAICAIS DE BASHÔ
Tradução de MANUEL BANDEIRA
Quatro horas soaram.
Levantei-me nove vezes
Para ver a lua.
*
Fecho a minha porta.
Silencioso vou deitar-me.
Prazer de estar só.
*
A cigarra... Ouvi:
Nada revela em seu canto
Que ela vai morrer.
*
Quimonos secando
Ao sol. Oh aquela maguinha
De criança morta!
BASHÔ, Matsuo. O eremita viajante (haikus – obra completa); organização e versão portuguesa de Joaquim M. Palma. Porto, Portugal: Asssirio & Alvim, 218. Reimpressão. 423 p. (documenta poética / 155) capa dura. Ex. bibl. Antonio Miranda
Existem várias edições de seleções de haicais de Bashô no Brasil, inclusive da nossa Olga Savary, com um prefácio memorável de Octavio Paz, pelo editor Massao Ohno.
Devemos celebrar esta edição completa da obra do grande poeta japonês por uma editora em Portugal, mas acessível em livrarias físicas do Brasil. Esta edição completa traz um prefacio digno de menção, que inclui um Glossário e uma Cronologia da obra do Autor..
A seguir, uma mínima seleção de haicais — quatro apenas— dentre as centenas que o livro em questão nos oferece...]
1663
ANO NOVO
1.
é já a primavera?
ou o ano foi-se embora mais cedo? —
Ano Novo duas vezes
OUTONO
2.
a lua é uma guia —
por aqui senhor
se vai para a estalagem!
1664
3.
a cerejeira velha
em flor —
memórias do passado
1666
ANO NOVO
4.
noventa e nove mil pessoas
a caminho das flores —
Quioto
Yo no hito no
mitsukenu hana ya
noki no Kuri
Junto do beiral
velho castanheiro em flor
que ninguém percebe.
Tradução de Goga Masuda
São Paulo/SP – Brasil
DIMENSÃO. Revista Internacional de Poesia Ano XIX – NO. 28/29. Editor: Guido Bilharino. Uberaba, MG: 1999. 312 p. No. 10 883
Ex. biblioteca de Antonio Miranda
BASHÔ
Japão
Shizukasa ya
iwa ni shimiiru
semi no koe
Tradução de H. Masuda Goga
Silêncio absoluto!
Cantorias de cigarras
infiltram na rocha.
*
Página ampliada em setembro de 2024
*VEJA e LEIA outros poetas japoneses em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesiamundialportugues/
Página publicada em maio de 2024
Página publicada em abril de 2018; ampliada em seetembro de 2018. Ampliada em outubro de 2018
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