Canção:
Medir dorso de canoas
proas de navios
rios navegar
Mundo fausto e de miséria
profundo claustro e artéria
abre sulcos na terra
como a erosão
Teu corpo não basta
é um chassis
um vagão abandonado.
Hoje, amor, senti que te acompanhava
mas estava só.
Faltou-me coragem para brandir o metal
das palavras!
Teus pés não são os pés de um operário
que pisa o mundo que ele mesmo constrói.
Teus pés não são os pés de um camponês
que abre sulcos na terra
como a erosão
e são túmulos para as vítimas!
Andas na terra como num campo minado,
contornando-a.
Dormes. Guardo teu corpo adormecido.
Sinto que teu corpo não basta,
não basta contemplá-lo.
Dormes. Teus olhos fechados, excluem.
Teu corpo não basta,
Em definir-se, teu corpo, e em dar-se.
A fruta cortada
de cheiro agreste
sobre a mesa
em oferenda.
O corpo na cama.