INTERTEXTUALIZANDO CÉSAR VALLEJO
Poema de Antonio Miranda
“vagarían acéfalos los clavos” CÉSAR VALLEJO
Inventei o verbo aindar
quando ainda havia verbos e havia caminhar.
Havia idas e regressos
e havia versos a desafiar
o tempo e seus retrocessos.
!Tengo el alma clavada por cien clavos…!
vocifera Vallejo com ou sem pregos
cravados na garganta e nas asas seqüestradas.
Ainda havia flores tranqüilas nas madrugadas
e a certeza de arrebóis transcendentes
despertando um morto de sua tumba,
havia dentes, impureza, sóis e um horto havia.
Um morto que voltava às trevas da existência
com as luzes infinitas de seu desprendimento,
substância em clara mutação. Ainda:
apodreciam “sueños que no tienen cuándo”.
Aindando o inútil reverso
do Não-ser e sua essência.
(Chácara Irecê, Goiás, 2/7/2006)
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