BRÁULIO TAVARES 
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                      Poema da buceta cabeluda  
                      A buceta da minha amada 
                        tem pêlos barrocos,  
                        lúdicos, profanos.  
  É faminta  
                        como o polígono-das-secas  
                        e cheia de ritmos  
                        como o recôncavo-baiano.  
                      A buceta da minha amada  
  é cabeluda  
                        como um tapete persa.  
  É um buraco-negro  
                        bem no meio do púbis  
                        do Universo. 
                      A buceta da minha amada 
  é cabeluda,  
                        misteriosa, sonâmbula.  
  É bela como uma letra grega:  
  é o alfa-e-ômega dos meus segredos 
  é um delta ardente sob os meus dedos  
                        e na minha língua  
  é lambda.  
                      A buceta da minha amada  
  é um tesouro  
  é o Tosão de Ouro  
  é um tesão.  
  É cabeluda, e cabe, linda,  
                        em minha mão.  
                      A buceta da minha amada  
                        me aperta dentro, de um tal jeito  
                        que quase me morde;  
                        e só não é mais cabeluda  
                        do que as coisas que ela geme  
                        quando a gente fode. 
                        
                        
                       
                        
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