THIAGO CERVAN
Thiago Cervan nasceu em São Bernardo | SP (1985). É corinthiano e comunista. Desenvolve um trabalho voltado à experimentação poética em diversos meios. Em 2012 publicou o livro "Sumo Bagaço" pelo selo Poesia Maloqueirista.
Blog: http://cervan.blogspot.com.br
VEJA TAMBéM : POEMAS VISUAIS DE THIAGO CERVAN
CERVAN, Thiago. Sumo bagaço. São Paulo: Edições Maloqueirista, 2012. N. 04 81670 p. ilus. p&b 11,5x15,5 cm
“Só devo afirmar o seguinte sobre o poeta Thiago Cervan: êle é mesmo excepcional. Na extensão da palavra.” Antonio Miranda
trava vida
um prato de tráfico para um preto triste
dois pratos de tiros para dois pretos tristes
três pratos de trapaça para três pretos tristes
quatro pratos de tirania para quatro pretos tristes
cinco pratos de traumas para cinco pretos tristes
seis pratos de tensão para seis pretos tristes
sete pratos de terror para sete pretos tristes
oito pratos de tortura para oito pretos tristes
nove pratos de truculência para oito pretos tristes
dez pratos de tristeza para dez pretos tristes
*
a planta
antes muda
grita
de cor
*
meu poema
em língua desconhecida
ainda não foi feito
nessa língua-enigma
o erro será
mais que perfeito
*
gritos, discussões
pontos de vistas
afirmações
e no meio
da certeza inabalável
salvo o engano
grahan bell
quero
ouvir
uma
voz
do
outro
lado
da
linha
ainda
que
a
outra
voz
seja
o
eco
da
minha
*
enquanto
a câmera da loja de departamento
me grava
e o segurança observa
cada movimento
meu
— que ele julga ser suspeito
finjo
ser
um
bom
sujeito
*
prosa
ainda não decidi
se conto a ela
que sofro
de poesia-crõnica
tenho medo
de estragar o romance
*
sobre o fio do telefone
o pássaro equilibrista
não liga pra ninguém
O PEQUENO LIVRO SAGRADO – MENOR SLAM DO MUNDO
1ª. edição – 2012. Org. Daniel Minchoni, Geraldo Ladera, Sinhá.. São Paulo: edições doburro, 2011. 5,5 x 10 cm. Inclui poemas de Thiago Cervan, Victor Rodrigues, Bob Baq, Vasques,
Felipe Valério, Thiago Peixoto, Pedro Tostes, Caco Pontes. 120 p. Livro-de-artista Ex. bibl. Antonio Miranda
dó maior
é ver o sol menor
lá
no fundo de si
sem segredos e senhas
sem limite de conexão
amor wi-fi para todos
semana santa
a pichação na paróquia alerta:
padre, carne de menino também não pode.
máximas galáxias
mínimas delícias
mãos lambuzadas
de doces carícias
meu poema
em língua desconhecida
nessa língua-enigma
o erra será
mais-que-perfeito
apesar ade toda tecnologia
quem computa a dor
sou eu
sobre o fio de telefone
o pássaro equilibrista
não liga pra ninguém
no lugar onde ninguém me vê
no lugar onde não existe porquê
escrevo minha tortuosa sina
e escondo no verso
o avesso da rima
*
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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html
Página republicada e ampliada em janeiro de 2022
Página publicada em outubro de 2012
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