| 
   MENOTTI  DEL PICCHIA (1892-1988)     Bacharel pela Faculdade  de Direito de São Paulo.  Em 1913, publicou Poemas do Vício e da Virtude, seu  primeiro livro de poesia. Nos anos seguintes colaborou em vários periódicos,  entre os quais Correio Paulistano, Jornal  do Comércio e Diário da Noite, tendo sido um dos articuladores da Semana de  Arte Moderna, em 1922. Criou, em 1924, com Cassiano Ricardo e Plínio Salgado, o  Movimento Verde e Amarelo, de tendência nacionalista.   Em 1937 foi diretor do  Grupo Anta, com Cassiano Ricardo, e diretor do Movimento Cultural Nacionalista  Bandeira, com Cassiano Ricardo e Cândido Mota Filho.    Foi eleito membro da  Academia Brasileira de Letras, em 1942. Em 1960, recebeu o Prêmio Jabuti de  Poesia, concedido pela Câmara Brasileira do Livro.    Principais livros: Juca Mulato (1917), As Máscaras (1920), A  Angústia de D. João (1922) e O Amor  de Dulcinéia (1931).    Existem  muitas edições de Juca Mulato,  algumas bem raras. A mais bonita de todas é a da CONFRARIA DOS BIBLIÓGRAFOS DO  BRASIL (Brasília) em papel especial, com xilogravuras de Paulo Couto, em caixa  de cartão. Não informa o ano de edição nem o número de exemplares... Como foi em  comemoração dos 80 anos de lançamento do poema (em 1917), a edição deve ter  sido em 1997...     ARTE  MODERNA. [1922] por  MENOTTI DEL PICCHIA   TEXTOS  EM PORTUGUÊS  - TEXTOS EN ESPAÑOL   TEXTO EM INGLÊS – TEXT IN ENGLISH TEXTO EN ITALIANO TEXTS EN FRANÇAIS     Leia o ensaio: EM TORNO DO JUCA MULATO [de MENOTTI DEL PICCHIA, por  Anderson Braga Horta  Vejam:  MODERNISMO : TRADIÇÃO E RUPTURA, por IVAN JUNQUEIRA, ensaio extraordinário (!!!)  publicado originariamente na revista POESIA SEMPRE, da Fundação Biblioteca  Nacional, em 1993. IMPERDÍVEL. Inclui texto sobre o poeta MENOTTI DEL PICCHIA:    http://www.antoniomiranda.com.br/ensaios/modernismo_tradicao_e_ruptura.html     De JUCA MULATO
 
                  GERMINAL   I  Nuvens voam pelo ar como bandos de garças. Artista boêmio, o sol, mescla na cordilheira pinceladas  esparsas de ouro fosco. Num mastro, apruma-se a bandeira de S.João, desfraldando o seu alvo losango.   Juca Mulato cisma. A sonolência vence-o.   Vem na tarde que expira e na voz de um curiango o narcótico do ar parado, esse veneno que há no ventre da treva e na alma do silêncio.   Um sorriso ilumina o seu rosto moreno.   No piquete relincha um poldro; um galo álacre tatala a asa triunfal, ergue a crista de lacre, clarina a recolher entre varas de cerdos, mexem-se ruivos bois processionais e lerdos e, num magote escuro, a manda se abisma na treva.                    Anoiteceu.                                        Juca  Mulato cisma.   
                                  RESSURREIÇÃO II   "Ser feliz! Ser feliz estava em mim,  Senhora...  Este sonho que ergui, o poderia por  onde quisesse, longe até da minha dor,  em um lugar qualquer, onde a ventura mora;   onde, quando o buscasse, o encontrasse a  toda hora,  tivesse-o em minhas mãos... Mas, louco  sonhador,  eu coloque! muito alto o meu sonho de  amor...  Guardei-o em vosso olhar e me arrependo  agora.   O homem foi sempre assim... Em sua  ingenuidade  teme levar consigo o próprio sonho, a esmo,  e oculta-o sem saber se depois o achara...   E, quando vai buscar sua felicidade,  ele, que poderia encontrá-la em si mesmo  escondeu-a tão bem, que nem sabe onde está!   III   E Mulato parou.                             Do alto daquela  serra,  cismando, o seu olhar era vago e tristonho: " Se minha alma surgiu para a gloria  do sonho,  o meu braço nasceu para a faina da terra.'   Reviu o cafezal, as plantas alinhadas,  todo o heróico labor que se agita na  empreita,  palpitou na esperança imensa das floradas,  pressentiu a fartura enorme da colheita...   Consolou-se depois: "O Senhor jamais  erra...  Vai! Esquece a emoção que na alma tumultua.  Juca Mulato! volta outra vez para a terra,  procura o teu amor, numa alma irmã da tua.   Esquece calmo e forte. O destino que  impera, um recíproco amor as almas todas deu. Em vez de desejar o olhar que te exaspera, procura esse outro olhar, que te espreita e  te espera, que há por certo um olhar que espera pelo  teu!..."   FIM DO POEMA   
                  Comentário: “As  nuvens que voam pelo ar como bandos de garças dissimpam as fronteiras da  realidade e abrem os páramos do sonho. A natureza pára e o escritor esboça uma  aquarela (...) Os verbos expressam um comportamento aparentemente presente, mas  não há tempo, porque o tempo parou. Como obteve o poeta esse efeito de ação  retardada? Pelometro longo e solene — alexandrino — pelo vocabulário (...)  Mesclanm´se no poema linhas, cores e sons. O corte lento dos versos inciais  contrasta com o fecho, rápido, em que a noite se apresenta, acentuando a  cisma do Mulato.”   Jairo Dias de  Carvalho                                   CHUVA  DE PEDRA                      O granizo salpica o chão como se as mãos das  nuvens                    quebrassem com estrondo um pedaço de gelo                    para a salada de fruta dos pomares...                      O cafezal, numa carreira alucinada,                    grimpa as lombas de ocre                    apedrejada matilha de cães verdes...                      fremem, gotejam eriçadas suas copas                    como pêlos de um animal todo molhado.                       O céu é uma pedreira cor de zinco                    onde estoura dinamite dos coriscos.                      Rola de fraga em fraga a lasca retumbante                    de um trovão.                      Os riachos                     correm com seus pés invisíveis e líquidos                    para o abrigo das furnas.  No terreiro,                    as roupas penduradas nos varais                       dançam, funambulescas, com as pedradas,                    numa fila macabra de enforcados!                                           (Poesias, p. 49)   Comentário: “Aqui  a descrição de um fenômeno meteorológico, em que se manifesta o sentimento  telúrico do poeta. Este se identifica com a natureza e nela infunde seu  espírito.  (...) Animada afetivamente a  natureza, todos os seres adquirem vida: o granizo salpica o chão, o cafezal  grimpa as lombas de ocre, os riachos correm. ()...) Caracteriza-se a poesia de  Menotti del Picchia por essa fusão verbal de diferentes planos artísticos:  escultura, pintura, música e dança.   (...) Os versos são livres, mas apoiados em freqüentes assonâncias e polifonias.  Assim, na primeira estrofe alternam-se consoantes oclusivas e fricativas,  fonemas explosivos e sibilantes aptos à expressão do vento, da chuva e do  trovão e dos riachos. As comparações se estabelecem em termos de cotidiano:  “como se as mãos das chuvas quebrassem com um estrondo um pedaço de gelo”, “como  elos de um animal todo molhado”. A valorização  poética do objeto comum foi uma contribuição do lirismo brasileiro, intoxicado  pelos excessos românticos.”                       NOITE                      As casas fecham as pálpebras das janelas e dormem.                    Todos os rumores são postos em surdina,                    todas as luzes se apagam.                    Há um grande aparato de câmara funerária                    na paisagem do mundo.                    Os homens ficam rígidos,                    tomam a posição horizontal                    e ensaiam o próprio cadáver.                    Cada leito é a “maquette” de um túmulo,                    cada sono um ensaio de morte.                      No cemitério da treva                    tudo morre provisoriamente.                                                                    (Poesias, p. 75)                     
                  Comentário:  “É uma  descrição enumerativa em termos coloquiais. As metáforas são comuns: “As  casas fecham as pálpebras das janelas e dormem”. Ressalta imediatamente a estrutura sintática do poema — parataxe, o  sujeito precedendo o verbo em todas as orações. Não há, assim, imprevistos,  mesmo porque a noite se repete insensivelmente.   A disposição sintática e o ritmo lento sugerem repouso e sono. Mas idéia  da morte insinua-se inevitavelmente (...).   Provisoriamente, ao contrário do  significado, sugere, por seu corpo, a eternidade, mas a referência metafórica a cemitério da treva faz-nos ver nessa  palavra, em que as sílabas se enfileiram, um cortejo fúnebre.  Este poema, esquemático como um desenho,  dá-nos uma visão mórbida da paisagem noturna e parece-nos um esboço, em que o  artista recolheu impressões ou inspiração de momento, que não procurou aprofundar.”  Jairo Dias de Carvalho Poemas e comentários extraídos da obra extraordinária:  POETAS DO MODERNISMO, organizada em seis volumes por Leodegário Amarante de  Azevedo Filho, e publicada em 1972, celebrando o  Cinqüentenário da Semana de Arte de 22, pelo  antigo Instituto Nacional do Livro.    CARTÃO POSTAL  da  Editora Guararapes EGM, do poeta Edson Guedes de Morais.      Canto  75     COM MENOTTI DEL PICCHIA               Poema  de Antonio Miranda*
                         “Quello que  fu nom è più”. PAPINI        A Semana de Arte  Moderna  foi a pira  fumarenta e centrífuga  dos valores  passadistas  — contra os “patriarcas  do obsoleto”.     Havia-os, então.  Haverão!     Com as “proporções  de queima”  no altar das  vocações  libertárias,  incendiárias  uma fogueira  iconoclasta  ardia e julgava  com alguma pirotecnia.     Quem diria? Além de  pregar  — com justiça e  alguma chalaça —  contra os vocábulos  chochos e secos  — um montão de  cadáveres insepultos  idolatrados no  relicário da literatice  — “lerdice de nossa  incultura” —  contra os râncidos  moldes da estatuária  literária;  além de abjurar o  inçado anacrônico  a caturrice  a estultícia  as ruguentas  vestais do passadiço  os misoneistas  faquirizados  — inertes e  inúteis! —  os modernistas  imolaram  Peri e  Aleijadinho...     Contra o romantismo  piegas!  Contra o realismo  de açougueiro das letras!     Contra o velho, o  obsoleto, o anacrônico  o conservantismo  a subserviência e a  mediocridade:  conhecimentos  surrados, fossilizados  o ramerrão gasto e  atrasado.     Contra o  parnasianismo marmóreo  e pomposo dos  poemas imortais!  Contra a gaiola-de-ouro  do soneto  (o “sonetoccocus  brasiliensis” satirizado  por Cassiano  Ricardo —  um fardo!)  arapuca-de-taquara  dos versos medidos  no acicate do  Oswald de Andrade...   — uma estatuária  gélida e oca  cheirando a cópia  da tradução, a plágio...     A ordem do dia era  a renovação.  Buscar novas formas  para as formas novas,  outra técnica para  a sua  representação.     Vanguardas!   Todas as vanguardas  estão mortas  (não apenas os  vanguardistas)  mas ainda ardem  as suas brasas  como asas de fênix  per omnia secula  seculorum  no incensário  das exaltações.      * Extraído da obra inédita  TERRA BRASILIS.   PICCHIA, Menotti del.  Entardecer.  São Paulo:  MPM Propaganda; Círculo do Livro, 1978.   156 p.  16,5 X 24 cm. Capa e  ilustrações: Paulo R. Penteado  e Menotti  del Picchia. Ex. bibl. Antonio Miranda.   Ressurreição   1 Coqueiro!  Eu te compreendo o sonho inatingível:queres subir ao céu, mas prende-te a raiz...
 O destino que tens de querer o impossível
 é igual a este meu de querer ser feliz.
   Por  mais que bebas seiva e que as forças recolhas, que  os verdes braços teus ergas aos céus risonhos, no  último esforço vão, caem-te murchas as folhas e  a mim, murchos, os sonhos! Ai!  coqueiro do mato! Ai! coqueiro do mato! Em  vão tentas os céus escalar na investida... Tua  sorte é tal qual a de Juca Mulato. Ai!  tu sempre serás um coqueiro do mato... Ai!  eu sempre serei infeliz nesta vida!"   2 "Ser  feliz! Ser feliz estava em mim, Senhora... Este sonho que ergui, o poderia pôr
 onde quisesse, longe até da minha dor,
 em um lugar qualquer onde a ventura mora;
   onde,  quando o buscasse, o encontrasse a  toda  hora, tivesse-o  em minhas mãos... Mas, louco sonhador, eu  coloquei muito alto o meu sonho de amor... Guardei-o em vosso olhar e me arrependo agora.
   O  homem foi sempre assim... Em sua ingenuidade teme levar consigo o próprio sonho, a esmo,
 e oculta-o sem saber se depois o achará...
   E,  quando vai buscar sua felicidade, ele,  que poderia encontrá-la em si mesmo, escondeu-a  tão bem que nem sabe onde está!"   3 E  Mulato parou. Do  alto daquela serra, cismando,  o seu olhar era vago e tristonho: "Se  minha alma surgiu para a glória do sonho, o  meu braço nasceu para a faina da terra."   Reviu  o cafezal, as plantas alinhadas, todo o heróico labor que se agita na empreita,
 palpitou na esperança imensa das floradas,
 pressentiu  a fartura enorme da colheita...   Consolou-se  depois: "O Senhor jamais erra...  Vai!  Esquece a emoção que na alma tumultua. Juca Mulato! volta outra vez para a terra,
 procura o teu amor numa alma irmã da tua.
   Esquece  calmo e forte. O destino que imperaum recíproco amor às almas todas deu.
 Em vez de desejar o olhar que te exaspera,
 procura esse outro olhar, que te espreita e te espera,
 que  há por certo um olhar que espera pelo teu..."     
 TEXTOS  EN ESPAÑOL
   MENOTTI DEL PICCHIA     FIGUEIRA, Gaston.   Poesía brasileña contemporânea (1920-1946)  Crítica y antologia.   Montevideo: Instituto de Cultura  Uruguayo-Brasileño, 1947.  142 p.   18x23  cm.  Col. A.M. 
   Personalidad  vinculada al movimiento dé renovación literaria y artística expresado en el  Brasil alrededor de los años 1919 a 23, Menotti del Picchia es um fino y hondo  poeta. Su primer libro, "Chuva de pedra", editado en 1925, se caracteriza  por ?u riqueza imaginativa y su sensibilidad delicada. Este poetn, que comenzó  siendo lírico, evolucionó luego al tono' épico y dramático, en el que logró más  popularidad. En ese plano se ubican sus poemas "Juca - Mulato", de poderoso  aliento autóctono, "As máscaras", de gracia multicolor,  "Angustia de D. Joao", poema dramático, con sólo dos personajes:  Fausto y don Juan Tenorio, y "Amor de Dulcinea", poema dramático, que  Menoti del Picchia escribió en 1928.   En  él, el Caballero de la Triste Figura y Sancho logran muy personales y certeras  imágenes. El poeta los toma como "dos polos universales del propio hombre,  ciudadano de todas las patrias, alegorías internacinales del egoísmo y de la espiritualidad".  De toda esta fase poética de Menotti del Picchia, preferimos las estrofas de  "Juca - Mulato". Como con toda justicia afirmó Julio Dantas,  "Juca Mulato" "es obra de un artista de raza, elocuente, sobrio,  a veces lapidario em los conceptos, pintando con una amplitud y una justeza de  valores sorprendentes, y poseyendo excepcionales dotes de comunicativa  emoción".   Para  nuestro guato, sin embargo, este poeta brasileño, es superior en sus aspectos  esencialmente líricos, a veces intimistas, confesionales, en esas estrofas siempre  delicadas e imaginativas, de estilo depurado. Pero. esta predilección nuestra  proviene, sin duda, de que, en general, no somos muy sensibles a la poesia épica  o dramática. Y sólo en casos especialísimos (Whitman, T. S. Elio.t, Ronaid de  Carvalho, etc.) nos gustan los poemas muy extensos. Esta preferencia no nos impide;  sin embargo, valorar la sostenida inspiración, la fuerza emocional y las muchas  bellezas de expresión de los más divulgados poemas de Menotti del Picchia,  quien ha sabido. —felizmente— esquivar el declive del prosaísmo y del én- fasis,  tan corriente en la poesía épica. "Juca - Mulato" ha logrado ya, en  el Brasil, diecinueve ediciones.   Corresponde  agregar que Menotti del Picchia une, a sus dotes de poeta intenso  y cultísimo, su talento de novelista y su dinamismo de periodista ágil, sutil  y agudo.     LA  CALLEJUELA   La callejuela, en el  crepúsculo, es un paisaje de limbo, un carbón de  Steinlein.   Mujeres endomingadas  atraviesan las calzadas donde hombres  sensatos, de, brazos peludos, fuman cachimbo.   Un grupo infantil  deshace el silencio y esta canción desata:   "Señora doña  Sancha cubierta de oro y  plata".   Salta de una ventana  un fonógrafo ronco que rechina, rasca,  ríe, parece loco.               ;   Bruscamente cesa. Por  las almas baja el silencio. Noche. Constelaciones,  allá, tiemblan   Pasa el encendedor de  faroles como un mágico loco  'que anduviese sembrando estrellas.     TELARAÑA   En el telar de juncos  acuáticos, a orillas del lago de  ópalo, Doña Araña, una  artista, ha abierto su oficina  de modista.   Urde un tejido de gala rico y decorativo que tiene como motivo los rayos geométricos  de una estrella...   Tela fina, con botones  de rocío que refulgen como  perlas: la suspendió de un gajo para que a través del  aire diáfano venga a verla con su coraza de ébano  y de oro, el príncipe guerrero  etíope Don Escarabajo, seguido por su corte  de libélulas.   
  TEXTO EM INGLÊS – TEXT IN ENGLISH    AN  INTRODUCTION TO MODERN BRAZILIAN POETRY. Verse translations by Leonard S.  Downes.  [São Paulo]: Clube de Poesia do Brasil, 1954.  84 p.    14x20 cm.  “ Leonard S. Downes “  Ex. Biblioteca Nacional de Brasília.   THE MIRROR
 A rectangle of moonlight in the bedroom
 which the moon forgot to take in its nocturnal haste.
 Imitative as a plagiarist
 it servilely trace the image it reflects.
 It has no memories.  It does not keep
 upon its glacially indifferent retina
 the gleam of a look or the flower of a gesture
 And yet
 her nubile body gave it
 statues
 of miraculous beauty.
 ANTHOLOGY OF CONTEMPORARY LATIN-AMERICAN POETRY.  Edited by Duddley Fitts. Norfolk Conn.A New  Directions Book, 1942.  667 p. Capa dura  revestida de tecido.  Inclui os poetas  brasileiros: Jorge de Lima, Ismael Nery, Murilo Mendes, Manuel Bandeira, Ronald  de Carvalho, Menotti del Picchia, Carlos Drummond de Andrade.   O  BECO   O  BECO ao crepúsculo é uma paisagem de limbo um carvão de Steinlein.
 Mulheres  endomingadas atravancam as calçadas onde homens sisudos de braços peludos fumam cachimbo.
   Um  rancho infantil o silêncio desmancha e a canção se desata:
 —Senhora  D. Sancha coberta  de ouro e prata ...   Salta  de uma janela um gramofone rouco que rasca range ri parece louco.
   Brusco  cessa. O silêncio desce pelas almas. Nos céus ardem constelações.
   Passa  o acendedor de lampiões como  um mágico doido que andasse a semear estrelas     
                                                                                
                                                                                                                                                THE  NARROW STREET 
 At dust  the narrow street is a landscape in Limboa drawing in charcoal by Steinlein.
 Girls in their Sunday best crowd upon the pavements
 where thoughtful men with hairy arms
 smoke their pipes.
   Playing  children startle the silencewith a hurst of singing:
 Senhora  Dona Sancha
 clothed  in gold and silver…
 
 Out of a  window leaps a rancous phonograph,scraping and shrieking in delirium.
 Suddenly it is still. Silence descends
 upon all souls. Constellations are kindled in the skies.
   The  lamplighter passes like a spendthrift  magician scattering stars.                      Translation by Dudley Poore       BAIA  DA GUAHABARA   O  Pão de Açúcar é um pescador filósofo de costas voltadas para o mar.
 Fisga com um anzol errante
 dependurado  nos fios elétricos da sua vara de pesca meia dúzia de ingleses "globe-trotters"
 e uma "miss" triste como Lady Godyva
 A  Urca o ermitão taciturno resiste  petreamente à tentação das nuvens que  dansam em seu redor como mulheres nuas. Na  sua salva de prata a baía oferta  os peixes irrequietos das ondas preparados  na salsa branca da espuma. Os  cargueiros alcatroados, rijos  operários atlânticos olham  com inveja fumando o cachimbo das chaminés  enormes
 a  elegância internacional dos "yachts" e  o fausto enfastiado dos transatlânticos de luxo.   Uma  barca ondulante acena  o tropismo racial e nómade das travessias e  marca com a proa aguda a tentação oceânica das viagens.   Sobre  a paisagem marinha uma gaivota acrobática
 faz loopings-the-loopings para divertir  os catraeiros.   E  o mar canta no cais nostálgicoa sinfonia de lágrimas e soluços
 de todas as despedidas ...
   
                                                                                
                                                                                                                                                BAY  OF GUANABARA The Sugar Loaf is a  philosophic fisherman
 with his back turned to the sea.
 He hooks, with a wandering hook
 hanging from the electric wires of his fishing pole,
 half a dozen English tourists
 and a Young miss as forlorn as Lady Godiva.
   The Urca,  a taciturn hermit,stonily resists the temptings of the clouds
 that dance about him like naked women.
 The Bay, on its silver platter,
 offers the restless fishes of the flood
 poached in a white sauce of foam.
 The tarry freighters,
 tough Atlantic workmen,
 eye witha envy, smoking the pipes of enormous funnels,
 the international elegance of yachts
 and the bored splendour of luxurious liners.
   A rocking  schoonerhints of restless race-old longing for the open sea
 and with its pointed bow sharpens the temptaion of
 far  voyages.
   Against  the marine backdropan acrobatic seagull
 loops the loop to amuse tahe bumboats.
 And the sea sings, along the homesick quay,
 the tearful and sighing melody
 of all farewells…
            Translation  by Dudley Poore      TEXTS EN FRANÇAIS   MENOTTI  DEL PICCHIA. — Né à  Sào Paulo en 1892. Sa  poésie, procédant de la phase dite passéiste dont datent ses premiers livres,  se fraya une route vers Favant-garde. Menotti del Picchia, journaliste,  essa¬yiste, conteur, romancier, politicien, est d'une acti¬vité sans répit. A  Sào Paulo, où il vit toujours, il fut élu député et occupa des postes officiels  auprès du gouvernement de FEtat. Adepte du « vert-jaunisme », il ne cessa de le  prêcher dans ses articles de critique et dans ses chroniques politiques,  aboutissant à ce vo¬lume, Repiiblica dos Estados Unidos do Brasil, qui fit  pendant, lors de sa parution, à Tôda a America de Ronald de Carvalho. Il tint  simultanément les rubriques d'art et de politique de plusieurs pério¬diques de  Sâo Paulo. Bibliographie  : Poemas do vicio e da virtude (Poèmes du vice et de la vertu), 1913; Moysés,  J9I7; Juca Mulato, 1917; Mascaras (Masques), 1925; A angûstia de Dom Joâo  (L'angoisse de Don Juan); Chuva de Pedra (Pluie de pierre), 1925; Repiiblica  dos Estados Unidos do Brasil, 1928; Poemas de amor, 1936, etc.   TAVARES-BASTOS, A. D.  La  Poésie brésilienne contemporaine.   Antologie réunie, préfacée  et  traduite par…   Paris: Editions Seghers, 1966.  292 p.    capa dura, sobrecapa.  Ex. bibl.  Antonio Miranda   BAPTÊME   Ils  ont porté le Brésil-enfant jusqu'à la rivière Ypiranga
 car il était écrit dans notre histoire
 qu'elle deviendrait le Jourdain national
 Il  arriva sur les bras impériauxde Pedro I"
 accompagné d'une suite à cheval
 ainsi qu'aux baptêmes de province
 La  terre était verte et le ciel jaune.
 Le matin de l'Indépendance était si joli
 et  signale de sa proue aiguë la tentation océanique desvoyages.
 Sur  le paysage marin une mouette acrobatique
 fait  des loopings pour amuser les canotiers. Et  la mer chante sur le quai nostalgique la symphonie aux larmes et sanglots
 de tous les départs...
                                       (Idem)   LE CUL-DE-SAC  Le  cul-de-sac au crépuscule est un paysage de limbe un fusain de Steinlein.
 Des femmes endimanchées encombrent les trottoirs
 où des hommes graves aux bras velus
 fument leurs pipes.
 Une  ronde d'enfants brise le silence d'où jaillit la chanson :
 —  Signora Dona Sancha
 couverte  d'or et d'argent...
 Un gramophone rauque enjambe la fenêtre,
 qui gratte grince rit pareil à un fou.
 Tout  s'arrête soudain. Le silence descenddans les âmes. Dans le ciel brûlent des constellations.
 L'allumeur  de réverbères passecomme un magicien fou en train de semer des étoiles...
                             (Idem)         
 TEXTO EN ITALIANO   Extraído de  MIRAGLIA, Tolentino.  Piccola Antologia poetica brasiliana.  Versioni.   São Paulo: Livraria Nobel, 1955.   164 p.  Ex. bibl. Antonio Miranda      P R E S A G I O   E  un giorno ... —  già scorrono le lacrime dagli occhi — . .  . un giorno, tu, già frecicla sul tuo letto, tu,  che mi aspetti ognora, non  piú aspetterai il mio ritorno. Vedi  come s'imperla la mia fronte Col  gélido sudore d'agonia ? Perchè  so che verrà, qualche giorno, quel giorno; Percheè  so che verrà, qualche giorno, quell’ora. Ed  io m'inclinerò su di te per vederti, Prenderò  le mani che tu non stenderai, o  le tue mani cadran di nuovo, inerti ! Sulla tua  bocca, si  diaccerà il mio bacio; ma non mi  bacerai; col grido  dei dolor, ti chiamerò, impazzito  ma non  risponderai !     ELEGIA   Volli  scrivere un verso e scrissi il nome tuo.
 Guardai verso ii mare di cobalto
 e pensai al nostro desio.
 Sentii il profumo notturno
 e l'anima mi si riempì di ricordi.
 Camminai per la strada,
 nella speranza d'incontrarti.
 Sentii la musica triste
 e pensai che tu mi chiamavi.
 Nella notte stellata,
 gli occhi mi si empirono di lacrime.
 Le campane suonavano a mortorio
 con tanta malinconia
 ed io chiusi gli occhi . . .
 Forse pensai alia morte
 o forse al nostro amore !
     PIETOSA BUGIA   leri, nel  vespro l’oro d'acquarelia, uno mi domando : — Come sta ella ?
 Come sta
 Non  so. Una donna ci fu nella mia vita, Ma non ricordo ... — E in quell’ora inquieta,
 como sempre, stavo pensando a te.
 E  mentii per pudore ... Il  duol che viene dai nostri petti è santo e ci appartiene.
 Agli altri non si offre.
 E se una voce domanda contristata  : —Tu soffri ? — No, non ho nulla.  Ed é  quando piu si soffre !   HADAD, Jamil Almansur, org.   História poética do Brasil. Seleção  e introdução de  Jamil Almansur Hadad.  Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e  Claudio         Abramo.  São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda,  1943.  443 p. ilus. p&b  “História do Brasil narrada pelos poetas.   HISTORIA DO BRASIL – POEMAS    BANZO E por que deixou na areia do Congoa aldeia de palmas;
 e porque seus ídolos negros
 não fazem mais festiços;
 e porque o homem branco o enganou com missangas
 e atulhou o porão do navio negreiro
 com seu desespero covarde;
 e porque não vê mais de ânfora ao ombro
 a imagem da conga nas águas do Kuango,
 êle fica na porta da senzala
 de mão no queixo e cachimbo na boca,
 varado de angústia,
 olhando o horizonte,
 calado, dormente,
 pensando,
 sofrendo,
 chorando,
 morrendo.
        (POESIA – Companhia Editora Nacional – 1933)   PICCHIA,  Menotti del.  As Máscaras.  São  Paulo: Editaora Nacional,  192? ?  s.p.   11,5x16 cm.     encadernado    Ex. bibl. Antonio  Miranda 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
   As Máscaras   O teu beijo é tão doce, Arlequim... O teu sonho é tão manso, Pierrô...   Pudesse eu repartir-me encontrar minha calma dando a Arlequim meu corpo... e a Pierrô, minha alma!   Quando tenho Arlequim, quero Pierrô tristonho, pois um dá-me prazer, o outro dá-me o sonho!   Nessa duplicidade o amor todo se encerra: Um me fala do céu...outro fala da terra!   Eu amo, porque amar é variar e , em verdade, toda razão do amor está na variedade...   Penso que morreria o desejo da gente se Arlequim e Pierrô fossem um ser somente.   Porque a história do amor só pode se escrever assim: Um sonho de Pierrô E um beijo de Arlequim!   
 TROVAS 4 - [Seleção de Edson Guedes de Morais]  Jaboatão  dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2013.  5 v.   17x12 cm.  edição artesanal, capa plástica  e espiralada.  Ex. bibl. Antonio Miranda
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
       * VEJA  e  LEIA  outros  poetas TROVADORES  em nosso Portal:   http://www.antoniomiranda.com.br/Trovas/trovas_index.html    Página publicada em junho de 2023      *   Página  publicada e republicada em janeiro de 2023     Página  publicada em dezembro de 2007; ampliada e republicada em agosto de 2009; ampliada em janeiro de 2016.  |