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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

FREDERICO BARBOSA 

 

Frederico Barbosa (Recife, Pernambuco, 20 de fevereiro de 1961) é um poeta, crítico literário e professor de literatura brasileiro. Barbosa se formou em Física e Grego pela Universidade de São Paulo, onde ele se especializou em Língua portuguesa, Literatura brasileira e portuguesa.  Crítico literário do Jornal da Tarde e Folha de São Paulo por alguns anos, ele atualmente dirige um dos centros culturais mais importantes do Brasil, a Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura.

Rarefato (São Paulo, Iluminuras, 1990); Nada Feito Nada (São Paulo, Perspectiva, 1993); Contracorrente (São Paulo, Iluminuras, 2000); Louco no Oco sem Beiras – Anatomia da Depressão (São Paulo, Ateliê Editorial, 2001); Cantar de Amor entre os Escombros (São Paulo, Landy Editora, 2002); Brasibraseiro (em parceria com Antonio Risério), (São Paulo, Landy, 2004); A Consciência do Zero (Rio de Janeiro, Lamparina, 2004).

Fonte: Wikipedia  Página do autor: http://fredbar.sites.uol.com.br/

“A poesia brasileira atual precisa muito da poesia-míssil de Frederico Barbosa — o mais significativo poeta surgido na década passada e um dos mais expressivos poetas contemporâneos brasileiros. Isto porque Frederico Barbosa continua a perseverante e bem sucedida trajetória de fazer poesia do não, da recusa, do nada, da rarefação, do rigor, do conciso, do exato. Com invenção.”
“Frederico não escreve para o público: prefere formar público para a sua obra. Seus quatro livros o comprovam à vera.”
AMADOR RIBEIRO NETO

 

 See more poems of Frederico Barbosa in Portuguese & English>>

Veja aambém: POEMA VISUAL de Frederico Barbosa

 

De
LOUCO NO OCO SEM BEIRAS
Anatomia da Depressão

São Paulo: Ateliê, 2001
ISBN 85-7480-076-7

 

o acordar é o
grave o

dia o
diabo o
diabólico o

sono o
sono o

horror o
chumbo o
mais que profundo o

todo o dia o
sempre o
diabo azul o
branco o

desespertador

---


começo-me
como quem grita sem
luz sem voz sem vis sem vez sem mais

desfocado
fora de faro
formigando em
câmera lenta

sem coragem
sem o que me dispare

vou

---

 

duas horas de sono
descompasso

quando muito duas horas

outras tantas horas
passo me decompondo

quantas muitas outras horas

passam com desdém
no eu opaco

horas
passam eu passo
a noite em branco
descompasso

---
  

talvez razão na insônia
talvez insânia

 

De

CANTAR DE AMOR
entre os escombros

São Paulo: Landy Editores, 2002
ISBN  85-87731-75-0

 

Frederico Barbosa é um dos meus poetas favoritos!!! Consegue ser lírico sendo lúdico, (quase) sentimental sendo experimental. Parece que constrói os poemas com palavras que suscitam as idéias. Idéias-palavaras em vez de palavras-idéias, numa concretude leve, mínima, suspensa, mais do que expressa (rápida), formalizando-se com carne registrada. Sê(men)te! Fingi(dor).
Antonio Miranda

 

nenhuma    metáfora

traduz                  a falta

nenhuma     imagem

exata

faca            encravada

nesse          silêncio

dia              sem dia

piada          sem graça

acordar       sem você

me              mata

 

                 ( De Nada Feito Nada)

 

 

Vozes

 

aos gritos

antegozava

 

(gata) gemia

em jatos

 

aos pulos

 

jorrava

sussurros

 

rápidos

 

 

Sexto Sentir

 

o que se sente

é somatória

dos sentidos

fora

 

longe

luz

perfume

voz

 

perto

pele a pele

paladar

 

sentimento
forma que
reforma

dentro

 

Nós / Paisagens
(fragmento)

 

movern-se as formas folhas do corpo no espago

comovo-me imovel sobre os len^ois

sob sua boca generosa

(poesia e prosa)

 

festafarta de corcalor cheiaclara de curvardor

beijocheirocheiocorpointeiroamor

=====================


Dois poemas de Frederico Barbosa de sua obra inaugural Nada feito nada, da coleção Signos dirigida por Haroldo de Campos, Editora Perspectiva 1993, em minha biblioteca pessoal há anos, e que sempre visito. Um poeta da invenção.  Antonio Miranda.

NO RESTAURANTE

 

“Sério, sério mesmo

seria um asteróide

chocar-se contra a terra,

espatifando-nos em mil pedaços.”

 

Disse, entre uma garfada e outra.

 

Comos nos comics,

ou no restaurante,

a vida é vaga

e o real

só se constrói a tijoladas.

 

 

IN A SENTIMENTAL MOOD

 

Aquele piano cama

evita levitar.

 

Geometria acesa

máquina

porta reta aberta

ao ponto

discreto inequilíbrio

plano

da euforia precisa

sentir pensar.

 

Sempre paraíso

feito completo

portátil por perto

riso ao sol perfeito

seu beijo como piano

como clima som desejo.

 

Aquele piano

na cama

sós

é vida

a se excitar.

 

 

 

BARBOSA, Frederico.  Na lata : poesia reunida 1978-2013.   São Paulo: Iluminuras, 2013.   36l8l p.   14 x21 cm.   ISBN 978-85-7321-407-9  Reune os poemas de oito livros e os que foram divulgados apenas em jornais, revistas, sites, blogs e  redes sociais, reordenados em blocos temáticos. Apresentação de Susanna Busato.  Col. Bibl. Antonio Miranda

 

 

DESEXISTIR

 

Quando eu desisti

de me matar

já era tarde.

 

Desexistir

já era um hábito.

 

Já disparara

a autobala:

 

cobra-cega se comendo

como quem cava

a própria vala.

 

Já me queimara.

 

Pontes, estradas,

memórias, cartas,

toda saída dinamitada.

 

Quando eu desisti

não tinha volta.

 

Passara do ponto,

já não era mais

a hora exata.

 

 

CORPO E SOMBRA

 

DIÁLOGO COM UM POEMA ADOLESCENTE

 

Eu,1999

 

Sei. Todo organismo

traz em si

 

um mecanismo, vivo,

bomba, relógio, suicídio

inscrito no código,

pronto para explodir.

 

Sei. Nenhum corpo

se esgota.

 

Nenhum corpo, vivo,

é mecanismo.

Autoestraga-se, desiste

de reconstruir a si.

 

Hoje sei. Não basta

achar sentido.

O corpo faz-se, vivo,

sombra de si.

Envenenado, envelhece

a ser-se (em si) fim.

 

 

 

Eu, 1979

 

se assim com fim

ser é sem sentido

 

que faria

 

sem. esse silêncio

 

onde os rumores morrem

 

os humores mudam

 

os corpos (secos) rugem

 

sem essa fenda

onde no fim

corpo e sombra

se embolam

 

que faria

sem essa onda

sem cara

sem saída

 

onde ser dura um só instante

onde todo instante

derrama (no nada)

a ignorância de ter sido

 

faria sentido?

 

 

ALGUMA COISA ACONTECE
(1991)  

 

Cartão-postal como parte da obra coletiva:

 

SÃO PAULO – 30 POSTAIS POÉTICOS. São Paulo: Núcleo de Projetos Literários, Centro Cultural de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura, Prefeitura do Município de São Paulo, 1992.  Seleção e organização: Leda Tenorio da Motta. Envelope com 30  cartões-postais.  13x18 cm. Capa: Augusto de Campos.    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 


Visita à Biblioteca Nacional de Brasília: Abreu Paxe, Antonio Miranda, Paulo César de Carvalho, Frederico Barbosa e Edson Cruz na Praça da Língua Portuguesa, dia 28/03/2010.

 




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