|   ANTONIO FANTINATO     Antonio Fantinato Neto nasceu em Mogi  Guaçu, São Paulo, a 7 de maio de 1923, filho de Basílio Fantinato e Leonor Armani  Fantinato.   Na Escola Mista do Morro, em Conselheiro  Laurindo, frequentou o curso primário, de 1930 a 1931, e no Grupo Escolar de  Mogi Guaçu, de 1933 a 1934. Preparatório ao ginásio, em 1936, em Mogi Mirim.   Em 1941 concluiu o secundário em Campinas,  no Ginásio Diocesano Santa Maria. Licenciado em Letras Clássicas pela Faculdade  de Filosofia, Ciências e Letras, depois Pontifícia Universidade Católica de  Campinas, em 1945.   Aluno do Instituto Rio Branco, Rio de  Janeiro, de 1946 a 1947, ingressou no serviço diplomático brasileiro, em 15 de  janeiro de 1948. Arualmente Embaixador aposentado.   Membro do PEN CLUBE DO BRASIL e da ACADEMIA  BRASILEIRA DE ARTE, publicou pela editora Arte-nova "Canto Costurado"  (1977), "Fiação do Semestre" (1978) e "Efemerário" (1983).       DeAntonio Fantinato
 Tetracorde
 Rio de Janeiro: Sette Letras, 1998.
 191 p.  ISBN  85-7388-119-4
     DEMÓDOCO  (entre aedo e profeta)   Topou  entraves  como  ninguém,  cm  terra, graves,  no mar  também:   caso de  quem  em certo  passo  de seu  regresso,  interrogado  pelo  ciclope,  o nome  vero  negou,  de sorte  que são  e salvo  se  escafedesse.   Feliz de  quem,  de  torna-viagem  ao chão  de origem.  encontre  os dias  antecedentes  aos da  partida,  feliz de  quem!     CAVALO DE BATALHA     Rente às  águas dos telhados,  já se  avolumam as sombras  desse  rotundo cavalo.  A nossa  fala se tolda.   Prenhe  do demónio plana,  todo de  escura semente,  o quadrúpede,  a tamanha  barriga,  de lês a leste.   Sobre as  cabeças agora,  espada  terrivelmente,  a gravidez  espantosa,  que por  um fio depende.   Nossos  feitos e o que somos  gramínea  de sua cria,  os  trituráveis do potro  e do  fogo em perspectiva.     O CAVALO DO AR     Forma de  água vaga, númen,  vaporosa  fêmea, nuvem,  foi por  mor de amor bastardo  que  deste o centauro a lúmen,  filiação  do engano, parto  nebuloso,  parte equino.   Ei-lo em  si próprio montado,  o  fantástico tordilho!  Nacos nefelibatismos  cavam-no  de cabo a rabo.     FANTINATO,  Antonio. Poemas. Prólogo de José de Souza Rodrigues. Traducción de Carlos German  Belli.   Lima: Centro de Estudios  Brasileños, 1984.  54 p.   (Tierra brasileña.   Poesía)  10,5x20 cm. Ex.  biblioteca de Antonio Miranda
 
 
 Oggia
 
       Tu, nauta, na  extremidadedo dia, por esses longes
 dos olhos a nau fundeaste
 e os balanços do horizonte.
 
 Fundação terrena, agostos
 idos sobre o inútil leme,
 o amor que foi abandono
 do mar e do rumo ingente.
 
 Adiada assim a saudade,
 dor da volta, som de verdes
 ontens; em desuso a chave,
 proa, na estação do oeste.
 
 Rente às colunas da tarde,
 onde amainado o retorno,
 a parábola andaste
 da vela, intenções do rostro.
 
 Oggia
 
 Tu, nauta, en la extremidade
 del día, por los vislumbres
 de los ojos la nao anclaste,
 y el vaivén del horizonte.
 
 Fundación terrena,  agostos
 idos sobre el timón nulo,
 el amor que fue abandono
 del mar y del rumbo ingente.
 
 Aplazada así añoranza,
 doliente vuelta, sonoro
 verde ayer;  llave en desuso,
 proa, en tiempo del oeste.
 
 A ras columnas de la tarde,
 donde amainado el retorno,
 la parábola anulaste
 de la vela, afán del rostro.
 
 
 Julgamento de  Páris
 
 Pomo
 comido
 doer
 antigo.
 Modo
 de outro,
 maciço
 ouro,
 doar:
 
 Certame
 de belas,
 as divas
 desnudas
 aos olhos
 do infante,
 impasse
 do voto,
 lindezas
 suspensas
 e curvas
 divinas,
 saída,
 escolha
 daquela
 que lembra
 Helena
 vindoura.
 
 
 Juicio de Páris
 
 Pomo
 comido
 dolor
 antiguo.
 Modo
 de outro
 macizo
 oro,
 domar:
 
 Certamen
 de bellas,
 las diosas
 desnudas
 a los ojos
 del infante,
 impase
 del voto,
 lindezas
 suspensas
 y curvas
 divinas,
 salida,
 ellección
 de aquella
 que recuerda
 Helena
 venidera.
 
 
 A sereia
 Cortando  volta quem há que nunca,
 e ouvidos não teve transportados
 do canto, emissão de maravilhas?
 
 Propagada em ondas, a sereia
 inunda as antenas do retorno,
 captação de mel no dia amargo.
 
 Quanto foi negado e funda o nosso
 haver, a sereia sabe ao certo,
 finge no-lo conceder em dobro.
 
 Nós, porém, que todo ouvidos somos,
 entre-nos a sereia por um
 e saia por outro ouvido o canto.
 
 
        La sirena
 ¿Cortando  vuelta quién hay que nunca,
 y oídos no tuvo transportados
 del canto, emisión de maravillas?
 
 Propagada en ondas, la sirena
 inunda las antenas del retorno,
 captación de miel en el día amargo.
 
 Cuanto fue negado y funda el  nuestro
 haber, la sirena sabe ciertamente
 finge concederlo en doble.
 
 Mas nosotros que todo oídos somos,
 éntranos la sirena por uno
 y sale por otro oído del canto.
 
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 Página publicada em maio de 2024
 
   Página publicada em julho de 2011   
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