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A. B. Mendes Cadaxa

Armindo Branco Mendes Cadaxa (S.Paulo, 1917- ). Estamos diante - verdadeiramente! - de um grande poeta. Diplomata de carreira, serviu em consulados e embaixadas pelo mundo, embasando a sua formação cosmopolita e diversa; sua poesia tanto a escreveu em português quanto em inglês. Fez parte do corpo de editores da revista inglesa de poesia Envoi por quase três décadas. É autor de obra vastíssima, inclusive peças teatrais em versos sobre temas históricos em que exibe sua erudição e domínio das técnicas da poesia lírica e épica. Na acepção de João Cabral de Melo Neto, Cadaxa "traz um ritmo novo, há na linguagem algo ainda não tentado em português."

Nosso convencimento de sua excepcional inventividade vem da leitura do longo poema Sombras, obra à moda de um Ezra Pound mas com ressábio do classicismo ibérico. No entender do saudoso Antonio Houaiss, no prefácio de Sombras, Cadaxa tem "voz antiga e semântica futura (se a houver)".

Na presente homenagem a Armindo Branco Mendes Cadaxa, brindamos os nossos internautas com dois poemas de feituras muito diferentes - como soi ser a lavra de um autor que vai do tradicional ao futurista, do culterano ao popular-, ambos extraídos do livro A volta do Compasso.

Leia resenha de Antonio Miranda sobre o livro AS PEÇAS LIGEIRAS de Mendes Cadaxa.

VIAJANDO

 

Poema de A. B. Mendes Cadaxa

 

Para Antonio Miranda,

ao ler “Despertar das Águas”

 

 

Sol entre nuvens

Bom tempo para navegantes.

 

Vou pela areia

Chego ao laguinho

Esquecido no final da praia

Ao retirar-se a maré vazante.

 

Mesmo pisando de mansinho

Assusto peixelins

A preamar ansiosos aguardando.

 

Trato de não perturbar festins

Gaivotas, siris

Se banqueteando.

 

*  *

Cansado de vagar sobre os abismos

Embarco em uma nuvem

Refletida lá no fundo

Para uma viagem sideral

Impelido pelo vento.

 

 

Extraído do livro NO JARDIM DE INVERNO. Nova Friburgo, RJ: Ars Fluminesis, 2006.  p. 40

 

 


VILAREJO GOIANO
Para José Mendonça Teles


Esse bugrinho isolado
Lá nos confins do Brasil
Perdido em pleno cerrado
É tão belo quanto aqueles
Em prosa e verso cantados.

Seus palácios medievos
São o austero casario
Dos bandeirantes herdado
Rente ao chão, atarracado
Aqui e ali um sobrado.

Tem na praça uma igrejinha
Com janelas de sacada
E a sineira de madeira
Nada deve às torricellas
Da Toscana, da Calábria.

As pinturas das paredes
Pelo tempo desbotadas
São de Giottos mulatos,
Os santinhos dos altares
São de cerne de Angelim

A canivete talhados.
Têm a rudeza de linhas
A força inata da idade
De quando um fio de barba
Valia a honra empenhada.

Frente a ela está o prédio
Que foi Câmara e Cadeia
A base do pelourinho
Dos seus tempos de Julgado.
De minas e grupiaras.

Fica à sombra de fraguras
Mais altas do que as cinturas
Dessas cidades muradas,
Suas torres são rochedos
Por ameias coroados

Seus merlões, os interstícios
De onde foram arrancados
Pela chuva, pelos ventos
Desde a era permiana
Os cristais e o feldspato.


BEEN FORNIDA
Cantiga de maldizer


Dicem-me que Ruy Sanos
Anda ahy de mulher nova
´Staa tan preso em seos allares
No mas donnea nem trova.

No mas freqüenta esta corte
Ela lhe poz redea curta
Tem o pulso firme y forte
Morde o freio ela o encurta.

Queem é ela, Martin Vaz?
Tu a coñeces muy beem
De teos tempos de rapaz,
La donneaste tambeem.

Filha do meirinho-mor
Dorotea, a beem fornida
Generosa em seo favor
Insolente y deslambida.

De hũa feita engravidou
Côo
nobre sem vintém
O bõo meirinho a casou
Foi viver a Santarém.
Faz anno enviuvou
Mas gorda que
hũa balea
Ruy por amante tomou
Da-lhe casa y bolsa chea.
Se ela é hũa balea
Y como sempre arde em fogo
Nosso Ruy
hũa lamprea
Como se arranjam no jogo?

Muyto simples, caro amigo
Como o frade de Bocaccio,
Mas non posso dar testigo,
Ella em cima, el en baixo.

Creo o cõopadre se engana,
Cõo
hũa tal mulheraça
Sôo pode ser aa romanna
Do contraario ella o amassa.

 



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