LISA ALVES
Nasceu no Brasil de 1981 na cidade de Araxá (MG). Estudante de Jornalismo, mora atualmente em Brasília (DF). Membro do Movimento Potencialista, acredita que a arte é o verdadeiro despertar da existência. Colaborou com sua escrita em projetos teatrais (Barão da Ralé - 2004), cinematográficos (O Templo do Deus Capital - 2005), políticos (Manifesto Potencialista -2001) e literários (Projeto 48 horas, Metamorfose de Monstros – em fase de publicação e Trilhas (Coletânea de blogueiros pela CBJE).
Escreve nos blogs: http://www.ladyproserpina.blogger.com.br
http://www.quartopoder.blogger.com.br/
Declarações Moribundas
ou
como as coisas nunca mudam de fato.
Éramos filhos de gerações – que não geravam ações, apenas a experiência de erros que não deveriam ser repetidos.
Éramos muitos: fardados, naturalistas, modistas e contra tudo que fosse dito proibido.
Éramos luz e trevas ao mesmo tempo – e ainda assim ajoelhávamos nas catedrais espirituais em busca de alguma salvação.
Éramos príncipes, plebeus e as vezes democratas que sacudiam as ruas com placas e faixas reivindicando alguma mudança na consciência coletiva.
Éramos trabalhadores e acreditávamos que a carga horária do dia nos tornaria a futura elite do país.
Éramos bárbaros – matávamos por comida e por um pouco de fogo e sexo
Éramos pré-colombianos, pré-greco-romanos, pré qualquer coisa escrita pela história oficial. – e ainda tiveram a ousadia de nos catequizar, estuprar e classificar nosso chão de Brasil Colônia.
Éramos revolução industrial: fábricas, camponeses em áreas urbanas, favelas crescendo, densidade demográfica, fome, miséria e falta de saneamento básico.
Éramos anarquistas, comunistas, populistas e fazíamos reuniões politico-intelectuais sem ao menos sentirmos no paladar o gosto do feijão requentado. (ou até a falta do mesmo)
Éramos padres e madres – rezávamos antes mesmo do sucumbir do sol e em noites enluaradas éramos insistentemente perseguidos pela voz do Demônio da Luxúria.
Éramos Ladys e gentlemans – freqüentávamos as melhores festas, fumávamos charutos contrabandeados e no final do mês nossos cheques especiais estavam estourados.
Éramos artistas marginais – escultores, pintores, escritores e compositores. Até o dia em que a Industria Cultural levantou uma cerca e transformou as grandes obras em linhas de produção.
Éramos leais militares – direita, esquerda, volver! Nossa marcha era conduzida pelo patriotismo, idiotismo e porquê não dizer: fascismo!?
Éramos a pequena burguesia – cidadãos médios, assalariados, diplomados, comungados e porquê não dizer: conformados!?
Éramos tudo isso – um bando de ações que mataram as gerações.
__________________________________________________________________
Curtas de meus Longas
I
Eu queria o tempo necessário para a palavra mais certa encontrar.Contudo, descobri que não existe tempo necessário e nem a palavra mais certa.
Me vi diante da esfinge-homem e por não ter ousado decifrá-lo,ele nem se deu o trabalho de me devorar.
II
Sou a mesma figura que caminhou ao lado de ideais que sucumbiram ao tempo: assisti a Revolução Francesa apesar de ter nascido no Brasil de 1981. Fui agente comunista, embora nunca tenha comido criancinhas.
E agora sou um fruto capitalista:
apodrecido dentro do mercado.
III
Toda minha moral mente e
toda minha imoralidade é demente.
IV
Vivo dentro deste
sistema-cativeiro
e desejo morrer voando.
V
Sem planos ousados
eliminei
meu último ídolo:
"Extra, extra! Louca queima dinheiro em praça pública!"
VI
O Sistema
vendeu-me um
rémedio
contra a arte:
"O Trabalho dignifica o homem"
E a arte ofereceu-me
um antídoto
contra o Sistema:
"O Homem dignifica o trabalho"
VII
Não julgo atitudes
e nem ouso
questionar a mente
de um macaco irônico.
VIII
O descontrole social
aflora
minha liberdade mental
gerando
arte.
A crise mundial
aflora
minha filia nacional
gerando
bandeiras.
IX
Quando pintaram
o meu retrato
aos inimigos
esqueceram de retirar
minha máscara.
X
E se por um acaso perguntarem
sobre o meu paradeiro
informem a eles que estou cortando
caminho entre as pedras.
Página publicada em janeiro de 2008, enviada por Cassio Amaral.
|