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GUIDO BILHARINHO
Guido Luiz Mendonça Bilharinho nasceu na cidade de Conquista/Região do Triângulo, em 1938. Cursos primário e secundário no Colégio Marista de Uberaba. Curso clássico no Colégio Pedro II - Internato, do Rio de Janeiro. Curso jurídico na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, no Rio. Advogado em Uberaba desde 1963.
Na área cultural desenvolveu, entre outras, as seguintes atividades:
- Editor do jornal A Flama, órgão dos alunos do Internato do Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, em 1957; Assistente editorial da Editora José Aguilar, do Rio de Janeiro, em 1958, 1959 e 1960; Co-editor da página estudantil do jornal nacionalista O Semanário, do Rio de Janeiro, em 1958; um dos diretores do Cine Clube de Uberaba na década de 60; Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, sediada em Uberaba, da qual foi presidente; Editor do Suplemento Cultural do Correio Católico, em Uberaba, de julho de 1968 a julho de 1972; Editor da revista Convergência, órgão da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, de 1972 a 1976; Editor da revista internacional de poesia Dimensão, de 1980 a 2000.
Autor de livros de poesia, contos, história do cinema e crítica literária e cinematográfica. Tem poemas publicados em várias antologias poéticas, do Brasil e do exterior.
“Cortes bruscos na sintaxe e na morfologia, bem como abolição total da pontuação, fazem dos poemas algo mais próximo das artes plásticas e da música do que da literatura — é neste ponto, mais precisamente, que o trabalho de Bilharinho “cumprimenta” a poesia concreta. Tal qual esta, os poemas de Aspectos, devido às suas mínimas especificidades, exigem uma leitura em três dimensões: verbal, atentando para as elipses, vocal, testando a intensidade sonoro do texto, e visual, verificando as possibilidades de sentido que a diagramação permite. O desejo do poeta de alcançar um resultado perfeito em todas essas dimensões faz dos poemas instigantes, algo para ser relido, não apenas lido.”
ANELITO DE OLIVEIRA
“Entre a temática declarada, que aponta para uma direcção, e a palavra de suficiência concreta, esboça-se um pressão tradicional que é traída na imagem pressentida, de leitura a haver, vinculada. Guido Bilharinho joga com os espaços brancos, mas estes, enquanto função poética declarada em correlações, encontram-se praticamente atrofiados. As palavras, ainda que libertas de um colete sintático, não deixam de o recuperar numa seqüência ou numa mera associação, criando um espaço onde se ergue um visualismo ao lado de uma mensagem, ou se quiserem, um espaço de sugestão, ou de vazio que isolam os concretos. É uma leitura, que também poder ser feita de outro ângulo: poemas concisos, em que a economia da língua é gerida na poupança até a exaustão, em que as palavras prescindem de linearidade saussereana, numa libertação da poluição do “construtivismo” mental saturado.” JOAQUIM MATOS (Portugal)
Veja também>>> POÉME EN FRANÇAIS
POEMAS EN ESPAÑOL
monumento
igreja de são domingos
pátio palmeiras
céu nuvens tardes
igreja de pedras
telhas tijolos coli
sões seixos cacos
pano de fundo na
seios impressões iú
cas dracenas murtas
flores volutas
pedra mudez
topicos ângulos
tempo pó ondu
lações argamassa
anos fumaça ven
tanias açoites raí
zes grionaldas av
es de espigas
terra tapiocanga
árvores de penas
cerrado vértebras
torres pombas sus
surros azuis verd
es alvéolos sombras
muros segmentos
nós pedra pó
barro colina
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Óleo de Sônia Resende Bilharinho |
ilusão
nó de
ta vincos
em vórti
ces gruras
de pe
dras via
em fa
ces sulcos
Extraídos de ASPECTOS.(Uberaba: Dimensão Edições, 1992. 59 p.)
Evidências
tristezas em névoas
esperança aos flocos
rumores de agu
as brilhos solar
es fosforescências
definições
vozes sons
passos sinais
rastros mar
cas do vento
alegrias aves
e paisagens
Extraídos de ESPÉCIES. (Uberaba: Instituto Triangulino de Cultura, 2005. 88 p.)
TEXTOS EN ESPAÑOL
POEMAS Y RELATOS DESDE EL SUR. Prólogo de Aitana Alberti, Federico Nogara. Barcelona: Ediciones Carena, s.f. 215 p; Diseño de portada: Jordi Hernández. ISBN 84-88944-72-1 Ex. bibl. Antonio Miranda
Inclui os poetas brasileiros: Alice Spindola, Guido Bilharinho, Ademir Bacca e Antonio Carlos Oliveira.
ÁRVORE
a árvore vér
tice no pasto
às cismas do
vento jaraguás
o morro na claridade
nuvens de som
bras o horizonte
ares de pássa
ros gotas de
luz sol e sal
as pastagens gado
nas águas dos ares
da terra ru
gas aroei
ras de pedra
ÁRBOL
El árbol vér
tice hacia el pasto
las disidencias del
viento jaraguás1
el monte la claridad
nubes de sombras
el horizonte
aires de pájaros
gotas de
luz sol y sal
los pastizales ganado
aguas por los aires
de la tierra arrugas
aoreiras2 de piedra
- – Jaraguás: gramínea típica del Brasil Central
2. Aroeira: árbol de madera muy dura con propiedades medicinales.
AZUIS
Azuis e mar
e águas
névoas e angústias
cactos
parábola e verde
sol e lúcido
elementos cardos
e gumes
rios ares
de pedra
ninfas e canções
areias
a paisagem
AZULES
Azules en el aire
y en las aguas
nieblas y angustias
cactus
parábola del verde
sol y lucidez
elementos cardos
y filos
ríos aires
de piedra
ninfas y canciones
arenas
el paisaje
FÁBULA
a fábula guia
das rosas o fruto
o devaneio permeia
no pó dos passos
o sonho não seduz
na distância
a quimera não deleita
nas lindes da terra
deduz o incêndio do instante
a fantasia acolhe
dos dias as frustrações
do sol soalhadas as horas
a ilusão escoa de pedras
na amargura
caminhos perseguem rastros.
FÁBULA
la fábula guia
de las rosas el fruto
el devaneo permea
en el polvo los passos
el sueño no seduce
en la distancia
la quimera no deleita
los confines de la tierra
deduce el incêndio del instante
la fantasia acoge
de los días las frustraciones
del sol soleadas horas
la ilusión escurrir de piedras
en la amargura
caminhos persiguen huellas.
Página ampliada e republicada em setembro de 2017
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