POESIA GOIANA
PX SILVEIRA
Nasceu em Goiânia (GO), em 1954. Formou-se em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB). Estudou e trabalhou na França, onde também se dedicou à música. Fez o curso de Roteiro, com Jean Claude Carriére, pelo Governo de Brasília, através do Ministério da Cultura. Exerce, desde 1987, cargos executivos nas áreas de cultura e turismo, tendo fundado a Associação Fábrica de Cultura, em São Paulo. Participa de diversas entidades culturais como membro, entre elas, o Instituto Histórico e Geográfico do Estado de Goiás e a Internacional Network for Cultural Diversity (IDC), e presidido a FUNARTE, em São Paulo. Publicou, desde 1980, vários livros, vídeos, antologias e ensaios, tendo seu trabalho reconhecido através de prêmios e homenagens recebidas, destacando-se o Prêmio Mario Pedroza – 1998, da Associação Brasileira de Críticos de Arte/UNESCO, pela idealização do projeto Elevado à Arte.
PARA PENSAR SOBRE PEDRAS QUE SE QUEREM AVES
O que dizem as Estátuas,
dignamente petrificadas?
Sempre mais ao alto,
a mais oficializada.
O futuro nos reserva
o que a história nos aguarda.
Mas que esperar
se a gente ainda preserva
tantas figuras des’almadas?
A ferro, força ou palavra
repare
entre as Estátuas
uma sempre está armada.
A que está ainda acima
ao futuro postada
— fita o nada
é a mais pesada.
Que contraste
é o de uma ave,
fugaz momento
em seu ombro pousada.
E
embaixo de tudo,
passando, parado, mudo,
o povo.
Com a feição curvada
carregando pela vida
tais glórias passadas
dele mesmo conquistadas.
Esse — o povo — é quem sustenta
a anima de bronze
que adorna
a vaidade da história.
Essa — a anima — é quem suga fundo
sem deixar marcas no novo
sua seiva vital e pacata.
Será para sempre, o povo?
Ou para sempre será a Estátua?
Será para sempre a história?
E pergunta a sombra para a sombra:
Onde Está Tua história?
Onde está tua memória?
Deformada, amordaçada,
onde estará a terra visitada?
***
Amor, Amor, Amor,
nunca houve certeza
de que fosse a vida real
ou a xérox dela mesma
Amor, Amor, Amor,
antes perceba
o que é original
e não o que qualquer cópia seja
Há no céu tantas estrelas
num brilho inédito que é banal
e vier em série e em cópia
é pensar que é a mesma
essa luz que nunca é igual
Página publicada em janeiro de 2008 |