POESIA  GOIANA  
                
                  
                 
                
                 
                JARLEO BARBOSA 
                  
                 
                Nasceu em Anápolis (GO), em  1985. Tem publicado crônicas em jornais e, no início de 2007, estreou com o  livro de poesia EU: POESIA DE MIM.  Como compositor, é mais de 100 músicas. Fez trilha sonora para teatro e se  apresentou ao lado do grupo TEATRO DE REPRESÁLIA em Goiânia e Brasília. 
                  
                “Quando Salomão Sousa me  enviou os textos do Jarleo, sugeriu criar uma seção para “Os Novos”. Acolhi a  idéia. No entanto, ao ler os textos do poeta anapolino, achei que eram melhores  do que muitos dos considerados maduros... Preferi apostar nele...”  Antonio Miranda 
                  
                  
                 SALA-DE-(NÃO)-ESTAR 
    
                A falta de móveis na sala, 
                Seu  ar, 
                Sua  boca que cala... 
                  
                Mais  que sentimento, 
                Nessa  sala, 
                Solidão  é um ornamento. 
                  
                  
                CHÃO 
    
                Caiu  um anjo no teto de casa. 
                Tratei  de tratar-lhe, curar-lhe as asas, sará-lo do abalo.  
                Fugia  da guerra que se instalou no paraíso, 
                Dos  anjos de direita perseguindo os de esquerda, 
                Dos  anarco-arcanjos, 
                Das  gravatas de nuvem, 
                Das  nuvens de nada. 
                  
                Inda  me lembro dele caído, 
                Estendido  no teto de casa 
                Sangrando  como quem goza, 
                Agonizando  e sussurrando: 
                  
                — É  que o céu tá com câncer, é que o céu tá com câncer! 
                                                                    
                  
                MORRENDO 
                  
                Quando 
                            Enfim 
                                    Caí 
                                         Gelado 
                Na  sala de espelhos, 
                Meus  reflexos foram morrendo um por um, 
                Como  um último suspiro eterno; 
                Um  gerúndio que não finda. 
                  
                  
                FEUDALISMO SENTIMENTAL 
    
                Não  gosto de Freud 
                Nem  de espelhos. 
                A  realidade arde. 
                  
                Muito  me encantam os medievais 
                Com  suas armaduras e escudos. 
                  
                                                                                           
                LISE  
                  
                Quando  criança, 
                Ela  quebrava copos. 
                Hoje  quebra paradigmas. 
                  
                                                                                            
                ESPELHO 
    
                Eu  sou a moldura dos quadros, 
                A mão  dura dos fracos, 
                O  vão, 
                O que  falta dizer... 
                  
                Eu  começo onde o poema termina. 
                  
                  
                Página publicada em fevereiro de 2008 
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