POESIA GOIANA
Coordenação de SALOMÃO SOUSA
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AL- CHAER
AL-Chaer é a grafia correta do sobrenome árabe de Alberto Vilela Chaer. Mineiro nascido em Uberlândia-MG em 11 de agosto de 1963. Goiano desde 1968. Mestre em Engenharia Civil pela PUC-Rio, iniciou a carreira do Magistério no Ensino Superior na Universidade Católica de Goiás em 1989, onde ensina para os Cursos de Engenharia. Em 2000, recebeu do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) o "Prêmio Excelência", pela divulgação do Ensino de Engenharia do Brasil no exterior. Atua também como Projetista de Estruturas de Concreto Armado.
Vários de seus poemas (poesia tradicional e poesia visual) e crônicas estão veiculados em páginas da Internet. Alguns, também publicados em antologias: "Pacote Poético" – UBE-GO, 1984;"Horizontes" – Ed. PD Literatura – São Paulo – SP, 1999; "InsPiração Erótica" – Poemas Sensuais – Ed. Literarte – Jundiaí – SP, 2000; "A Sensualidade da Língua" – Laser Press Comunicações – São Paulo, 2000; "1º Concurso de Poesias do site Poemas Azuis" em CD-ROM, Rio de Janeiro, 2000; "Confraria do Porto do Escritor" – UBE-GO – Editora Kelps – Goiânia, 2005.Seu primeiro livro, "partitura" (poesia), editado pela Editora da UCG, foi lançado em Goiânia em 2006.
Colaborador do Blog “www.erbo” (http://tresdoisverbo.blogspot.com/). Escreve sobre Futebol e congêneres no Blog “Futeb-AL-Chaer” (http://futeb-al-chaer.blogspot.com/). Assina a coluna esportiva “Futeb-AL-que-Rola”, veiculada no site OqueRola.com (http://www2.oquerola.com/). Torcedor do Goiás. Pai da Laura.Contatos com o autor: al.chaer@cultura.com.br - chaer@ucg.br
bonsai
cresce uma paixão
quebra
a bandeja da razão
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café
mil anos depois
a porcelana
toca teus lábios
é lá
onde vou buscar
a nova especiaria
ferver
os grãos mais nativos
na infusão de teu vestido
revelar uma Gazela
te levar embora para a Abissínia
lá sou amigo das cabras
vou coar o oriente
pelos teus poros
teu brilho perderá o sono
Bandeira passou perto
Abissínia fica depois de Pasárgada
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costas
nestes grãos de pele
fundem
minhas mãos e meus braços e teus temperos
dissolvo minhas horas
em fogo alto
suor sal e açúcar
temperam o gosto claro
quente
e acre-doce destas cores
para esta receita
eu me preparei
especiarias árabes
cuidadosamente
reservadas para a ocasião
meus dedos
provam
palavras derretidas
me espera me aceita
em ponto caramelo
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laranjas laranjeiras laranjais
no tempo das avós
com suas casas com quintal
e laranjeiras
quando
ainda não tinha espremedor industrial
nem lanchonetes
os sabiás
musicavam os sucos de laranja
nas tardes dos netos
hoje
ainda tem avós
mas as laranjas
vêm escondidas em caixinhas Tetra-Pak
nos shoppings e nos restaurantes
o suco de laranja
vem protegido por seguranças
e walkie-talkies
lá no centro da cidade
as lanchonetes apressadas
vendem laranjada
espremida por um moço que usa luvas e gorro
um inverno rigoroso
castigou os laranjais no hemisfério norte
e daí?
não planto laranjas
as frutas cítricas
já começam a causar acidez em mim
a cidade só tem pardais
minha avó
“é apenas uma fotografia na parede”
no museu de ornitologia
os estudantes
vêem um sabiá
empalhado
com o tempo
cada vez mais eu compreendo Drummond
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sandálias
sejam as pedras
portuguesas
de São Tomé
ou de Pirenópolis
todas as calçadas
cochicham
os teus passos
aprendi com elas
a escutar os sussurros
das tuas pernas
para abafar
a espera acústica
desta alma mascate
um coração estendido
tapete persa
mosaicos do descompasso
teus pés sempre estarão nus
nas cerâmicas
das minhas mãos frias
os ladrilhos
se esta rua
se esta rua fosse minha
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voar é com os pássaros
da porta
tocam luz
e um pouco de blues
entra pela fresta do rádio
do seu brilho
escorrem nuas
minhas marcas
molhadas
e repetimos
talvez porque
queiramos deixar de ser
apenas animais terrestres
ou para que esta poesia
tenha versos aéreos
voando você
de costas para o tempo
puro exibicionismo
das asas
que brotam nos cantos
de sua boca
com a envergadura suave
dos seus olhos fechados
o infinito é uma grandeza
das aves
e para eu não me perder
nesta medida
tenho no meu corpo
suas mãos
aladas
Página publicada em agosto de 2008
Participante da I BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA DE BRASILIA,
de 3 a 7 de setembro de 2008.
AL-CHAER. Partitura poemas. Goiânia: UCG, 2006. 141 p.
Ex. bibl. Antonio Miranda
amada
da
cama
do
modo como
acomodo
em
c
ca
cam
cama
camad
camada
camadas
***
você
no meu pensamento bruto
meu sonho
em você mármore
suas formas vão esculpindo
meus veios
minhas veias deságuam
mediterrâneo desejos
entranhas de uma erosão
milenar
eu nas minhas ruínas
busco em Atlas as últimas forças
para encontrar Vênus de Milo
carrego um mundo
pelo seu abraço
***
nu horizonte
meu sol
se
poema
nu seu
cor
poente
***
partes
meta
de mim
em ti me
tade
íntegro
desintegro
me io
desentrego
inteiro
*
ANTOLOGIA PATUÁ 10 ANOS + Patuscada/ Vários autores. Editor Eduardo Lacerda. Capa de Leonardo MAthias. São Paulo: Editora Patuá, 2021.; 288 p. 13,5 x 21 cm. ISBN 978-65-5864-191-9 Ex. bibl. Salomão Sousa
aviamentos
urgente
trocar
todos os botões
de tuas roupas
por estes aqui
em forma
de Lua Crescente
a cada
desabotoar
de casas e fantasia
de repente
vai ter Lua Cheia
noite toda
todo dia
iluminado
já não
ando sozinho
nem me lembro de que
já tive medo
da escuridão
desde que
você sorriu
assim
para mim
este poema
tem a função
de uma lanterna
*
Página ampliada em novembro de 2021
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Página ampliada em agosto de 2021
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