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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CASSIANO NUNES
1923 - 2007

Cassiano Nunes (Santos, 27 de abril de 1921 — 15 de outubro de 2007) foi um poeta, escritor, crítico literário e conferencista brasileiro.

Foi secretário-executivo da Câmara Brasileira do Livro a partir de 1947, quando a entidade iniciava suas atividades em prol da difusão do livro no país.

Estudou literatura norte-americana em Ohio, depois trabalhou na editora Saraiva, foi para a Alemanha estudar na Universidade de Heidelberg, onde também lecionou literatura brasileira.

Foi professor visitante na Universidade de Nova Iorque e, por último, ingressou na Universidade de Brasília.

Autor de vasta obra, foi amigo pessoal de Carlos Drummond de Andrade e de Mário Quintana.

Faleceu sem deixar herdeiros. Sua residência será um museu em Brasília. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cassiano_Nunes

 

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  /  TEXTOS EM PORTUGUÊS

Veja também>>> POÈMES EN FRANÇAIS

TEXTOS EM PORTUGUÊS  /  TEXTS IN ENGLISH

 

LEIA O TEXTO INTEGRAL DO LIVRO NO E-BOOK:

http://issuu.com/antoniomiranda/docs/prisioneiro_do_arco_iris_2

 

 

 

SELEÇÃO DE

MARIA DE JESUS EVANGELISTA

 

 

 

NUNES, Cassiano.  Obra reunida: Poesia  Volume 1.  Organização Maria de Jesus Evangelista. Brasília, DF: Thesaurus Editora, 2015.  270 p.  Capa: Obra de Athos Bulcão.  Realização da Faculdade de Ciência da Informação – FCI – Núcleo de Editoração e Comunicação.  “ Cassiano Nunes “  Ex. bibl. Antonio Miranda 

 

 

ACARECIA TEU CÂNCER, que te destrói.
Ele é tão natureza
como a orquídea
que enfeita
tua sala.

Despreza o nobre cemitério
propagandeado
como um shopping.

Mas que teu pó
adube um pedaço de
chão.
Devemos ser úteis
até mesmo na morte.
E seria tão bom
se ele pudesse ficar
em teu minúsculo jardim,
que, por tantos anos,
contemplaste!
Seria uma forma
de, na morte, continuares fiel ao que foste,
          em tua vida.

 

          (Poemas inéditos e variantes)

 

 

INDIVIDUAL

 

Alegria de ver
a primeira margarida
despontar
em meu jardim
(apenas um canteiro).
Flora da propriedade.
Flor da poesia.

Todas as flores são particulares.
Segredam intimidade
sob o sol coletivo.

 

          (De Jornada Lírica. Antologia poética (1984))

 

 

OS GATOS

 

          A Edson Nery da Fonseca

 

Os gatos,
delicados,
quando nos veem
fogem.
Eles sabem
de quanto é capaz
o Homem.

 

          (De Poesia II (1998))





NUNES, Cassiano Prisioneiro do arco-iris.  São Paulo: Massao Ohno, 1962.  s.p. letras
manuscritas, formato 21,5x30 cm. autografado.


 

***********************************************


Cassiano Nunes

De
Cassiano Nunes
AUTÓGRAFOS
Poesias inéditas

Brasília: [ Thesaurus ] 2010
"Edição especial comemorativa dos 89 anos
 de Cassiano Nunes, in memoriam,
celebrados na Biblioteca Central
da Universidade de Brasília,
no dia 27 de abnl de 2010.

25 exemplares, com 3 poemas,
em edição organizada por
 Maria de Jesus Evangelista (Maju).

 

 

 

Poema para o pai

Nunca entendi as caipirinhas
que tomavas,
com fiel renitência,
Indiferente às precauções médicas.

Os bombons chegavam de
madrugada da
Leoneza (Irmãos Florez),
e como que traziam
notícia do grande café, na noite equívoca
com seus cidadãos
representativos,
homens da noite,
cocotes, o tilintar
do Politeana
vedando a
entrada (ao Paraíso
cinematográico),
com uma fileira de
varões de metal dourado
que até cintila na minha memória.

Os bombons
desfaziam-se
em licor
seus envoltórios
em papel brilhante
de variadas
cores,
nuançadas
eram
uma homenagem
muda, significavam
um lembrar de mim,
na noite urbana,
ambígua.

 

 

  

 

 

Versos de CASSIANO NUNES, na parede externa da Biblioteca Demonstrativa de Brasília, na Avenida W-3 Sul, de autoria do artista plástico Gougon.

 

======================================

ASSASSINATO DO MENINO

Para que o homem se sobreleve,

é preciso matar o menino.

 

Sinistro capricho

da mãe-natureza.

Nunca foram vistos

xifópagos iguais:

um homem

preso por uma membrana

a um menino!

 

Contemplo o seu rosto no espelho:

homem gasto e grisalho.

Apenas o pasmo dos meus olhos

denuncia a existência do menino.

 

É inútil ter pena!

Não há alternativa.

Para que o homem sobreviva

e, resoluto, possa

dar nobre forma ao seu destino:

é preciso matar o menino. 

 

CONTEMPLANDO O PORTO DE NOVA IORQUE

                                                   A Francisco Azevedo

Amo o que há de ambíguo

num porto de mar,

que convida a partir

e ensina a ficar...

 

Talvez por ter sido

um prisioneiro,

cristalizei em mitos:

navio e marinheiro!

 

Agora corro mundo...

Não importa onde vá!

Levo comigo a música

do cais do Paquetá!

 

ALTA NOITE 

Alta noite, leio Marianne Moore.

Passos no lajedo.

Olho através da grade.

De fora,

os dois gorjeiam cumprimentos

com a cordialidade aflita

do vício carecido.

Tão acessíveis suas carnes claras,

tão disponível

o frescor da juventude!

Partem desajeitados

com a recusa amável.

De novo, a solidão.

Há luz demais!

Procuro agora

versos pássaros.

Busco, também carente,

remota, salvadora canção.  

 

LE DINER SUR L`HERBE 

À noite, foram chegando pouco a pouco

ao parque umbroso

(a treva rumorejante).

Desconhecidos uns dos outros,

vinculava-os apenas

a opção profunda.

Com naturalidade,

desnudaram as almas,

afrouxando roupas...

O sexo acendeu como um fósforo.

Uma imensa felicidade

(tão breve!)

no desafogo.

Findo o improvisado festival,

retiraram-se sem despedidas

para os seus subúrbios,

dispostos a roer

por mais uma semana

a côdea do quotidiano. 

 

CUIABÁ 

Toco o útero da nossa América

nos teus becos.

(Beco do Candeeiro,

Beco do Cabo Agostinho),

nas tuas casas centenárias, rústicas,

baixas, despojadas

(e apenas adornadas de beirais duplos e até triplos),

que podiam ser de Itu ou do Crato,

na sua fisionomia brasileira.

Até a entrada de tua Delegacia de Polícia

oferece uma paz de convento colonial

(Quantas violências

não terá conhecido

tua cadeia retirada,

em madrugadas trágicas!).

Os bandeirantes não legaram o ouro,

os diamantes:

apenas uma semente

que és tu mesma, Cuiabá!

Cidade simples,

elementar,

mas fecunda,

como o ventre de todas as caboclas

– nossas irmãs e nossas vítimas –

deste imenso Mato Grosso

que é o nosso país.

Recebeste

no mais íntimo de teu seio

(contemplo amorosamente

no teu rosto sério cafuso)

o sêmen do Sonho Nacional.

Cidade central,

que estás parindo

o futuro Brasil!

  

SACRÁRIO 

Poesia:

aprendizado perene

ou perito artesanato?

 

Ofício

é o que é:

modesto,

proletário.

 

Parvos

os que se proclamam

ricos,

vencedores.

 

Não há vitória

nesta parda rotina,

não obstante

o invisível resplendor.

 

Conserva, pois, humilde

em eucarístico silêncio,

encerrado no peito,

o deus.

 

 

------------------------------------------------ 

Extraídos de

ANTOLOGÍA DE LA POESÍA BRASILEÑA

Org. y Trad.  Xosé Lois García

Edicións Laiovento

Santiago de Compostela, 2001 

 

BLUE

Versos, como os que escrevi,

outros escreverão.

 

Canções, como as que cantei,

outros cantarão.

 

Já me substituiu

artesão mais hábil

na oficina.

 

Outras bocas te revelarão

volúpia mais fina.

 

Tudo o que morrer comigo

em mais bela forma

o mundo verá.

 

Perdoem-me

pela parcela mínima

—porém única!—

que não se repetirá.

 

 

HARLEN BLUE

 

Oh! noites de Harlem,

com as brisas de abril!

Que procuro em ti?

O sabor do Brasil?

 

O carinho mais quente

na promessa da cor

a que Camões chamava

a “pretidão do amor”?

 

O saxofone fala

de uma alma ferida

e lançada à sarjeta

— tal como a minha vida...

 

Sonho rubro da infância

que em cinzas se desfaz!

Na avenida do Harlem,

Meus olhos choram jazz.

 

 

NOCTURNO N. 1

 

         Nunca me sinto pobre,

         ao contemplar as estrelas.

 

         Qualquer dói

(eu)

possui

o latifúndio do céu.

 

Aguardente negra e gratuita

a noite me embriaga.

 

Sonho melhor

acordado.

 

 

            A MOEDA

 

         Mendigo noturno,

         não foi inútil

         tua caminhada.

 

De madrugada,

exausto,

te atiras ao catre.

 

Mas, no fundo do tua bolsa,

se aninha,

moeda cintilante,

o poema.

 

MADRUGADA

 

MADRUGADA
Poemas
A Edson Nery da Fonseca
Recife: Pool Editorial, 1975


Este livro, em formato grande, sobre papel alaranjado, é desconhecido até dos amigos e admiradores do poeta Cassiano Nunes.  Edição reduzida, fora de comércio, para colecionadores. Resgatei-o recentemente de um sebo na cidade de Salvador, Bahia, como uma preciosidade, apesar de sua singeleza. Amigo de Cassiano e do Edson, a obra tem um significado especial para mim. Além da qualidade dos poemas.
Antonio Miranda

 


ATRAÇÃO

 

Não me canso de olhar

o cinema das nádegas.

 

Mistério do redondo:

por que transverbera?

o que me obceca?

 

No contorno da onda,

preciosa borracha,

o compasso dos lábios

em voluptuoso traço.

 

O que consideras

cacto aberrante,

talvez não passe

de matiz do gosto.

 

ASPIRAÇÃO

 

A noite extraordinária em que vieres,

desabe um poderoso temporal...

Tensos, tácteis,

nos descobriremos

na praia escura da nudez.

No claro desafogo da madrugada,

o tamborilar da chuva

nos oferecerá seu jubiloso ritmo

e, à melodia líquida das calhas,

eu possa, com os olhos ardentes,

contemplar, na penumbra aconchegante,

teu corpo luminoso.

 

 

O LEGADO

 

Dá-me os abismos da noite

e seu mistério.

Estou cansado de ser óbvio

e de ser sincero.

 

Prefiro agora enigmas insolúveis

e herméticos sortilégios.

Repudiei os calendários

e seus primos, os relógios.

 

Despedir-me-ei em hieróglifos

de sentido para sempre encoberto.

Lego-te a máscara de gesso

e o silêncio do morto.

 

 

De
Cassiano Nunes
JORNADA
Poemas

São Paulo: Clube de Poesia, 1972

 


E vagueio na noite
procurando, insone,
a paixão sem rosto,
o amor sem nome...

 

 

POEMA DO AEROPORTO

Que ficou de mim nos quartos de hotel?
No verde quintal da infância?
Nas cidades estrangeiras
testemunhas da solidão?

Ah! a indiferença ofensiva das coisas!
A desmemória natural dos homens!
O ataque ininterrupto do Tempo!

Por que não sou  como os marinheiros
que bebem esquecimento?

Antes pertenço
à espécie de pássaros,
que se embriagam de amplidões,
sem que lhes amorteça
o instinto do ninho.

 

NUNES, CassianoInterações. Poesias. Brasília, DF: Editora Abadia Catadora [2016].  s.p. [28 p.]   15x21 cm. Apresentação de Maju [Maria de Jesus Evangelista].  Edição artesanal, exemplares limitados, impressos rusticamente, com capas de papelão coletado por Catadores. Editor Almir Gomes; coordenadora: Maria Abadia Teixeira de Jesus. Cada exemplar com capa pintada por um voluntário: Blanca A. T. de Jesus, Maria Abadia Teixeira de Jesus, Deuzani Candido Noleto, José Cesar Silva, José Cesar Silva, Lucas Joshuah Mendes, Carol Sousa, Vicente de Paula Sous, sem identificação de autoria.  Projeto gráfico/ diagramação: Espaço Cassiano Nunes  - Biblioteca Central da Universidade de Brasília. Dois (2) exs. na bibl. Antonio Miranda.     

 

 

         ASPIRAÇÃO

 

         A noite extraordinária em que vieres,
         desabe um poderoso temporal…
         Tensos, tácteis,
         nos descobriremos
         na praia escura da nudez.
         No claro desafogo da madrugada,
         o tamborilar de chuva
         nos oferecerá seu jubilosos ritmo
         e, à melodia líquida das calhas,
         eu possa, com os olhos ardentes,
         contemplar, na penumbra aconchegante,
         teu corpo luminoso.

 

 

 

 

 

 

Marcador de livro com poema de Cassiano Nunes, editado pela Theasurus.

 

 

CASSIANO NUNES, pintura na parede da sede da Thesaurus Editora, em Brasília.

 


TEXTOS EN ESPAÑOL

 

ANIVERSARIO

 

Trad. De Felipe Trimboli e Eduardo Dalter

 

Un viejo en el espejo,

curioso, me contempla.

Creo que me interroga

del árbol del tiempo.

 

La botánica lunar

genera tales vegetales:

¿la textura bizarra

de chatarra y cristales?

 

Cierro los ojos, un amargor...

Y me zambullo en las espumas

de los ríos navegables

que son mis arrugas...

 

 

Extraído de CUADERNO CARMIN DE POESIA 13, 1999, P. 11

Revista dirigida por el poeta Eduardo Dalter, Buenos Aires.

 

 

-------------------------------------------------------------------------------------

 

Extraídos de

ANTOLOGÍA DE LA POESÍA BRASILEÑA

Org. y Trad.  Xosé Lois García

Edicións Laiovento

Santiago de Compostela, 2001 

 

 

 

 

BLUE

 

Versos, como los que escribí,

otros escribirán.

 

Canciones, como las que cante,

otros cantarán.

 

Ya me sustituyó

(artesano más hábil)

en mí trabajo.

 

Otras bocas te revelarán

mayores deleites.

 

Todo lo que muera conmigo

en más bella forma

el mundo verá.

 

Perdónenme

por la parte mínima

—aún que única—

que no se repetirá.

 

 

HARLEM BLUE

 

ίOh ! Noches de Harlem,

ίcon las brisas de abril!

¿Qué busco en ti?

¿El sabor de Brasil?

 

¿El cariño más cálido

en la promesa del calor

lo que Camões llamaba

la “negrura del amor”?

 

El saxofón habla

de un alma hereida

y lanzada al Arroyo

como mi propia vida.

 

ίSueño rojo de la infância

que en cenizas se deshace!

En la avenida de Harlem,

mis ojos lloran jazz.

 

 

                NOCTURNO N. 1

 

         Nunca me siento pobre,

al contemplar las estrellas.

 

Cualquier demente

(yo)

posee

el latifundio del cielo.

 

Aguardiente negra y gratuita

la noche me embriaga.

 

Sueño mejor

despierto.

 

                LA MONEDA

 

Mendigo nocturno,

no fué inútil,

tu caminada.

 

De madrugada,

exausto,

te tiras al catre.

 

Pero, en el fondo de tu bolsillo,

se esconde,

moneda resplandeciente,

el poema.

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS  /  TEXTS IN ENGLISH

 

 

NUNES, Cassiano.  30 poemas/poems. Traduzidos por/ Translated by Mark Ridd. Brasília,          DF: Universidade de Brasília, Oficina Editorial do Instituto de Letras , 1998 p.  81 p.  14x21 cm.  “ Cassiano Nunes “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Sou de Santos

 

Depois de ler "Where a Poet´s From

de Archibald McLeish

 

Nasci perto do mar

como Ribeiro Couto.

 

Como ele, cantei

o cais de Paquetá,

cheio de marinheiros,

estrangeiros,

aventureiros.

 

Apitos roucos de navios

me atraíam para outras terras,

propostas sedutoras.

 

Corri mundo.

Vim parar no Planalto Central

onde, solitário entre livros,

contemplo os últimos anos.

 

Às vezes, à noite,

me encaminho para o lado do Eixo

e me detenho ante os terrenos baldios

(amplidão) da Asa Sul.

 

Ao longe,

os guindastes das construções

sugerem um cenário de cais ...

E o vento me traz com o cheiro de sal

o inútil apelo do mar.

 

 

I'm from Santos

 

On reading Archibald McLeish's

"Where a Poet's From"

 

I was born by the sea

like Ribeiro Couto.

 

Like him, I sang

the docks of Paquetá,

aswarm with sailors,

foreigners,

rovers.

 

The shrill whistle of ships

lured me to distant lands,

seductive proposals.

 

I roamed the world.

I've washed up on this plateau

where, alone among books,

I tend my ebbtide years.

 

Sometimes at night

I wander down to the Expressway

and linger by the vacant lots

(amplitude) of Brasilia's South Wing.

 

In the distance,

the construction cranes

are redolent of the docks ...

And the salty breeze

wafts home the fatuous call of the sea.

 

 

 

 

Poema do Aeroporto

 

Que ficou de mim nos quartos de hotel?

No verde quintal da infância?

Nas cidades estrangeiras,

testemunhas da solidão?

 

Ah! a indiferença ofensiva das coisas!

A desmemoria natural dos homens!

O ataque ininterrupto do Tempo!

 

Por que não sou como os marinheiros

que bebem esquecimento?

 

Antes pertenço

à espécie dos pássaros,

que se embriagam de amplidões,

sem que lhes amorteça

o instinto do ninho.

 

 

 

Airport Poem

 

How much of me has rubbed off on hotel rooms?

On the garden green of childhood?

On foreign cities,

impassive witnesses to loneliness?

 

Oh! the offensive indifference of things!

Men's natural dis-memory!

The relentless assault of time!

 

Why am I not like sailors

who drink oblivion?

 

Instead, I belong
to that breed of bird.

 

 

 

 

Extraído de

 

POESIA SEMPRE.  Revista da Biblioteca Nacional do RJ.   Ano 3 – Número 5 – Fevereiro  1995.          Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional / Ministério da Cultura – Departamento Nacional do Livro.   ISSN 0104-0626 Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

              Washington Square

 

         Early in the morning
         I walk across the
         deserted park.

         It has become
         my private
         property.

         Even the mist
         belongs to me.

         The star
         is my own invention.

 

 

                   Translated by Jean R. Longland

 

 

 

         Requiem

 

          Fifty year of strife
         and surely of frustration,
         restlessness,
         and enormous solitude
         that justifies all or almost)
         and then the falling with a smack,
         the shameful falling.

         The last time I saw you was
         on a carnival afternoon
         in na erotic bar,
         drinking your own despair.

         Now you despair no more.
         You have conquered peace —
         definitive peace.

         There is no hell
         for martyrs.

 

                   Translated by Jean R. Longland  

 

 

 


Cassiano Nunes, seis poemas e alguns temas

                            Maria de Jesus Evangelista

 

 

Esta é amostragem de quatro livros de Cassiano Nunes (Santos,SP 1923 - 2007) reunidos na 2.ª edição de Jornada Lírica (Antologia Poética), Thesaurus, 1992 com acréscimos à edição de 1984, de igual título na “Série Planalto” da mesma Editora.

Esses temas são constantes na poética cassianiana, marcadamente o da solidão, o do erotismo, numa busca incessante de viageiro incansável de ver, conhecer e fazer amigos. Esses temas caros ao romantismo canônico desde J.J. Rouseau (Les rêveries du promeneur solitaire, 1782), e que de certa forma renascem nos poemas de Cassiano, como lirismo ou neo-romantismo, presentes na poesia do modernismo, e do pós-modernismo onde se insere nosso poeta. Essa modalidade, que considero recorrente na Poesia brasileira, nele se faz enriquecida das conquistas modernistas pós-45, das quais ele participa, ainda jovem, com Mário de Andrade e demais “teóricos”, conforme a ordem: “cria o teu verso” livre e original, autêntico, como se encontra na poética de Cassiano Nunes.

            Nessa direção, nessa busca e com essa formação, Cassiano Nunes se encontra com a grande poesia brasileira e francesa dos fins do século 19 e primeira metade do século 20, com os decadentes e simbolistas, que lhe mereceram, aliás, maturadas reflexões e sérias análises, pois que Cassiano é também crítico literário e historiador de literatura brasileira. Sobre isso, permito citar meu livro Cassiano Nunes, poesia e artes plásticas, 2005, onde me refiro ao escritor completo que é, e à sua original poesia, à qual não falta acentuado simbolismo, um simbolismo mais a Paul Verlaine que a Rimbaud ou Charles Baudelaire.        Sem maiores comentários, refiro-me a certos aspectos desses poemas.

            Em “Assassinato do Menino” símbolos e metáforas estruturam o tema de restrições na poesia cassianiana. Versos livres oferecem ritmo propício a contidas reflexões psicológicas e filosóficas eu lírico.

No poema “Contemplando o Porto de Nova Iorque”, o ritmo das três quadras incide na musicalidade do sistema de rimas paralelas 1, 2, 3, 2, não tão comum nos seus versos. Isso expressa algo de muito forte na temática da poesia de Cassiano, tanto autobiográfica quanto lírica.

         O poema “Alta noite” distingue o poder do verso livre, acentuando-o com a pontuação incisiva. Exacerba-se o tema da solidão, mas com a possibilidade de salvação pela magia da poesia e da música.

 

         No poema “Le dîneur sur l’herbe” ressalte-se a presença do noturno. Vê-se que o tema da solidão é recorrente. Sem opção, o ser se entrega a ocasionais encontros com desconhecidos. O título analógico com a tela “Déjeuner sur l’herbe” de Claude Monet (Paris, 1840, Giverny Eure, 1926)  defrontando a cena poética com a burguesa cena da tela de Monet agutiza a distinção entre os desvalidos e os privilegiados.

           “Cuiabá” é uma composição inteiriça sobre um Brasil expandindo-se para Oeste, tema caro ao poeta, participando, porém, da mesma atmosfera de fechamento e noturnidade da poética de Cassiano. Observa-se a presença do traço do “caminhante solitário” e solidário.

         “Sacrário” – Nesta composição fundem-se dois temas que, por si mesmo, justificam o simbolismo estético de Cassiano Nunes: a metapoesia e a espiritualidade,  a que não falta o traço estilístico de gran finale, chave de ouro de sua poética.

        

Esses poemas se encaixam justamente na citação do crítico e também poeta Antônio Roberval Miketen com que concluo esses parcos comentários: “Há desses poetas que a eles sempre retornamos, e a cada retorno temos a mesma sensação de que estamos lendo pela primeira vez versos que há muito entoam suaves cantilenas em nossa alma”.

Cassiano Nunes e Antonio Miranda no vernissage da obra

CASSIANO NUNES LANÇA 
"LITERATURA E VIDA"

Cassiano Nunes é uma figura popular nas letras e na cultura da Capital Federal. Lecionou na Universidade de Brasília de 1966 a 1991, no Departamento de Letras, participando da formação de toda uma geração de profissionais que hoje atuam nos mais variados setores capitalinos e que o reconhecem como O Mestre.Nasceu em Santos, filho de imigrantes portugueses, a 27 de abril de 1921 e iniciou uma brilhante carreira até os dias de hoje, com uma produção refinada e criativa. Foi secretário-executivo da Câmara Brasileira do Livro, a partir de 1947, quando a entidade iniciava suas atividades em prol da difusão do livro no país. Estudou literatura norte-americana em Ohio, depois trabalhou na célebre editora Saraiva, foi para a Alemanha estudar na Universidade de Heildelberg onde também lecionou literatura brasileira. Foi visiting professor na New York University e, por último, ingressou na Universidade de Brasília para uma longa temporada de ensino e aprendizagem. Tornou-se um estudioso da obra de Monteiro Lobato. Poeta, crítico literário, conferencista. Uma figura extraordinária.

A Universidade de Brasília acaba de lançar (em maio de 2004) o livro "Literatura e Vida"- uma coletânea de artigos que "revela a relação estreita que uma série de escritores mantém com a realidade social, desmistificando a figura do intelectual como cidadão condenado à alienação em torres de marfim", conforme consta da apresentação da obra.
Cassiano Nunes e Antonio Miranda são amigos de mais de duas décadas e a foto de nossa Galeria mostra o encontro dos escritores no vernissage da obra.



Página ampliada e republicada em dezembro de 2017

 

 

 

 

 
 
 
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