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FERNANDO DA ROCHA PERES
Nasceu em Salvador (27.11.1936) e vem participando da vida baiana desde 1957, quando fundou, juntamente com Glauber Rocha, Calasans Neto e Paulo Gil Soares, as Jogralescas (poesia teatralizada), a revista Mapa, as Edições Macunaíma e a Iemanjá Filmes. Professor de História da Universidade Federal da Bahia desde 1972. Foi eleito membro da Academia de Letras da Bahia em 1987.
VEJA POEMA ILUSTRADO de FERNANDO DA ROCHA PERES em 4 POETAS 4 GRAVADORES
De Fernando da Rocha Peres MR. LEXO-TAN E OUTROS POEMAS Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, 1996. 113 p. Série Casa de Palavras – Poesia “Prêmio COPENE DE CULTURA E ARTE”
para Caetano Veloso
Na praça a coisa caetanave: rampante na multidão. No som o trino eletrofante, e a voz no ouvido conduz os saltos do povaréu. Profana musa carnavalina abençoai, (amor) talhada a carne tenra a boca terna as mãos mulatas de Durvalina, as coxas negras de Josinete a nuca branca de Maria das Dores. E a quarta-feira de cruz na testa (se ainda ha padres!) refaz o mundo no seu lugar. Só na Bahia (misericordia!) começa tudo no próximo ensaio da Timbalada de Carlos Brown.
Caixa n° 3
Recontar uma vida não é ferver sopa de letrinhas. Sabe a um novo parto, (placentário e natural) saindo para o mundo sem vontade, nem fraldas. As sentenças valem cada susto ou revelação: andar, estudar, amar, morrer... E a poesia não conta? Pergunte ao bem-te-vi da criança, ao desalento da adolescência Se tens coragem (re)abra seu abc, sua tábua de lugar íntimo, e cuspa seus dejetos. Recontar uma vida não é fazer quebra-cabeça, mas é cruzar palavras.
I- Morteus
A morte adjetiva: suave, passarinheira ou quem diria. A morte é o envelhecer ou grito súbito (a voz de um tenor não registra) do tempo na ampulheta horizontal; o que não passa e virá.
A morte adjetiva: brutal, mímica, inconveniente. A morte é o descamar unhas, pedregulhos, bile. Violeta e ocre, cores no corpo distendido ao finalíssimo suspiro. Morteus!
Tempo / Objeto VII
para José Saramago
Criação alada quase inconsútil não diria pássaro, mas forma voadora. Passarola ou delírio: sonho irrealizado de um Gusmão avoengo. Coisa elefante ônibus que aviona entre oceanos. Reflexos de um prodígio no céu de chumbo. Chove!
PERES, Fernando da Rocha. Horta de poesia (Poemas portugueses). Salvador: Edições Macunaíma, 2013. 138 p. 14,5x21 cm. ISBN 978-85-87204-65-4 Ilustrações da capa e miolo Vauluizo Bezerra. Projeto gráfico: Angela Garcia Rosa. Tiragem: 300 exs. Inclui uma Errata em folha impressa solta, encartada. Col. A.M. (EE) Obs. Poemas completados em 2013 depois de viagens a Portugal desde 1968.
CANTO
(para Silvia La Regina, amiga italiana)
Quem não leu já perdeu, o livro que Pessoa disse. E Verde o poeta (Cesário de nome) se o galo canta, na madrugada verdadeiramente.
E o canto insiste, leiam poesia! Penas, assim apenas, no grito que ressoa ao renascer.
QUESTÃO
Que hão de dizer de mim, Cesário, depois que você chegou de longa e inesperada, antiga viagem transatlântica?
A casa é sua, o quintal também. Há verde e vento e sol esperando o poeta na Bahia, em Pedras do Rio.
Sou um colega, assim, neste século de merda que inicia o nada. Nem mesmo os mistérios das mulheres são iguais ao cálido seio, velado, carnosas coisas inconsabidas.
ENTREVISTA II
l
— Que serviço presta a poesia?
— Ora vejam só, ela liberta a palavra.
II
— Quanto vale a boa poesia? — Lembre-se do dito: "vale quanto pesa".
III
— Que trabalho têm os poetas? — Dizem as Escrituras*: dar "nome as coisas".
IV
— E quais são "as coisas"? — Tudo que há nos ares, nas águas, na terra. Tudo que um Deus criou, tudo que o homem inventa.
* Gênesis.II-10.20
4 POETAS 4 GRAVADORES: Florisvaldo Mattos, José Carlos Capinam, Fernando da Rocha Peres, Godofredo Filho; Emanoel Araujo, Sônia Castro, Calazans Neto, Gley. Inclui a reprodução de uma gravura de Henrique Oswald. Salvador, BA: Editora Casa Grande, 1966. Livro inconsútil. 32x33 cm. Apresentação gráfica: Sônia Castro. Impressão tipográfica: Gráfica Santa Rita Ltda. Encadernação revestida de tecido: Roque Wilson dos Santos. Tiragem: 200 exemplares. Ex.bibl. Antonio Miranda
segunda versão do antipoema FERNANDO DA ROCHA PERES
este é o antipoema,
CINCO POETAS: Florisvaldo Mattos, Godofredo Filho, Fernando da Rocha Peres, Carvalho Filho , Myriam Fraga.Salvador: Edições Macunaima, s.a, 85 p. 17 x 23 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda
Impregnado gesto ausente a mim Fiel ao puro, indizível quase,
Mas de amar não se conta, aqui, De há muito o gesto não vibra
Nítidas esporas
A estrada é mentira
Restará um curral
4 POETAS 4 GRAVADORES. Florisvaldo mattos; josé carlos capinam; fernando da Rocha peres; godofredo filho —— emanuel araujo; sônia castro; calazans neto;gley. Gravura de Henrique oswald ceidia pela família do artista. Apresentação gráfica: Sônia Castro. Salvador, Bahia: Editora Casa Grande, Gráfica Santa Rita Ltda, 1966. Edição: 200 exs POETA FERNANDO DA ROCHA PERES
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Página ampliada em dezembro de 2020
Página publicada em janeiro de 2010; ampliada e republicada em dezembro de 2013; Página ampliada e republicada em abril de 2019
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