JOAQUIM CARDOZO
(1897-1978)
Nacido en Recife, estado de Pernambuco, Joaquim Maria Moreira Cardozo murió en la histórica ciudad de Olinda. Ingeniero, ha sido el profesional preferido por Oscar Niemeyer para los cálculos estructurales de su avanzada arquitectura. Quizá tal hecho explique, de entrada la obra del poeta. Poesía bella y limpiamente compuesta, primorosa e innovadora, sin menoscabo de la tradición. Con fina sensibilidad suma a sus exquisitas metáforas valores regionales y folclóricos. Su tierra del Nordeste se hace presente, transfigurada con delicadeza oriental. No es de extrañar que uno de los deleites del poeta haya sido la traducción de poemas chinos, desde el original. Así puede hablarse de una "arquitectura verbal", con la emoción despejada y contenida, libros compuestos a modo de un único poema, rehaciendo la trayectoria lírico-sentimental de su ciudad, de los campos y del cielo, un mundo siempre abierto a lo universal. Son hitos admirables de su sensible quehacer lírico Prelúdio e Elegia de Uma Despedida (1952), O Signo Estrelado (1960) y O Coronel de Macambira (1963), pieza teatral según los autos medievales y las trovas populares dei Nordeste. JOSÉ SANTIAGO NAUD
POEMAS EM PORTUGUÊS / POEMAS EN ESPAÑOL
POEMS IN ENGLISH>>
TEXTES EN FRANÇAIS
Veja tambièn: JOAQUIM CARDOSO – POESIA VISUAL
Veja e leia poema de EZRA POUND traduzido por JOAQUIM CARDOSO.
Leia tb. o ensaio: JOAQUIM CARDOZO: UM POETA DE MIL FACES – por Carlos Augusto Corrêa
Veja poemas de CONRAD AIKEN traduzidos por Joaquim Cardoso
POESIA DA PRESENÇA INVISÍVEL
Através do quadro iluminado da janela
Olho as grandes nuvens que chegaram do Oriente
E me lembro dos homens que seriam meus amigos
Se eu tivesse nascido em Cingapura.
E aqueles que estiveram comigo nas horas concluídas
Ainda impressionam o ar
— Todos eles perderam-se no mar.
Agora, na praia deserta estou sozinho
— Caminho
Com os pés descalços na areia.
Nesta tarde morta o perfume das almas
Invade as enseadas, estende-se sobre os rios, paira sobre as colinas
— A Natureza assume a precária presença de um sonho;
Um trem corre sereno na planície dos homens ausentes;
Do fundo de minha memória sobe um canto de guitarras confusas;
Sinto correr de minha boca um rio de sombra,
A sombra contínua e suave da Noite.
POEMA DO AMOR SEM EXAGERO
Eu não te quero aqui por muitos anos
Nem por muitos meses ou semanas,
Nem mesmo desejo que passes no meu leito
As horas extensas de uma noite.
Para que tanto Corpo!
Mas ficaria contente se me desses
Por instantes apenas e bastantes
A nudez longínqua e de pérola
Do teu corpo de nuvem.
(Poemas, 1947)
CANTO DO HOMEM MARCADO
Sou um homem marcado ...
Em país ocupado
Pelo estrangeiro.
Sou marinheiro
Desembarcado;
Marcho na bruma das madrugadas;
Mas-
Trago das águas
A substância
Da claridade.
DA CLARIDADE!
Sou o indefinido,
O inesperado
Viajante da tarde nua,
Que uma dor augusta comoveu ...
Tudo a renuncia,
Tudo
O que eu conservo
De altivo e puro,
Sob o meu manto adormeceu.
Em outros tempos e antigos
Plantei alfaces, vendi craveiros,
Fui hortelão, fui jardineiro;
E a escura terra ...
Terra
Dos meus canteiros,
Sempre arqueava o dorso
Ao gesto amigo
De minha mão.
Hoje provo, na boca, um desgosto,
Hoje tenho, no sangue, um sinal
Que não foi e não é das algemas
Da prisão da Vida,
Nem do jugo da Terra,
Nem do pecado original.
Muito bem sei, senhores,
Que sou um sonho cravado na morte,
Que sou um homem ferido no olhar ...
E que trago, bem viva, entre as nódoas do mundo,
A mancha do meu país natal.
Sou um homem manchado de sombra
No sonho, no sangue, no olhar,
Sou um homem marcado ...
Em país ocupado
Pelo estrangeiro.
Mas esta marca temerária
Entre a cinza das estrelas
Há de um dia se apagar!
Por isso é que me amparo às mãos dispersas da noite ...
E pelos pés difusos do vento é que marcho
Na bruma das madrugadas ...
Trazendo das águas a substância
Da claridade
E um cheiro manso
De manhã fria ...
Oh! Soledade!
Oh! Harmonia!
CANÇÃO ELEGÍACA
Quando os teus olhos fecharem
Para o esplendor deste mundo,
Num chão de cinza e fadigas
Hei de ficar de joelhos;
Quando os teus olhos fecharem
Hão de murchar as espigas,
Hão de cegar os espelhos.
Quando os teus olhos fecharem
E as tuas mãos repousarem
No peito frio e deserto,
Hão de morrer as cantigas;
Irá ficar desde e sempre,
Entre ilusões inimigas,
Meu coração descoberto.
Ondas do mar - traiçoeiras
A mim virão, de tão mansas,
Lamber os dedos da mão;
Serenas e comovidas
As águas regressarão
Ao seio das cordilheiras;
Quando os teus olhos fecharem
Hão de sofrer ternamente
Todas as coisas vencidas,
Profundas e prisioneiras;
Hão de cansar as distâncias,
Hão de fugir as bandeiras.
Sopro da vida sem margens,
Fase de impulsos extremos,
O teu hálito irá indo,
Longe e além reproduzindo,
Como um vento que passasse
Em paisagens que não vemos;
Nas paisagens dos pintores
Comovendo os girassóis
Perturbando os crisantemos.
O teu ventre será terra
Erma, dormente e tranqüila
De savana e de paul;
A tua nudez será fonte,
Cingida de aurora verde,
A cantar saudade pura
De abril, de sonho, de azul
Fechados no anoitecer.
(Signo Estrelado, 1960)
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“Se me perguntassem: o que distingue o grande poeta? Eu responderia: Ser capaz de fazer um poema inesquecível. O poema que adere à nossa vida de sentimento e de reflexão, tornando-se coisa nossa pelo uso. Para mim, Joaquim Cardozo, entre os muitos títulos de criador, se destaca por haver escrito o longo e sustentado poema A Nuvem Carolina que é uma das minhas companheiras silenciosas da vida."
Carlos Drummond de Andrade
A NUVEM CAROLINA
No alpendre da casa de um antigo sítio
Onde morei por longo tempo – longos trabalhos –
Todas as manhãs eu vinha ver o dia
Que sobre as cajazeiras, longe, amanhecia.
Ao lado, ao alto permaneciam. . . entre-havia
Dois morros de matas virgens coroados.
Na abertura desses montes, sempre aparecia,
Na mesma posição, na mesma hora matutina,
Uma nuvem cor-de-cinza e leve bruma,
Com fímbrias e vestígios cor-de-ouro;
– Uma nuvem ficava entre os dois capões do mato
Por alguns quantos de tempos,
Por alguns modos de sombras temporais.
Uma vez tive a impressão que ela me acenava,
Me fazia, e tanto me fazia, em mímica, sinais:
– Gestos de fuga, de fraga, de fronde e curso d'água –
Símbolos de uma linguagem nova quase toda indecidível;
Não compreendi, a princípio, aquilo, o que nela significava,
Mas senti que eram gestos, e gestos são palavras.
Da formalização dos gestos da Natureza
Pode nascer sempre uma linguagem.
Resolvi subir o morro pela beira do corgo,
Plantado de jaqueiras novinhas.
E fui caminhando até junto da abertura das matas
Onde a formosa nuvem de cinza e ouro
Me aguardava. Perto cheguei.
Como numa só voz os gestos se fundiram,
A mim aderiram, a mim se ajustaram (juntos/disjuntos)
A mim se advinharam,
E enfim disseram em voz nevoenta:
– Estou cansada de ser um vôo,
Um vôo viúvo de uma asa; desejava ter
Comigo a asa. . . uma asa que fugisse, que batesse,
Que vibrasse no ar com um som. . .
– E eu lhe disse: – Por que apenas uma asa?
Podias ter/ser um ramo, um ramo de flores.
Um ramo de folhas verdes e sobreverdes,
Ramo de uma árvore das mais belas desta mata.
– E ela: – Ah! Quem me dera!
Me vestir de amarelo nos dias de Pau D'Arco,
Me vestir de roxas sucupiras nos momentos dos ares tristes.
Quem me dera!
– Voltei a dizer-lhe: – E por que não um animal?
Um animal que exprimisse os atos da asa?
Ou. . . mesmo qualquer um outro do teu agrado?
– Ela: – Sim, seria bom, gostaria de ser uma garça
Que é, só e toda, uma asa. Mas, poderia ser uma ovelha
Pastando o dia todo nos deslizes das colinas
Ou uma novilha já no momento da necessidade
Do amor. Podia ser uma novilha amorosa.
– De súbito me veio a pergunta: – E uma mulher?
Nunca pensaste em ser uma mulher?
Senti que a nuvem, toda em gestos de fraga e curso d'água,
Me transmitiu uma expressão de espanto.
Uma expressão de extrema. . . extrema o quê?
– Perdi o contato com a linha dos seus gestos;
Mas voltei a compreender logo em seguida.
Falou, depois de algum tempo:
– Pensei, sim, pensei muitas vezes
Mas, por fim de tudo pensando, concluí
Que mais valeria possuir de novo a asa:
Mulher deste meu vôo. No meu pensamento,
Ser árvore, ser ovelha, ou ser mulher
Que valem? Todas morreram.
Todas se perderam, todas me. . . esqueceram.
A nuvem se refere a uma anteépoca
Mais remota profunda da sua origem.
Com essas palavras começou a se esconder
Por detrás do morro, sem mesmo um gesto de despedido
[abandono.
– Nuvem de ouro e cinza, se fosses mulher
Eu te chamaria Carolina:
Carolina se chamaram minha mãe e minha irmã.
Ambas, há muito, faleceram,
Mas eu, em ti, as saudaria todas as manhãs.
Com as minhas últimas palavras, a nuvem
Levada pelo vento, já se ocultara,
Como em outros dias, por detrás da mata.
Desci o corgo, pela sua margem de gramíneas,
Ao longo, longo das jaqueiras novinhas;
Voltei a casa, e dessa conversa, e mais de tudo, esqueci.
Tarde da noite daquele dia, um vento forte: um sopro
[frio/forte,
Uma chuva contínua e prolongada
Passaram sobre o telhado; as bátegas bateram
Sobre as telhas, como dedos num teclado.
– O vento soando entre as ripas e os caibros,
Como o ar nos tubos de um órgão. –
Era uma chuva noturna, como muitas outras, e a sua música banal
Cantava no silêncio dos ares campesinos.
– Desperto, escutei toda a sua sinfonia. . .
Notei, porém, que acompanhando o som da chuva, havia
Qualquer coisa de choro e pranto malogrado.
De inundado rumor de mágoa se envolvia,
Em vento e chuva, a casa toda:
Como se fosse objeto de sonho e de magia,
Pelos ares da noite alguém chorava.
Enfim passou a forte chuva, num adeus de aguaceiro
E o silêncio voltou muito limpo e lavado.
Passou. Tudo tornou ao sossego campestre.
– Dormi até o fim da noite.
Na manhã seguinte, como sempre, ao alpendre
Saí, para ver o dia, para ver o dia,
Que sobre as cajazeiras, longe, amanhecia.
Ao lado, ao alto, entre morros, tudo era vazio:
A nuvem cinza e ouro àquele dia amanhecia.
Ao lado, ao alto, entre morros, tudo era vazio:
A nuvem cinza e ouro àquele dia
Não aparecera entre os capões do mato: não. não. não. . . não. . .
Em todas as manhãs seguintes. . . sucessivas. . .
– Nunca/não surgiu, surgiu nunca/jamais
Com gestos de fuga e longo vôo.
– Gestos de fraga, de fronde e curso d'água.
No terreno liso da composição linear
Poderemos fazer nascer, se quisermos
Algumas árvores lógicas
Texto extraído do blog do poeta Salomão Sousa:
http://www.safraquebrada.blogspot.com/
[ CARDOZO, Joaquim ] MARX, Roberto Burle Marx; CARDOZO, Joaquim. O Interior da Matéria – desenhos e poemas. Rio de Janeiro: Fontana, 1975. Direção artística Cecília Jucá e Gastão de Holand. Inclui 20 gravuras e vinte poemas. Edição de 500 exemplares numerados de 1 a 500, assinados pelos autores, e 50 exemplares especiais assinados e numerados de I a L, com uma litografia original de Burle Marx, cuja tiragem foi executada no Atelier de Lithos – Edições de Arte Ltda. Os demais exemplares tiveram os textos impresso em papel Kraft de 90 grs, e os desenhos sobre papel nacional Feffer, 180 grs. Folhas soltas, acondicionamento em caixa de papelão revestida de tecido. Col. A.M. (EE / LA)
II A DANÇA DOS CÍRCULOS
O círculo circula, e em círculo dançando
Se desfaz, se dissolve em vários andamentos.
Essa dança relembra o Bharatanatyam
Essa dança insinua o Kathakali
Essa dança é gestojogralesco do Manipuri.
Quanta dança sugerem no seu desdobramento
Esses círculos se fazendo e refazendo?
— Estaria perdida em meio dessas linhas
A grande bailarina Shanta Rao?
Ou, quem sabe? entre os círculos esteja
Lalitha, com a perna estendida,
Dançando o Bharatanatyam.
Ou ainda um mímico compondo o IvlanÍpuri.
Nessas evoluções circulares há passo e contrapasso
Há saltos e ressaltos de Nijinski
Realizando com seu génio
Os bailados e os sonhos Diaghilew.
Todos esses discos, todos esses círculos
Percorridos pêlos pés dos dançarinos,
Invisíveis e imprecisos,
Dão a medida principal da partitura;
Dão a música sonora feita em linhas,
Que estremece na mais sutil das harmonias:
O equilíbrio entre o som e o movimento.
Imagem extraída de
DIAS-PINO, Wlademir. A lisa escolha do carinho (Rio de Janeiro: Edição Europa, s.d.
20,5x20,5 cm. 33 f. ilustradas (Coleção Enciclopédia Visual). Inclui versos de
poetas brasileiros
POEMAS EN ESPAÑOL
Traducciones de Ángel Crespo y
José Jeronymo Rivera
INVIERNO
La lluvia cae, inunda el suelo, encharca los vientos;
Vientos, velas fantasmas que llegan perdidas del alto mar.
La noche hace muy tarde.
Pobres vientos sin trabajo,
Expulsados de los molinos, de los navíos,
Desembarcados en el primer puerto,
Y que van por las calles vacías
Golpeando las puertas con un clamor de ráfaga,
De lamento y revuelta.
La noche resucita el silencio en todos los rumores.
¡lnvierno!
Agua que canta en las cunetas,
Perdone, agua mendiga.
En mi cuarto sin lujos
Pienso en las horas que pasaron,
En mis rodillas abro un libro.
El alma de mi abuelo viene de la sala desierta
a sentarse a mi lado en esta cama.
Mi guapo abuelo Manuel Antonio.
RECUERDOS DE TRAMATAIA
He visto nacer las lunas ficticias
Que hacen surgir en el espacio la curva de las mareas.
Garzas blancas volaban sobre los altos mangues
De Tramataia.
Bandos de periquitos pasaban sobre las palmeras locas
De Tramataia.
Y había un deseo de gentes en la casa de harina y en las chozas vacías
De Tramataia.
¡ Más aún! ¡ Más aún !
Me gustaba mirar las nubes grandes, blancas y sólidas,
Poseía el encanto deportivo de nadar y dormir.
Si me muriese ahora,
Si muriese precisamente En este instante,
Dos buenos recuerdos me llevaría :
La visión del mar desde el alto de la Misericordia de Olinda al nacer el verano
Y la nostalgia de Josefa,
La noviecita de mi amigo de Tramataia.
AVES DE RAPIÑA
Hace muchos anos que los caminos se arrastraban
Subiendo a las montanas.
Recorrían las florestas persiguiendo a la distancia,
Lentos y largos se deslizaban por las planicies.
Pasaron las lluvias, pasaron los vientos,
Pasaron sombras aladas ...
Un día, los aviones surgieron y 1ibertaron la distancia,
Los aviones descendieron y se llevaron los caminos.
LLUVIA DE CAJÚ
¿ Cómo te llamas, pequeña lluvia inconstante y breve?
¿ Cómo te llamas, di, lluvia sencilla y leve?
¿ Teresa? ¿ María?
Entra, invade la casa, moja el suelo,
Moja los 1ibros y la mesa.
Yo sé de dónde vienes, sé por dónde has andado.
Vienes de los suburbios distantes, de los sitios aromáticos
Donde los mangues florecen, donde hay cajús y mangabas,
Donde los cocoteros se enderezan en los baldes de los viveros
Y en noches de luna llena pasan rondando los mosquitos.
Lama viva, espíritu del aire nocturno del pantano.
Invade la casa, moja el suelo,
Mucho me agrada tu compañía,
Porque te amo, dulce lluvia,
Ya te llames Teresa o ya María.
LUCíA, ENCIENDE LA LÁMPARA DE LA SALA ...
Lucía, enciende la lámpara de la sala
Y acecha las sombras enemigas en el corredor desierto
Donde las arañas sabias han construído estructuras levísimas.
Ven después a asistir las horas de mi sueño,
Inclínate sobre mi cuerpo
Y contémplame el rostro:
Verás de mí lo que es Recóndito;
Verás en mí lo que es del Todo;
Verás también pasar tu imagen,
Bañada y reflejada,
Por la luz y las aguas de mi vida.
TIERRA DEL PANTANO
La tierra del pantano es negra y tibia
Pero la tierra del pantano tiene ojos y ve.
Velas nubes, el cielo,
Ve cuándo sube la marea,
Ve el Progreso también,
Mira los automóviles que corren por el asfalto,
Siente la poesía de los camiones que pasan hacia la aventura
de las carreteras inseguras y largas.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Las ondas del mar que han llegado siguiendo a la noche
Desde detrás de los horizontes
Se extienden ahora, cansadas, en la arena,
Las sombras de los árboles han subido del suelo y se abrigan en las ramas.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
No hay motivo, Margarita, para tus recelos.
Mira a través de la puerta de tu choza la sombra de la noche inmóvil:
Bajo la perpetua luz de las estrellas frías e impasibles,
La tierra del pantano está durmiendo.
EL RELOJ
¿ Quién sube las escaleras
Golpeando el escalón llano?
¿ Marcando el sordo compás
Con una pata de palo?
? Quién está tosiendo bajo
En la sombría antesala?
¿ Por qué para sí murmura?
¿ Por qué no escupe y no habla?
¿Por qué dos gusanos tristes
Atraviesan la faz muerta?
¿ Y el mismo soplo continuo
En la grieta de la puerta?
De la vieja pared triste
En el musgo, rozar lento:
Son horas leves y tiernas
Naciendo del frío suelo.
Un puñal hiere el espacio ..
De alba sangre un gotear.
De esta sangre, mis cabellos
En la vida han de sangrar.
Todos las grillos callaron
Y sólo el silencio silba;
Parece que el tiempo pasa :
Lleva la capa vacía.
El tiempo, en fin, cristaliza
En dimensión natural;
Pero hay demonios que arpegian
Al filo de su cristal.
EI tiempo pulverizado
Lleva ceniza de muerte:
Están serrando en lo os curo
La madera de mi suerte.
(De Poemas, 1947.)
(Trad. Ángel Crespo)
Extraídos de la Revista de Cultura Brasileña, Tomo IV, v. 14, septiembre 1965. Publicación de la Embajada de Brasil, Madrid, España.
POESÍA DE LA PRESENCIA INVISIBLE
A través del cuadro iluminado de la ventana
Miro las grandes nubes que han llegado del Oriente
Y me acuerdo de los hombres que serían mis amigos
Se yo hubiera nacido en Singapur.
Y aquellos que estuvieron conmigo en las horas concluidas
Aún impresionan el aire
— todos ellos se perdieron en el mar.
Ahora, en la playa desierta estoy solo
— Camino
Con los pies descalzos en la arena.
En esta tarde muerta el perfume de las almas
Invade las ensenadas, extiéndese sobre los rios, gravita sobre Ias colinas
La Naturaleza asume la precaria presencia de un sueño;
Un tren corre sereno en la planicie de los hombres ausentes;
Del fondo de mi memoria sube un canto de guitarras confusas;
Siento correr de mi boca un río de sombra,
La sombra continua y suave de la Noche.
(Traducción de José Jeronymo Rivera)
POEMA DEL AMOR SIN EXAGERO
Yo no te quiero aquí por muchos años
Ni por muchos meses o semanas,
Ni aun deseo que pases em mi lecho
Las horas extensas de una noche.
!Para qué tanto Cuerpo!
Pero me quedaría contento si me dieras
Por instantes apenas y bastantes
La desnudez longincua y de perla
De tu cuerpo de nube.
(Traducción de José Jeronymo Rivera)
CANTO DEL HOMBRE MARCADO
Soy un hombre marcado ...
En país ocupado
Por extranjeros.
Soy marinero
Desembarcado;
Marcho en la niebla de las madrugadas;
Pero —
Traigo de las aguas
La substancia
De la claridad.
¡DE LA CLARIDAD!
Soy el indefinido,
El inesperado
Viajero en la tarde desnuda,
Que un dolor augusto conmovió ...
Todo la renuncia,
Todo
Lo que conservo
De altivo y puro,
Bajo mi manto se durmió.
En otros tiempos y antiguos
Planté lechugas, vendí claveles,
Fui hortelano, fui jardinero;
Y la oscura tierra ...
Tierra
De mis huertos
Siempre arqueaba el dorso
Al gesto amigo
De mi mano.
Hoy siento, en la boca, un disgusto;
Hoy tengo, en la sangre, una señal
Que no fue y no es de las esposas
De la cárcel de la Vida,
Ni del yugo de la Tierra,
Ni del pecado original.
Muy bien sé, señores,
Que soy un sueño clavado en la muerte,
Que soy un hombre herido en la mirada ...
Y que traigo, muy viva, entre las manchas del mundo,
La mancha de mi país natal.
Soy un hombre manchado de sombra
En el sueño, en la sangre, en la mirada,
Soy un hombre marcado ...
En país ocupado
Por extranjeros ...
!Pero esta marca temeraria
entre la ceniza de las estrellas
un día se ha de apagar!
Por eso me amparo en las manos dispersas de la noche ...
Y por los pies difusos del viento marcho
En la niebla de las madrugadas ...
Trayendo de las aguas la substancia
De la claridad
Y un olor manso
De mañana fría ...
¡Oh! jSoledad!
¡Oh! jArmonía!
(Traducción de José Jeronymo Rivera)
CANCIÓN ELEGÍACA
Cuando tus ojos se cierren
Al esplendor de este mundo,
Sobre ceniza y fatigas
Me quedaré arrodillado;
Cuando tus ojos se cierren:
Agotadas, las espigas,
Y los espejos, cegados.
Cuando tus ojos se cierren
Y tus manos ya reposen
En pecho frío y desierto,
Se morirán las cantigas;
Se quedará siempre en medio
De ilusiones enemigas
Mi corazón descubierto.
Olas del mar —traicioneras
Vendrán a lamerme mansas
Los dedos de cada mano;
Serenas y conmovidas
Las aguas regresarán
A sus altas cordilleras;
Cuando tus ojos se cierren
Han de sufrir tiernamente
Todas las cosas vencidas,
Profundas y prisioneras;
Han de cansar las distancias,
han de huir las banderas.
Soplo de vida sin márgenes,
Fase de impulsos extremos,
Tu hálito se irá yendo,
Reproduciéndose lejos,
Como un viento que pasase
En paisajes que no vemos;
En paisajes de pintores
Conmoviendo girasoles
Perturbando crisantemos.
Tu vientre se ha de hacer tierra
Yerma, durmiente y tranquila
De sábana y de paúl;
Tu desnudez será fuente,
Ceñida de aurora verde,
Cantando nostalgia pura
De abril, de sueño, de azul
Que cierra el anochecer.
(Traducción de José Jeronymo Rivera)
Publicados originalmente en la antología: POETAS PORTUGUESES Y BRASILEÑOS DE LOS SIMBOLISTAS A LOS MODERNISTAS/ Organización y estudio introductorio de José Augusto Seabra. Buenos Aires: Instituto Camões; Brasília: Thesaurus, 2002. Edición bilingüe.
TEXTES EM FRANÇAIS
JOAQUIM CARDOZO
Né à Recife en 1897.
Fit ses études de polytechnique dans sa ville natale.
II est curieux de noter que ce sont les plus jeunes poetes, ceux du groupe Orfeu, qui ont voulu com-mémorer le cinquantenaire de Joaquim Cardozo, dont Voeuvre ne devint connue que par la suite. II est d'ailleurs indiscutable que ses poèmes ont apporté un parfum nouveau de terroir, une limpidité plus rigoureuse d'expression, qui lui valurent sa vogue parmi ses cadets.
Bibliographie : Poemas, 1948; Pequena antologia pernambucana, 1948.
TAVARES-BASTOS, A. D. La Poésie brésilienne contemporaine. Antologie réunie, préfacée et traduite par… Paris: Editions Seghers, 1966. 292 p. capa dura, sobrecapa. Ex. bibl. Antonio Miranda
SOUVENIRS DE TRAMANTAIA
J'ai vu naitre les lunes fictives
qui font sonrire dans l'espaee la courbe des marées
des hérons blancs volaient sur les hauts marais
de Tramataia.
Des bandes de radeaux survolaient les cocotiers fous
de Tramataia.
Et un désir de monde fermentait dans le magasin à farine
et dans les cabanes désertes
de Tramataia.
Cependant, cependant !
J'aimais regarder les gros nuages blancs et solides
j'avais l'ivresse sportive de nager et de dormir.
« PEQUENA ANTOLOGIA PERNAMBUCANA"
CHANSON
Aile et fleur du bleu profond,
primauté du large,
voile blanche préférée ;
sous la transparence du jour
tu es la flamme discrète.
Tu es la lame légère
tondant la laine des agneaux,
blessant les rameaux dorés ;
— flamme hardie et mourante
dans l'air émerveillé.
Tandis que le soleil monte
le vent fait rentrer les nuages
voile blanche étourdie,
phalène du matin.
(Idem)
ANACARDIERS DE SEPTEMBRE
Anacardiers de septembre,
aux feuilles couleur de vin,
humbles annonciateurs des étés
qui soulagez les chagrins et les doutes
de ceux qui comme moi vivent tout seuls.
Les plages et les nuages et les voiles des barcasses
qui poursuivent au loin des routes maritimes
font partout entrevoir
de lumineux dimanches de septembre,
anacardiers aux feuilles lie de vin.
Présage, amour des nuits parfumées
pleines de lune, de serments et de caresses,
chansons vivantes, sereines et distantes,
anacardiers aux ombres innocentes,
accoudés au bord des chemins.
(Idem)
LES CHALANDS
Les chalands !
Les voici qui vont et qui viennent ; d'autres arrêtés
immobiles. L'air silence. Ciei azuré, doucement.
A Fombre de Faprès-midi le vieux quai de FApollo
Le soleil du soir allume un phare sur le dôme
de FAssemblée.
Les chalands !
Magdalena. Deus te guie. Flor de zongue.
Des nègres courbant le dos nu
les poussent sans effort.
Ils viennent de loin, des champs saccagés
oú tenace est la lutte entre FHomme et la Terre,
apportant dans leur coque noire
vers la ville
la richesse inconnue que le sol vaincu abandonne
la rumeur latente des forêts écartelées.
La ville gouffre est Moloch, est l'abime, est la chaudière...
Au loin, dans l'air distant et sur les maisons,
les cheminées fument et le vent allonge
le pas de vis
des torsades de fumée ;
et lentement
ils s'en vont, noirs, tanguant, harassés ;
et les suivant aussi en courbes propagées dans l'eau
la douleur de la Terre, la clameur des racines.
(Idem)
LA TERRE DU MARAIS
La terre du marais est noire et brune
mais la terre du marais a des yeux et voit.
Elle voit les nuages dans le ciel
elle voit lorsque la marée monte et voit aussi le Progrès,
regarde les automobiles qui roulent sur l´asphalte
sent la poésie des camions qui passent vers l'aventure des
routes incertaines et longues
Les vagues de la mer sont venues après la nuit
depuis là-bas derrière les horizons
elles s'étendent maintenant fatiguées sur le sable.
Les ombres des arbres sont montées de terre et s'abritent
dans les rameaux
II n'y a pas de raison, Margarida, pour avoir peur.
Regarde par la porte de ta hutte L'ombre de la nuit
immobile :
sous 1'éternelle lumière des étoiles froides et impassibles
la terre du marais est plongée dans le sommeil.
(Idem)
Página ampliada e republicada em agosto de 2009; ampliada em junho de 2018
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