ALICE SPINDOLA
Nasceu Nova Ponte (MG), em 26 de setembro de 1940, mas foi em Goiás — para onde se mudou em 1951 — que se formou e vem construindo sua obra. Graduada em Letras Anglo-Germânicas pela Universidade Católica de Goiás. Poeta, contista, tradutora e artista plástica. Detentora do Prêmio Nacional Jorge Fernandes, Rio de Janeiro e Prêmio Auta de Souza, de Macaíba, Rio Grande do Norte.
A poesia de Alice Spíndola tem o sentido do romantismo sentimental e (...) abrange um poder de atração que conduz ao ritmo harmonioso das imagens. José Luiz Bittencourt
Bibliografia: Fio do labirinto, 1996, de poesia, editora Kelps; A chave de Vidro, contos, Editora Kelps: 2001; Na essência da palavra inteligente, Editora Kelps, homenagem a Ascendino Leite; O loire — poema fluvial da França, 2006, que recebeu a Medalha Henri Bernier, da União Brasileira de Escritores.
[Página preparada por Salomão Sousa, coordenador da seção Goiás]
Os poetas ALICE SPINDOLA e JORGE TUFIC, convidados oficiais, chegando a uma das sessões magnas da I BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA DE BRASILIA, 3 a 7 de setembro de 2008, no auditório do Museu Nacional.
TEXTOS EM PORTUGUÊS / TEXTOS EN ESPAÑOL
Veja também>>> POÈMES EN FRANÇAIS
TEXTO EM INGLÊS
Leia também o ensaio: ICONE DA BOLA UNE POVOS – O FUTEBOL SOB O HOLOFORE DE UM ENIGMA, por Alice Spindola – Ensaio (clicar para acessar...)
VEJA E LEIA este texto poético de ALICE SPÍNDOLA!!! Criativo, ilustrado e ilustrativo de seu talento... link aqui
Vejam o texto de Fernando Py: http://www.antoniomiranda.com.br/ensaios/homenagem_em_versos_alice_spindola.html
O PEQUENO BARCO
SPINDOLA, Alice. Silêncio. Para Stella Leonardos. Jaboatão, PE: Editora Guararapes, 2015 ?. 24 p. ilus. col. 20,5x13 cm. Edição limitada, alternativa. Editor: Edson Guedes de Moraes. Poesia brasileira – poesia goiana. https://issuu.com/antoniomiranda/docs/alice_spinola
ÁGUAS-MILAGRES
Ouve, meu rio,
o homem persegue, há séculos,
o mistério das águas.
Quentes? Vulcânicas? Águas de gelo?
Bacias hidrográficas
honram a nossa França,
aguardam a História,
indo atrás dos rastros
das míticas
e místicas paragens de sua trajetória.
Primitivo tempo das caçadas...
Interior das florestas detém a teimosia
de homens e condados.
Represas de águas claras
e mananciais subterrâneos
salvam a pauta das memórias
das águas-milagres,
no desafio de reter a sinfonia dos rios.
Vazantes, abraçadas pelo mar,
sangram o arco-íris,
código das cores
dos frutos maduros.
Folhagens estampam o escuroverde.
SEMPRE BUSCANDO A CANÇÃO ESQUECIDA
No frêmito da ventura,
a fuga e o retorno da imagem
do pequeno barco.
Imagem — fonte e oráculo —
mergulhada na insularidade
do mar de gestos e de palavras.
Com a alma seqüestrada
pela beleza do rio
e pelo rumor de suas águas,
o menino procura a canção esquecida.
Menino parisiense voga nas milhas do sol.
A CHAVE
No meio da noite, configura
a fragrância das palavras mágicas
Na chave da noite, a ternura,
pluma que verte enigmas
Nas mãos do tempo,
o arado que rasga os mistérios
do sentimento que define
O homem da meia noite,
em seu caminho de volta
que faz
ao adentrar a meia lua
das unhas dos enigmas.
A mão da noite destrava a chave
da fragrância das palavras mágicas
De
Alice Spindola
50 POEMAS ESCOLHIDOS PELO AUTOR
Rio de Janeiro: Edições Galo Branco, 2008
104 p.
ISBN 978-85-7749-054-7
Ê X T A S E
mesmo que seja imprescindível chorar
guardarei comigo a marca do sorriso
registrada no sonho
para que o choro seja inaudível
mesmo que seja inaudível o riso
guardarei comigo o timbre do choro
na internet da memória
para que a tristeza seja invisível
mesmo que seja inevitável ouvir
guardarei comigo o silêncio das horas
retendo no imenso de mim
porta-jóia de intensa saudade
mesmo que seja inesquecível o teu amor
farei de conta que nada existe
mas cá dentro guardarei
palavras gestos carinhos e desejos
no êxtase da palavra lembrada
flutuo nas ondas do som
dimensão mística me transcende
ouço o inaudível apesar de tudo
........................................................... e além de mim
E O MEU AMOR É TANTO
E o meu amor é tanto
que, preso a rede
deste encantamento,
me faço Araguaia, Também.
Sim, ó, Araguaia-mar,
eis o poder de teus enigmas!
Um mar-oceano
se adentra em mim.
E eu, em mar, me converto.
Mar de guas desafiantes.
Mar que voga
nas veias do meu canto.´
IRONIA
Sepulto escombros,
queimo com lenha seca
agonias e desdéns.
Acordo em prisma
de sonhos & segredos.
SILÊNCIO
Para Stella Leonardos
Na gruta do anoitecer,
sou a flor acesa que habita
as nervuras do silêncio.
Da sozinhez,
a estrutura
de silêncio & de sigilos.
Dos longes trago o fascínio do luar
e o cetim das pétalas de rosas
para suavizar
os músculos da quietude.
Penetro janelas & oráculos,
com o perfume da voz da noite.
E, em invisível pouso,
acendo o silêncio
com a força da paixão
de quem ouve o respirar da palavra,
e o da lucidez que ela me concede.
..... Sou a força acesa deste silêncio.
SPINDOLA, Alice. O Loire – poema fluvial da França./ Sob o périplo do desafio. / Dos envelopes, entre o Brasil e a França. Goiânia: Kelps, 2006. 268 p. 15,5x22 cm. ISBN 85-7766-024-0 Medalha Henri Bernier, da União Brasileira de Escritores. “ Alice Spindola “
Ex. bibl. Antonio Miranda
SPINDOLA, Alice. O Araguaia – rio & alma de Goiás. (Rapsódia); Goiânia: Kelps, 2008. 232 p. 16X22,5 cm. ilus. col. ISBN 978-85-7766-327-9 Cântico realizado sob a orientação do ambientalista Antonio Almeida. Fotos coloridas de diversos autores. “ Alice Spindola “ Ex. bibl. Antonio Miranda
A enchente
Dias a fio, e o Araguaia afluindo
para os confins de Goiás.
Olhar de vigia verifica
se há folhas boiando, ligeiras.
Ei-las à flor-d'água
perseguindo folhinhas outras.
Ancorando rente às margens.
Sim, estes os sinais do perigo.
E ninguém duvida.
É enchente, na certa.
Enxurrada se formando,
penetrando surdamente pelo canal do rio,
ocultando
a simetria das folhinhas,
a fímbria das coisas.
Num átimo,
água muita irradiando sua valentia.
Estrondando.
Força da correnteza
arrancando árvores.
Enchente, sem peias, devastando,
levando o que encontra pelo caminho.
E o rio ganha a imensidão do mar.
SPINDOLA, Alice. Fio do labirinto. Goiânia: Editora da UFG, 1996. 101 p. ilus. 13,5x19,5 cm. “Orelha” do livro por Margarida Finkel. “ Alice Spindola “ Ex. bibl. Antonio Miranda
METÁFORA ANTIGA
O artesão da palavra
faz paragem no tempo,
com talento, telas e fios
faz também surgir tramas e teias,
viaja e busca no íntimo,
melodia e tijolo antigo
que completam o sonho.
Extraído de:
2011 CALENDÁRIO poetas antologia
Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2010.
Editor: Edson Guedes de Morais
/ Caixa de cartão duro com 12 conjuntos de poemas, um para cada mês do ano. Os poetas incluídos pelo mês de seu aniversário. Inclui efígie e um poema de cada poeta, escolhidos entre os clássicos e os contemporâneos do Brasil, e alguns de Portugal. Produção artesanal.
Leia também O MUNDO DE ALICE, por Ronaldo Cagiano
De
SPINDOLA, Alice. Poemas versek. Edição bilíngue Português – Húngaro. Tradução e ilustrações de Lívia Paulini. Goiânia: Kelps, 2011.
168 p. ilus.
SILENCIO
Para Stella Leonardos
Na gruta do anoitecer,
sou a flor acesa que habita
as nervuras do silêncio.
Da sozinhez,
a estrutura
de silêncio & de sigilos.
Dos longes trago o fascínio do luar
e o cetim das pétalas de rosas
paro suavizar
os músculos do quietude.
Penetro janelas & oráculos.
com o perfume da voz da noite.
E, em invisível pouso,
acendo o silêncio
com a forço da paixão
de quem ouve o respirar da palavra,
e o do lucidez que ela me concede.
................ Sou o força acesa deste silêncio.
CSEND
Stella Leonardosnak ajánlva
A barlangban ha esteledik
vagyok égõ padló ki ott lakik
a csend érzéseiben.
Egyedüllétében,
a csend és titkok
oszlopai.
Magammal hozom távolból a hold varázsát
s a rózsák bársonyos szirmait,
mik csillapitják
az izmokot a nyugalomig.
Ablakokon és beszédeken behotolok,
az esti hangok illatával.
Es egy láthatatlan figyelemmel
gyúitom meg o csendet
a szenvedély erejével
a szó légzésével, mint aki hallja azt,
s az értelemmel, mi befogad. |
................ Énvagyokazerõ mi világitebben a csendben.
POESIA
No ar, o cochicho do tempo
transmite o grito da alma.
E a poesia,
sem o agasalho
da inspiração,
não acende no inverno,
é apenas lareira frio
sem a lenha acesa
a se erguer em chama.
Lâmina afiada do estio
kcorta o luar do meu canto,
cega-me não sei mais voar.
KÖLTEMÉNY
A légben susog az idõ
közli a lélek erõs óhaját.
És a vers,
súgalmazás védelme
nélkül,
nem hevit a télben,
csak hideg kandalló
tüzelõanyag nélkül
fel nem lángol a parázsban.
Szárazság éles lemeze
vágia el holdas éjjel dalom, elvakit,
hogy ne szárnyaljak magasra már.
TEXTOS EN ESPAÑOL
PÉREZ, José Del Carmen. Más acá y más allá de Brasil./ Além das fronteiras do Brasil. Trad. Alice Spindola e Rina de Castro Miranda. Goiânia: AD, 2021. 66 p. ilus. foto col.
Ex. bibl. Antonio Miranda
“Em Alice Spíndola el río es más que una sensación física o um cuerpo físico de átomos de hidrogénio y oxigênio. Es la magia que ela descubrió con asombro en algún momento de la vida, del cual ya nunca más escapo. La revelación de una identidade que hizo patrimônio, que atesoró como joya, que reveló como canción de cuna em cada verso, en cada poema, em cada obra. (...) Ahí vuelca Alice Spíndola se intima relaciono com lo líquido, lo móvil, lo indetenible: el movimiento que discurre hacia lo desconocido. El todo y la nada que passa, inexorable, hacia algún lugar desconocido, como elemento mítico persistente. Es su pasión por lo ignoto y lo cambiante — aunque este presente y parezca quieto —, lo que la lleva hacia tantos ríos, de tantas formas: [ JOSÉ PEREZ ]
AGUAS MILAGRES
Escucha, mi río,
el hombre ha perseguido, por siglos,
el misterio de las aguas.
¿Caliente? ¿Volcánico? ¿Aguas heladas?
[...]
Represas de agua clara
y manantiales subterráneos
guarda la agenda de los recuerdos
de aguas milagrosas,
en el desafio de retener la sinfonia de los ríos.
(La Loire – poema/fluvial da França]
“Es persistencia y hondura. Búsqueda y realización. Entrega y develación de un mundo próprio, cuyas cargas em semânticas muestran una mujer viva, intensa y productiva en toda su dimensión humana. Por eso em su poesía fluye en una página em que la que escribe y dibuja sus vuelos, hasta que su mano y su ingenio se convierten en “un pequeño barco”; grafopoema que enriquece la persistente tradición de la experientalidad figurativa en la poesía del siglo veinte y del siglo actual.
En su poema “Éxtasis”, esa voz de mujer impriem a la persistência del ser la fuerza vital de su voluntad. Nada la sustrae de sus fuegos interiores, de su recuerdos, de sus sentimentos más preciados. La soledad o la tristeza pueden significar el llanto, pero eso no implica la autodestrucción ni la negación del ser; por el contrario, potencian la energías interiores ante todo flagelo, por invisible que parezca: “me guardaré la marca de la sonrisa... para que llanto sea inaudible”. Luego, en ese tuteo con el yo interior que se desnuda en éxtasis y catarses, es recurrente la voz del silencio: “haré de cuenta que nada existe/pero en los adentros guardaré/palabras gestos caricias y deseos”.
ÉXTASIS
aun cuando llorar sea necesario
me guardaré la marca de la sonrisa
que percebí en el sueño
para que el llanto sea inaudible
aun cuando la risa sea inaudible me
guardaré el timbre del llanto
em la internet de la memoria
para que la tristeza sea invisible
aun cuando oír sea inevitable me
guardaré el silencio de las horas
reteniendo en lo inmenso de mí
joyeros de intensa “saudade”
aun cuando tu amor sea inolvidable
haré de cuenta que nada exist
pero en los adentros guardaré
palabras gentos caricias y deseos
en el éxtasis de la palabra recordada
flutuo en las ondas del sonido
dimensión mística trascendiéndome
oigo lo inaudible a pesar de todo
............................. y más allá de mí
Alice Spíndola y su gran
amigo Antonio Miranda
POEMAS Y RELATOS DESDE EL SUR. Prólogo de Aitana Alberti, Federico Nogara. Barcelona: Ediciones Carena, s.f. 215 p; Diseño de portada: Jordi Hernández. ISBN 84-88944-72-1 Ex. bibl. Antonio Miranda
Inclui os poetas brasileiros: Alice Spindola, Guido Bilharinho, Ademir Bacca e Antonio Carlos Oliveira.
CLARIAUDIÊNCIA
folheio a luz
com a ponta do sonho
entro noutro universo
folheio as horas
com a clase de um sábio
mergulho-me na paz
permito-me humilhar-me
para a sinfonía cósmica
com paciencia e ternura
de além das galáxias
chega o clarim da paz
sou mais que corpo e alma
folheio a luz do sonho
e a natureza num quase milagre
compõe um hino à liberdade
CLARIVIDENCIA
hojeo la luz
al filo del sueño
entro a otro universo
hojeo las horas
con la prestancia de un sabio
me sumerjo en la paz
me permito humillarme
para la sinfonía cósmica
con paciencia y ternura
de más allá de las galaxias
llega el clarín de la paz
soy más que cuerpo y alma
hojeo la luz del sueño
y la naturaleza en casi un milagro
compone un himno a la libertad
FELICIDADE
Na tarde perfumada da felicidade,
Abre-se a eloquência do cosmos.
Nas alças do espanto,
o pássaro costura,
com invisíveis pontos,
a ternura e o aroma do ar
com seu canto,
sob a escolta da voz de Deus.
FELICIDAD
La tarde perfumada de felicidad,
se abre a la elocuencia del cosmos.
En las alas del espanto,
el pájaro costurea,
con invisibles puntos,
la ternura y el aroma del aires
con su canto,
bajo la guía de la voz de Dios.
ESFINGES
Venho da terra das esfinges
em busca do territ[orio dos ecos
e da flor acesa da lucidez.
Trago o lume do sal
das estátuas da coragem
capto os dons da fantasia.
Por favor, não toque
na resina das estátuas:
do lume das pedras,
o incêndio das metáforas,
ainda, devora os sonhos.
Habito a flor da lucidez,
guardo o aceso mundo
das lágrimas do poema.
Do sal das estátuas,
o sopro da esperança
habita os olhos da inspiração.
Eu, a flor acesa das esfinges.
ESFINGES
Vengo de la tierra de las esfinges
en busca del territorio de los ecos
y de la resplandeciente de la lucidez.
Traigo la lumbre de la sal
de las estatuas del coraje,
capto los dones de la fantasía.
Por favor, no toques
en la resina de las estatuas:
la lumbre de las piedras,
el incendio de las metáforas,
que devora los sueños.
Habito la flor de la lucidez,
guardo el encendido mundo
de las lágrimas del poema.
De la sal de las estatuas,
el soplo de esperanza
habita en los ojos de la inspiración.
Yo, la flor encendida de las esfinges.
Traducción de Elena Ferreira
RETRATO PINTADO DE ALICE SPINDOLA
por Liselotte Magalhães
Sin título
hojeo la luz
con la punta del sueño
paso a otro universo
hojeo las horas
con la clase de un sabio
zambullo en la paz
me permito humillarme
para la sinfonía cósmica
con paciencia y ternura
del mas allá de las galaxias
llega el clarín de la paz
soy mas que cuerpo y alma
hojeo la luz del sueño
y la natura como un milagro
compone himnos a la libertad
Instante
Gozo el corto espacio
de quererte mas de cerca.
Aprieto tu mano
en el corto tiempo
que pasa en vano.
SPINDOLA, Alice. Bajo el zumo del Tiempo. Goiânia, GO: Editora Kelps, 2015. 172 p. 16x23 cm. Tradução A. P. Alencart. Edição bilíngue Português – Español. Ilustrações Miguel Elias. ISBN 978-85-400-1444-2 Inclui fotos de Salamanca, Espanha, de José Amador Martín. “ Alice Spíndola “ Ex. bibl. Antonio Miranda
PRINCÍPIOS
... ....
a palavra me reinventa.
........
de espanto.
De sopro.
Quando a vida
me torna rebelde.
PRINCIPIOS
... ....
la palavra me reinventa.
.........
de temor.
De soplo.
Cuando la vida
me vuelve rebelde.
VOZES
Invento a fala da mulher
que vive só.
E, tendo, apenas,
o pensamento secreto
de que a voz é mais
do que instrumento
de heroico fascínio
na viagem do reencontro.
De minha mãe herdo
a linguagem dos rios.
Rios que caminham
sob o assoalho que range
entre um tango
e a contradança.
Rios que fazem o silêncio
construir arcas
aquém do muro que
me desperta
para além de mim.
Sensato e natural viver.
Hibernação do sentimento.
Consciência de vida plena.
Ouvindo as falas do Tempo.
VOCES
Invento el habla de la mujer
que vive sola.
Temiendo solamente
la secreta idea
de que la voz es más
que un instrumento
de heroica fascinación
en el viaje del reencuentro.
De mi madre heredo
el linguaje de los ríos.
Ríos que caminan
bajo el piso que rechina
entre un tango
y la contradanza.
Ríos que hacen el silencio
construir arcas
de este lado del muro que
me despierta
más allá de mí.
Sensato y natural vivir.
Hibernación del sentimento.
Consciencia de vida plena.
Oyendo los linguajes del Tiempo.
L A B E R I N T O S??? &??? M A G I A S
Viaje (a Puerto Maldonado), un poema de la brasile?a Alice Spíndola
Agradezco a la poeta brasileña Alíce Spíndola el texto que me dedica en su ?ltimo poemario, Laberintos & Magias (Colección Aguas del Mundo, Brasil, 2020). Publicado solo en castellano (hay edición en portugués), el libro al completo trata sobre mi Perú primero y está dedicado a Mario Vargas Llosa y a mí. Doble gratitud. Contiene una treintena de poemas, acompañados por hermosas fotografías y mapas de las diversas regiones peruanas, especialmente de la Amazonía y sus ríos, así como de los Andes. La traducción ha estado a cargo de Rina de Castro Miranda.
Entre los poemas albergados en la obra, hay uno que no solo esto dedicado a mí, sino que traza algo de mi saudade cuando recuerdo esas selvas y gentes que están entrañadas en mi corazón. Aquí reproduzco el texto original y su traducción. Alfredo Pérez Alencart
V I A G E M
Longa, a estrada.
Meu amor, ouço o barulho
da chuva que cai.
Chove. Chove muito.
Chove de mansinho.
Ouça!
Uma magia existe nesta chuva.
De sua musicalidade,
escuto a voz de Puerto Maldonado,
a cidade de meus pais.
Lembro o carinho de minha mãe.
Vejo o rosto de meu pai.
As guloseimas da Infância.
Nas margens do Madre de Dios,
?gua muita depois da chuva.
No lago,
Olhos de um menino vendo os peixes.
Um jardim de luar
torna lindo o jardim da cidade.
Uma música no ar
traz solfejos de outro Tempo.
Meu amor, perdoa-me,
tenho lágrimas, choro este choro manso,
pois, estamos em Puerto Maldonado,e
a Cidade Natal parece estar longe, ainda.
Lluvia sobre el río Madre de Dios, acercándose a Pueblo Viejo (Maldonado) Foto de Pavel Martiarena
V I A J E
Larga, la carretera.
Mi amor, escucha la bulla
de la lluvia que cae.
Llueve, llueve mucho.
Y llovizna.
una magia existe en esta lluvia.
En su musicalidad
oigo la voz de Puerto Maldonado,
la ciudad de mis padres.
Recuerdo el cari?o de mi madre.
Veo el rostro de mi padre,
Las golosinas de la Niñez.
En las orillas del Madre de Dios,
agua, mucha agua tras la lluvia.
En el lago,
ojos de un niño viendo los peces.
La luna alumbra el jardín
y torna bello al jardín de la ciudad.
Una música en el aire
trae solfeos de otros tiempos.
Mi amor, perdóname,
tengo lágrimas, lloro un llanto sentido.
Estamos en Puerto Maldonado y la
Ciudad Natal parece estar lejos, todavía.
(*) Traducción de Rina de Castro Miranda.
TEXTO EM INGLÊS
ALICE SPINDOLA E O GRANDE ESCRITOR CARLOS FUENTES!!!! 2017
ELOS DE POESIA. Coletânea de poemas de autores de língua portuguesa. Camarata, Portugal: 2005. 210 p Ex. bibl. Antonio Miranda
Dos nove poemas do livro acima, adiantamos três:
5 Ao afago dos horas
“No ar rosa da madrugada”
José Gorostiza (Morte Sem Fim)
... sabe a candura o desejo de evadir-me
do silêncio, que enjaula a voz medida
na ternura que embala a aura da manhã,
quando os sons do sol florescem o idílio.
Sabe a carme o encanto róseo da manhã
que apenas, se despede da aurora
que, ainda, transita no toldo da alvorada
e se despe do ar que flui do escuro da noite.
Sabe a ternura o ar que evapora, quase,
quando descubro o rubro matiz da boca
que estreia palavras de candura fugaz.
Sabe a assombro o ar de compromisso,
que nada retém da fantasia da realidade
que consome o afago das horas solitárias.
7 Vigília
No labirinto do silêncio, o abismo.
O pêndulo do relógio
sai do corpo das horas
e entra em contrita vigília.
O espelho do Tempo
reflete a imagem:
um relógio preso
na parede pálida
espera o éxtase da alma das horas.
O poeta mira o relógio
e aguarda que o poema
revele sua maturidade
e que vele pele vigília
e que valha um palpite de eternidade.
Na alma do poeta, o éxtase
do poema que pontilha o eterno.
9 Escolta
Para Jean-Paul Mestas
Olhos-chaves do encantado.
Nas mãos, a chave da alegria.
Alegria do sol destrava o dia,
o dia que anda de carona
e na escolta da minha aura.
Minha luz escolta o dia,
luz que o sol me empresta;
a mesma luz
que o sol
me toma
de volta
ao fechar a chave do dia.
Trago este dia inteiro
na concha das mãos
e o levo no meu destino
de andarilho noturno
mas, talvez, seja o dia
que me? (e)leve
na palma da mão
de seu espírito de pássaro.
Prêmio outorgado na Itália, em 2020
AEROPLANO 2 poesia e arte. Editor: Helvio Lima. Diagramação: Renan Leon. Ilustrações: “Coreto”. Aquarelas de Helvio Lima. Uberlândia, MG: s. data. 20 p. 14 x 14 cm.
CÂMARA MUNICIPAL DE NOVA PONTE
HOMENAGEIA ESCRITOR ALICE SPÍNDOLA
VARGAS & MIRANDA Compiladores. Selección y revisión de textos por Salomão Sousa. TRANS BRASILIANA ANTOLOGÍA 36 MUJERES POETAS DO BRASIL. MARIBELINA – Casa del Poeta Peruano. 2012 134 p. Ex. biblioteca de Antonio Miranda
AGUA MILAGROS
Escucha, mi río,
El hombre persigue, desde hace siglos,
el misterio de las aguas.
Hot? Volcánica? El hielo de agua?
Cuencas
honrar a nuestra Francia
esperar Historia
va detrás de las pistas
el mítico
y mística detiene su trayectoria.
Tiempo primitivo de la caza…
Bosque Interior tiene la terquedad
hombre y condados.
Presas agua clara
y las fuentes de agua subterránea
guardar la agenda de los recuerdos
agua milagros
el reto de conservas los ríos sinfónicas.
Vazantes, abrazada por el mar,
Purgar el arco iris,
codificación de color
de la fruta madura.
Estampan oscuroverde el follaje.
SIEMPRE EN BUSCA DE UNA CANCIÓN OLVIDADA
No escalofrío de felicidad,
escurrir y devolver la imagen
la pequeña embarcación.
Imagen — de origen y oracle —
inmerso en el insular
Mar de gestos y palabras.
Con el alma secuestrada
la belleza de río
y el rumor de sus agua,
el niño busca la canción olvidada.
Voy en las millas de moda de Paris del sol.
LA CLAVE
En el medio de la noche, configura
la fragancia de las palabras mágicas
El clave de la noche, la ternura,
plumas rompecabezas, vertimiento
En las manos del tiempo,
el arado rasga los misterios
la sensación de que define
El hombre de la medianoche
a su regreso
fabricación
al entrar en la media luna
las uñas de los rompecabezas.
La mano de la noche abre la llave
la fragancia de las palabras mágicas.
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Página ampliada em julio de 2024
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Página publicada em maio de 2023
Página ampliada e republicada em abril de 2022
P?gina ampliada em setembro de 2020
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