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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

oetaram


Cartão postal antigo; bilhete postal – old postcard – tarjeta postalantigua –
Editor/publisher M. OROZCO, Rio de Janeiro circa 1904)

 

ANTONIO DE CASTRO ALVES
(1847-1871) 

PAES, José Paulo.  Os Poetas.  São Paulo: Editora Cultrix, 1961.   279 p.   14x21 cm. Inclui ensaios críticos sobre os poetas Dante Alighieri, François Villon, Luis de Camões, Juan de la Cruz, Percy Bysshe Shelley, Heinrich Heine, Victor Hugo, Walt Whitman, Charles Baudelaire e o brasileiro Castro Alves. “ José Paulo Paes “  Ex. bibl. Antonio Miranda


          “Se, de um ponto de vista rigorosamente estético, não é lícito afirmar tenha sido Castro Alves o maior poeta romântico do Brasil — aí está a obra soberba de Gonçalves Dias a desmentir tão categórica afirmativa —, pode-se todavia considerá-lo o mais representativo, aquele que melhor testemunhou, não apenas a conjuntura histórica em que viveu, como certas virtualidades profundas da alma brasileira. (...)
          Castro Alves soube ser o intérprete eloquente desse anseio libertário que atravessa, como um fio vermelho, todo o século XIX. Batalhou pela abolição total da escravidão; defendeu a liberdade de pensamento; verberou a guerra e o despotismo;
fez profissão de fé republicana; exaltou os heróis populares: Pedro Ivo, Tiradentes, Zumbi, Sobieski, Kossuth, Juarez: propugnou pelo voto feminino; anatematizou a força como arma política; saudou na imprensa, no livro e na escola os pilares da democracia; imaginou a América como um paraíso da liberdade, onde não deveriam medrar os vícios das sociedades européias; chegou, mesmo, a antever a sociedade sem classes. Ademais, é com êle que o lirismo brasileiro alcança foros de autonomia e afirma definitivamente seu caráter nacional “ (JOSÉ PAULO PAES, p. 247-248)

 

 

Ver ensaio: DO IMAGISMO: a) ALEGORIAS; b) DUAS FONTES DE IMAGENS: O VENTO E AS PLANTAS NA POESIA DE CASTRO ALVES”  por Antonio de Pádua

 

 

 

A VOLTA DA PRIMAVERA

Ai! não maldigas minha fronte pálida
E o peito gasto ao referver amores.
Vegetam louros — na caveira esquálida
E a sepultura se reveste em flores.

Eu sei que um dia o vendaval da sorte
Do mar lançou-me na gelada areia.
Serei.. que importa? o D. Juan da morte,
Dá-me o teu seio — e tu serás Haydéia!

Pousa esta mão — nos meus cabelos úmidos!...
Ensina à brisa ondulações suaves!
Dá-me um abrigo nos teus seios túmidos!
Fala!... que eu ouço o pipliar das aves!

Já viste às vezes, quando o sol de Maio
Inunda o vale, o matagal e a veiga?
Murmura a relva: — Que suave raio!
Responde o ramo: — Como a luz é meiga!

                             *

E ao doce influxo do clarão do dia
O junco exausto, que cedera à enchente,
Levanta a fronte da lagoa fria...
Mergulha a fonte da lagoa ardente...

Se a natureza apaixonada acorda
Ao quente afago do celeste amante,
Diz! ... Quando em fogo o teu olhar transborda,
Não vês minh´alma reviver ovante?

É que teu riso me penetra n´alma,
Como a harmonia de uma orquestra santa;
É que teu riso tanta dor acalma...
Tanta descrença!... tanta angústia!... tanta!

Que eu digo ao ver esta tua celeste fronte:
— O céu consola toda a dor que existe.
Deus fez a neve para — o negro monte!
Deus fez a virgem para — o bardo triste!


MURMÚRIOS DA TARDE

Ontem à tarde, quando o sol morria,
A natureza era um poema santo,
De cada moita a escuridão saía,
De cada gruta rebentava um canto,
Ontem à tarde, quando o sol morria.

Do céu azul na profundeza escura
Brilhava a estrela, como um fruto louro,
E qual a foice, que no chão fulgura,
Mostrava a lua a semicire´lo d´ouro,
Do céu azul na profundeza escura.

Larga harmonia embalsamava os ares!
Cantava o ninho — suspirava o lago...
E a verde pluma dos sutis palmares
Tinha das ondas o murmúrio vago...
Larga harmonia embalsamava os ares.

Era dos seres a harmonia imensa
Vago concerto de saudade infinda!
"Sol — não me deixes" diz a vaga extensa,
"Aura — não fujas" diz a flor mais linda;
Era dos seres a harmonia imensa?

"Leva-me! Leva-me em teu seio amigo"
Dizia à nuvens o choroso orvalho:
"Rola que foges" diz o ninho antigo,
"Leva-me ainda para um novo galho...
Leva-me, leva-me em teu seio amigo!"

"Dá-me inda um beijo, antes que a noite venha!"
"Inda um calor, antes que chegue o frio..."
E mais o musgo te aconchega à penha
E mais à penha se aconchega o rios...
"Dá-me inda um beijo, antes que a noite venha:

E tu no entanto no jardim vagavas,
Rosa de amor, celestial Maria...
Ai! como esquiva sobre o chão pisavas,
Ai! como alegre a tua boca ria...
E tu no entanto no jardim vagavas.

Eras a estrela transformada em virgem!
Eras um anjo que se fez menina!
Tinhas das aves a celeste origem.
Tinhas da lua a palidez divina,
Eras a estrela transformada em virgem!

Flor! Tu chegaste de outra flor mais perto.
Que bela rosa! que fragrância meiga!
Dir-se-ia sum riso no jardim aberto,
Dir-se-ia um beijo que nasceu na veiga...
Flor! tu chegaste de outra flor mais perto! ...

E eu, que escutava o conversar das flores,
Ouvi que a rosa murmurava ardente:
"Colhe-me, ó Virgem, — não terei mais dores,
"Guarda-me, ó bela, no teu seio quente..."
E eu escutava o conversar das flores.

"Leva-me! Leva-me, ó gentil Maria!"
Também então eu murmurei cismando...
"Minh´alma é rosa, que a geada esfria...
"Dá-lhe em teus seios um asilo brando...
"Leva-me!  Leva-me, ó gentil Maria!..."


PENSAMENTO DE AMOR

Ó pálida madona de meus sonhos,
Doce filha dos serros de Engadi!
Vem inspirar os sonhos do poeta,
Rosa branca da lira de David.

Todo o amor que em meu peito repousava,
Como o orvalho das noites ao relento,
A teu seio elevou-se, como as névoas
Que se perdem no azul do firmamento.

Aqui... além... mais longe, em toda parte,
Meu pensamento segue o passo teu,
Tu és a minha luz, sou tua sombra;
Eu sou teu lago, se tu és meu céu.

Lá, no teatro, ao som das harmonias,
Vendo-te a fronte altiva e peregrina...
Eu apertava o seio murmurando:
"Oh! mata-me de amor, mulher divina!"

A tarde, quando chegas à janela,
A trança solta, onde suspira o vento,
Minh´alma te contempla de joelhos...
A teus pés vai gemer meu pensamento.

Inda ontem, à noite, nos plano
Os dedos teus corriam no teclado,
Que, às carícias destas mãos formosas,
Gemia e suspirava apaixonado.

Depois cantaste... e a ária suspirosa
Veio n´alma acender-me mais desejos;


 

Dir-se-ia que essas notas eram doces
Como sussurro de amorosos beijos.

Oh! diz-me que ainda posso um dia
De teus lábios beber o mel dos céus;
Que eu te direi, mulher dos meus amores:
Amar-te ainda é melhor do que ser Deus!


AQUELA MÃO

Era u´a mão de luxo... era um brinquedo!
Mão tão bonista que metera medo
Se não fosse, meu Deus!  tão meiga e franca!
Mão p´ra te encher de gemas e brilhantes,
De suspiros, de anhelos palpitantes...
Mas p´ra estalar as joias e os amantes...
Aquela mão tão branca!

Era u´a mão fidalga, exígua, escassa!
Mão de Duquesa! Era uma mão de raça,
De sangue azul, em veios de Carrara!
Alva, tão alva que vencia a ideia
Das neblinas, dos gelos e da garça!...
Amassada nos leite de Almathéa
Aquela mão tão rara!

Tinha um gesto de musa! — Mão que voa,
Que do piano na ideal lagoa,
As aves banha em rapidez não vista!
Como a andorinha que se arroja à toa,
Cruzando sem beijos a extensão das teclas!
Acendendo no seio a luz dos Eclas...
Aquela mão de artista!

Mão de criança! Era u´a mão de arminhos,
Tendo estas covas, esses alvos ninhos,
De aves que a terra desconhece ainda!
Lembrando as conchas dos parcéis marinhos,
A polpa branca dos nascentes lírios...
Covas... porque se enterram mil delírios
Naquela mão tão linda!

No teatro, uma noite, casta, esquiva,
Na luva de pelica a mão cativa,
Recordava um eclipse da lua...
Mas um momento após, deixando o guante,
Vi salvar-se da espuma, rutilante,
Como Vênus despida e palpitante,
Aquela mão tão nua!

Era uma régia mão! Que largas vezes
Sonhei torneios, morriões, arnezes,
Bravos ginetes de nevada crina,
Justas feridas entre mil revezes,
Da média idade a sanguinosa palma...
Só p´ra o louro atirar... se e lança e a alma...
Aquela mão tão fina!

Uma noite sonhei que, em minha vida,
Deus acendia a estrela prometida,
Que leva os Reis ao trilho da ventura!
Mas, quando, ao longo da poenta estrada,
O suor me escorria d´amargura...
Passava em meus cabelos perfumados
Aquela mão tão pura!

Era u´a mão que iluminara um cetro...
Mão que ensinava d´harmonia o metro
Às esferas de luz que o dia encobre!...
Tão santa que uma pérola indiscreta
Talvez toldasse esta nudez tão nobre...
Vazia... Era a riqueza do Poeta
Aquela mão tão nobre!

Era u´a mão que provocava o roubo
Era u´a mão para conter o globo!
Tinha a luz que arrebata, a luz que encanta!
Fôra o gênio de Sócrates o Grego!
Domara em Roma os cônsules e o lobo!
Mão que em trevas buscara Homero cego
Aquela mão tão santa!


TRADUÇÕES DE
Heitor P. Fróes:

FRÓES, Heitor P.  Meus poemas dos Outros. Traduções e versões.  Bahia, 1952.  312 p.          Ex. bibl. Antonio Miranda

 

L´"ADIEU" de THEREZE

Au bal où j´ai d´abord fixé Thérèse
Une valse nou prit, tout à son aise,
Comme deux fleurs dans um courant fièvreux;
Plus tard, épris d´une passion troublante,
"Adieu" — je lui ai dit, la voix tramblante,
Et toute rouge elle me dit: "Adieu".

Une nuit... un rideau qui se soulève...
Une chambre d´où sort, comme en un rêve,
Um couple qui s´embrasse tour heureux:
C´était nous deux; Thérèse tour blême,
Pleure de joie. Je dis: "Adieu, je t´aime"...
Elle soupire et puis répète: "Adieu".

Le temps passe; des siècles de délire...
Mais tout-à-l´heure il m´a fallu lui dire
Que je davais partir vers d´autres lieux.
J elui demande d´um baiser la grâce;
Thérèse, alors, en sanglottant, m´embrasse
Et, tout em pleurs, Me dit encore: "Adieu".

À mon retour, chez elle, quelle fête!
Sa voix, la voix d´un autre!... En tête-à-tête...
Leurs dous propôs d´amour montaient aus cieux.

J´entrai:Quelle pâleur et que malaise!
Pour la dernière fois je vis Thérèse...
Qui murmura, comme en um souffle: "Adieu!"


LE RETOUR DU PRINTEMPS

Ne maudis pas ce pauvre front, si blême,
Ni ce couer ravagé par tant d´amours;
La vie existe après la mort, quand même,
Et sur la tombe il est des fleurs, toujours.

Je fus jeté du sort par l´ouragaln
Sur le rivage d´une mer glacée,
Je serai de la mort de Don Juan,
Ouvre ton coeur et tu seras Haydée!

Pose ta main sur mês cheveux humides;
Ces tours amables à la brise apprends...
Donne-moi pour abrai ates seins turgides;
Parle, que je t´écoute et te comprends!

Quand le soleil de mai tiède rayonne
— Embrassant le vallon, le bois, la fleur —
La branche dit: "Que as lumière ests bonne!..."
Et l´herbe: "Combien j´aime as chaleur"!

*

Par le soleil naissant influencé,
Le jone, que bouleverse l´eau montante,
Lève as tige, dans l´étang glacé,
Et la ponge, plus tard, dans l´eu brûlante...

Si la nature, à l´aube, ayant égard
Aux tièdes feux de son amant, s´éveille,
Dis-moi: Sous la chaleur de ton regard
Ne vois-tu pas non coeur que s´sèmerveille?

C´est que ta poie penetre tous les coeurs
Comme l´écho d´une musique sainte...
Et que ton rire vient tarir mês pleurs
Et calmer mes angoisses et ma plainte!

"Le cuek apaise tout le mal qu´éxite",
Je dis alors em regardant tes yeux:
"Dieu fit la neige — pour l acime triste;
La vierge — pour le barde malheureux!"


 

MURMURES DU SOIR

Hier, vers le soir, quando le soleil mourait,
La nature était tout un saint poème.
De chaque bois l´onscurité montait,
Et de chaque caverne, un chant suprême...
Hier, vers le soir, quando le soleil mouraits.

Sur le dôme du ciel tout azuré
Une étoile clignait, insouciante;
Et de l alune le croissant doré
Brillait, comme une faux irradiante,
Sur le dôme du ciel tout azuré!

Une immense harmonie était dans l´air!
Aux nids — des chants; et dans le lac — des plaintes;
Et le souple palmier la voix éteinte,
Une immense harmonie était dans l´air!...

Et ce charme berçait la cráture,
Calmant tout souvenir, toute douleur
"Soleil, reviens" — criait la vague obscure;
"Reste, Zéphyr" — criait l´exquise fleur...
Et ce charme berçait la créature!

"Prenez-moi, prenez-moi dans l´air tranquille"
Demandai tau nuage la rosée,
"Oiseaux fuyards" — dissait le nid fragile —
"Portez-moi vers le haut d´autre ramée...
Prenez-moi, prenez-=moi dans l´air tranquille."

"Amour, embrasse-moi, la nuit approche:
Que ta chaleur m´abreuve avant le Froid..."
Et la mousse s´allonge sur la roche,
Et sur la roche la rivière croît
!
"Amour, embrasse moi, la nuit approche!"

Quand tu suivais par ton jardin, flânant,
Rose d´amour, o ma célests rose,
Tu caressais la terre em cheminant
Et tu riais comme une fleur éclose
Quand tu suivais parf ton jardin, flânant!

Vierge, ayant d´une étoile la chaleur,
Ange qui d´une fille as bien la mine...
Ainsi que de la lune la pâleur
Et d´um oiseau céleste l´origine;
Vierge, ayant d´une étoile la chaleur...

O, Fleur! Si tu t´approches d´un rosier
Quel charme que le tien, douce Marie!
Ton sourire parfume le sentires;
On entend des Baisers, en reverie...
O, Fleur! Si tu t´approches d´un rosier!

Moi, j´écoutais, tantôt, causer les roses...
Et l´une murmurait, en oscillant:
"O vierge, je voudrais que tu me poses
Dans sla cachete de ton sein brûlant!"
Mois j´écoutais tantôt causer les roses...

"O prends-moi, so prends-moi, mons ange tendre"—
Je me suis dit alors, comme la fleur:
"Mon âme est une rose qu´il faut prendre
Et de ton sein aspire la chaleur...
O prends-moi, o prends-moi, mon ange tendre!"


PENSÉE D´AMOUR

O pâle et tendre vierge d mês rêves,
Douce fille des cimes d´Engandi!
Viens inspirer le songes du poète,
Blanche fleur de la lyre de David.

Tout l´amour que j´avais dans ma poitrine,
Ainsi que le serein à l´avant-jour,
Est monté dans ton sein, comme la brume
Qui monte au ciel après un bref séjour.

Ici, plus loin, ailleurs, partout s´envole
Après toi mon espirit, tout étourdi,
Ma lumière c´est toi, je suis ton ombre;
Je suis ton lac, e toi mon paradis!

Au théatre, au milieu des harmonies,
Tout em chechant ton front, que je devine,
Je maîtrisais mon coeur, em murmurante:
"Fais-moi mourir d´amour, femme divine!..."

Et lorsque, à ta fenêtre, vers le soir,
Je vois ta tresse, que la brise effleure,
Mon espirit te contemple, et, devant toi,
Voilà mon âme qui se penche et pleure.

Hier encor, au piano, dans la soirée,
Tes doigts chéris sur le clavier glissaient,
Et l´instrument, charme de tes caresses,
Poussait de longs soupirs et gémissait.

Puis, au son de ta voix, qui m´est si chère,
J´éprouvais ce désir, que croît toujours;
Et j´avais l´impression, alors, d´entendre
Le doux  murmure d´un baiser d´amour.

O, prometss´moi qu´um jour je pourrai boire
Dans tes lèvres le vrai néctar de cieux...
—"T´aimer est mieux encor que d´être Dieu!"



CETTE MAIN


O, quelle main exquise: Um bibelot!...
Si belle qu´on serait gêné sitôt,
Ne fut-elle si douce, tendre et franche!
Main por des bagues et pour des brillants,
Por des soupirs et des désirs charmants,
Pour avoir des bijoux et des amants...
O, cette main si blanche!

Si frêle, si petite qu´elle soit,
Dans cette noble main l´on aperçoit
Le sang bleu dans du marbre de Carrare!
...Si blanche, elle nous porte la pensée
À la neige, à l´aigrette, à la nuée,
Voire au lait symbolique d´Almathée...
Oh cette main si rare!

Et quel geste de Muse! Main qui vole,
Et de la plaine du clavier s´envole
Lorsqu´au piano, si souple, elle s´en sert —
Ainsi que l´hirondelle, qui s´empresse,
Laissant en chaque touche une caresse,
Et de son art nous émouvant sans cesse...
Cette main d´um expert!

Main d´enfant, main exquise, main d´amours,
Ayant dans ses fossettes de velours
La souplesse du nid d´une hirondelle,
La rondeur de coquille d´un rocher,
Et la fraîcheur d´un lys qu´on va trancher!
O, ces fossetes qui me font pécher...
Dans celle main si belle!

Au théatre, une nuit, chaste et craintive,
Dans un gant très serré la main captive
Comme un astre en éclypse était venue...
Mais soudain la voilá qui se presente,
À travers le brouillard — pâle, hesitante —
Comme Vénus, sans voile, palpitante —
O, cette main si nue!

Et aquelle main de reine! Maints fois
J´avais rêvé  de joutes, de tournois,
Et de coursiers ardents au crin d´hermine...
Au moyen âge j´aurais bien crié,
Bravant guerriers et princes meurtriers,
Que je donnais mon âme et mês lauriers
A cette main si fine!

J´ai rêvé qu- une nuit, dans mon destin,
Dieu flambait cette étoile — astre divin
Qui mena vers la creche chaque Mage:
Et, sur mon âpre route, à tout moment,
J´oubliais ma fatigue e mon tourment...
Souts l´amable toucher, sous l´agrèment...
        De cette main si sage!

Digne d´um scèptre, cette auguste main
Aux étoiles aurait marque l´entrain...
Et si purê elle était qu´une indiscrète
Perl eût pet-être macule, dès lors,
As nudité, si vide, elle eût alors
Valu pour son poète plus que l´or
          O, cette main pauvrette!

Elle aurait provoque même le vol;
Elle aurait ébloui le ciel, le sol,
De sa lumière; et de as douce empreinte
Du grand Socrate eût maîtrisé l´esprit!
À Rome, dominante, elle eût surpris!
Homère, aveugle, se serait épris...
        
De cette main si sainte!
 

 

O CORAÇÃO

 

O coração é o colibri dourado

Das veigas puras do jardim do céo.

Um — tem o mel de granadilha agreste,

Bebe os perfumes, que a bonina deu.

 

O outro — voz em mais virentes balsas,

Pousa de um riso na rubente flôr.

Vive do mel — a que se chama — crenças,

Vive do aroma —que se diz — amor.

 

obra suprema de nosso Romantismo.

(Obs. Conservamos a ortografia original, tal como aparece no cartão).

 

Este exemplar  faz parte de uma coleção de 16 “bilhetes postais” da coleção particular de Antonio Miranda registrada no texto Poesia em Cartão Postal Antigo.

 

 

De
ESPUMAS FLUCTUANTES
Poesias de Castro Alves
Ilustrações de Santa Rosa
[Rio de Janeiro]: Cem Bibliofilos do Brasil, 1944-1945.
205 p.  Edição de 119 exemplares.
Os originais logo inutilizados.
O presente exemplar é a “boneca” da obra, encadernado
.

 

 

O “ADEUS” DE THEREZA

 

A vez  primeira que eu fitei Thereza,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A walsa nos levou nos giros seus...
E amámos juntos...  E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co´a fala...

E ella, córando, murmurou-me:  “adeus.”


Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...
E da alcova sahia um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem veus...
Era eu...  Era a pallida Thereza!
“Adeus” lhe disse conservando-a presa...

E ela entre beijos murmurou-me:  “adeus.”


Passaram tempos...  sec´los de delirio
Prazeres divinaes...  gozos de Empyrio...
...  Mas eu disse —  “Voltarei! ...  descança! ...
Ella, chorando mais que uma creança,

Ella em soluços murmurou-me:  “adeus.”


Quando voltei...  era o palacio em festa!...
E a vez d´Ella e de um homem lá na orchestra
Preenchiam de amor o azul dos céus,
Entrei!...  Ella me olhou branca...  surpresa!
Foi a ultima vez que eu vi Thereza!...

E ella arquejando murmurou-me:  “adeus!”

                                     
S. Paulo, 28 de Agosto de 1868

 

HADAD, Jamil Almansur, org.   História poética do Brasil. Seleção e introdução de  Jamil Almansur Hadad.  Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio         Abramo.  São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943.  443 p. ilus. p&b  “História do Brasil narrada pelos poetas. 

HISTORIA DO BRASIL – POEMAS

A ESCRAVIDÃO NEGRA

 

O NAVIO NEGREIRO

 

I

´Stamos em pleno mar...  Doudo no espaço
Brinca o lar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.

´Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro..,
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...

´Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu, qual o oceano?...

´Stamos em pleno mar...  Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flora dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...

Donde vem?  onde vai?  Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste Saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.

Bem feliz que ali pode nest´hora
Sentir deste painel a majestade!...
Embaixo... o mar...  em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!

Homens do mar! Ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!

Esperai!... esperai!... deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia...
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
........................................................

 

IV

Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar,
Tinir de ferros..  estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras criança, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente..
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja, se no chão resvala
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

 

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que de martírios, embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!...”

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espiraiss..s.
Qual num sonho dantesco as sombras voam!
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...

V

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, porque não apagas
Co´a esponje de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! Tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

 

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós,
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...

São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo de homens nus...
São guerreiros ousados
Que com tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos...
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão...

São mulheres desgraçada,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebrada,
De longe... bem longe vêem..
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
Nalma lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto
Que nem o leite do pranto
Tem que dar para Ismael.

Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram — criança lindas,
Viveram —-moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus...
...  Adeus, ó choça do monte,
...  Adeus, palmeiras da fonte!...
...  Adeus, amores, adeus!...

 

Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois, o horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p´ra não mais se erguer! ...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.

 

Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas da amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...

 

Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cum´lo de maldade,
Nem são livres p´ra morrer...
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente—
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao sol do açoute... Irrisão!...

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?
Ó mar porque não apagas
Co´a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

VI
Existe um povo que a bandeira empresta
P´ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! Meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que imprudente na gávea tripudia?
Silêncio, Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!...

Auri-verde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança,
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas a infâmia de mais!... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! Arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

 

LUTAS DA INDEPENDÊNCIA

 

ODE AOS DOUS DE JULHO

 

Era no Dous de Julho.  A pugna imensa
Travara-se nos cerros da Baía...
O anjo da morte pálido cosia
Uma vasta mortalha em Pirajá.
“Neste lençol tão largo, tão extenso,
“Como um pedaço roto do infinito...
“O mundo perguntava erguendo um grito;
“Qual dos gigantes morto rolará?!...

 

Debruçados do céu... a noite e os astros
Seguiam da peleja o incerto fado..
Era tocha — o fuzil avermelhado!
Era o Circo de Roma — o vasto chão!
Por palmas — o troar da artilharia!
Por feras — os canhões negros rugiam!
Por atletas — dous povos se batiam!
Enorme anfiteatro — era a amplidão!

Não! Não era dous povos que abalavam
Naquele instante o solo ensanguentado...
Era o porvir — em frente do passado,
A liberdade — em frente à escravidão:
Era a luta das águias — e do abutre,
A revolta do pulso — contra os ferros,
O pugilato da razão — com os erros,
O duelo da treva — e do clarão!...

 

No entanto aluta recrescia indômita...
As bandeiras — como águias erriçadas —
Se abismavam com as asas desdobradas
Na selva escura da fumaça atroz...
Tonto de espanto, cego de metralha
O arcanjo do triunfo vacilava...
E a glória desgrenhada acalentava
O cadáver sangrento dos heróis!...
................................................

 

Mas quando a branca estrela matutina
Surgiu do espaço e as brisas forasteiras
No verde leque das gentis palmeiras
Lá do campo deserto da batalha
Uma voz se elevou clara e divina:
Eras tu — liberdade peregrina!
Esposa do porvir — noiva do sol!...

Eras tu que com os dedos ensopados
No sangue dos avós mortos na guerra,
Livre sagravas a Colúmbia terra,
Sagravas livre a nova geração!
Tu que erguias, subida na pirâmide
Formada pelos mortos de Cabrita,
Um pedaço de gládio — no infinito...
Um trapo de bandeira — na amplidão!...

 

                     (Obra citada)

 





IMPROVISO
À mocidade acadêmica

 

Moços! A inépcia nos chamou de estúpidos!
Moços! O crime nos cobriu de sangue!
Vós, os luzeiros do país, erguei-vos!
Perante a infâmia ninguém fica exangue

 

Protesto santo se levanta agora,
De mim, de vós, da multidão, do pvo;
Somos da classe da justiça e brio,
Não há mais classe ante esse crime novo!

 

Sim! mesmo em face, da nação, da pátria,
Nós nos erguemos com soberba fé!
A lei sustenta o popular direito,
Nós sustentamos o direito em pé!

 

 

TEXT IN ENGLISH

 

Antonio de Castro Alves (1847-1871, Brazil)

 

Born into a wealthy family in a small town in the Bahia province of Brazil, Alves is known both for the romantic character of his poetry and his abolitionist work, for which he is sometimes described as the Brazilian Abraham Lincoln. His calling was the oral poem, which also invited work in the theater. After realizing the power of his poetry, he began to incorporate abolitionist themes to spark social change, espousing ideas similar to the North American and European humanistic arguments against slavery. He also identified closely with the slaves about whom he wrote, which heightened the intensity of his poetry. PRINCIPAL WORKS: Espumas flutuantes (1870), Gonzaga ou a revolução de Minas (1875), Vozes d'Africa-navio negreiro (1880)

 

 

THE OXFORD BOOK OF LATIN AMERICAN POETRY: a bilingual anthology   edited by Cecilia Vicuña and Ernesto Livon-Grosman. Agawam. MA, USA: Oxford University Press, 2009.  561 p.  16x24,5 cm. Contracapa, capa dura.  ISBN 978-0-19-512454-5
Inclui os poetas brasileiros: Gregório de Matos, Antonio Gonçalves Dias,  Manuel Antonio Alvares de Azevedo, Sousândrade,  Antonio de Castro Alves, João da Cruz e       Sousa, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos, Pedro Kilkerry, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Raul Bopp, Cecilia Meireles, Carlos Drummond de
Andrade, Apolônio Alves dos Santos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Paulo Leminski.  Ex. bibl. Antonio Miranda.

 

 

Excerpt from The Slave Ship (Tragedy on the Sea) / O navio negreiro (Tragedia no mar)

 

Mark A. Lokensgard, trans.

 

 

Canto I

 

We are on the high seas. . . Madly in space
The moonlight plays—a golden butterfly—
And the waves that run behind it. . . tire
Like a mob of children made unquiet.

 

We are on the high seas. . . From the firmament
The stars sprout like bits of golden foam
The sea in turn lights up in phosphorescence,
—Constellations of liquid gold . . .

 

We are on the high seas. . . There enclosed
In an insane embrace are two infinities,
They are blue, gold, placid, sublime . . .
Which is the sky? Which is the sea? . . .

 

We are on the high seas. . . Opening the sails
As the ocean winds' hot panting follows,
A brig at sail runs on the surface of the seas,
Like above a wave skim swallows. . .

 

Whence comes it? Where goes it? With wandering ships
Who can know their courses if space is so vast?
In this Sahara the coursers raise the dust,
They gallop, they fly, but leave no tracks.

 

Happy is he who can at this hour
Feel in this entire view its majesty! . . .
Below—the sea . . . above—the firmament. . .
In the sea and the sky—the immensity!

 

Oh! What sweet harmony the breeze brings me!
What soft music in the distance sounding!
My God! How sublime is a passionate song
Floating carelessly over the waves abounding!

 

Men of the sea! Oh coarse sailors,

By the sun of the Earth's four corners browned!

Children that the tempest lulled

In the crib of the ocean abyss profound!

 

Wait! wait! Let me drink in

This savage untamed poetry . . .

Orchestra—it is the sea, that rumbles by the prow,

And the wind that through the ropes whistles . . .

 

...................................................................

 

Why do you flee thus, swift vessel?
Why do you flee from the fearful poet?
Oh! what I would give to follow in your wake
That seems like on the sea—zigzagging comet!

 

Albatross! Albatross! Eagle of the ocean,
Thou that among the gauzy clouds art sleeping,
Shake your feathers, oh Leviathan of space!
Albatross! Albatross! Give me thy wings . . .

...................................................................

 

 

Canto IV

 

It was a dantesque dream . . . the quarterdeck
That reddens the light from the openings above,
Is bathed in blood.
Legions of men as black as night,
In a horrific dance . . .

 

Black women, suspending at their teats
Skinny children, whose black mouths
Moisten the blood of their mothers:
Others, girls ... are naked, frightened,
In the vortex of specters drawn in the whirlwind,
In futile fear and pain.

 

And the orchestra laughs ironically, shrilly . . .
And from the fantastic dancing round the serpent
Slithers in mad spirals . . .
If the old man breathes in gasps ... if he drops to the floor,

Cries are heard . . . the whip cracks.
And more and more they fly . . .

 

Shackled to the links of a single chain,

the famished multitude staggers,

And cries and dances there!

One delirious with anger, another goes insane . . .

Another, brutalizing his martyrdom,

Singing, moans and laughs!

Meanwhile, the captain orders a maneuver,

And after looking at the sky that opens

So pure above the sea

Says from behind his thick tobacco smoke:

"Crack the whip strong, boys!

Make them dance some more! . . . "

 

And the orchestra laughs ironically, shrilly! . . .
And from the fantastic dancing round the serpent
Slithers in mad spirals . . .
Like in a dantesque dream, the shadows fly . . .
Screams, cries of woe, curses, and prayers sound!
And Satan laughs! . . .

 

 

Canto VI

 

There is a people that its flag lends
To cover such infamy and cowardice! . . .
And lets it in this orgy be transformed
In the filthy cloak of a cold bachant! . . .
My God! my God! What flag is this
That impudently dances upon the mast?! . .
Silence! . . . Muse! weep, and so long weep
That the ensign is washed in your tears . . .

 

Oh green-gold banner of my land,
That the Brazilian breeze flaps and flutters,
Standard that puts an end to the sun's light,
And the divine promises of hope . . .
Thou, that from the liberty of war's end,
Wert raised upon the heroes' lance,
Would that thou hadst been rent in battle
Than to a people serve as burial shroud! . . .

 

Cruel destiny that destroys the mind!
Extinguish in this hour the filthy brig
The road Columbus opened in the waves,

Like a rainbow on the watery depths!  . . .
...But the infamy is too much! . . . From the land ethereal
Rise up, heroes of the New World . . .
Andrada! strip that banner from the air!
Columbus! close the door to your seas!

 

 

 

Veja também: ANTONIO DE CASTRO ALVES EM PORTUGUÊS E ESPAÑOL


Página ampliada e republicada em junho de 2022

 

 

 

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