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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


LEOPOLDO MARÍA PANERO

Leopoldo María Panero. Foto: Luis Magán
Fonte:  www.elboomeran.com/blog-post/8/6201/javier-rioyo/
 

LEOPOLDO MARÍA PANERO


Estréia com Por el Camino de Swan em 1968, e é considerado uma das vozes mais originais e irreverentes da poesia espanhola. Pulbicou depois Poemas del Manicomio de Mondragón (1987) e Contra España y otros poemas de no amor (1990).

Página do autor na internet: http://amediavoz.com/paneroLM.htm

No Brasil, mereceu uma separata da revista INIMIGO RUMOR - "Conversação" - (da editora Azougue, do poeta Sergio Cohn), pelo selo Moby-Dick, edição bilíngue (2003) com tradução de Pedro Serra, da qual extraímos alguns trechos:

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL    /    TEXTOS EM PORTUGUÊS



«CORPS MORCELLÉ»

 

Lacan

 

El ano sin palabras de los ojos

el bisturi en la frente para ver

que extraño tipo nuevo de loucura

y la piedra de la loucura que cae al suelo

 


ROBBE-GRILLET

 

Como la mancha de un insecto

grabada sobre la pared

asi es la vida corno un grano

o una pústula

que la muerte revienta.

 

 

EL ANTICRISTO

 

"habrá guerras como nunca las ha habido

no soy un hombre, soy dinamita" Friedrich

Nietzsche

 

Como la de Lidiwina de Sheidan

mi carne se deshace

y la pólvora deshace mi figura

como si yo nunca hubiera existido

como si fuera tan sólo la figura de mi mismo

ah "ideal ich"

"oh Fleshig, mon pauvre Fleshig":

así hablaba Schroeber en la sombra

del Hijo de sí mismo, del viento

cruel que me desgarra

como si estuviera sólo hecho para el viento.

 

 

                                   OTROS POEMAS

Amanecer sobre la tumba

 

En la playa de la noche

mostraba mis ojos a las sirenas

que jugaban impunemente con mi pene

con el falo que en el lecho maloliente

deshacen los sueños y cae la piedra

del pensamiento al suelo.

 

                            "Poesía" 1970 – 1985

 

 

Ars Magna

 

Qué es la magia, preguntas

en una habitación a oscuras.

Qué es la nada, preguntas,

saliendo de la habitación.

Y qué es un hombre saliendo de la nada

y volviendo solo a la habitación.

 

                            "Poesía" 1970 – 1985

 

 

Cuando cansado desde el lecho...

 

Cuando cansado desde el lecho, me

                               levanto a mirarte,

Juvencio, y otra vez

                               el cansancio reencuentro

de nuevo pienso en Cieno que los ojos de semen

 

   sin cansarse cegaba; y cuando una vez solo

miro vacía la cama

                                 como siempre lo estuvo

                                 recuedo

el látigo aun, con la última fuerza.

 

                               De Dioscuro

 

 

 

 

Extraído de

POESIA SEMPRE – Revista Semestral de Poesia.  ANO 4 – NÚMERO 7 – JULHO 1996.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 1996.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

El loco al que llaman el rey

 

Bufón soy y mimo al hombre en esta escalera
cerrada con peces muertos en los peldaños
y una sirena ahogada en mi mano que enseño
mudo a los viandantes pidiendo
como el poeta limosna
mano de la asfixia que acaricia tu mano
en el umbral que me une al hombre
que pasa a la distancia de un corcel
y cándido sella el pacto
sin saber que naufraga en la página virgen
en el vértice de la linea, em la nada
cruel de la rosa demarcada
                                        donde

ni estoy yo ni está el hombre.

 

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de Pedro Serra

 

«CORPS MORCELLÉ»

 

Lacan

 

O ânus sem palavras dos olhos

o bisturi na testa para ver

que estranho tipo novo de loucura

e a pedra da loucura que cai ao chão

 

 

ROBBE-GRILLET

 

Como a mancha de um insecto

gravada sobre a parede

assim é a vida como um furúnculo

ou uma pústula

que a morte rebenta.

 

 

O ANTICRISTO

 

"haverá guerras como nunca houve

não sou um homem, sou dinamite" Friedrich

Nietzsche

 

Como a de Lidiwina de Sheidan

a minha carne desfaz-se

e a pólvora desfaz a minha figura

como se nunca tivesse existido

como se fosse tão-só a figura de mim próprio

ah "ideal ich"

"oh Fleshig, mon pauvre Fleshig":

assim falava Schroeber na sombra

do Filho de si próprio, do vento

cruel que me desgarra

como se só estivesse feito para o vento.

 

 

                                   OUTROS POEMAS

                   Tradução de Antonio Miranda


Amanhecer sobre o túmulo

 

Na praia noturna
mostrava meus olhos às sereias
que brincavam impunemente com meu pênis
com o falo que no leito malcheiroso
desfazem os sonhos e cai a pedra
do pensamento no chão.

 

                      "Poesía" 1970 – 1985

 

 

Ars Magna

 

 

Que é a magia?, perguntas
num quarto na escuridão.
Que é o nada?, perguntas,
saindo do quarto.
E que é um homem saindo do nada
e voltando sozinho ao quarto?

                            "Poesía" 1970 – 1985

 

 

Quando cansado do leito...

 

 

Quando cansado do leito me levanto
                            para ver-te,

Juvencio, e outra vez
                            o cansaço reencontro
outra vez penso em Cieno que os olhos de sêmem

    sem cansar-se ofuscava; e quando uma única vez
vejo a cama vazia
                            como sempre esteve
                            recordo
o látego ainda com a última força.

 

  

                               De Dioscuro

 

 

 

O louco considerado rei

 

Sou um bufão e mimo o homem, nesta escada
fechada com peixes mortos nos degraus
e uma sereia afogada em minha mão que mostro
mudo aos viandantes pedindo
esmola como o poeta
mão da asfixia que acaricia tua mão
no umbral que me une ao homem
que passa à distância do corcel
e cândido sela o pacto
sem saber que naufraga na página virgem
no vértice da linha, no nada
cruel da rosa extenuada
                                      onde
nem estou eu nem está o homem.

 



TEXTOS EN ESPAÑOL   Y   PORTUGUÊS

 

COYOTE – REVISTA DE LITERATURA E ARTE. No. 21.   Curitiba, PR: KAN EDITORA,  2010.  Editores: Ademir Assunção, Marcos Lesnak, Editores: Ademir Assunção,  Marcos Lesnak, Rodrigo Garcia Lopes. Editores: Ademir Assunção, Marcos Lesnak, Rodrigo Garcia Lopes.  Rodrigo Garcia Lopes.       Ex. biblioteca de Antonio Miranda

 

Poemas escritos entre os anos 1970 e 2001, do livro Poesía Completa (1970-2000, editado por Túa Blesa e pela editoraVisor Libros.

                   TRADUÇÃO EM PORTUGUÊS, por VINICIUS LIMA

 

Leopoldo María Panero se aproxima desta pléiade de trovadores que
há tempos assombram o universo literário com  suas vozes escatoló-
gicas e  revolucionárias, subvertendo  todas  as normas de  decoro e
bom gosto — e revelando as sombras e tabus de uma sociedade do-
ente. Panero optou pela longa travessia  pelos “bosque da loucura”,
escolha que custou um alto preço: o cárcere e a incompreensão.
           Anarquista, pederasta, satanista, bêbado, vagabundo e louco.
Muitos são os adjetivos empregados para definir o poeta espanhol.
De uma forma ou de outra, todos os seus escritos são auto-biográ-
ficos.”         

 

       PRESENTE DE UN HOMBRE

     
Esta tarde, a las 7
       brillará ,o cadáver
       de una luz más
       pura: y una mano
       lo tocará desde el poemas.
       Al rito de morir se le llama la vida
       y Dios se esconde entre mis muslos
       y mis padres piden perdón por haberme entregado
       desnudo a los hombres en la oscura llanura.


      
PRESENTE DE UM HOMEM

       Esta tarde, às 7,
       brilhará meu cadáver
       de uma luz mais pura: e uma mão


       o tocará do poema.
       Ao rito de morrer chama-se vida
       e Deus se esconde entre minhas coxas
       e meus pais pedem perdão por terem me entregue
       nu aos homens na escura planície.
 

      
      
DYONISOS

      
Lambda era el grito en las paredes
        y el gallo que no habla gritaba en la basura
        escupido en la frente por alguien sin cabeza
        mientras un niño, el más oscuro
        y cruel y secreto de los niños
        susurraba en silencio el nombre del diablo.

        DYONISOS

      
Lambda era o grito nas paredes
        e o galo que não fala gritava no lixo
        cuspido na fronte por alguém sem cabeça
        enquanto um menino, o mais obscuro
                     e cruel e secretos dos meninos
        sussurrava em silêncio o nome do diabo.


        
POBRECITO

         He aquí las ratas que molestan a las ratas
         en el inmenso albañal que se llama vida.
         Salir de la cloaca es sólo un artifício
         es nuestro destino vivir entre las ratas.

             
      
  POBREZINHO

       
Eis aqui os ratos que incomodam os ratos
         no imenso esgoto que se chama vida.
         Sair do bueiro é só um artifício
         é nosso destino viver entre os ratos.
          

          EL RAPTO DE LINDBERG

        
Al amanecer los niños montaron
          en sus triciclos, y nunca regresaron.

                
          
O RAPTO DE LINDBERG

         
Ao amanhecer os meninos montaram
             em seus triciclos, e jamais regressaram.
            
            
*** 

             Tengo un pez atado al estómago
            que se retuerce, buscando la sed
            en los pantanos de la memoria
            donde una serpiente dice ser Yo
            en sus nudos, en sus trayectos
            confusos por el mar de la pesadilla
            donde una serpiente dice Yo
            para asombro del sol y de los ángeles
            del poema que son quienes únicamente
            saben de mí y de la Serpiente.         
        


             
Tenho um peixe atado ao estômago
             que se retorce, procurando a sede
             nos pântanos da memória
             onde uma serpente diz ser Eu
             nos pântanos da memória
             em seus nós, em seus trajetos
             confusos pelo mar do pesadelo
             onde uma serpente diz Eu
             para assombro do sol e dos anjos
             do poema que são os únicos que
             sabem de mim e da Serpente.
 

             ****

             El silencio no es el fin,
             es el comienzo.
             Todo empieza allá donde nadie habla
              y un leopardo cae de mi boca
              y una serpiente detiene su caída:
              el silencio no es el fin:
              es el amanecer de color, y de las bestias.


                 O silencio não é o fim:
                 é o começo.
                 Tudo começa lá onde ninguém fala
                 e um leopardo cai de minha boca
                 e uma serpente detém sua queda:
                 o silêncio não é o fim:
                 é o amanhecer da cor e das bestas.

              

                  PRIMER POEMA DE LA VIEJA

                
La vieja a la sombra susurra
                   “no tengo dientes, sou velha”
                   la vieja en el aire susurra
                   “mi rostro tiene el esplendor de la pesadilla”.
                   Y el aire tiene miedo de ella.
                   Y el poeta dice a la vieja
                   “mañana quemarán tus dientes
                   y orinaré sobre tu sepulcro
                   verás que es blanca mi orina
                   como el rostro de los muertos”.

 

                  
                  
PRIMEIRO POEMA DA VELHA

                   
A velha sussurra à sombra
                    “não tenho dentes, sou velha”
                    a velha no ar sussurra “meu rosto tem o
                    esplendor do pesadelo”.
                    E o ar tem medo dela.
                    E o poeta diz à velha
                    “amanhã queimarão seus dentes
                    e urinarei sobre seu sepulcro
                    verá que é branca minha urina
                    como o rosto dos mortos”.

 

 

 

 

 

Leia mais poemas de Leopoldo María Panero>>>

 

Página publicada em novembro de 2009; ampliada e republicada em janeiro de 2018.


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