Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 



SOUSÂNDRADE

(1833 - 1902)

Joaquim de Sousa Andrade, nascido na vila de Guimarães, no Maranhão, formou-se em Letras pela Sorbonne, em Paris, onde fez também o curso de engenharia de minas. Republicano convicto e militante, transfere-se, em 1870, para os Estados Unidos. Morando em Nova Iorque, funda o periódico republicano "O Novo Mundo", publicado em português. Retornando ao Maranhão, comemora com entusiasmo a Proclamação de República. Dedica-se ao ensino de Língua Grega no Liceu Maranhense e passa, no final da vida, por enormes dificuldades financeiras.

 

 Morre em São Luís, abandonado, na miséria e considerado louco. Sua obra foi esquecida durante décadas. Resgatada no início da década de 1960, pelos poetas Augusto e Haroldo de Campos, revelou-se uma das mais originais e instigantes de todo o nosso Romantismo. Em Nova Iorque, publica sua maior obra, o poema longo O Guesa Errante (1874/77), em que utiliza recursos expressivos, como a criação de neologismos e de metáforas vertiginosas, que só foram valorizados muito depois de sua morte. Em 1877, escreveu: "Ouvi dizer já por duas vezes que o Guesa Errante será lido 50 anos depois; entristeci - decepção de quem escreve 50 anos antes".

Fonte: http://www.revista.agulha.nom.br/soua.html#bio

 

TEXTO EN  ESPAÑOL

 

TEXT IN ENGLISH

 

SOUSÂNDRADE

A ORIGINALIDADE DO POETA

 

AUGUSTO   &  HAROLDO DE CAMPOS

 

 

Surpreendentemente, o poeta alia seu arrojo estético a uma atilada perspectiva social. Poeta participante, pregou a República e, desde seu primeiro livro, as Harpas Selvagens (1857), insurgiu-se contra a escravatura, tomando assim posição frente aos grandes 'temas sociais do Brasil na época. Mas não circunscreveu aos problemas internos seu alistamento. Lançou-se a uma problemática internacional, à luta anti-colonialista, buscando uma consciencialização da americanidade em termos continentais e denunciando premonitòriamente as contradições do capitalismo. Que poeta de seu tempo soube traçar a visão dantesca da Bolsa de Nova York — epicentro do mundo capitalista — corno um círculo infernal.  Pode-se dizer que Souzândrade conseguiu encontrar o equilíbrio entre conteúdo revolucionário e forma revolucionária, realizando em sua época o ideal que Maiacóvski preconizaria, em nossos dias, uma poesia simultaneamente engajada e de vanguarda : "sem forma revolucionária não há arte revolucionária".

 

Sousândrade víveu efetivamente, pois viveu com a informação adequada, no sentido da colocação fundamental de Norbert Wiener. Que isto possa ter acontecido no Brasil, numa literatura incipiente e dependente, há mais de um século, é algo que se propõe às conjecturas : produto de uma intuição prodigiosa, ou informada pela própria experiência variada e múltipla do poeta, ou mais certamente uma

confluência de ambas, sua obra aí está. A literatura brasileira poucos poetas possuiu na sua história capazes de uma criação original. Não se compreende portanto e justamente em nossa literatura, a marginalidade de um poeta como

Sousândrade. Mas isto ocorreu. Está ocorrendo, ultrapassando mesmo as previsões mais pessimistas do poeta, que dava 50 anos de prazo à inteligência de seus leitores para compreensão de sua obra. Um escândalo de insensibilidade que se perpetua por mais de um século.  

 

Publicado originalmente na Revista do Livro, Ano VI, n. 25, março 1964, Rio de Janeiro, p. 75


Republicado na  edição SOUSÂNDRADE - MEMORANDUM. São Luis, MA: Departamento de Cultura do Estado, 1966. 59 p.  ilus. p&b 
[Edição fora de mercado, esgotada, na col. A.M. e que inclui a biobibliografia do e sobre o autor, e fortuna crítica, além de uma antologia de poemas do Autor. Obra pioneira no processo de reconhecimento da obra do poeta maranhense. ]    

 

 

Ver também:  O ENIGMATICO SOUSANDRADE OU O ENIGMA DE SUA DECIFRAÇAO – por LUIZA LOBO - ENSAIOS

 

 

 

Veja também: EM TORNO DE SOUSANDRADE – por ALEXEI BUENO - ENSAIOS

 

 

 

 

TEXTO EM PORTUGUÊS  / TEXTO EN ESPAÑOL

 

 

     

SAUDADES NO PORVIR

 

Eu vou com a noite

Pálida e fria

Na penedia

Me debruçar :

O promontório

De negro dorso,

Qual nau de corso

Se alonga ao mar.

 

Dormem as horas,

A flor somente

Respira e sente

Na solidão;

A flor das rochas,

Franzina e leve,

Ao sopro breve

Da viração.

 

Cantando o nauta

Desdobra as velas

Argênteas, belas

Azas do mar;

Branqueia a proa

Partindo as vagas,

Que n' outras plagas

Se vão quebrar.

 

Eu ponho os olhos

No firmamento:

Que isolamento,

Oh, minha irmã !

Apenas o astro

Que a luz duvida,

Promete a vida

Para amanhã.

 

Naquela nuvem

Te vejo morta ;

Meu peito corta

Cruel sentir ï

Da lua o túmulo

Na onda ondula,

E o mar modula

Como um porvir..

 

 

         De  "Impressos" p.  126, 127, 128

 


 

De
Frederick H. Williams & Jomar Moraes
POESIA E PROSA DE SOUSÂNDRADE
São Luis: Edições AML, 2003.
 536 p ilus. col.
formato 32 cm x 22 cm
Inclui toda a obra de Sousândarade: O Gueas e O Guesa, o Zac. Novo Éden.
 Harpa de Ouro e Liras Perdidas (fac-símiles  dos manuscritos e textos apurados).
Trabalhos em Prosa. Documentos e Assuntos Diversos. Projeto da Primeira
Constituição do Estado do Maranhão.

 

Textos selecionados de LIRAS PERDIDAS. 2ª. Edição  revista e acrescida de notas

 



FLORES LUXEMBURGUESAS

1       Não é, não e alegria,
         Nem é tristeza sombria
         Que sinto me atravessar.
         Grato, grato sentimento
         De um passado encantamento —
         Por toda parte a lembrar!

2.      Eram as roxas florestas,
         As sagradas sombras mestas
         Nossos berços da soidão:
         Se deles tendes as flores, —
         A saudade dos amores
         Em vós reconheço estão.

         (Paris, 1855)

[Conservamos o texto exatamente como aparece na sempre edição]


RECORDAÇÕES

1       Astros gentis da bela mocidade,
         Vésper meiga, crescente feiticeiro,
         Que lembranças trazeis e que saudade
         Dos tempos da concórdia e o ver oiteiro!

2.      Vos adorei dos campos e à cheirosa
         Brisa que das estrelas recendia,
         Voa adorei à luz de santa-rosa
        
Quando aos nove anos Beatriz sorria:

3.      Mas, para volver às doces eras,
         Do coração aos cândidos martírios,
         Se onde eternal renascem primaveras
         Não finda amor porque não findam lírios?

4.      Depois, que importa essa ilusão fagueira
         Dos mentirosos céus, quando o tormento,
         Quando a dor d´alma, a sempre-verdadeira
         Aí fica? — astros gentis do firmamento,

 5.     Que importa, se das flores que se amaram,
         Que redolentes foram, novas flores
         Cada dia o bom Deus manda aos amores,
         Porque  s´esqueçam tristes que murcharam!


SEMPRE BEATRIZ

1.      Quando nos teus nove anos
         Brincavas na existência,
         Os anjos do teu rosto
         Rindo-se de prazer;
         Que eram as manhãs puras
         E os hinos d´inocência
         Cantavam róseos mundos<
         Terras a florescer —
         Foste desta alma a palma,
         O onipotente ser!

2.      Quando, musa d´infância,
         Dos puros céus os astros
         Teus olhos silenciosos
         Olhavam-me a amar;
         Que havias a fragrância
         Das cândidas bonina,
         Da alva todos rumes
         E toda a luz do lar —
         Foste a bonança-esp´rança
         E a glória a s´elevar!

 

 

MINHA IRMÃ

1.      Eu anoiteço; qual as flores morrem,
         Meus dias correm para o fim da vida;
         Sinto no peito o coração tão frio,
         Em pleno estio, minha irmã querida!

2.      Porém, que vale? de ouro amor espero,
         Melhor, sincero as c´oroas de saudade,
         De ardente pranto, quando os olhos chorem
         Dos que me forem visitar à tarde:

3.      Eu sei que irás; e pela mão levando,
         Deus! e brincando co´a filhinha-amor!
         Dize-lhe: seja a filial ternura,
         Alama e candura, em que descanse a dor!

         (Vitória Nova, 1868)

 

 

Click na imagem para ampliar.

Reprodução de uma das páginas dos muitos manuscritos da edição que recopila toda a obra do grande autor maranhense, à página 379.


Pintura do acadêmico José Jansen (190e-1991), intitulada
A Casa do Poeta, retrata a Quinta Vit´roa (São Luis,
bairro dos Remédios, às márgens do rio Anil), onde residia
Sousândrade. óleo sobre tele. Acervo da
Academia Maranhense de Letras.


Do Canto Décimo Primeiro (do GUESA)

 

1878

 

Quando as estrelas, cintilada a esfera,

Da luz radial rabiscam todo o oceano

Que uma brisa gentil de primavera,

Qual alva duna os alvejantes panos,

Cândida assopra, — da hora adamantina

Velando, nauta do convés, o Guesa

Amava a solidão, doce bonina

Que abre e às douradas alvoradas reza.

Ora, no mar Pacífico ,renascem

Os sentimentos, qual depois de um sonho

Os olhos de um menino se comprazem

Grande-abertos aos céus de luz risonhos.

 

* * *

 

Vasta amplidão -imensidade- iludem,

Côncavos céus, profunda redondeza

Do mar em luz - quão amplos se confundem

Na paz das águas e da natureza!

Nem uma vaga, nem florão d'espuma,

Ou vela ou íris à grandiosa calma,

Onde eu navego (reino-amor de Numa)

Qual navegava dentro da minha alma!

Eis-me nos horizontes luminosos!

Eu vejo, qual eu via, os mudos Andes,

Terríveis infinitos tempestuosos,

Nuvens flutuando —os espetac'los grandes—

Eia, imaginação divina! abraso

Do pensamento eterno —ei-lo magnífico

Aos Andes, que ondam alto ao Chimborazo,

Aos raios d'Inti, à voz do mar Pacífico!

 

* * *

 

 

E andam montanhas, trovoar de crebros

Montes, abarrancando o ândeo destroço,

Desde o azul mar ao céu azul —vértebros

Sobrepostos do mundo e mundo dorso-

Cordilheira eternal! eternos, grandes

Altares! —alva transparente névoa!

Há no assombroso pélago dos Andes

Iris estranho; e um qual-poder, sem trégua

Avultando no espaço —as aniladas

Diáfanas solidões do nimbo andino,

Onde sua alma habitará, sagradas

Formas do Éter!

E sempre a algente, fino

Cortinado suspenso aos duros montes;

E o vago, a fumarento, a profundeza

Dos que são-Ihes os próprios horizontes;

E imensos dias sempre olhando o Guesa.

 

* * *

 

Assim navegou ele o mar Pacífico:

Aprendendo o silêncio, da montanha;

Das águas, esta calma; e que em véu místico

Meio oculta-se a glória ândea, tamanha!

Modéstia dos rochedos: sós a imitam

Os fortes de virtude e divindade,

Que, resplendores se lhe à fronte agitam,

Guardam no peito a dor e a virgindade.

 

* * *

 

O homem forte: adorou silencioso,

Cerrados olhos qual quem ´stá no templo

Interno, eterno; e forte e tão piedoso

e si mesmo, e a si mesmo sendo exemplo:

Sentiu-se, Inti existindo, estando em Deus.

Sentiu ser em Deus-Alma necessária

Sua existência, nuvem que precária

Era animada à limpidez dos céus,

Ao Coração - que ele ora contemplava

Com a ciência, que vê mais claramente,

Mais sonda o abismo seu, mais luz achava.

Era na infância um homem-deus vidente.

 

* * *

 

Na deusa dos mortais não creu, na esp'rança;

Creu fé, na gratidão que não esquece,

Porque é a saudade, é a lembrança

E o divo amor, que o outro é d'interesse.

Entanto, é da esperança um sentimento

De justiça futura, que o encanta;

Mas, antes que a visão do julgamento,

Creu fé, e houve resignação, a santa.

Meditando, sentia terra o cérebro

Onde a idéia, qual arvor', se lhe enfinca::

E recém-nado, do terreno verbo

Sentiu-se em Deus e ergueu a fronte d'lnca!

 

* * *

 

Nevosa-nédia espuma, o lago-oriente,

Brilhava em Titicaca o albor do dia.

Ele partiu pr'a o oeste. O Sol ponente,

Bem quando da coroa desprendia

Grandes, qual gloriosos pensamentos,

Relâmpagos nos céus cerúleos ermos,

Ali Manco, à jornada pondo termos,

Lançou da capital os fundamentos.

E os sonhos todos, todos se cumpriram —

Cumprem-se todos, todos! — do passado,

Vê-se o porvir; os astros que sorriam

Em nós, depois os vemos, encantados!

 

* * *

 

E é do Guesa a existência do futuro;

Viver nas terras do porvir, ao Guesa

Compraz, se alimentar de pão venturo,

Crenças do Além, no amor da Natureza:

Fecundas terras, onde lhe chovia

Eterno pensamento, irradioso,

Cristalino, a que ao Sol ideal o dia

Ortivo incásio abriu, doce e formoso!

 

* * *

 

´Stava ele olhando a vesperal centelha

Áurea e tão jovem se apagar no ocaso:

E de Chasca o arrancar-se a trança bela

Ou d'olhos destruidora a luz, acaso?

 

 

"E cintilou nos céus, com a saudade

E o namorado adeus, oh! quão formoso

Da açucena do campo aberta à tarde,

Da noite ao modo, ao lar misterioso

"Branda, amorosa, os olhos co'os instantes

De morte que debate-se por vida –

Ó Kusi-Kkóillur! brilhos estelantes,

Alegria, que fazes tão querida

"A terra, por ti só! tanta é, tão forte

Meiga a doçura com que a ela inclinas

A face de antenoites matutinas—

Princesa e nhusta do Inca, onde o consorte?

De Olhantai nos rochedos, invisível

Na fortaleza sua, alto, fragueiro,

Revolto, ou contra o rei s'ergue terrível

Ou geme o doce amor. Teve-a o guerreiro

Quando lnti-Súiu, na comarca oriente

Alva a luz de cegar, as alvoradas

Anunciando o Sol; vozes candentes

De túnqui a ouvir, do sangue consagradas.

—Fúlgur o manto, astral a mascapaicha,

Insígnia régia e resplendor da fronte,

Glorioso Tupac-Iupânqui baixa

Do áureo andor. Já saúda ao Sol desponte;

Já prosternado o ameno e grande povo,

Tomada a bênção paternal, eis logo

Toma do arado de ouro e em campo novo

(Lede-lhe as festas na moral do prólogo)

Vai o Inca lavrando. Rompem de hinos,

Os salmos d'huacáilhi e o que memora

Belicosas ações, e os tão divinos

Coros das virgens ao rubor da aurora.

—Aclararam-se, tronos de ouro, os Andes!

Já dentre raios de rubis em chama,

lnti-Deus assentou-se, e a eternas,

grandes Mãos, as bênçãos de amor dos céus

derrama!

Ele, o amado e senhor da terra, a veste

De primores e a cobre irradiando,

Muda em topázio o páramo celeste

E vai no firmamento atravessando.

 

* * *

 

Assim de Manco-Cápac, ao levante

'Stando o dia, formoso amanhecera:

Como espontânea a humanidade amante

Floriu, da lei moral, glórias na terra!

E é doce o império do Inca, da doçura

Que faz amar-se e mais querer divina

A realeza naqueles, porventura,

Que a fazem real, a um deus, tão só,

condigna.

No berço vês da in-hiema natureza,

Dentre Andes e o Pacífico oceano,

Erguer-se a humana planta, na pureza,

Da terra, ao Sol; do Sol, ao Todo-Arcano:

Da terra ao Sol, os Andes apontavam;

Do amor as leis, as Plêiades ditavam;

E o deserto assombroso de Atacama,

Ao Deus-Desconhecido — Pachacâmac!

 

* * *

 

Jejuava Ataualpa, silencioso,

De sua vasta corte rodeado,

         Marmóreo, calmo, andino, grandioso!

         Nem olha os cavaleiros que hão chegado,

Que, gineteando, a tímidos pavoram!

—Em taças de ouro servem régia chicha

         Belas de negros olhos, buenadichas

         Do Inca.— Profanos, só de as ver, descoram.

Vasto o horizonte, a noite cintilavam

         Índios fogos, 'como astros'; e de dia

         As tendas, como mares, alvejavam;

         E um só audaz, que um basta, não tremia.

 

                  * * *

 

Do ibério chefe e o imperador andeano

         Amigas saudações, ricos presentes

         Foram trocados. Já o soberano

         Vem dos Andes descendo, aos ocidentes

Glório descer do abismo! Inti e seu filho,

         Viu-se na mesma estrada jornadeando,

         No último dia: e povo e deus, tal brilho

         Na terra, antes ninguém vira ostentando!

Raio seu, para o ocaso o seu império

         Glorioso o Sol levava entre esplendores:

         'Cadáver de ouro', que o etereal mistério

         Deixou destes crespúsculos-albores.

 

                  * * *  

 

Luzem os pavilhões d'íris de Quito:

         Dentre o exército e o Sol no firmamento,

         Vem solene Ataualpa, os olhos fitos,

         Qual setas, no espanhol acampamento.

Nada ele teme dentre seus guerreiros

         Veteranos, que o seguem, que o rodeiam;

         E dos céus sendo enviados estrangeiros

         Que no hóspede benvindo todos creiam!

Dupla amostra, de paz e de grandeza,

         Quer ele honrar o encontro que aliança

         Firma co'o branco, que há para defesa

         Raios, trovões, corcéis, espada e lança.

O hailhi triunfal canta a vanguarda,

         Querido ao povo, e que ressoa 'inferno'

         Ao pérfido que espreita-lhe a chegada

         E projeto infernal resolve interno.

O Inca vem pernoital' em (axamarca

         Entre amigos, na Casa-da-serpente

         (Fascinação eterna!) — ai do monarca!

         —Chegou. A praça entrou.- Oh! o imprudente

Bem via-se confiar em tanto raio

         Que as esmeraldas suas rutilavam!

         O sol, ao pôr-do-sol, (triste soslaio!)

         No áureo andor, que os mais nobres

         carregavam!

—Olha ao redor: se estão em seu domínio—

          'Onde estão'?

                            Religioso eis o vigário

         Vem caminhando. Atroz, encara o Andino.

         Fala em Cristo e apresenta o breviário ...

Nuvem que zomba dos destinos do astro!

         lnti, deixando o ocaso, o abandonou.

         De Natura o gemer fundo e desastro,

         Todo Tauantinsúiu penetrou.

 

                        * * *

 

Dos Andes sobre o trono de ouro calmas

         Vejo as sombras dos Incas, êneo o aspecto:

         Manco-Cápac o gênio-deus, co'as palmas

         Benfeitoras do Sol, que são-lhe o cetro.

Sinchi-Roca, depois, o que zeloso

         Firma as leis e em províncias esquartela

         Tauantinsúiu. O canho glorioso

         Lhoque-Iupânqui, é a terceira estrela.

Depois, é Maita-Cápac o benigno

         Vencedor, que perdoa, que socorre,

         O Apurímac vence e é já divino

         Que, praticando a caridade, morre.

O filho, honra do pai, o continua

         Capac-Iupânqui. E Inca-Roca a este

         Honra e abrilhanta a longa vida sua

         Co'as reformas. Do reino tão celeste,

Não digno é Iauar-Huácac indolente.

         Porém, quão digno o filho, esse fragueiro

         Huiracocha, pastor, herói, vidente,

         Que a conquista prediz pelo estrangeiro.

Titu-Manco-Pachacutec a essa hora

         Há a mais vasta coroa e é qual um deus

         Reversor do universo. Iupânqui o honra,

         Ainda a mais glória conduzindo os seus.

Honra-o, continuador, Tupac-Iupânqui.

         Qual o Primeiro é o último, Huaina eterno.

         —E Huáscar e Ataualpa e o jovem Manco,

         Que não honraram o coração paterno—

Por quê? Como predisse-o Huiracocha;

         E Huaina-Cápac o sentia, vendo

         Já do Desconhecido a grande tocha,

         Mas, outro o modo de acendê-la crendo.

 

                            * * *

 

Oh, debalde os filósofos meditam

         Na infância altiva de um país tão belo,

         Se os apóstolos bons, que o Deus imitam,

         Viessem - o amor viesse do Evangelho!

Tinha vindo Moisés, que Manco o fora,

         Faltando vir Jesus; veio Castela

         Em nome dele: e desta vez agora,

         Quem é a Vida, foi a morte. A estrela

Do Sol, —o amor e a luz da natureza, —

         E a inocência comendo em pratos de ouro

         ­Quanta miséria! O coração de um Guesa

         Encarnação de todos os tesouros,

De alegria, pureza, adolescência, —

         Era a of'renda dos céus! meiga virtude

         Do sacrifício de candor, e ciência

 

         De religião que ensina mansuetude!

         —Sacro fogo dos templos, apagaram;

         Sacras virgens do Sol, prostituíram;

         Aos santos sacerdotes, dispersaram

         Nas serras - deles a seus cães nutriram.

 

(De O Guesa)

 

 

Extraído de POESÍA BRASILEÑA COLONIAL. Traducción y prólogo de Ricardo Silva-Santisteban. Lima: Centro de Estudios Brasileños, 1985.  117 p. (Tierra Brasileña. Poesía 20

 

 

SOUSÂNDRADE, Joaquim de.  O Guesa.  São Paulo, SP: Selo Demônio Negro,  2009.  378 p.  16x23 cm. “Edição especial (...) formada pelos editores Eva Batlikova, Antonio Vicente Seraphim Pietroforte, Ivan Antunes, José Roberto Barreto e Vanderley Mendonça (design”; Luis Rosalvo Costa (...)” Tiragem: 150 exs. em papel Chamois Fine 80 gramas, numerados, capa dura impressa em tipografia sobre tecido alemão, montagem artesanal. Exemplar n. 142 na bibl. Antonio Miranda.  ( Joaquim de Sousa Andrade ) 

 

TEXTO EN ESPAÑOL

Traducción de Javier Sologruen


DeI Canto Décimo Primero

 

1878

 

Ya irradiada la esfera, las estrellas

El mar con luz radial garabatean

Que una brisa gentil de primavera,

Cual blanca duna los albeantes panos,

Cándida sopla, de hora adamantina

Velando, nauta de cubierta, el Guesa

La soledad amaba, margarita

Que se abre y reza a rubias alboradas.

Ora, en el mar Pacífico renacen

Los sentimientos tal después de un sueño

Los ojos infantiles se complacen

Dilatados en los cielos risueños.

 

* * *

 

Vasta amplitud -inmensidad- engañan,

Cóncavos cielos, redondez profunda

Del mar en luz —¡cuán amplios se confunden

En la paz de las aguas y natural

¡Ola ninguna ni florón de espuma,

O vela o iris de grandiosa calma,

Donde navego (reino-amor de Numa)

Cual navegaba yo dentro de mi alma!

iVedme en los horizontes luminosos!

Veo, tal como vi, los mudos Andes,

Terribles infinitos tempestuosos,

Nubes flotando —magnos espectáculos—

!Ea, divinal fantasía! incendio

Del pensamiento eterno —¡helo magnífico

AI Ande que alto ondea al Chimborazo,

A rayos de Inti, y voz del mar Pacífico!

 

* * *

 

Montes serpean, tronar de seguidos

Montes abarrancando escombro andino

Desde el azul mar al cielo azul —vértebras

Sobrepuestas del mundo y mundo dorso—

¡Cordillera eternal! ¡Eternos, grandes

Altares! ¡blanca niebla transparente!

Hay en andino piélago asombroso

Extraño iris, y un cual poder, sin tregua

Creciendo en el espacio, —azuladas

Diáfanas soledades de halo andino,

Donde morará su alma, ¡sacras formas

del éter!

y la algente y siempre y fina

Cortina a duros montes suspendida;

Y lo vago, lo humeante, lo profundo

De los que les son propios horizontes;

Siempre mirando al Guesa inmensos días.

 

* * *

 

Así fue navegando el mar Pacífico:

Aprendiendo el silencio de los montes;

La calma de las aguas, y que en místico

Velo, se oculta a medias gloria andina!

Modestia de las rocas: solo imítanla

Los de divinidad y virtud fuertes,

Que si resplendores a su frente agitan,

Virginidad, dolor guardan en pecho.

 

* * *

 

EI hombre fuerte: adoró silencioso,

Ojos cerrados cual se está en el templo,

Interno, eterno, fuerte y tan piadoso

Es de sí mismo, y a sí mismo es ejemplo;

Se sintió, Inti existiendo, estando en Dios.

Sintió ser en Dios-Alma necesaria

Su existencia, nube que, contingente,

A los límpidos cielos fue exaltada,

Al Corazón que ahora él contemplaba

Con la ciencia que ve más claramente.

Sondea más su abismo, más luz halla.

Era en la infancia un hombre-dios vidente.

 

* * *

 

No creyó en la esperanza, diosa humana;

Mas sí en la fe y gratitud que no olvida,

Porque es la añoranza y son las memorias,

Y el divino amor, no el interesado.

De esperanza es, en tanto, un sentimiento

De justicia futura. que lo encanta;

Empero antes de la visión del juicio,

Tuvo fe, y resignación, la santa.

Pensando, tierra sentía e1 cerebro

Donde la idea, cual árbol, se clava:

¡Recién nacido, del terreno verbo

Sintióse en Dios e irguió la frente de Inca!

 

* * *

 

Nevosa-lucia espuma, el lago oriente,

Sobre el Titicaca el alba brillaba.

Partió para el Oeste. EI Sol poniente,

Cuando de la corona desprendía

Grandes, como gloriosos pensamientos,

Lampos en los cerúleos cielos yermos,

Manco allí dando fin a las jornadas,

De la ciudad echó los fundamentos.

Todos, todos los sueños se cumplieron—

¡Se cumplen todos, todos! —del pasado,

El porvenir se ve; astros sonrientes

En nosotros, los vemos, encantados!

 

* * *

 

Del Guesa es la existencia del futuro;

Vivir en tierras par venir complace

AL Guesa consumir pan venidero,

Creencias de Allende, en amor de Natura:

Fecundas tierras donde le llovía

Eternal, irradiante pensamiento

Cristalino aL que el Sol ideal el día

Naciente incásica abrió, suave, hermoso!

 

* * *

 

Viendo estaba la vesperal centella

Aurea y tan joven llegar a su ocaso:

¿Es del Chanca arrancarse trenza hermosa

O de la luz del ojo extinguidora?

 

* * *

 

"Y en los cielos lució, con la nostalgia

Y enamorado adiós, ¡oh! cuán hermoso

Del lirio del campo en la tarde abierto,

Igual que la noche, al misterioso hogar

"Blanda, amorosa, y ojos con instantes

De muerte debatiéndose por vida—

¡Oh Cusi Coyllur! brillos estelares,

Alegría que tornas tan querida

"La tierra por ti solo! es tanta y fuerte,

Tierno el dulzor con que en ella inclinas

EI rostro de antenoches matutinas—

Del Inca princesa, ñusta, ¿Y el consorte?

De Ollantay en las rocas, invisible,

En su fortaleza, alto él y fragoso,

Rebelde contra el rey, terrible se alza

O gime el dulce amor. Fue del guerrero,

Cuando Intisuyo, comarca de oriente

Alba luz de cegar, las alboradas

Que al Sol anuncian y candentes voces

De tunqui'* se oyen, de sangre consagradas.

Astral la mascapaicha, el manto fúlgido,

Regia insignia y resplandor de la frente,

Túpac Yupanqui desciende glorioso

De áureas andas. Saluda al Sol naciente;

Prosternado ya el grande pueblo ameno,

Recibida la bendición paterna

Coge el arado de oro, en campo nuevo

(Ved fiestas en la moral del prólogo)

Va el Inca labrando. Prorrumpen himnos

Los salmos de huacaylli y el que recuerda

Belicosas acciones y divinos

Virgíneos coros al rubor del alba.

¡Se encendieron, tronos de oro, los Andes!

Ya entre rayos de rubíes en llama,

Inti-Dios asentóse, eternas manos

Del cielo bendición de amor derrama!

El, el amado, el señor de la tierra.

De primores la viste, irradia en ella,

Torna en topacio el páramo celeste

Y por el firmamento va cruzando.

 

*Tunqui, hermoso pájaro selvático.

 

 

* * *

 

 

Así de Manco Cápac, al levante

         Estando el día, amaneció hermoso:

         ¡Como espontánea humanidad amante

         Floreció, ley moral, glorias terrestres!

EI Imperio deI Inca es de dulzura

         Que se hace amar y más querer divina

         La realeza en aquéllos, por ventura,

         Que la hacen real, a un dios solo condigna.

Ves en la cuna de invernal natura,

         Entre el Ande y el Pacífico piélago,

         Erguirse humana planta, en la pureza,

         De tierra al sol; del Sol al Todo-Arcano:

De tierra al Sol, los Andes apuntaban;

         El amor a la ley, Pléyade inspira;

         ¡Y el desierto asombroso de Atacama,

         Al Dios-Desconocido —Pachacámac!

 

                            * * *

 

Ayunaba Atahualpa, silencioso,

         Rodeado estaba por su vasta corte,

         ¡Marmóreo, calmo, andino, portentoso!

         ¡Sin ver los caballeros que acudían,

         Jinetes que a los tímidos asustan!

         En copas de oro sirven regia chicha

         Bellas de negros ojos, talismanes

         Del Inca al verlas, profanos se alteran.

Vasto horizonte, de noche chispean

         Indios fuegos, "como astros", y de día

         Las tiendas como mares albeaban.

         Y un solo audaz, basta uno, no temblaba.

 

                            * * *

 

Del ibérico jefe y el inca andino

         Amistosos saludos, ricas dádivas

         Fueron cambiados. Viene el soberano      

         De los Andes bajando, al Occidente—

¡Gloria de abisal descenso! De viaje, Inti

         En la misma ruta va con su hijo,

         En postrer día, pueblo y dios, tal brillo

         En la tierra, nadie antes, vio ostentado!

Rayo suyo, al ocaso su glorioso

         Imperio el Sol portaba entre esplendores:

         "Cadáver de oro", que el eterno enigma

         Dejó de estos crepúsculos-albores.

 

                            * * *

 

De iris de Quito lucen pabellones;

         Entre el ejército y el sol en la bóveda,

         Grave avanza Atahualpa, cual saetas

         En hispano campamento, ojos fijos.

No teme nada él entre sus guerreros

         Veteranos tras él y rodeándolo;

         Siendo nuncios foráneos de los cielos­—

         Pues en el bienvenido huésped creen!

Doble muestra de paz y de grandeza,

         Honrar quiere el encuentro y una alianza

         Suscribe con el blanco, a quien defienden

         Rayos, truenos, corceles, lanza, espada.

El hailli triunfal canta la vanguardia,

         Que el pueblo quiere y que resuena "infierno"

 

         Al pérfido que acecha su llegada

         Y el proyecto infernal resuelve interno.

Va el Inca a pernoctar en Cajamarca,

         Entre amigos, en Casa-de-la-Sierpe

         (¡Fascinación eterna!) -¡ay del monarca!

         —Llegó. A la plaza entró. ¡Oh! el imprudente

¡Bien se vio que confiaba en tanto rayo

         Que de sus esmeraldas relucían!

         En su poniente el Sol (¡triste soslayo!)

         En anda que los más nobles portaban!

Mira en torno: si están en su dominio—

       — "?Dónde están?"

                            Religioso aquí el vicario

         Viene andando. Atroz encara el Andino.

         Habla en Cristo y preséntale el breviario ...

¡De destinos del astro nube búrlase!

         Inti lo abandonó, en el ocaso.

         De Natura el gemir hondo, cuitado

         Todo el Tahuantinsuyo penetró.

 

                            * * *

 

Sobre los tronos de oro andino calmas

         De Incas veo sombras, visas broncíneos:

         Manco Cápac, genio-dios, con las palmas

         Del Sol benefactoras, que son cetro.

Sinchi Roca, después, el que celoso

         Firma leyes, y en provincias cuartela

         Tahuantinsuyo. Y Yoque Yupanqui,

         Zurdo glorioso, es la tercera estrella.

Prosigue Mayta Cápac el benigno

         Vencedor, que perdona, que socorre,

         El Apurímac vence y es divino

         Y practicando caridades muere.

El hijo, honra del padre, continúa:

         Cápac Yupanqui. Y a éste Inca Roca

         Honra y da lustre larga vida suya

         con reformas. Del reino tan celeste

No digno es Yahuar Huácac indolente.

         Pero cuán digno el hijo, ese rudo

         Huiracocha, pastor, héroe, vidente,

         Quien foránea conquista predijera.

Tito Manco Pachacútec a esa hora,

         Semidiós, con la más vasta carona,

         Quien revierte el mundo. Yupanqui lo honra,

         A los suyos llevando aún a más gloria.

Lo honra, continuador, Túpac Yupanqui.

         Cual Primero es último, Huaina eterno.
         Y Huáscar y Atahualpa, el joven Manco,

Quienes no honraron corazón paterno—

¿Por qué? Tal lo predijo Huiracocha;

         Y Huayna Cápac lo sentía viendo

         De lo Desconocido ya gran tea

         Mas creyendo otro el modo de encenderla.

 

                            * * *

 

¡Oh, en balde los filósofos ponderan

         De ese bello país su altiva infancia.

         Si apóstoles buenos, que a Dios imitan,

         Viniesen —y así el amor evangélico!

Moisés hubo venido, que fue Manco,

         ¡Mas no ví no Jesús!; vino Castilla

         En su nombre: Y así es como ahora

         Quien es Vida, fue muerte. Luminaria.

Del Sol, -amor y luz de la natura,-

         La inocencia comiendo en platos de oro­—

         ¡Cuánta miseria! el corazón de un Guesa

         Encarnación de todos los tesoros,

De alegría, pureza, adolescencia,—

         ¡Era ofrenda del cielo! ¡virtud tierna!

         Del sacrificio, del candor, y ciencia

         De religión que enseña mansedumbre!

         —Sacro fuego de templos apagaron;

         Del Sol prostituyeron sacras vírgenes;

         A santos sacerdotes dispersaron

         Por los montes —comieron canes de ellos.

 

Extraído de POESÍA BRASILEÑA COLONIAL. Traducción y prólogo de Ricardo Silva-Santisteban. Lima: Centro de Estudios Brasileños, 1985.  117 p. (Tierra Brasileña. Poesía 20

 

 

TRADUCCIÓN DE ÁNGEL CRESPO

 

 

EL GUESA ERRANTE

 (Fragmentos)

 

 

25

 

Soy el primer amor, yo soy la esposa
Que en el desierto encuéntrase pérdida;
Del crepúsculo musa, y prometida
Patria del lirio, del Sharón la rosa.

 

   Luz de la tarde, aroma de bonina
Que atrae oliendo y córtala el amor;
Soy del oasis fuente cristalina
Que, de tan pura, fúndese en negror.

 

   Soy del viajero siesta, soy la esposa,
Yo soy la Brasileña apasionada,
Ardiente canelero, piel quemada,
El laurel cinamomo, lirio y rosa.

 

   Mis ojos son dos fuegos solitários
Y mis labios son húmedo coral;
Mis ojos, monumentos funerarios
—Morena tarde, el sol meridional.

 

   De la granada abierta son mi boca,
De aurora el gesto, el beso de delirios,
Y de albura de nata y puros lirios
Los dientes; reluciente cofia loca.

 

   Y de los lirios, de serpeantes rayos,
De las flexibles cañas cadenciosas,
Es mi cintura do morenas rosas
Van de esmalte a la luz, a los desmayos.

 

   Mis ojos de ataúd son terciopelo,
Negra agua que sombrea la palmera,
Y son dos astros del nocturno cielo
Donde salvarse... quien de amor muriera.

 

   Yo suspirando voy por la alameda,
Yo soy la siesta y soy la voz que pasa.
Como paloma gimo—soy de raza
De esclavo y de señor—soy Dulaleda.

 

 

26

 

(Fragmento de El Infierno de Wall Street)

 

EL GUESA, habiendo atravesado las ANTILLAS créese libre de los JEQUES y penetra en NEW-YORK. STOCK-EXCHANGE; La Voz de los desiertos):

 

 

—Orfeo, Dante, Eneas, al infierno
Bajaron; el Inca ha de subir...
         =Ogni sp'ranza lasciate,
                   Che éntrate
—Swedenborg, ¿hay mucho porvenir?

 

(Jeques surgiendo risueños y disfrazados de Railroad-managers, Stockjobbers, Pimpbrokers, etc., etc., pre-gonando) :

 

         ¡Harlem! ¡Erie! ¡Central! ¡Pennsylvania!
= ¡Un millón! ¡cien millones! ¡¡mil millones!!

 

—¡Young es Grant! ¡Jackson,
             Atkinson!
¡Vanderbilts, Jay Goulds, enanos!
                   (La Voz mal oída entre el trueno):

 

—Fulton's Folly, Codezo's Forgery
¡Fraude es el clamor de la nación!
         No saben de odas
                   Railroads
Paralela Wall Street a la Chattám...

 

 

TEXT IN ENGLISH

 

THE OXFORD BOOK OF LATIN AMERICAN POETRY: a bilingual anthology   edited by Cecilia Vicuña and Ernesto Livon-Grosman. Agawam. MA, USA: Oxford University Press, 2009.  561 p.  16x24,5 cm. Contracapa, capa dura.  ISBN 978-0-19-512454-5
           Inclui os poetas brasileiros: Gregório de Matos, Antonio Gonçalves Dias,  Manuel Antonio Alvares de Azevedo, Sousândrade,  Antonio de Castro Alves, João da Cruz e       Sousa, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos, Pedro Kilkerry, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Raul Bopp, Cecilia Meireles, Carlos Drummond de
Andrade, Apolônio Alves dos Santos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Paulo Leminski.  Ex. bibl. Antonio Miranda.

 

 

Sousandrade (1833-1902, Brazil)

 

 

Born at his parents' estate in Maranhao, Brazil, Sousandrade (Joaquim de Sousa Andrade) studied literature at the Sorbonne and also studied mining engineering. He was ordered to leave London because of his attack on Queen Victoria in a press article. In 1857, he published his first book of poems and two chants of O guesa errante. After separating from his wife, he traveled through Central and South America, then settled in New York. The definitive version of Cuesa was published in London in 1884. He died in his native Maranhao, branded a madman and in almost complete anonymity. Though his last manuscripts were used as wrapping paper, his radical and innovative work was recovered in the 1960s by Augusto and Haroldo de Campos, who thought of it as "a clandestine earthquake." A precursor to modernity, the subject matter and style of his work is a forerunner to that of Pound's Cantos. Struggling to create a new language, for a new time, he paralleled his destiny with that of the Indians, condemned and sacrificed the contradictions of an emerging capitalism. Knowing he was ahead of his time, he wrote, "I have already heard twice that O guesa errante will be read 50 years from now; I grew sad with the disappointment of one who writes 50 years in advance." PRINCIPAL WORKS: Harpas selvagens (1857), O guesa errante (1866)

 

Excerpt from O guesa errante; The Wall Street Inferno / O inferno de Wall Street


Odile Cisneros
, trans.

 

1       (GUESA, having traver+sed the WEST INDIES,
believes himself rid

of the XEQUES and penetrates the NEW-YORK-STOCK-EXCHANGE; the VOICE, from the wilderness:)
—Orpheus, Dante, Aeneas, to hell
Descended; the Inca shall ascend
= Ogni sp'ranza lasciate,
         Che entrate . . .
—Swedenborg, does fate new worlds portend?

 

2       (Smiling Xeques appear disguised as Railroad-managers,
             Stockjobbers, Pimpbrokers, etc., etc., crying out:)
         —Harlem! Erie! Central! Pennsylvania!
         = Million! Hundred million!! Billions!! Pelf!!!
                            —Young is Grant! Jackson,
                                      Atkinson!
         Vanderbilts, Jay Goulds like elves!

3       (The Voice, poorly heard amidst the commotion:)
         —Fulton's Folly, Codezo's Forgery . . .
         Fraud cries the nation's bedlam
                  They grasp no odes

Railroads; Wall Street's parallel to Catham . . .

4                      (Brokers going on:)

—Pygmies, Brown Brothers! Bennett! Stewart! Rothschild and that Astor with red hair!! = Giants, slaves

If only nails gave Out streams of light, if they would end despair!

  1. (Norris, Attorney; Codezo, inventor; Young, Esq., manager; Atkinson

   agent; Armstrong, agent; Rhodes, agent; P. Offman & Voldo,
       
agents; hubbub, mirage; in the middle, Guesa:)
—Two! Three! Five thousand! If you play
          Five million, Sir, will you receive

               = He won! Hah! Haahn Haaahm
                     —Hurrah! Ah! . . .
—They vanished . . . Were they thieves? . .

  1. (J. Miller atop the roofs of the Tammany wigwam unfurling the

Garibaldian mantle:)
—Bloodthirsties! Sioux! Oh Modocs!
To the White House! Save the Nation,

        From the Jews! From the hazardous
                 Goth's Exodus!
From immoral conflagration!

..............................................................................

 

100                         (Reporters.)
—Norris, Connecticut's blue laws!
Clevelands, attorney-Cujas,

           Into zebras constrained
                Ordained,
Two by two, to one hundred Barabbas!

  1. (Friends of the lost kings:)

—Humbug of railroads and the telegraph,
The fire of heaven I wished wide and far
       To steal, set the world ablaze
                And above it raise
 Forever the
Spangled Starl

  1. (A rebellious sun founding a planetary center:)
    —'George Washington, etc. etc.,

Answer the Royal-George-Third. Depose!
= Ford Howe, tell him, do

I'm royal too . . .
(And they broke the Englishman's nose).

 

103 (Satellites greeting JOVE'S rays:)

-'Greetings from the universe to its queen'

As for bail, the Patriarchs give a boon . . .

        (With a liberal king,

           A worse thing,

They founded the empire of the moon).

 

104 (Reporters:)

—A sorry role on earth they play, Kings and poets, heaven's aristocracy (And Strauss, waltzing) Singing

At the Hippodrome or Jubilee.

 

 105  (Brokers finding the cause of the WALL STREET  
          market crash:) —Exeunt Sir Pedro, Sir Grant,

Sir Guesa, seafaring brave:

With gold tillers they endure The Moor, Appeased by the turbulent waves.

 

106 (International procession, the people of Israel, Orangians, Fenians, Buddhists, Mormons, Communists, Nihilists, Penitents,
 Railroad-Strikers, All-brokers, All-jobbers, All-saints, All-devils,
        lanterns, music, excitement; Reporters: in LONDON

              the QUEEN'S 'murderer' passes by and
      in PARIS 'Lot' the fugitive from SODOM:)
—In the Holy Spirit of slaves
A single Emperor's renowned
        In that of the free, verse
              Reverse,
Everything as Lord is crowned!

 

107 (KING ARTHUR'S witches and FOSTER THE SEER on WALPURGIS by day:)
When the battle's lost and won—

—That will be ere the set of sun—
—Paddock calls: Anon\—
—Fair is foul, and foul is fair:
 Hover through the fog and filthy air\

 

108 (SWEDENBORG answering later:)

        —Future worlds exist: republics,

Christianity, heavens, Lohengrin.   

Present worlds are latent:

           Patent,

Vanderbilt-North, South-Seraphim.

 

 

109 (At the din of JERICHO, HENDRICK HUDSON runs aground; the INDIANS sell the haunted island of MANHATTAN to the DUTCH:)
—The Half-Moon, prow toward China

Is careening in Tappan-Zee . . .

        Hoogh moghende Heeren . . .
     Take then
For sixty guilders . . . Yeahl Yeah]

 

110 (Photophone-stylographs sacred right to self-defense:) —In the light the humanitarian voice:

Not hate; rather conscience, intellection;
 Not pornography

                     Isaiah's prophecy
In Biblical vivisection!

--------------------------------------------------------

 

117    (Freeloves proceeding to vote for their husbands:)
—Among Americans, Emerson alone,
Wants no Presidents, oh atrocious he!
           = Oh well-adjudicated,
                     States

       Improve for you, for us, for me!

 

118     (APOCALYPTIC visions . . . slanderous ones:)
—For, 'the Beast having bear's feet,'
In God we trust is the Dragon
        And the false prophets
            Bennetts

       Tone, th' Evolutionist and Theologian!

--------------------------------------------------------

 

173 (WASHINGTON 'blinding because of them'; POCAHONTAS without personals:)
 —To starving bears, a rabid dog!

       Be it! After the feast, bring in festoons!
           = Tender Lulu,

                            Crying and you
Give honey to 'foes', bee? . . . and sting poltroons?

 

174 (Guatemalan nose, curved into HYMENEE'S torch; DAME-RYDER

       heart on the poisoned window-panes of the 'too dark' wedding pudding:)
—'Caramba! yo soy cirujano
A Jesuit. . . Yankee . . . industrialism!

              —Job ... or haunted cavern,

                   Tavern,

        'Byron' animal-magnetism!

 

175 (Practical swindlers doing their business; self-help ATTA-TROLL:)
 —Let the foreigner fall helpless,

       As usury won't pay, the pagan!

                   = An ear to the bears a feast,
                     Caressing beasts,
  Mahmmuhmmah, mahmmuhmmah, Mammon.

 

176 (Magnetic handle-organ; ring of bears sentencing the architect of the

PHARSALIA to death; an Odyssean ghost amidst the flames of Albion's fires:)
 —Bear . . . Bear is beriberi, Bear . . . Bear . . .
= Mahmmuhmmah, mahmmuhmmah, Mammon!
—Bear . . . Bear . . . ber' . . . Pegasus    
             Parnassus

       = Mahmmuhmmah, mahmmuhmmah, Mammon.

 

POETS OF BRAZIL - A bilingual selection.  POETAS DO BRASIL - uma seleção           bilingüe.  Trad. Frederick G. Williams.   New York: Luso-Brazilian Books, 2004.     430 p.          Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

         A ESCRAVA

        
Que triste sorte arrasta-me esta vida—
         Escrava eu sou, não tenho liberdade!
         Da branca eu tenho inveja, que tem suas
                   Todas hora do dia!

         Eu sinto a me crescer vida nos anos,
         E mais veloz que a vida amor eu sinto
         Abrindo em flor em mim... eu sou escrava
                  Minha fronte servil...

         Por estes céus meus olhos se amortecem,
         Lá nas plagas de Anil piedosos cansam...
         Só para o horror da escravidão perdida
                   Nestes céus não há Deus!

         Um Deus como o da branca e os passarinhos,
         Como o da flor, como o de todo o mundo,
         E só da escrava não!... São as estrelas
                   As luzes do seu templo.

         Tenho amor, sinto dor, minha alma é bela
         Na sua primavera a espanejar-se!
         Porém nas próprias asas me recolho,
                   A cresta o cativeiro.

         Nenhum raio do sol não me pertence,
         Eu nunca o vi nascer; quando ele morre,
         Ainda o róseo encarnado do ocidente
                   Não posso à tarde olhar.

         Mesmo esta hora, que furto à meia noite
         Ao meu descanso do alquebrado corpo
         Quando vejo estrelinhas nos meus olhos
                   Como no manso rio,

         Eu não tenho-a segura! o vento leve,
         A lua como eu sou d´alvas camisas,
         Fazem-me estremecer  — raivando escuto
                   Meus soberbos senhores;

         E escondo-me, que a gente não me veja,
         Nas sombras da folhosa bananeira...
         E os insetos noturnos me parecem
                  Denunciar meu crime—

         Oh! não digam que eu venho ao astro pálido
         Minha sorte chorar!  Eu tenho inveja
         Da branca, porque tem todas as horas
                  Do dia todo inteiro!

         Eu sou bela também; minha alma é pura,
         Mais que a sua, talvez... cansam os membros
         Somente o cru servir, nervosos medos
                   E da noite o delírio...

         Tenho inveja da branca; assim como ela
         Quanto eu fora feliz! Mas onde a esp´rança?
         Fugida passo a noite  aos céus olhando,
                  E não vejo o meu Deus—
 

                       O Deus da branca, o Deus dos passarinhos,
            O Deus da flor, o Deus de todo o mundo,
            E só da escrava não!... 
São as estrelas
                        O adorno do seu templo.
           

 

 

THE SLAVE GIRL

           
What sorrowful fate impels me through this life—
            I am slave, I have no liberty!
            I´m envious of the white girl, who has hers
                        Each hour of the day!

            I feel like coursing through me more each year,
            And even faster grows this love I feel
            It´s blossoming within… I am a slave
                        My forehead´s bowed and servile…

            Beneath the skies my eyes grow dim near dying,
            By regions o Anil devoutly tiring…
            Alone and lost, I´m left to slavery´s horrors
                        These heavens know not God!

            A God like one the birds and white girl have,
            Like one the flowers and the whole world has,
            And just the slave girl none! … The stars above
                        Are candles in her temple.

            I´m filled with love, feel pain, my soul is lovely
            Its cleansing spring unfolds, I take on beauty!
            Yet eve as I spread my wings, I shrink,
                        Captivit has singed them.

            No ray of sun belongs to me, not one,
            I´ve never seen the sun rise; when it dies,
            Not even rosy reds that paint the west
                        Can I behold as evening.

            And even this brief hour I steal at nidnight
            From rest my weak and weary body needs,
            To see the stars reflected in my eyes
                        As in the peaceful brook.

            Is not securely mine! the gentle breeze,
            The moon, who like myself is dressed in white,
            Cause me to tremble — and with rage I hear
                        My haughty masters coming;

            I quickly hide myself so they´ll not see me,
            In shadows of the leafed banana tree…
            And it would seem to me nocturnal insects
                        Denounce my simple crime—
 
            Oh! Please don´t tell I come to this pale star
            To cry over my fate! I´m envious of
            The white girl, for she has each of the hours
                        Od day all to herself.

            But I am lovely too; my soul is pure,
            Perhaps mor than own… my arms are tired
            Of cruel and constant bondage, nervous fear
                        Delirium of death…

            I´m envious of the white girl; if like her,
            How happy I´d have been!  But where is hope?
            My stolen steps at night to view the heavens,
                        Reveals no God for me —

            The white girl´s God, the God of little birds,
            The God of flowers, God of all the world,
            And for the slave girl none!...  The stars above
                        Add beauty to her temple.

           
 

 *

Página ampliada e republicada em maio de 2023

 

 

 

 

 

***

 

 

 

 

 

 

 

 
 


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar