MARIO QUINTANA
(1906-1994)
Mário (de Miranda) Quinta nasceu em 30 de julho de 1906, em Alegrete, uma cidade na fronteira do Rio Grande do Sul (Brasil) com o Uruguai.
TEXTOS EM PORTUGUÊS / EN ESPAÑOL / IN ENGLISH
POEMAS EM PORTUGUÊS E ITALIANO
TEXTS EN FRANÇAIS
HAICAIS
O hai-kai (ou haicai) não tem uma forma estabelecida no Brasil, embora seja praticado há quase cem anos entre nós... No caso de Mario Quintana, ele adotou o versilibrismo em voga no modernismo, sem rima, sem regra... E o fez muito bem.
DEUS
Deus tirou o mundo do nada.
Não havia nada mesmo...
Nem Deus!
VERÃO
Quando os sapatos ringem
— quem diria?
São teu pés que estão cantando!
AMANHECE
Um copo de cristal
sobre a mesa
inventa as cores todas do arco-íris...
HOJE É OUTRO DIA
Quando abro cada manhã a janela do meu quarto
é como se abrisse o mesmo livro
numa página nova...
S.O.S.
O poema é uma garrafa de náufrago jogada ao mar.
Quem a encontra
salva-se a si mesmo...
LIBERTAÇÃO
A morte é a libertação total:
a morte é quando a gente pode, afinal,
estar deitado de sapatos...
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De
água / water / agua
“Os últimos textos de/ the last texts by / los últimos textos de
MÁRIO QUINTANA. Introdução de Elena Quintana de Oliveira. Ed. trilingue.
Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2001.
Apresentação, biografia e biobligrafia, traduções de Eduardo San Martin.
Fortalezas da llha de Santa Catarina
Os velhos marinheiros meus avós...
Para eles ainda não terminou a espantosa Era dos Descobrimentos.
Das construções com longos e intermináveis corredores
Que a lua vinha as vezes assombrar.
Nas casas novas não ha lugar para os nossos fantasmas!
E se acabarem as construções antigas,
A nossa História vai ficar sem teto!...
0 Homem e a Água
Deixa-me ser o que sou,
o que sempre fui,
um rio que vai fluindo.
E o meu destino é seguir... seguir para o mar.
0 mar onde tudo recomeça...
Onde tudo se refaz...
“ Mario Quintana “ Ex. bibl. Antonio Miranda
Existem várias edições especiais com a poesia de Mário Quintana, mas a mais especial de todas é a da Confraria dos Bibliófilos do Brasil (Brasília, 2006), intitulada MÁRIO QUINTANA CEM POEMAS.ILUSTRAÇÕES MILAN DUSEK, comemorativa do centenário de nascimento do autor (30 de julho de 2006). Tiragem regular de 351 exemplares, assinados pelo ilustrador e pelo editor responsável José Salles Neto. Acondicionada em caixa dura e miolo em papel Chamois Bulk, 90 g e na sobrecapa, papel fabricado à mão com fibras vegetais. Formato cm x cm. Exemplar da Coleção A. M.
QUINTANA, Mário. A Rua dos cataventos. Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2014. S.p. 20,5x23 cm. ilus. col. Editor: Edson Guedes de Morais. Exemplar impresso especialmente para Antonio Miranda. “ Mário Quintana “ Ex. bibl. Antonio Miranda
ALMANAQUE CALENDÁRIO 2020 AGENDA POÉTICA. Editor: Edson Guedes de Moraes. /Recife, Pernambuco/: Editora Guararapes, 2020. 162 p. ilus. col.
QUINTANA, Mario. Antologia poética. Seleção e organização Ricardo Primo Portugal e Maria Eunice Moreira. Tradução de Zhao Deming e Ge Xiaochen. Porto Alegre: PUCRS, 2007. 251 p. 26x20 cm. capa dura, sobrecapa. edição bilíngue português – chinês. “ Mario Quintana “ Ex. bibl. Antonio Miranda
Canção de barco e de olvido
Para Augusto Meyer
Não quero a negra desnuda.
Não quero o baú do morto.
, Eu quero o mapa das nuvens
E um barco bem vagaroso.
Ai esquinas esquecidas...
Ai lampiões de fíns-de-linha...
Quem me abana das antigas
Janelas de guilhotina?
Que eu vou passando e passando,
Como em busca de outros ares...
Sempre de barco passando,
Cantando os meus quintanares...
No mesmo instante olvidando
Tudo o de que te lembrares.
QUINTANA, Mário. A Vaca e o Hipogrifo. 2ª. edição.Porto Alegre, RS: Garatuja, 1977. 134 p. 14x21 cm. Foto do autor: Eneida Serrano. “ Mario Quintana “ Ex. bibl. Antonio Miranda
CONFESSIONAL
Eu fui um menino por trás de uma vidraça — um
menino de aquário.
Via o mundo passar como numa tela cinematográfica, mas que repetia sempre as mesmas cenas, as mesmas
personagens.
Tudo tão chato que o desenrolar da rua acabava
me parecendo apenas em preto e branco, como nos filmes
daquele tempo.
O colorido todo se refugiava, então, nas ilustrações
dos meus livros de histórias, com seus reis hieráticos e belos
como os das cartas de jogar.
E suas filhas nas torres altas - inacessíveis princesas.
Com seus cavalos — uns verdadeiros príncipes na
elegância e na riqueza dos jaezes.
Seus bravos pagens (eu queria ser um deles... )
Porém, sobrevivi...
E aqui, do lado de fora, neste mundo em que
vivo, como tudo é diferente ' Tudo, ó menino do aquário,
é muito diferente do teu sonho...
( Só os cavalos conservam a natural nobreza. )
QUINTANA, Mário. A Cor do Invisível. Vida e poesia de Mario Quintana. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1997. 52 p. ilus. col. . “ Mario Quintana “ Ex. bibl. Antonio Miranda
QUINTANA, Mário. Poesias. Porto Alegre, RS: Editôra Globo, 1962. 244 p. 15x22,5 cm. “Edição feita sob os auspício da Divisão de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura do Rio Grande do Sul.” “ Mario Quintana “ Ex. bibl. Antonio Miranda
CANÇÃO DA PRIMAVERA
Para Erico Veríssimo
Primavera cruza o rio
Cruza o sonho que tu sonhas.
Na cidade adormecida
Primavera vem chegando.
Catavento enlouqueceu,
Ficou girando, girando.
Em torno do catavento
Dancemos todos em bando.
Dancemos todos, dancemos,
Amadas, Morros, Amigos,
Dancemos todos até
Não mais saber-se o motivo..
Até que as paineiras tenham
Por sobre os muros florido!
QUINTANA, Mário. Nariz de Vidro. 2a. ed. 3a. impr. São Paulo: Moderna, 2003. 88 p. ilus. “ Mario Quintana “ Ex. bibl. Antonio Miranda
QUINTANA, Mário. Esconderijos do Tempo. Ilusstrações Vitório Gheno. Porto Alegre, L&PM, 1980. 128 p. ilus 14x21 cm. ISBN 85-250-1343-9 “ Mario Quintana “ Ex. bibl. Antonio Miranda
O SILÊNCIO
Há um grande silêncio que está sempre à escuta...
E a gente se pêe a dizer inquietamente qualquer coisa, qual-
quer coisa, seja o que for,
desde a corriqueira dúvida sobre se chove ou não chove hoje
até a tua dúvida metafísica, Hamleto!
E, por todo o sempre, enquanto a gente fala, fala, fala
o silêncio escuta...
e cala.
Cartão Postal da Editora Guararapes EGM - 2015.
Imagem extraída de
DIAS-PINO, Wlademir. A lisa escolha do carinho (Rio de Janeiro: Edição Europa, s.d.
20,5x20,5 cm. 33 f. ilustradas (Coleção Enciclopédia Visual). Inclui versos de
poetas brasileiros
BACK, Sylvio. Cinquenta anos. Díário do Paraná. Edição fac-similar. Capa : Guilherme Mansur. Reprodução fotográfica: Cadi Busatto. Coordenação gráfica: Rita de Cássia Solieri Brandt. Projeto gráfico: Adriana Salmazo Zavadniak. Curitiba, Paraná: Itaipu Binacional, 2011. S. p. Inclui 7 folhas dobradas 94 x 1,26 cm., com imagens de páginas do suplemento literários dos anos 1959 – 1960, acomodadas numa caixa de papelão 35x 48 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda.
pequena crônica policial
Jazia no chão sem vida,
E estaca toda pintada!
Nem a morte lhe emprestara
A sua grave beleza...
Com fria curiosidade
Vinha gente a espiar-lhe a cara,
As fundas marcas das idade,
Das canseiras, da bebida
Triste da mulher perdia
Que um marinheiro esfaqueara!
Vieram homens de branco,
Foi levada ao necrotério
E enquanto abriam, na mesa,
O seu corpo sem mistério:
Que linda e alegre menina
Chegava, correndo, ao Céu?!
Lá continuou como era
Antes que o mundo lhe desse
A sua maldita sina...
Sem nada saber da vida,
De vícios ou de perigos,
Sem nada saber de nada...
Com sua trança comprida,
Os seus sonhos de menina,
Os seus sapatos antigos...
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Poema publicado no dia 12 de fevereiro de 1961
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Página ampliada em fevereiro de 2021
TEXTOS EN ESPAÑOL
Estos poemas en prosa de Mario Quintana no son una distorsión de la realidad ni un ingenioso juego de semejanzas y analogías; tampoco son esa punzada lúcida de las «greguerías», de las que hizo un género literario el escritor español Ramón Gómez de la Serna. Son apuntes de ternura que convierten en poema lírico la profunda observación de tantos sencillos aspectos como la vida ofrece.
De su poesía - él ha dicho que sólo su Ángel de la Guarda la ha leído realmente — nos ocuparemos en otra ocasión; hoy hemos querido detenernos en estas felices hallazgos de sus poemas en prosa, donde ingenio, gracia y sensibilidad encuentran una clara expresión literaria.
POEMAS EN PROSA
DE LA PAGINACIÓN
Los libros de versos deberían tener amplias márgenes y muchas páginas en blanco y suficientes claros en las páginas impresas para que los niños puedan llenarlos de dibujos —gatos, hombres, aviones, casas, chimeneas, árboles, lunas, puentes, automóviles, perros, caballos, bueyes, trenzas, estrellas ... —, que así pasarían a formar parte también de los poemas.
EL EXTRANO CASO DE MISTER WONG
Además del controlado doctor Jekyll y del incontrolado mister Hyde, hay también un chino dentro de nosotros: mister Wong. Ni bueno, ni malo: gratuito. Entremos, por ejemplo, en este teatro. Tomemos un palco. Pues bien, mientras el doctor Jekyll, muy compenetrado, es todo oídos y mister Hyde arriesga un ojo y el alma en el escote de una señora vecina, nuestro mister Wong, lentamente, se pone a contar las calvas que hay en el patio de butacas ...
¿Otros ejemplos? Procúrelos usted en sí mismo, ahora mismo. No pierda tiempo. ¡Cultive su mister Wong!
SUELO DE OTONO
A lo largo de las piedras irregulares de la calzada pasan aventadas unas pobres hojas amarillas en pánico, perseguidas de cerca por una esquela mortuoria, siniestra, aleteando, a saltos, cada vez más cerca, sus dos alas orladas de negro.
PURÍSIMA
Qué admirables instalaciones sanitarias hay en la luna! Todo blanco, todo pulido, todo limpio, chorros de agua. Frescor. Alivio. Que lo digan si no los ángeles. Pues sólo a ellos les es permitido servirse de nuestro higiénico satélite para sus ablusiones y necesidades ...
Las Fortificaciones de la Isla de Santa Catarina
Traducción de Eduardo San Martin
Los viejos marineros mis abuelos...
Para ellos aún no acabó la asombrosa Era de los Descubrimientos.
De las construcciones con largos e interminables corredores
Que la luna a veces venía a embrujar.
!En las casas nuevas no hay lugar para nuestros fantasmas!
Y si se acaban las construcciones antiguas,
jNuestra Historia se quedara sin techo!...
El Hombre y las Aguas
Traducción de Eduardo San Martin
Déjame ser lo que soy,
lo que siempre fui,
un rio que va fluyendo.
Y mi destino es seguir... seguir hacia el mar.
El mar donde todo recomienza...
Donde todo se rehace...
El autorretrato (de Mario Quintana)
(Traducido por Carlos Humberto Llanos)
En el retrato que me hago
- trazo a trazo -
A veces me pinto nube
A veces me pinto árbol.
A veces me pinto cosas
De las que ni siquiera hay más recuerdos…
O cosas que no existen
Mas que un día existirán…
Y, de esta lectura, en que busco
- poco a poco –
Mi eterna semejanza,
Al final ¿que restará?
Un dibujo de niño…
Corregido por un loco.
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Emergencia (de Mario Quintana)
(Traducido por Carlos Humberto Llanos)
Quien hace un poema abre una ventana.
Respira, tú que estás en una celda
asfixiante,
ese aire que entra por ella.
Por eso es que los poemas tienen ritmo
- para que puedas profundamente respirar.
Quien hace un poema salva un ahogado.
MÁS POEMAS
LIBERACIÓN
La muerte es una liberación toral:
La muerte es cuando la gente puede, al final,
Tenderse con los zapatos puestos...
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EL POEMA
Un poema como un sorbo de agua bebido en lo oscuro.
Como un pobre animal palpitando herido.
Como minúscula moneda de plata perdida para siempre
en la floresta nocturna.
Un poema sin otra angustia que su misteriosa condición
de poema.
Triste.
Solitario.
Único.
Herido de mortal belleza,
(De O aprendiz de feiticeiro (1950))
EL ADOLESCENTE
¡Mira, adolescente! ¡La vida es bela!
La vida es bella… y anda desnuda…
Vestida sólo con tu deseo.
(De Preparativos de viaje (1987))
Traductor: ÓSCAR LIMACHE
Extraído de DIENTE DE LEÓN - cipselas de difusión poética. N. 6, agosto de 2012. Director: Óscar Limache.
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Mário (de Miranda) Quintana was born in July, 30th, 190, in Alegrete, a rural town near the border of Brazilian state of Rio Grande do Sul and Uruguay and Argentina.
LIBERATION
Death means total liberation;
Death is when, at last,
we can lie down with our shoes on.
Fortresses of Santa Catarina Island
Translation by Eduardo San Martin
The old sailors, my grandparents...
For them it has not yet finished, the astounding Age of Discoveries.
Of structures with long and endless corridors
Where the moon would come to haunt sometimes.
In the new houses there is no room for our ghosts!
And, if the old structures cease to exist,
Our History will be left homeless!...
Man and Water
Translation by Eduardo San Martin
Let me be what I am,
what I have always been,
a river that keeps flowing.
And my destiny is to follow...follow to the sea.
The sea, where everything begins again...
Where everything is renewed...
TEXTS EN FRANÇAIS
MARIO QUINTANA
— Né à Alegrete (Rio Grande do Sul) en 1901.
Comme d'autres de sa génération, Mario Quintana commença à écrire des poèmes lorsqu'il était encore lycéen dans sa province natale. Ce fut seulement en 1940 qu'il publia enfin un recueil de sonnets, A rua dos Cataventos, dont un certain lyrisme empreint d'une légère touche d'humour le fit agréer aux côtés de ceux qui représentent l'esprit « moderniste » dans la poésie brésilienne contemporaine.
Chroniqueur, conteur, Mario Quintana a aussi tra¬duit en portugais une série d'auteurs anglais et français, notamment Marcel Proust.
Bibliographie : A rua dos Cataventos, 1940; Cançôes, 2947; Sapato florido, 1948.
Extraído de
TAVARES-BASTOS, A. D. La Poésie brésilienne contemporaine. Antologie réunie, préfacée et traduite par… Paris: Editions Seghers, 1966. 292 p. capa dura, sobrecapa. Ex; col. bibl. Antonio Miranda
MIDI
Douze taureaux
Traînent la pierre terrible.
Douze taureaux,
Les muscles vibrent
Comme des cordes.
Pas une rose
Aux cornes sonores.
Pas une rose.
Dans les tours qui sont au-dessus des nuages
Epuisé d'azur
Bâille le Roi de Carreau.
LE JOUR
Le jour aux lèvres ruisselantes de lumière
Le jour est à la moitié de l'orange
Le jour est assis nu
En train de manger
Il ne sent pas les fourmis sur le sol
Ni les lourds hannetons
Ni ne remarque quelle sorte d'être... dieu ou bête... est
celui qui passe dans le frisson de l'heure
Regardant pousser les seins
TOUT A COUP
Je te regarde étonné :
Tu es une Etoile de Mer,
Un minerai étrange,
Il ne sait...
Cependant,
Le livre que je lisais
Le livre à la main,
C'était toujours ton sein !
Tu étais dans la tiédeur du gazon
Dans la chair savoureuse du pain...
Maintenant les cruches se sont remplies d'ombre
Mon cheval paît dans la solitude.
FORÊT
Dédale de doigts
Petites lanternes imprévues.
Les fistulines écoutent. Psitt...
Le géant couché
S'est retourné de l'autre côté.
La vieille Caraboo
A fini de peigner ses cheveux...
C'est le Vaincu... Ce sont les deux mains et la tête du
Vaincu qui traînent
Qui traînent péniblement vers les puits de la Lune
Vers la fraîcheur de la Lune, vers le lait de la Lune, vers
la lueur de la Lune !
(Petite, où est le reste de son corps ?)
JAZZ
Laisse monter les sons aigus, les sons perçants du jazz dans l'air
Laisse monter : ce sont des jets d'eau : ils retombent...
Il n'en restera que les ruisseaux filant sans bruit dans la nuit.
Et près de chaque ruisseau, dans les prés déserts,
Se trouvera un ange de pierre.
L'ange de pierre toujours immobile derrière toutes les choses —
Dans les salons où l'on danse, dans le fracas des batailles,
aux comices sur la place publique —
Et dans ses yeux sans pupilles, blancs et immobiles,
Rien ne se reflète.
LA CHANSON DE LA MORTE
C'était la fleur de la mort
Et c'était une chanson...
Si belle qu'on ne pouvait la lire qu'en dansant
Et qui ne disait rien
Dans sa grâce ingénue
Des souterraines et des horreurs où plongeaient ses racines...
Mais elle était délicatement peinte sur le voile du silence
Où gisait la morte aux cheveux épars
Aux doigts sans bagues
Aux lèvres immobiles immobiles
Et qui sans doute avaient désappris à jamais les syllabes
mêmes dont on prononçait jadis mon nom...
Où gisait la morte, dans sa mystérieuse ingratitude !
C'était une pauvre chanson,
Frêle et ingénue,
Qui ne disait rien...
CHANSON DU RETOUR
Une lettre rencontrai-je
Sous ma porte.
Ordre de la Fille du Roi ?
Sort de la fée Carabosse ?
La lettre ne l'ouvrirai pas.
Peut-être m'est-elle fatale.
Mais sur le lit est une rose,
Une rose et un poignard.
Qu'ai-je fait de bien ou de mal
Sur mes chemins parcourus ?
Lequel des deux, rose ou poignard,
Vient du Roi, de la Princesse ?
Hélas, la lettre le dirait,
La lettre de dessous la porte...
Si elle n'avait disparu,
Tour de la fée Carabosse.
« Cançoes »
CHANSON DE BRUINE
Là-haut sur mon toir,
Pirulin lulin lulin,
Um ange tout ruisellant
Sanglote dans su flûte.
L´horloge va sonner:
Les ressorts craquent sans arrêt.
Le portrait sur le mur
Ne me quite pas du regard.
Il pleut sans aucune raison...
Tout a été toujours ainsi!
Je crois que je vais soffrir :
Pirulin lulin lulin...
(Iden)
TROVAS 4 - [Seleção de Edson Guedes de Morais] Jaboatão dos GuArarapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2013. 5 v. 17x12 cm. edição artesanal, capa plástica e espiralada.
Ex. bibl. Antonio Miranda
Página publicada em maio de 2023
Página em construção, ampliada e republicada em novembro de 2008
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