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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
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AUGUSTO MEYER
 (1902-1970)

 


(Porto Alegre, 24 de janeiro de 1902 — Rio de Janeiro, 10 de julho de 1970) foi um jornalista, ensaísta, poeta, memorialista e folclorista brasileiro. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filologia.

 

Era filho dos imigrantes alemães Augusto Ricardo Meyer e Rosa Meyer.

 

Colaborou em diversos jornais do Rio Grande do Sul, especialmente no Diário de Notícias e Correio do Povo, escrevendo poemas e ensaios críticos. Estreou na literatura em 1920, com o livro de poesias A ilusão querida, mas foi com os livros Coração verde, Giraluz e Poemas de Bilu que conquistou renome nacional. Foi diretor da Biblioteca Pública do Estado, em Porto Alegre.

 

Convidado por Getúlio Vargas para organizar o Instituto Nacional do Livro, transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1937, junto a um grupo de intelectuais gaúchos. Foi diretor do INL durante cerca de trinta anos. Em 1947 recebeu o Prêmio Filipe de Oliveira na categoria Memórias e, em 1950, o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto da obra literária.

 

 

                   TEXTO EN ESPAÑOL

            TEXTO EN FRANCES

 

TEXTS IN ENGLISH

 

 

 

MINUETE

 

O minuete das flores vai começar.

 

Ha uma rosa vermelha que balouça, balouça,

em reverência a um lírio.

 

Tocam os grilos escondidinhos para a quadrilha.

 

Há um crisântemo crespo muito orgulhoso,

e sua corola parece que gira.

Ele dança imóvel — consigo mesmo...

 

As folhas secas também valsam,

— realejo ao vento —

valsam remoinhos silenciosos,

— folhas ingênuas — baile de pobres...

 

Dançam as flores, dançam perfumes na minha alma.

0 minuete das mágoas vai começar.

Minha alma não dança com as outras almas:

                   — dança imóvel — consigo mesma...

 

 

ORAÇÃO DO NEGRINHO DO PASTOREIO

 

Negrinho do Pastoreio,

Venho acender a velinha

que palpita em teu louvor.

A luz da vela me mostre

o caminho do meu amor.

 

A luz da vela me mostre

onde está Nosso Senhor.

 

Eu quero ver outra luz

clarão santo, clarão grande

como a verdade e o caminho

na falação de Jesus.

 

Negrinho do Pastoreio

diz que Você acha tudo

se a gente acender um lume

de velinha em seu louvor.

 

Vou levando esta luzinha

treme, treme, protegida

contra o vento, contra a noite. . .

É uma esperança queimando

na palma da minha mão.

 

 

Que não se apague este lume!

Há sempre um novo clarão.

Quem espera acha o caminho

pela voz do coração.

 

 

Eu quero achar-me, Negrinho!

(Diz que Você acha tudo).

Ando tão longe, perdido...

Eu quero achar-me, Negrinho:

a luz da vela me mostre

o caminho do meu amor.

 

Negrinho, Você que achou

pela mão da sua Madrinha

os trinta tordilhos negros

e varou a noite toda

de vela acesa na mão,

(piava a coruja rouca

no arrepio da escuridão,

manhãzinha, a estrela d'alva

na luz do galo cantava,

mas quando a vela pingava,

cada pingo era um clarão).

Negrinho, Você que achou,

me leve à estrada batida

que vai dar no coração.

(Ah! os caminhos da vida

ninguém sabe onde é que estão!)

 

Negrinho, Você que foi

amarrado num palanque,

rebenqueado a sangue

pelo rebenque do seu patrão,

e depois foi enterrado

na cova de um formigueiro

pra ser comido inteirinho

sem a luz da extrema-unção,

se levantou saradinho,

se levantou inteirinho.

Seu riso ficou mais branco

de enxergar Nossa Senhora

com seu Filho pela mão.

 

Negrinho santo, Negrinho,

Negrinho do Pastoreio,

Você me ensine o caminho,

pra chegar à devoção,

pra sangrar na cruz bendita

pelo cravos da Paixão.

Negrinho santo, Negrinho,

Quero aprender a não ser!

Quero ser como a semente

Na falação de Jesus,

semente que só vivia

e dava fruto enterrada,

apodrecendo no chão.

 

 

GAITA

 

Eu não tinha mais palavras,

Vida minha,

Palavras de bem-querer;

Eu tinha um campo de mágoas,

Vida minha,

Para colher.

 

Eu era uma sombra longa,

Vida minha,

Sem cantigas de embalar;

Tu passavas, tu sorrias,

Vida minha,

Sem me olhar.

 

Vida minha, tem pena,

Tem pena da minha vida!

Eu bem sei que vou passando

Como a tua sombra longa;

Eu bem sei que vou sonhar

Sem colher a tua vida,

Vida minha,

Sem ter mãos para acenar,

Eu bem sei que vais levando

Toda, toda a minha vida,

Vida minha, e o meu orgulho

Não tem voz para chamar.

 

 

 

MEYER, Augusto.  Poemas de Bilu. 2ª. Edição.  Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1955.  102 p.  13x19 cm.    “Orelha” do livro por Érico Veríssimo.  “ Augusto Meyer “  Ex. Biblioteca Nacional de Brasília.

 

FÔRÇA

Olha o sol!
Corre uma sombra no lombo do morro.
Há pedaços de luz que já voltaram.

Tudo invade a visão:
esguicho roxo de jacarandás,
atropelo vermelho dos telhados,
verde-gaio na folhagem trêmula.

Que ventinho moleque bulindo nas folhas...

Parece que o mundo nasceu de novo.

 

GRINFA

Quero provar o gosto novo das palavras
sobre a tua boca.
Será um poema gostado:
a tua boca forma a rima cruzada.

Quero medir a terra boa do teu corpo,
também sou agrimensor.
Te dou um vestido de mãos.
Toma um cinto de abraços.

Como a gente se completa...
O corpo-duplo tem alma.
Um mais um igual a Um.

Mas não fales no AMOR.

Repara:
é uma palavra desgraçada

é uma palavra engraçada que separa.

 

CAVAQUINHO

O amor é um mal engraçado,
dá na gente de repente,
dá mas pede, pobrezinho,
pede esmolinha, coitado.

O amor nasce desgraçado.

Mas ô besteirinha atroz,
arretira os é de riba,
amor é cruz enfeitada
que põe desgraça na vida,
é loucura dividida
na solidão disfarçada.

O mar é estrada batida.

 

 

Extraído de

 

POESIA SEMPRE.  Revista da Biblioteca Nacional do RJ.   Ano 1 – Número 1 – Janeiro 1993.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional / Ministério da Cultura – Departamento Nacional do Livro.   ISSN 0104-0626   Ex. col. Antonio Miranda

 

 

VERÃO

No pomar bravio há um mormaço que entontece.

Os pessegueiros murchos e os bravos butiazeiros,
E as goiabeiras tortas, de goiabas rijas,
Como estão parados... nenhuma folha estremece...
Como estão sonhando a cariciosa chuva
E as cordas longas, frias, do aguaceiro!

Rolam trepidações pelas trovoadas surdas,
Rouquejando uma furna.

A claridade empalidece
E esmalta de aço as folhas lisas...

No pomar tropical, cheio de frutos verdes,
Lembra o teu riso uma água pura,
E os teus seios de morena amadurecem...

BOITATÁ

Quentura dos mormaços que impregnaram as carquejas,
Nem um sopro leve entre as furnas e as moitas.

Noite, grande noite, a rancharia adormecera
Como um sono sem sonhos no coração da noite.

Téu-téu! téu-téu!
         (Tesconjuro!)

                   Téu-téu!

Boitatá – tesconjuro!
No escuro,
Uma chama vai rabeando – leve, lambe, amarela,
A macega na lomba, enrosca-se em bola,
Em coleios se desentola e rebola, raivosa,
Amanhece, azulece...

Téu-téu! téu-téu! – Boitatá!

Boitatá na água dos mananciais,
Fogo maldito, que não queima como fogo,
Na bruma dos mormaços que impregnaram as carquejas,
Quando a rancharia adormecera, negra, negra,
Como um sono sem sonhos no coração da noite...

 

 

MINUANO

         Ao Liberato

Este vento faz pensar no campo, meus amigos
Este vento vem de longe, vem do pampa e do céu.

Olá compadre, levanta a poeira em corrupios,
Assobia e zune encanado na aba do chapéu.

Curvo, o chorão arrepia a grenha fofa,
Giram na dança de roda as folhas mortas,
Chaminés botam fumaça horizontal ao sopro louco
E a vaia fina fura a frincha das portas.

Olá compadre, mais alto mais alto!

As ondas roxas do rio rolando espuma
Batem nas pedras da praia o tapa claro...
Esfarrapadas, nuvens nuvens galopeiam
No céu gelado, altura azul.

Este vento macho é um batismo de orgulho:
Quando passa lava a cara enfuna o peito,
Varre a cidade onde eu nasci sobre a coxilha.
Não sou daqui, sou lá de fora...
Ouço o meu grito gritar na voz do vento:
— Mano Poeta, se enganche na minha garupa!

Comedor de horizontes,
Meu compadre andarengo, entra!

Que bem me faz o teu galope de três dias
Quando se atufa zunindo na noite gelada...

         Ó mano
         Minuano
         Upa upa

         Na garupa!

Casuarinas cinamomos pinhais
Largo lamento gemido imenso, vento!
Minha infância tem a voz do vento virgem:
Ele ventava sobre o riacho onde morei.

Todas a vozes, todas as dores numa dor,
Todas as raivas na raiva do meu vento!
Que bem me faz! Mais alto compadre!
Derruba a casa! Me leva junto!  Eu quero o longe!
Não sou daqui, sou lá de fora, ouve o meu grito!

Eu sou irmão das solidões sem sentido...
Ua upa sobre o pampa e sobre o mar...
 

 

 

10 POEMAS EM MANUSCRITO.  Organizador: João Condé Filho. Rio de Janeiro: Edições Condé, 1945.  Folhas soltas, dobradas.  29x39 cm. Prefácio de Álvaro Lins.  Capa de Santa Rosa. 

Inclui poemas manuscritos de Abgar Renault, Cecília Meireles, Murilo Mendes e Augusto Meyer ilustrados por Tomas Santa Rosa; poemas de Jorge de Lima, Mário de Andrade e Vinicius de Moraes ilustrados por Percy Deane; poemas de Augusto Frederico Schmidt, Carlos Drummond de Andrade  e Manoel Bandeira ilustrados por Cândido Portinari. A clicheria foi executada por Latt & Cia Ltda e a impressão esteve a cargo do mestre  João Luis dos Santos, nas oficinas gráficas dos Irmãos Pongetti.  “Desta  edição foram tirados 15 exemplares F.C., numerados de I a XV e destinados ao prefaciador, aos poetas e aos ilustradores e 150 exemplares numerados de 1 a 150, compostos em papel Goatskin Parchment e com a rubrica do organizador. Exemplar n. 132. Col. bibl. Antonio Miranda. 

 

Poema de Augusto Meyer, ilustrado por Santa Rosa.

 

Ay pobre Bilú de corincho caído,
Ay Bilú de corincho quebrado,
Quem te viu tão desenxabido,
Quem te vê tão desenganado.

Ay Bilú, já não serás bom jogral,
já não serás nem jogral bem segrel,
nem trovarás ay! como proençal,
Nem cantarás ay! qual menestrel.

Mas beilemos [mentr´al non fazemos...]
Bailemos poemas, cantigas, bailadas,
Bailemos, ay Bilú! Bailemos ao menos
No ritornelo destyas retornadas...

 

              (de De Bilú de guaibaval)



 

 

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TEXTO EN ESPAÑOL

Traducción de Adán Méndez


 

 

Augusto Meyer, pintura de Cândido Portinari,
1937 – pintura a óleo/tela Rio de Janeiro, 65,5x55 cm

 


Nació en Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Crítico ensayista, poeta, folclorista. Se inició en las letras con artículos y poemas en los diarios "O Eco do Sul", "O Exemplo", "Correio do Povo" y en la revista "A Madrugada". En 1923 se estrenó como poeta con "Ilusión Querida" a la siguió tres anos después, "Corazón Verde". En 1937, ya conocido como poeta y ensayista, fue nombrado Director del Instituto Nacional del Libro, cargo en el que permaneció hasta 1966. Recibió el Premio Machado de Assis, de la Academia Brasileña de Letras, por el conjunto de su obra literaria. La visión de Augusto Meyer, aunque enraizada en las viejas tradiciones gauchas, refleja en la poesía y en el ensayo una cultura humanística y universal. Ejemplo de esto son los "Poemas de Bilu" (1929). Otras de sus obras poéticas "Giraluz" (1928); "Dos Oraciones" (1928); "Sonrisa Interior" (1930) y "Literatura & Poesia" (poemas en prosa, 1931).

Escribió diversos e importantes ensayos y obras sobre el folclore y la literatura.

 

 

MINUETE

 

El minuete de las flores va empezar.

 

Hay una rosa roja que oscila, oscila,

en reverencia a un lirio.

 

Tocan los grillos escondidos para la cuadrilla.

 

Hay un crisantemo crespo muy orgulloso,

y su corola parece que gira.

Él baila inmóvil consigo mismo...

 

También las hojas secas valsean,

— organillo al viento —

valsean remolinos silenciosos,

— hojas ingenuas — baile de pobres...

 

Bailan las flores, bailan perfumes en mi alma.

El minuete de las penas va empezar.

Mi alma no baila con las otras almas:

— baila inmóvil — consigo misma...

 

 

Extraído de VISIÓN DE LA POESÍA BRASILEÑA – Edición bilíngue. Selección y prólogo de Thiago de Mello.  Santiago de Chile: Red Internacional del Libro; Embajada de Brasil, 1996

 

 

 

FIGUEIRA, Gaston.  Poesía brasileña contemporânea (1920-1946)  Crítica y antologia.   Montevideo: Instituto de Cultura Uruguayo-Brasileño, 1947.  142 p.   18x23 cm.  Col. A.M.

 

 

ORACIÓN A NUESTRA SEÑORA DE LOS DOLORES

 

Nuestra Señora de las siete espadas

clavadas,

enséñame a salir de las encrucijadas.

 

Rosa adorada, Madre, parece

que mí boca impura se estremece

cuando murmura: Nuestra Señora...

 

Voy a hacer ahora la loa más pura,

voy a rezar tan simplemente la plegaria

que tú, Madre, sonreirás con pena de mí, oyendo mis palabras rimadas.

 

Bien sé cómo es vano poner en verso la humilde canción.

Mas bien sé también que Tú eres tan buena,

tan buena y tan grande, María,

que no quise comenzar este rezo diciendo: Vos...

 

Ten (pena de la mirada que no se posa y de las manos que no paran!

Ten pena de nos!

Dame tu pensamiento un minutíto —así— como la uña del dedo menique.

 

Llega —

             feliz, comienzo a cantar,

cantar como la voz viva y clarísima de las fuentes,

cantar tu nombre, Santa María, que pone una rosa adorable en la boca,

a cantar tan bien. Madre, que los hombres dirán: milagro!

Nuestra Señora tocó en su corazón con la punta del dedo meñique.

 

TEXTS IN ENGLISH

 

 

AN INTRODUCTION TO MODERN BRAZILIAN POETRY. Verse translations by Leonard S. Downes.  [São Paulo]: Clube de Poesia do Brasil, 1954.  84 p.   14x20 cm.  “ Leonard S. Downes “ Ex. Biblioteca Nacional de Brasília.

 

MIRROR

Who was it plunged into the smooth lake of glass
and faces me now in tis hard light?

The brown eyes have mysterious glints
and the pupils are so wide with the darkness of dreams
that the lips´ curve, sensual as a kiss, fades.

I raise my hand — he had his.

My so persistent plagiarist.

All I do dies in the ice of a reflection.

(He smiles at my sarcasm.)

There is no escape from introversion,
no way to touch the flesh of evidence!

O the cruel irony of knowing, ghost, that I am you…

 

 

 

 

 

 

Página publicada em outubro de 2009, ampliada e republicada em janeiro de 2014. Ampliada e republicada em fevereiro de 2015; ampliada e republicada em agosto de 2015; ampliada em abril de 2019.


 
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