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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Retrato por Portinari

DANTE MILANO
(1899–1991)

em Português   y Español

EN FRANÇAIS

 

TEXTO EM PORTUGUÊS - TEXT IN ENGLISH



Primoroso tradutor de Dante e Baudelaire. Escultor. Estreou tarde em livro, com Poesias (1948). Dele disse Manuel Bandeira ser “um dos nossos poetas mais fortes e mais perfeitos”.

Embora egresso do Modernismo de 1922, Dante Milano é, na verdade, anterior ao movimento modernista, do qual participou á distancia e ao qual, efetivamente, jamais se filiou nem durante nem depois da festiva e turbulenta década de 1920. Não há dúvida de que apoiou o movimento, pois nele via, como todos os artistas da época, um caminho de libertação estética. A rigor, entretanto, o Modernismo pouco ou nada teria a oferecer-lhe em termos de subsídio literário ou de plataforma estética. E mais: á época da agitação modernista, o poeta Dante Milano já estava pronto, infenso, portanto, a quaisquer aquisições mais profundas e radicais do ponto de vista formal, ainda que aberto e sensível às conquistas expressionais do movimento. (...)Dante Milano cultiva uma poética do pensamento emocionado, como o fizeram os chamados “poetas metafísicos” ingleses do século XVII, o que não significa que sua expressão haja renunciado à emoção. Quem nele sente, porém, é o pensamento.  IVAN JUNQUEIRA


“Exemplo singularmente raro em nossas letras, parece o poeta escrever seus versos naquele indefinível momento em que o pensamento se faz emoção” MANUEL BANDEIRA

 

 

 

MILANO, Dante.  Poesias.   Petrópolis, RJ: Editora Firmo, 1994.  192 p. (Coleção “Pedra Mágica” vol. 1)  14x21 cm.   Sobrecapa em papel manteiga por Conceição Passos. “Orelha” do livro por Fernando Py. Inclui fotografias do acervo particular de Alda Milano. “Dante Milano”.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

AO TEMPO

 

Tempo, vais para trás ou para diante?

O passado carrega a minha vida

Para trás e eu de mim fiquei distante,

 

Ou existir é urna continua ida

E eu me persigo nunca me alcançando?

A hora da despedida é a da partida

 

A um tempo aproximando e distanciando...

Sem saber de onde vens e aonde irás,

Andando andando andando andando andando

 

Tempo, vais para diante ou para trás?

 

 

DESCOBRIMENTO DA POESÍA

 

Quero escrever sem pensar.

Que um verso consolador

Venha vindo impressentido

Como o princípio do amor.

 

Quero escrever sem saber,

Sem saber o que dizer,

Quero escrever urna coisa

Que não se possa entender,

 

Mas que tenha um ar de graça,

De pureza, de inocência,

De doçura na desgraça,

De descanso na inconsciência.

 

Sinto que a arte já me cansa

E só me resta a esperança

De me esquecer do que sou

E tornar a ser criança.

 

 

IMAGEM

 

Urna coisa branca,

Eis o meu desejo.

 

Urna coisa branca

De carne, de luz,

 

Talvez uma pedra,

Talvez uma testa,

 

Uma coisa branca.

Doce e profunda,

 

Nesta noite funda,

Fria e sem Deus.

 

Uma coisa branca,

Eis o meu desejo,

 

Que eu quero beijar,

Que eu quero abraçar,

 

Urna coisa branca

Para me encostar

 

E afundar o rosto.

Talvez um seio,

 

Talvez um ventre,

Talvez um braço,

 

Onde repousar.

Eis o meu desejo,

 

Uma coisa branca

Bem junto de mim,

 

Para me sumir,

Para me esquecer,

 

Nesta noite funda,

Fria e sem Deus.

 

 

PAISAGEM

 

Talvez um fauno de expressão selvagem

Atormentado de uma dor lasciva

Por um aroma que passou na aragem,

Uma ninfa cor de água fugitiva.

Mais do que na memória evocativa

Esses seres existem na paisagem.

Algum fauno de outrora ainda se esgueira

Entre sombras e troncos, à procura

De uma nudez, e olha, tateia, cheira

Um vestígio de carne, sonho e alma...

Que desejos cruéis, quanta tortura

Nesta paisagem luminosa e calma.

 

 

SEPARAÇÃO

 

Onde andarás sem mim nessas ruas enormes?

Quem te acompanha? Quem contigo ri?

Sob as mesmas cobertas com quem dorme

Quem te ama senão eu? Quem pensa em ti?

 

Vagas sem ter aonde ir e sem saber

O que fazer, ou sem prazer nenhum

Em mãos alheias como um bem comum

A outro te entregas sem lhe pertencer.

 

Estou pensando em ti... Pensar é estar sozinho...

 

 



O HOMEM E A SUA PAISAGEM

 

Toda paisagem tem um ar de sonho.

Vejo o tempo parado, inutilmente.

Tudo é menos real do que suponho.

 

Interrompi teu sonho, natureza.

Diante de um ser humano, de repente

Apareces tomada de surpresa.

 

No espaço que me cerca estou suspenso.

Em redor um olhar pasmado e mudo

E no ar a ameaça do silêncio denso.

 

Em todo sonho existe um extasiado

Olhar adormecido que vê tudo...

Senhor, eu sou o objeto contemplado


   EL HOMBRE Y SU PAISAJE
Traducción de Anderson Braga Horta

        Hay en el aire un cierto devaneo.

        Siento el tiempo parado, inútilmente.

        Todo es menos real que lo que veo.

 

         Tu sueño interrumpí, naturaleza.

         Puesta ante un ser humano, de repente

         Apareces tomada de sorpresa.

 

         En cuanto me rodea estoy suspenso.

         Veo en torno un mirar pasmado y mudo

         la amenaza del silencio denso.

      

         En cada sueño existe un extasiado

         Ojo que duerme y a todo ve desnudo...

         Señor, soy yo el objeto contemplado.

 

 

 

Extraído de

 

POESIA SEMPRE.  Revista da Biblioteca Nacional do RJ.   Ano 1 – Número 1 – Janeiro 1993.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional / Ministério da Cultura – Departamento Nacional do Livro.   ISSN 0104-0626   Ex. col. Antonio Miranda

 

 

 

PASSAGEM DO POEMA

 

O olhar no escuro,
Não dormir, esperar, acordado na noite.
Um verso feito em gesto rápido
Traça nas trevas do cérebro o rabisco de um raio.
É um poema ou talvez lá fora a tempestade?
As portas se abrem sozinhas com violência.
Passam vultos que não existem.

 

Meu corpo parado, entanto corro livre pelos descampados.
Estende-se a perder de vista a dolorida praia.
O mar avança pela areia com as patas de seus cavalos.

 

Não fujas da vida, espírito!
Volta, covarde!

 

Apagadas visões
Não tirarão teu brilho, realidade!

 

A poesia me leva a perdidos caminhos
De onde volto mais só, mais desesperançado.
De tudo resta apenas a página rabiscada.
Deixo cair da mão o verso que se parte.
Outro me foge escrito sem palavras,
Buscando outros sentidos...

 

O verso é feito do ar que se respira.

 

Correi, correi, ó versos sem palavras...

 

 

 

PRINCÍPIO DA NOITE

 

Eu ia em mim perdido, em mim pensando.
A existência deserta.
A rua escura.

 

Eu sentia a tristeza dos felizes
Vendo a estrela da tarde rir sozinha...

 

Em que altura ela estava!
O resto era imenso.

 

Tudo é exílio.

 

 

 

 

FORMA

 

Envolvente sentimento,
Abraço que se insinua
E entre amoroso e violento
Quer que a mulher fique nua.

 

Tirado o vestido aéreo,
O eflúvio sexual que a inunda
Revela a região profunda
Da vida, do seu mistério.

 

Mulher de orlas misteriosas,
Água de desenhos sábios,
Contorno de olhos e lábios
Feitos de linhas sinuosas.

 

O ventre em remanso de onda
Transborda, em círculos cheios,
Pelas ancas se arredonda
E redemoinha nos seios.

 

Ó pedra atirada n´água,
Que o meigo umbigo magoa.
Água tocada de mágoa,
Beijo com força, que doa.

 

 

 

 

O BECO

 

No beco escuro e noturno
Vem um gato rente ao muro.
Os passos são de gatuno.
Os olhos são de assassino.

 

Esgueirando-se, soturno,
Ele me fita no escuro.
Seus passos são de gatuno.
Seus olhos são de assassino.

 

Afasta-se, taciturno.
Espanta-o o meu vulto obscuro.
Meus passos são de gatuno.
Meus olhos são de assassino.

 

 

 

TEXTO EM PORTUGUÊS - TEXT IN ENGLISH

 

                             

         

AN INTRODUCTION TO MODERN BRAZILIAN POETRY. Verse translations by Leonard S. Downes.  [São Paulo]: Clube de Poesia do Brasil, 1954.  84 p.   14x20 cm.  “ Leonard S. Downes “ Ex. Biblioteca Nacional de Brasília.

 

 

NOCTURN

 

The stars are not fictitious, they exist,
But seem fictitious…

All dreams are real
But seem to move upon an unreal plane.

Ai tis from me the evil come,
All things are pure.

I am like a dead man wandering about.
O, this thought
Comes not from me but from above.
I had to think it, it forced itself upon me
As the abyss upon the suicide.
I would transcend it,
and transform imaginary evil
into present and invisible good.

 


 

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