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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




 

 

EXÓRDIO

 

EXÓRDIO

 

 

Canto 1

 

                 I. A Vitalidade

                 II. A Senectude

                 III. O Fim como Princípio

 

 

VISÃO DO PARAÍSO

 

 

           “del abismo vió el profundo,

               del profundo vió el paraíso,

               del paraíso vió el mundo,

               del mundo vió quanto quiso”.

                           GIL VICENTE

 

 

I. A Vitalidade

 

Um rio com águas tantas e tamanhas

das entranhas da terra ou do universo

nos confins do mundo — finis terrae

manancial de vida e civilização

— um paraíso perdido, improfanado.

 

Fonte primeva de todos os rios

esta fonte se parte em quatro partes

de que se fazẽ  quatro ryos

na vastidão dos remotos nascedouros

irmanando-se:

Eufrates, Nilo, Ganges e Amazonas

irradiando-se

na direção dos continentes

em torrentes tenebrosas

circundando, confluindo

em mares e oceanos.

 

Mundos reunidos, originários

com árvores perenifólias

bosques umbrosos e virgens

no dizer de Dante:

divina floresta spessa e viva

fabulosa, ignota, fantástica:

(Augusto Magne:)

nunca era noyte, nẽ  chuva”

“nẽ quaentura”, “muy bõo temperamento

 

 

Montanha resplandecente

fulgurante como o sol da terra

— o ouro, metal que endoença

o corpo e ofusca e cega a visão;

ilhas encantadas, ofuscantes

— materialidade do invisível —

ilhas afortunadas, reluzentes

– corporalidade do indizível –

ausência de dor e fadiga

imortalidade e ócio eterno

ilhas ameníssimas a salvo

do dilúvio universal!

 

Velhos que vão rejuvenescendo,

e que também não adoecem,

seres humanos vivendo do hálito

das plantas e sem pecado original

no Ymago Mundi de Hygden

— um paraíso terrenal preservado.

 

Faunos, pigmeus, sátiros, gigantes.

Criaturas disformes, assombrosas.

Homens com rabos, sem cabeça,

de um olho só, cabeças de cão,

hermafroditas, em mapas e volumes

de bibliotecas fabulárias, medievais.

 

O Mapa de Andréa Bianco (1436)

delimitava o paraíso prodigioso.

 

Jardim das delícias, geografia fantástica

que os marinheiros deliravam e descreviam

em desvarios e visões de convictos.

 

Amazonas guerreiras defendendo territórios

de ouros e pratas e especiarias encantadas.

 

Santo Isidro classificava-os

em portentos, ostentos,

os monstros e os prodígios

feitos pela vontade divina...

 

 “el mundo es poco”, atesta Colombo

em suas crônicas de encantamento

campo mui fremoso, comprido

de muitas ervas e froles de bom odor

diz-nos Augusto Magne, exaltado.

 

 

Por calor nin por frio non perdie su beltat

Siempre estava verde en su entegretat

Berceo revela, e complementa:

ca nunca ovo macula la sua virginitat”.

 

Novo Mundo, Terra dos Papagaios

Terra de Santa Cruz, ilha do ocidente...

 

 

II. A Senectude

 

   “Dando-se as mãos os pais da humana prole,

     Vagarosos lá vão com passo errante

    Afastando-se do Éden solitários”.

                    John MILTON (O Paraíso Perdido)

 

Deus expulsa o homem e a mulher

de Seu Paraíso

(mas conserva-o intacto).

 

Na visão dos Descobrimentos

no Novo Mundo

havia um povo inocente.

 

Vivendo sem livros, sem juízes

sem os meus e teus malignos

do individualismo pagão

sem muros, sem fossos, sem medos

comendo frutos sem plantio

sylvestribus fructibus contentos

(gente dócil, feliz, dúctil)

escaparam à fúria divina

da punição do pecado original

num paraíso fechado, inacessível

protegido: afortunados!!!

por serem bons e puros e castos.

 

Que esta terra não seja profanada

que este mundo seja preservado

dos demônios da cobiça humana

da ambição famigerada e vã

da usura e da devastação

da devassidão.

 

Do inexorável...

 

 

III. O Fim como Princípio

 

Acreditava-se

na senectude da Criação:

em sua degeneração...

ultrapassando a plenitude

que não perdura

e que, chegando à cimeira

da perfeição, de sua excelsitude

divina, decai e degenera...

pela extinção (previsível)

das espécies, sua degradação

constante...

 

A natureza é um espelho

do pensamento divino

— que se torna provecto,

improdutivo, falto

pelo emudecimento

de Deus.

 

Que não se cumpra o vaticínio

que se preserve o bem

e que as chagas, as doenças

não aviltem o Paraíso

que os malignos não corrompam os bons

que não os devorem

numa circularidade cósmica:

todas as coisas geradas

pela Providência se consomem

e se recompõem

e em reciclar-se perdem

muito de sua existência.

 

Que o pensamento não desacredite

e dissipe o nosso ímpio convencimento

— que o olho e o coração pressentem —

e que a razão não suplante o sentimento.

 

 



 

 

 
 
 
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