Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 






EPÍLOGO

 

Canto 86 -  Lixão Escatológico

Canto 87 -  Dialética da Criação

 

 

 

 

Canto 86

 

LIXÃO ESCATOLÓGICO

               “Povo

               não pode ser sempre o coletivo de fome

                      AFFONSO ROMANO DE SANT´ANNA

 

I

Os urubus e os miseráveis da periferia,

hábeis, disputam monturos nos lixões.

 

Desfrutam detritos, escolhos, escombros,

entulhos, podridões, bestializados.

 

Oh! pesadelos alados pairando

sobre os dejetos, resíduos abjetos,

fetos abandonados, carniças!

 

Carradas e camadas soterradas,

ignóbeis vermes decompondo

eternidades.

 

Nuvens ácidas, químicas, espessas

sobre paisagens desoladas, poluídas

— odores e horrores condensados

a combustar os elementos corrompidos.

 

Oh sobressaltos notívagos, assaltos,

temores, necessidades inconformadas,

insumos, consumos, exsumos sem remissão.

 

Ratos e ratos prestos roendo restos

no pasto podre, pestilento; hordas

(des)humanas corroendo e devorando

— um gerúndio insidioso e viscoso,

nefasto infúndio.

 

II

Suicidas, lacraias, discursos, pneus,

fezes liquefeitas, serpentes voadoras,

brinquedos, prazeres azinhavrados,

desovas de cadáveres, joias, ossos,

remédios vencidos, versos envenenados.

 

Jantares deglutidos, vomitados,

resquícios de bodas e de fodas,

livros esquecidos, ininteligíveis,

utensílios inutilizados e até

um poema de Bilac carcomido,

um verbete (corroído) de dicionário

sobre o Santo Sudário

ou sobre a bem-aventurança.

 

Bonecas decapitadas, lâminas oxidadas,

amantes desesperados, orelhas decepadas,

corpos mutilados, insepultos, estômagos

famélicos, expostos, cancerosos.

 

III

Buscam no desperdício o seu ofício

— na serventia, insânia, mendicância.

Busca-se não só o alimento, mas

também, se possível, o salvamento.

 

Porém, tudo que é eterno se degrada:

os sonhos, as ideias, os plásticos,

os metais enferrujados, os projetos,

voltam à condição de minerais.

 

Do alto os urubus-querubins

no festim macabro anunciam

 o fim dos tempos e da história

— escória e abandono

ao desamparo de Deus.

 

 

Voltar para o Topo da Página

 

Canto 87

 

DIALÉTICA DA CRIAÇÃO

 

   “Só digo que sobre ter dito tanto,

     ainda é muito o que calo”.

                   Padre ANTÔNIO VIEIRA

 

I

No princípio era o Verbo

na infinita vontade de fazer:

a Palavra tudo pode

(a existência pela palavra)

em sua extrema potencialidade

em sua sã virtualidade

— numa vã possibilidade...

 

E o vir-a-ser é também

um deixar-de-ser.

 

Para o Universo criado

não existe ontem nem depois:

o tempo é uma dimensão humana:

frágil, imprecisa, imprevisível;

a Eternidade

do inconcebível...

 

Quinhentos, mil, dois mil, um milhão

de anos, que são diante

dos tempos planetários?

Outras eras virão...

Outros Brasis, ou não.

 

Grande Loucura

é a aventura, a trajetória humana!

finita, mínima, diminuta

diante da máxima Verdade

inalcançável.

 

II

O Princípio como Fim

 

Deus expulsa o homem e a mulher

de Seu Paraíso

mas conserva-o intacto

até que o Homem, rancoroso

invade

— pois este é um desígnio

divino.

 

Criar e destruir

são fases de um círculo

infinito:

homem e terra

alternam-se indefinidamente.

 

Até Deus

— por que não dizê-lo?–—

em sendo Natureza

— como se crê —

é biodegradável

e por isso sobrevive.

 

Partículas divinas

e humanas

irmanando-se

até o fim dos tempos

— que está na essência de Deus.






 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar