O Poeta Antonio Miranda
25/04/2008
Por Jarbas Júnior, especialmente para a Revista Nós Fora dos Eixos
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As muitas leituras e viagens de Antonio Miranda repercutem bastante no engenho e arte da sua poesia, algo inusitada, diferente, porque surpreende; no inesperado de uma sentença banal, surge imagem rara de grande sensibilidade. É um apaixonado pelo discurso poético claro, direto, sem exageros retóricos(essas excrescências do estilo). Prefere o verso limpo, sugestivo, de ritmo fácil que explore, sem artifícios de complexa elaboração, a carga lírica essencial ao sentido poemático. |
Poeta legítimo, vibrante, empolgado, por isso, agradável no que escreve; transmite aos seus textos sensações verbais de imagens, fatos, experiências, com impressionante capacidade evocativa. Sua leitura situa-nos diante do momento da sua emoção, preservado em esplêndido jogo de metáforas, do qual extrai o máximo de expressividade. Sua inspiração, sempre atenta ao tema apropriado, não descuida de captar o que seja oportuno do cotidiano, do que lhe sugere o panorama de cenas, situações, coisas, ambientes, pessoas, tudo que contribui para o magma do verso.
O poeta que ama os livros é duplamente grande. A tentação da escrita é maior do que a da leitura. Encontrar o ponto de equilíbrio ideal entre as duas necessidades é a solução do claro enigma. Suponho que Antonio Miranda tenha encontrado o modo de conciliar o literato erudito, com o artista da palavra. Pois os dois lados da concepção intelectiva exigem a síntese da terceira margem. A leitura é apanágio do espírito, a composição de um poema – lenitivo para a alma. E a preponderância de um extremo sobre o outro vira alguma poesia, de qualquer jeito, ou passiva ou ativa. Mas, no caso de Antonio Miranda prevalece o lado criativo, ganha a opção pelo vate que ele é.
Jarbas Junior* escritor, poeta, autor do romance A jangada de Orson Welles
Extraída da revista NÓS fora dos eixos, Brasília maio de 2008
http://www.nosrevista.com.br/2008/04/25/o-poeta-antonio-miranda |