POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
Foto: cawc.curtin.edu.au
XI CHUAN
Xi Chuan 西川 (pseudônimo de Liu Jun 刘军) nasceu em 1963 em Xuzhou, na província de Jiangsu. Poeta, ensaísta e tradutor, Xi Chuan se formou no Departamento de Inglês da Universidade de Pequim em 1985 e atualmente leciona literatura clássica chinesa na Academia Central de Belas Artes. Sua poesia tem sido amplamente antologizada, e ele recebeu inúmeros prêmios e honrarias incluindo o Modern Chinese Poetry Award (1994), o nacional Lu Xun Prize para Literatura (2001), o Zhuang Zhongwen Prêmio de Literatura (2003), bem como vários subsídios que lhe permitiram visitar a Índia, a Itália, a Alemanha e o Blog dos EUA sobre Xi Chuan.
POESIA SEMPRE Número 27 – Ano 14 – 2007 Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2007. Editor Marco Lucchesi. Ex. bibl. Antonio Miranda
Crepúsculo
Num país extenso e vasto
o crepúsculo também é vasto
acendem-se as luzes uma a uma
o crepúsculo se expande como o outono.
Todos fecham a boca
morto, aparece!
0 crepúsculo é um sonho
o silêncio atingiu a pureza
Torno a pensar tantos nomes
cada qual marca
uma experiência diversa do comum
formam Paraíso e Inferno
Mas o crepúsculo se expande sobre a terra
estendo a minha mão, alguém a aperta
toda a vez que baixa o crepúsculo,
alguém bate de leve à minha porta
1987
Lendo uma velha revista de 1926
Folheio as páginas, poucos tiros de fuzis
atravessam distantes o rio ressecado
sem angústia olho para o ocaso que desce
Em 1926 havia um jovem
que folheava uma revista ainda mais consumada
mastigando amendoim como jade
na margem ocidental do Pacífico
nos campos incultos de amendoim a monção
dobra o chapéu de palha do poeta
Muitas coisas devem ser mastigadas lentamente
até durante anos, aquelas coisas
ainda estão frescas
estão todas próximas de nós
o dia e a noite, o assoalho sob
nossos pés, o teto sobre nossa cabeça
no início da primavera estou junto à janela
leio uma velha revista até o amanhecer
Eco
Um homem, qual uma cidade
é um eco
Camadas de tijolos como ondas que se afastam.
E imponente a cor da névoa junto à aurora e ao crepúsculo
Paliçadas de aço tudo circundam.
quem ainda leva a esse pasto bois e cabras?
Onde as folhas se unem às árvores
homens e mulheres se amam
Onde a solidão penetra a pedra
apenas o eco resiste eternamente no mundo
Nessas colunas azuis
dentre as frutas colhidas pelas mulheres ressoa a música
Sentado em meio a um bando de ratos
sinto a neve a ondular delicada
A neve e o vento na cidade
enterram os homens—
Nas gargantas à meia-noite
animais se transformam em sentinelas cobertas de espuma
Mas aqui. na cidade
edificada de eco, afundamos os pés
na lama e na areia gélidas
nos voltamos, cuspimos sangue e recomeçamos o trabalho.
Página publicada em fevereiro de 2019
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