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POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

 

WILLIAM WORDSWORTH

 

 

William Wordsworth (Cockermouth7 de abril de 1770 – Rydal Mount23 de abril de 1850) foi o maior poeta romântico inglês que, ao lado de Samuel Taylor Coleridge, ajudou a lançar o romantismo na literatura inglesa com a publicação conjunta, em 1798, das Lyrical Ballads (“Baladas Líricas”).

 

Wordsworth estreou na literatura em 1787, quando publicou um soneto no The European Magazine. No mesmo ano começou a estudar em Cambridge e se formou em Artes em 1791. Voltou a Hawkshead em suas duas primeiras férias de verão, as quais passava fazendo passeios, caminhadas pela natureza. Entre os anos de 1790 e 1792, viajou através da Europa, visitando os Alpes, França, Suíça e Itália.

o voltar à Inglaterra, em 1793, William recebeu uma herança e publicou, em 1798, juntamente com Samuel Taylor Coleridge, Lyrical Ballads (Baladas Líricas), as quais foram republicadas em 1800, assinalando o início do romantismo na Inglaterra.

(Ver biografia completa na Wikispedia.)

 

 

 

Tradução de
FERNANDO PESSOA:

 

 

 

 

L U C I

 

De ínvias fontes ao pé vivia ela,

        E de escusos caminhos;
Ninguém dava louvores à donzela,

        Muito poucos, carinhos:

 

Uma violeta de uma pedra ao pé,

        Meio oculta ao olhar!
— Bem como uma estrela quando é

        A única a brilhar!

Viveu só. Pouca gente saberia

        Quando foi o seu fim;  

Mas está morta, morta, e — oh agonia

        A dif´rença pra mim!...

 

Três anos, noite e dia, cresceu ela,
E a Natureza disse: "Flor mais bela

        Nunca a terra antes tinha;
Tomarei para minha esta criança,
E farei dela, com subtil mudança

        Uma senhora minha.

 

À minha predilecta impulso e lei
Saberei ser, e ao pé de mim farei

Que ela possa sentir

Em céu e terra, na floresta ou mar
Um Supremo Poder para a animar

                 Ou para a dirigir.

 

Ela alegre será como a donzela

Que corre louca pelo prado, ou pela

        Fria montanha aérea;
Dela será a fresca e simples alma,

Cheia da grave e silenciosa calma

        Das coisas da matéria.

 

As nuvens dar-lhe-ão a sua graça,

E o vime a sua, quando o vento passa;

        Nem lhe será escuro
Na própria tempestade o ritmo informe
Que em beleza o seu corpo virgem forme

        Por um influxo obscuro.

 

As estrelas da noite ser-lhe-ão caras,
O ouvido inclinará pras fontes claras,

E onde a aragem passe
E os cantos dos rivais riachos misture-os;
E a beleza nascida dos murmúrios

        Passar-lhe-á para a face.

 

E vitais sentimentos de alegria
Dar-lhe-ão a graça desenvolta e esguia,

        E à tez suave matiz;
Darei a Luci estes pensamentos,
E viveremos límpidos momentos

        Nesta estância feliz."

 

E a Natureza fez como falou.
— Mas ah! quão cedo Luci nos deixou!

        Morreu, deixou-me cá
Este prado, esta calma que me dói,
A memória de tudo quanto foi

        E nunca mais será.

 

Um sono o meu espírito fechava

        Pra receios humanos:
Ela par'cia coisa já não 'scrava

        Do contacto dos anos.

 

Já não ouve nem vê, nem força nua
Ou movimento encerra;

Arrastada coa rocha e a erva sua
Na rotação da terra.

 

 

 

 

Página publicada em julho de 2020


 

 

 
 
 
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