POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
UMBERTO FIORI
Umberto Fiori ( Sarzana , 1949 ) é professor de italiano, escritor , poeta e músico .
Filho de Luigi , comandante partidário que trabalhou durante a Resistência nas fileiras do grupo "Vampa" (destacamento "Fra Diavolo"), Gruppo Fiamme Verdi e Brigata Pablo (Battianion Boianoswki) nos Eminentes Apeninos, se mudou muito jovem para Milão , onde se formou em filosofia e ainda vive.
Nos anos do concurso, ele se tornou uma voz e guitarrista (e depois como autor) do popular grupo de rock Stormy Six , que com o lançamento do álbum A bilhete de bonde obtém muito sucesso. O grupo se torna uma presença permanente nos principais eventos musicais do período (importante lembrar é aquele realizado em 1975 no Parco Lambro em Milão), e peças como Stalingrado , Dante Di Nanni e La Fabbrica tornam-se rapidamente um hino de dissidência juvenil.
Depois de deixar o mundo da música no começo dos anos oitenta, ele se dedicou a tempo inteiro à poesia, a que já havia estado interessado antes da aventura de Stormy Six . Em 1986, ele publicou seu primeiro livro de poemas intitulado Case ( San Marco dei Giustiniani , ISBN 88-7494-045-9 ), ao qual eles seguem, todos publicados por Marcos y Marcos , as coleções de Exemplos (1992, 2004, ISBN 88- 7168-457-5 ), Clarifications (1995, ISBN 88-7168-124-X ), Parlare al muro (1996, ISBN 88-7168-156-8 ), Tutti (1998, ISBN 88-7168-224-6 ) e La Bella Vista (2002, ISBN 88-7168-340-4 ). Ele também colaborou com o compositor Luca Francesconi , para quem escreveu dois livretos de ópera, Scene e Ballata e vários outros textos .
Professor e ensaísta, colaborou como professor de literatura italiana contemporânea na Universidade de Milão.
Ele também publicou uma breve novela, intitulada The True Story of Boy Bantàm (Feltrinelli, 2007, ean 9788860870568) e a coleção de ensaios sobre a poesia A poesia é um apito (Marcos y Marcos, 2007, ISBN 88-7168-457-5 ).
Em 2009, ele publicou seu último livro de poesia, Voi (Mondadori, ISBN 88-04-58847-0 ). Em 2014, foi publicado um volume que recolhe todos os textos publicados, mais do que inéditos: Poemas 1986-2014 (Oscar Poesia Mondadori, ISBN 978-88-04-63572-7 ).
TEXTO EM ITALIANO - TEXTO EM PORTUGUÊS
Extraído de
POESIA SEMPRE – Revista Semestral de Poesia. ANO 3 – NÚMERO 6 – OUTUBRO 1995. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 1995. Ex. bibl. Antonio Miranda
Nome
Come in piazza un bambino
ancora col chiaro in alto
vede le cose diventare buie
li intorno, e resta seduto sul prato
dove ha giocato tutto il giorno,
tocca la terra calda,
e guarda, e escolta,
da questa voce che mi vuole
e continua a chiamarmi
imparo che cos´è
avere un nome,
trovarsi qui,
nei posti che ci reggono
e ci risparmiano.
Nome
Como na praça um menino,
anda com o dia claro
vê as coisas escurecerem
a sua volta, e fica sentado no campo
onde brincou todo o dia,
pega na terra cálida,
e olha, e escuta,
graças a essa voz que me busca,
e continua a chamar-me,
aprendo o que significa
ter um nome,
estar aqui,
nos lugares que nos designam,
e nos resguardam.
Tradução de Marcos Moreira
Fondamenta
Li prima c´era uma spianata, um prato
stretto in mezzo a due case. Ora ci stavano
lavorando. Era già scoperchiato
tutto, fino alla base.
Intorno alzano sempre quattro tavole
anche se dentro è vuoto, non c´è niente.
Fanno cosi, como si copre un morto
sul posto dell´incidente.
La terra era là, ferma
sotto il sole, sul fondo dello scavo.
Passando in fretta,
dai buchi la gente spiava.
Fundações
Primeiro ali era uma esplanada, um campo
estreito em meio a duas casas. Agora
estava em obras. Já haviam revolvido
tudo, até a base.
Em torno se levantam sempre quatro tábuas,
ainda que dentro seja o vazio, o nada.
Assim fazem, como se cobre um morto
no lugar do incidente.
A terra continuava lá, firme
sob o sol, no fundo da escavação.
Passando com pressa,
pelas fendas, as pessoas espiavam.
Tradução de Marcos Moreira
Fondamenta
Lì prima c'era una spianata, un prato
stretto in mezzo a due case. Ora ci statano
lavorando. Era già scoperchiato
tutto, fino alla base.
Intorno alzano sempre quattro tavole
anche se dentro è vuoto, non c'è niente.
Fanno così, come si copre un morto
sul posto dell'incidente.
La terra era là, ferma
sotto il sole, sul fondo dello scavo.
Passando in fretta,
dai buchi la gente spiava.
Fundações
Primeiro ali era uma esplanada, um campo
estreito em meio a duas casas. Agora
estava em obras. Já haviam revolvido
tudo, até a base.
Em tomo se levantam sempre quatro tábuas,
ainda que dentro seja o vazio, o nada.
Assim fazem, como se cobre um morto no lugar do incidente.
A terra continuava lá, firme
sob o sol, no fundo da escavação.
Passando com pressa.
pelas fendas as pessoas espiavam.
Tradução de Marcos Moreira
POESIA SEMPRE. Minas Gerais. Número 6. Ano 3 Editor Geral: Marco Lucchesi. Rio de Janeiro: MINISTÉRIO DA CULTURA / Fundação BIBLIOTECA NACIONAL, 1995. 242 p. ISSN 0104-0626 No 09 517 Exemplar na biblioteca de Antonio Miranda
Nome
Come in piazza un bambino
ancora col chiato in alto
vede le cose diventare buie
lí intorno, e resta seduto tutto il giorno,
tocca la terra calda,
e guarda, e ascolta,
da questa você che mi vuole,
e continua a chiamarmi
imparo che cos´è
avere un nome,
trovarsi qui,
nei posti che ci reggono
e ci risparmiano.
Fondamenta
La prima c´era uma spianata, un prato
stretto in mezzo a due case. Ora ci stavano
lavorando. Era già scoperchiato
tutto, fino alla base.
Introrno alzano sempre quattro tavole
anche se dentro è vuoto, non c´è niente.
Fanno cosi, come si copre um morto
sul posto dell´incidente.
La terra era là, ferma
sotto il sole, sul fondo dello scavo.
Passando in fretta,
dai buchi la gente spiava.
Di guardia
Mi conoscono bene, hanno regione:
io sono come un cane,
una di quelle bestie che dormono
intorno ai capannoni industriali
e se passi, sssssi avventano di colpo
sulla rete metallica
e più gli dici — buono! — più si sgolano.
Adesso, chi li consola?
Finché non hai girato l´angolo
gli bolle il sangue. Tirano tutti sordi.
Scoprono i denti, mordono
anche il filo spinato; ma sono gli occhi
che fanno più paura: sereni
e puri como quelli di um neonato
o di usma statua.
Hanno Imparato il compito: questo recinto
tenerlo sgombro. Sai senso del dovere
o invece solos istinto, non ti commuove
almeno per um attimo
la scena che — loro — sempre, tutta la vita
li fa smaniare, lsi esalta
e li avvelena?
Io, per me, lo chapisco
meglio di tutti gli altri che ho mai sentito,
questo discorso.
La reconosco bene la você
fanática, chae sbraita per difendere
— cosi, allá cieca, per pura gelosia —
l´angolo Dove l´hanno incatenata.
Tu non si chae cos´è, stare di guardia,
in ogni odore
sentire una minaccia
a quei tre metri di terreno,
urlare in facci al mondo intero
fino a perderei l fiato, e non sapere
cosa c´`e da salvare, a che cosa
vermente si tiene.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Nome
Como na praça um menino,
ainda com o dia claro
vê as coisas escurecerem
a sua volta, e fica sentado no campo
onde brincou todo o dia,
pega na terra cálida,
e olha, e escuta,
graças a essa voz que me busca
e continua a chamar-me,
aprendo o que significa
ter um nome,
estar aqui,
nos lugares que nos designam,
e nos resguardam.
Tradução de Marcos Moreira
Fundações
Primeiro ali era uma esplanada, um campo
estreito em meio a duas casas. Agora
estava em obras. Já haviam revolvido
tudo, até a base.
Em torno se levantam sempre quatro tábuas,
ainda que dentro seja o vazio, o nada.
Assim fazem, como se cobre um morto
no lugar do incidente.
A terra continuava lá, firme
sob o sol, no fundo da escavação.
Passando com pressa,
pelas fendas as pessoas espiavam.
Tradução de Marcos Moreira
De guarda
Eu me conheço, tenho certeza:
sou como um cão,
uma dessas feras negras que dormem
em torno dos barracões industriais
e, se alguém passa, se arremessam de golpe
sobre a rede metálica
e quanto mais se lhes diz — calma — mais se
[engoelam.
Assim, o que as consola?
Até que se dobre a esquina,
têm o sangue em ebulição. Deixam-nos
[surdos.
Mostram os dentes, mordem
até mesmo o arame farpado. Mas são os
[olhos
que fazem mais medo: serenos
e puros como os de um recém-nascido,
ou de uma estátua.
Aprenderam o ofício: este recinto,
mantê-lo limpo. Seja senso do dever,
ou, ao invés, só instinto, não te comove,
ao menos por um átimo,
a cena que — a elas — sempre, toda a vida,
as impacienta, as exalta
e as envenena?
Eu, por mim, compreendo,
melhor que todos os outros que já ouvi,
este discurso.
Reconheço a voz
fanática que berra para defender
— assim, às cegas, por puro zelo —
o canto onde a encaderam.
Não sabes o que significa esta de guarda,
em todo odor
sentir uma ameaça
àqueles três metros de terreno,
urrar em faca do mundo inteiro
até perder o fôlego, e não saber
o que salvar, o que
verdadeiramente desejar.
Tradução de Marcos Moreira
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Página publicada em outubro de 2024
Página publicada em janeiro de 2018
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