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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

TAHAR BEN JELLOUN

 

Tahar Ben Jelloun (Fez, 1 de dezembro de 1944), (em árabe: طاهر بن جلون) é um escritor marroquino que escreve em francês, vencedor do Prémio Goncourt em 1987. Cultiva a poesia, a narrativa e o ensaio; também se interessou no teatro.                          Mais informação em: https://pt.wi

kipedia.org/wiki/Tahar_Ben_Jelloun

 

 

 

TEXTES EN FRANÇAIS   -   TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

 

JELLOUN, Tahar Ben.  As cicatrizes do Atlas.  Seleção, tradução e introdução de Cláudia Falluh Balduino Ferreira.  Brasília, DF: Editora UnB, Fundação Universidade de Brasília, 2003. 70 p. (Poetas do Mundo,)  12,5x18,5 cm.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

***

 

Je suis un enfant qui se moque de l'innocence

 

J'ai été nourri au lait du sphinx

et tôt porté l'araignée dans le foie à voix basse

 

J'ai engendré la ville des ténèbres humiliées
et tourné sur moi-même
serpent sans tête fidèle au soleil

 

J'ai provoqué l'astre obscène du maître et de l'Imam
et l'ai entaché de sang dans la cour des miracles
l'astre des sables qui s'est éteint au matin
et me suis retrouvé avec le Livre à l'envers

 

J'ai pris le train pour fomenter des troubles dans l'eau

                                                                  stagnante

du sommeil ancestral
j'ai secoué des chênes

et j'ai vu rire la mort voilée devant le spectacle des têtes
qui tombaient

 

Ma voix rompue s'arrêtait en tracé désespéré de l'absence
nulle la parole

quand nos mères nous portaient sur le dos
dans les champs
et jusqu'au cimetière

nos mères résignées cherchaient en nous l'enfance

 

Nus dans notre solitude

nous faisions des trous dans l'asphalte

jusqu'au jour où le temps s'arrêta sur la pointe de notre réveil.

 

(Cicatrices du soleil)

 

 

 

***

 

         Si le Maroc était un visage, ce serait une lumière, une
parole du temps, dérive des saisons, énigmes des pierres.

 

         Mon pays est une enfance qui traverse les murailles
et les siècles, gardée par un ciel chargé d'oiseaux de
passage, signes du lointain.

 

         La terre, jamais muette, sait attendre et danser sous les
pieds des femmes.

Le soleil lentement la dénude pendant que des mains éphémères glissent vers la nuit.

 

         La terre, l'enfance et la lune pleine s'enchantent des turbulences, des fièvres et des fleuves en crue.

 

         Et l'origine quitte l'argile pour s'ancrer dans les sables,
et les sables c'est le Sud, source et patrie de cette lumière
dessinant le visage de mon pays.

 

         C'est aussi la douleur, les larmes dans le silence, les
yeux égarés dans le ciel, l'attente pleine de terre humide.

 

         Il est des saisons où toute clarté est cruelle, flamme descendant les monts et les légendes, brûlant les pieds n
us des siècles où l'histoire sème l'oubli des plaies.

 

         Il est des jours où l'Histoire se blesse à l'insu des corps
d'âpre orgueil.

 

         Tel est mon corps: ombre affolée dans un jardin
d'illusions.

 

Avril 1988

 

(Le pierres du temps)

 

 

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

 

***

 

Sou um menino que zomba da inocência

 

Fui nutrido com o leite da esfinge

e cedo carreguei uma aranha no fígado em voz baixa

 

Gerei a cidade das trevas humilhadas
e voltado para mim mesmo
serpente sem cabeça, fiel ao sol

 

Provoquei o astro obsceno do mestre e do Imã
e o maculei de sangue no pátio dos milagres
o astro das areias que se apagou pela manhã
e me deparei com o Livro ao contrário

 

Tomei o trem para fomentar as turvações na água

                                                          estagnada

do sono ancestral
sacudi os carvalhos

e vi a morte rir escondido diante do espetáculo das cabeças
que caíam
 

Minha voz rompida parava no esboço desesperado da ausência
palavra anulada

quando nossas mães nos carregavam nas costas
nos campos e até o cemitério

nossas mães resignadas procuravam em nós a infância 

Nus em nossa solidão
fazíamos buracos no asfalto

até o dia em que o tempo parou na ponta do nosso despertar. 

 

***

 

         Se o Marrocos fosse um rosto, seria uma luz, uma palavra
do tempo, deriva das estações, enigmas das pedras.

 

         Meu país é uma infância que atravessa as muralhas e
os séculos, guardada por um céu carregado de pássaros
de passagem, sinais do longínquo.

 

         A terra, nunca emudecida, sabe esperar e dançar sob
os pés das mulheres.

 

         O sol lentamente a desnuda enquanto mãos efémeras
deslizam rumo à noite.

 

         A terra, a infância e a lua cheia se encantam com as turbulências, as febres e as cheias dos rios.

 

         E a origem deixa a argila para ancorar nas areias, e as
areias são o Sul, fonte e pátria desta luz desenhando o
rosto do meu país.

 

         E também a dor, as lágrimas no silêncio, os olhos perdidos
no céu, espera cheia de terra úmida.

 

         Há estações onde toda claridade é cruel, chama que desce
dos montes e das lendas, queimando os pés nus dos séculos
onde a história semeia o esquecimento das chagas.

 

         Há dias em que a História fere a despeito dos corpos
de amaro orgulho.

 

         Assim é meu corpo: sombra tresloucada num jardim
de ilusões.

 

                  Abril de 1988

 

 

 

 

Página publicada em abril de 2018

 

 

 


 

 

 
 
 
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