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POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

SULLY PRUDHOMME

 

René Armand François Prudhomme, mais conhecido como Sully Prudhomme (Paris, 16 de março de 1839 — Châtenay-Malabry, 6 de setembro de 1907), foi um poeta francês.

Em 1865 publicou a sua primeira obra poética, Stances et Poèmes.

Pertence ao grupo de poetas parnasianos, responsáveis pela publicação da revista Parnasse contemporain.

Foi eleito para a Academia Francesa em 1881, ocupando a cadeira 24.

Foi o primeiro autor a receber o Nobel de Literatura, no dia 10 de dezembro de 1901.

Sully Prudhomme morreu em Châtenay-Malabry, França, em 6 de setembro de 1907, e foi sepultado no Cemitério do Père-Lachaise, em Paris.
Fragmento de biografia e foto extraídos de:

https://pt.wikipedia.org/

 

 

Poema extraído de :
(com atualização ortográfica)

 

 

 

ALMEIDA, Guilherme de. POETAS DE FRANÇA. São Paulo: 1936.

 



       LE VASE BRISÉ

Le vase où meurt cette veveine
Dún coup d´éventail fut fêlé;

                Le coup dut effleurer à peine.
Aucun bruit ne l´a révélé.

Mais la legère meurtrissure,
Mordant le cristal chaque jour,
D´une marche invisible et sûre
En a fait lentement le tour.

Son eau fraîche a fui goutte à goutte,
Le suc des fleurs s´est épuisé;
Personne encore ne s´en doute.

          N´y touchez pas, il est brisé.

Souvent aussi la main qu´on aime,
Effleurant le coeur, le meurutrit;
Puis le coeur se fend de lui-même,
La fleur de son amour périt;

Toujour intacte aux yeux du monde,
Il sent croître et pleurer tout bas
Sa blessure fine et profonde.
Il est brisé, n´y touchez pas.

 

 

 

        O VASO PARTIDO
             
O vaso azul destas verbenas,
Partiu-o um leque que o tocou:
       Golpe sutil, roçou-o apenas,
Pois nem um ruído o revelou.

Mas a ferida persistente,
Mordendo-o sempre e sem sinal,
Fez, firme e imperceptivelmente,
A volta toda do cristal.

A água fugiu calada e fria,
A seiva toda se esgotou;
Ninguém de nada desconfia.
Não toquem, não, que se quebrou.

Assim, a mão de alguém, roçando
Num coração, enche-o de dor;
E ele se vai, calmo, quebrando,
E morre a flor do seu amor;

Embora intacto ao olhar do mundo,
Sente, na sua solidão,
Crescer seu mal fino e profundo.
Já se quebrou: não toquem, não.

 

 

 

 

              PRIÈRE

Ah! si vous saviez comme on pleure
De vivre seul et sans foyers,
Quelquefois devant ma demeure
Vous passeriez.

Si vous saviez ce que fait naitre
Dans l´âme triste um pur regard,
Vous regarderiez ma fenêtre
Comme au hasard.

Si vous saviez quel baume apporte
Au  coeur la présence d´um coeur,
Vous vous assoiriez sous ma porte
Comme une soeur.

Si vous saviez que je vous aime,
Surtout si vous saviez comment,
Vous entreriez peut-ête même
Tout simsplement.

 

 

 

        PRECE

Ah! se soubesses como eu choro
Por viver só meus pobres dias,
Muitas vezes por onde eu moro
Tu passarias.

Se soubesses o que revela
Ao triste o olhar de uma alma boa,
Olharias minha janela
Assim, à toa.

Se soubesses como conforta
Uma presença amiga e sã,
Ficarias à minha porta
Como uma irmã.

Se soubesses, se adivinhasses
Como eu te amo, principalmente,
É possível até que entrasses
Bem simplesmente.

 

TRADUÇÃO
por JOSÉ JERONYMO RIVERA

 

REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL. Ano 2,
Número 4,  jul./dez., 2020.     
Brasília. DF: Editora Cajuína,
2020.  139 p.  ISSN 2674-8495



      ELE ERA UM HOMEM DOCE...

Ele era um homem doce, embora delicada
a saúde. E polindo os vidros às lunetas
Pôs a essência divina em fórmulas corretas,
Tão claras que trazia a multidão pasmada.

Demonstrava, prudente, e com simplicidade,
Que são o bem e o mal velharias pequenas,
E que os livres mortais são títeres apenas,
Cujos fios maneja a atroz necessidade.

Piedoso admirador da Sagrada Escritura,
Não queria ali ver um Deus contra natura,
E a ele a Sinagoga opunha-se nervosa.

Longe dela, polindo os vidros das lunetas.
Os sábios ajudava a contar os planetas:
Ele era um homem doce: o Baruch de Espinosa.

 

*

Página ampliada e republicada em agosto de 2023.

 

 

 

 

Página publicada em abril de 2020

 

 


 

 

 
 
 
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