POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
SHU TING
Shu Ting (em chinês : p ; pinyin : Shū Tíng ; nascida em 1952 em Jinjiang , Fujian ) é o pseudônimo de Gong Peiyu ( chinês : p ; pinyin : Gōng Pèiyú ), poeta chinesa associada aos Misty Poets .
Durante a Revolução Cultural , ela foi enviada para o interior, (porque seu pai foi acusado de não-conformidade ideológica), até 1972. De volta a Fujian, ela teve que trabalhar em uma fábrica de cimento, uma fábrica têxtil e uma fábrica de lâmpadas. . Ela começou a escrever poesia em 1969 e seu trabalho foi publicado em várias revistas literárias. Sua poesia começou a aparecer na revista literária underground Jīntiān (Hoje) . No início dos anos 80, ela alcançou proeminência como principal representante feminina dos Misty Poets. Sua primeira coleção, Shuangwei chuan, apareceu em 1982, assim como uma coletânea com Gu Cheng .
Ela foi convidada a ingressar na Associação de Escritores Chineses, e ganhou o prêmio National Outstanding Poetry Award em 1981 e 1983. Durante o movimento "anti-spiritual pollution" que foi lançado em 1983, ela, como outros escritores que eram considerados subversivos pelo Estado, foi duramente criticado. Após isso, ela publicou duas coleções com poesia: Hui changge de yiweihua e Shizuniao.
Obra poética:
- A névoa do meu coração: poemas selecionados de Shu Ting , o tradutor William O'Donnell, Panda Books, 1995, ISBN 978-0-8351-3148-3
- Shu Ting: Poemas Selecionados (ed. Por Eva Hung). Hong Kong: Renditions Paperbacks, 1994.
- "Shu Ting" , Boletim de Eruditos Asiáticos Preocupados , vol. 16, 1984
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POESIA SEMPRE Número 27 – Ano 14 – 2007 Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2007. Editor Marco Lucchesi. Ex. bibl. Antonio Miranda
Ah, mãe
Teus dedos pálidos acariciam minhas têmporas
e como em menina não consigo não me agarrar à horda de teu
vestido.
Ah, mãe,
para deter tua sombra, que aos poucos se esconde,
conquanto a aurora tenha cortado o sonho em filetes de fumaça.
não ouso longamente abrir os olhos.
Guardo com cuidado aquele cachecol vermelho vivo
e me impeço de lavá-lo para que
não perca teu perfume especial.
Ah, mãe
o passar do tempo não é também impiedoso?
Temendo que a memória se desbote,
poderei talvez ousar abrir a janela com delicadeza?
Até por causa de um espinho eu vinha chorar contigo
agora que trago uma coroa de espinhos, não ouso,
sequer um gemido.
Ah, mãe,
quantas vezes vejo com aflição a tua foto,
e mesmo que eu pudesse, chamando, atravessar a terra amarela, como ousaria perturbar teu sono tranquilo?
Não ouso mostrar assim os dons amados
mesmo que eu tenha escrito muitos cantos
para as flores, o mar, a aurora.
Ah, mãe,
Minha delicada íntima lembrança
não é uma cascata, não é uma correnteza,
é um poço antigo, coberto de flores e madeira, incapaz de cantar.
Agosto 1975
Barco
Um pequeno barco
não se sabe por que
encalhado obliquamente
nos escolhos desolados
o verniz mal separado do todo
as velas rasgadas
sem a sombra das árvores
ou grama que queira crescer.
0 mar undoso
ali a poucos metros
ofegante
a gaivota bate as asas angustiada
o mar imenso
que se estende muito embora por terras longínquas
tão perto daqui
perdeu as forças derradeiras
Separados pela distância eterna
olham desiludidos
o amor passa a fronteira entre a vida e a morte
o espaço do século
alterna olhares sempre novos
é possível que o amor sincero
se decomponha como as tábuas de um barco?
é possível que as almas que se equilibram
sigam presas a vida toda junto à soleira da liberdade?
20 de junho de 1975
Página publicada em fevereiro de 2019
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