POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
Afresco frequentemente referido a Safo nos tempos
modernos, encontrado em Pompeia.
SAFO DE MITILENE
Safo (em grego antigo: Σαπφώ, transl. Safo) foi uma celebre poetisa grega da ilha de Lesbos, contemporânea de Pítaco e Alceus.
É conhecida por sua poesia escrita para ser cantada ao som da lira. A maioria dos poemas de Safo se perdeu ao longo do tempo, assim como ocorreu com praticamente todos os escritores da antiguidade, e o que sobreviveu chegou até nós em forma de fragmentos, sendo seu único poema completo a chegar aos dias atuais intitulado ´´Ode a Afrodite´´, pois foi preservado por Dionísio de Halicarnasso, em sua obra sobre a composição dos nomes.[
Além da poesia lírica, os antigos comentaristas afirmam que ela escrevia poesia elegíaca e iâmbica. Pouco se sabe sobre a vida de Safo, sabe-se que ela era filha de uma família rica da aristocracia de Mitilene, porém não é possível ter certeza sobre o real nome de seus pais, sendo atribuídos geralmente o nome de Cleis para a sua mãe e de Escamandronimo para seu pai. Biografia (mais em) pt.wikipedia.org
É sabido que sua obra foi queimada em Constantinopla, no pontificado de Gregório VII. Esteve exilada na Sicilia.
À AMADA
Ventura, que iguala aos deuses,
Em meu conceito, desfruta
Quem, junto de ti sentada,
As doces faltas te escuta,
Goza teu mago sorrir.
Quando imagino em tal gosto
É minha alma um labirinto;
Expira-me a voz nos lábios;
Nas veias um fogo sinto;
Sinto os ouvidos zunir.
Gelado suor me inunda;
O corpo se me arrepia;
Fogem-me as cores do rosto,
Como ao vir da quadra fria
Entra a folha a desmaiar.
Respiro a custo, e já cuido
Que se esvai a doce vida!
Arrisquemo-nos a tudo...
Contra uma angústia insofrida
Tudo se deve tentar.
Tradução: António Feliciano de Castilho
O PUDOR
A teus dotes qual mais encantador
Tu ajuntas, amável criatura,
Um para mim de todos o maior;
E que até embeleza a formosura:
O pudor!
Tradução: João de Deus
Poesialésbica?
Poesia homo-afetiva
POESIA GREGA DE ÁLCMAN A TEÓCRITO. Lisboa: Livros Cotovia e Francisco Lourenço, 2006. 176 p. Capa e sobrecapa: Silva! Designers. ISBN 972-795-156-2
Ex. bibl. Antonio Miranda
Selecionamos alguns dos poemas do livro acima:
- HINO A AFRODITE (fr. 1 PLF)
Imortal Afrodite do trono variegado,
filha de Zeus, urdidora de enganos, suplico-te:
com sofrimentos e angústias não subjugues,
ó rainha, o meu coração,
mas vem para aqui, se outrora noutras ocasiões
sentiste ao longe a minha voz e me deste
ouvidos, abandonaste de teu pai a casa
dourada e vieste,
depois de atrelares teu carro; puxaram-te belos
e velozes estorninhos por cima da terra negra
com cerrada agitação das asas; trouxeram-te do céu
e depressa chegaram. E tu, ó bem-aventurada,
sorrindo em teu rosto imortal
me perguntaste o que de novo eu sofria,
por que de novo te chamava,
e que coisa eu queria que acontecesse
no meu desvairado coração. “Quem de novo devo
convencer a voltar ao teu amor? Quem,
ó Safo, te faz mal?
Pois se foge, rapidamente perseguirá;
se não aceita os presentes, em vez disso os dará;
se não ama, rapidamente amará, mesmo que
ela o não queira.”
Vem até mim, agora também! Salva-me da aflitiva
ansiedade; e para mim faz cumprir tudo o que
meu coração deseja ver cumprido; e tu própria
combate ao meu lado!
2 O POMAR DE AFRODITE (fr. 2 PFL)
De Creta vem para aqui, até mim, para este templo
sagrado, onde fica o teu agradável pomar
de macieiras e os altares fumegando
de incenso.
A água fria murmura através dos ramos
das macieiras; toda a terra está sob a sombra
das roseiras; e das folhagens a estremecer
escorre o sono.
A pradaria onde pastam os cavalos está florida
de corolas primaveris; as brisas sopram
suaves...
Aí toma tu... ó Cipris,
e nas taças de ouro delicadamente
entorna néctar misturado
com alegrias.
3 PROPÊNPTICO (fr. 5 PLF)
Cipris e vós, ó Nereides, concedei-me
que incólume aqui chegue o meu irmão
e que tudo o que ele deseja no coração
se cumpra.
Que se solvam todos os erros que ele antes cometeu;
que ele se torne uma alegaria para os amigos
e um flagelo para os inimigos. Que jamais alguém
nos cause sofrimento.
Que ele queira fazer a irmã comparticipante
da sua honra, mas que um funesto sofrimento...
4 DA BELEZA (fr. 16, PLF)
Uns dizem que é uma hoste de cavalaria, outros de
/infantaria,
outros dizem ser uma frota de naus, na terra negra,
a coisa mais bela: mas eu digo ser aquilo
que se ama.
Muito fácil é tornar isto compreensível
a toda e qualquer pessoa: ela que de longe
à raça humana sobrelevava em beleza, Helena,
o nobre marido
deixou e foi navegar até Tróia.
Nem da filha nem dos pais amados
quis de todo saber, mas arrastou a...
... agora de Anactória me lembrei,
embora ela esteja ausente:
eu quereria antes ver o seu amoroso andar
e o brilho refulgente do seu rosto
do que ver os carros e a infantaria dos Lídios
com as suas armas.
6 A LUA (fr. L34 PLF)
Os astros em torno da bela lua
sacodem seu aspecto cintilante
quando na sua plenitude ela ilumina
a terra.
14 ESTRELA DA TARDE (fr. 104ª PLF)
Estrela da tarde, tudo reúnes o que a Aurora dispersou!
Trazes a ovelha, trazes a cabrinha, trazes à mãe a sua
/criancinha.
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Página publicada em março de 2021
Página publicada em fevereiro de 2019
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